Nós é que agradecemos. Pela disponibilidade, paciência, pelas orientações. Sabe, tudo está sendo muito proveitoso. (Afirmei)
Isto. Tudo está valendo a pena e o mais importante de conservarmos é a sua amizade. O admiramos muito. (Renato)
Dito isto, lágrimas rolam pelo rosto de Angel mostrando a sinceridade dos seus sentimentos. Diante de nós estava um homem que junto com meu avô transpassaram barreiras numa época atrasada e repleta de preconceitos. Era um herói de verdade que tivemos a sorte de conhecer. No momento seguinte, ele nos abraça, a emoção continua por mais um tempo e quando ele se recupera, retoma o diálogo.
Muito bem. Esquecemos um pouco o passado e nos concentremos nos presente. Estão dispostos mesmo a continuar, a arriscar sem temer as consequências?
Sim. (respondemos em coro)
Pois bem. Este era o momento para desistir ou continuar. Como vocês escolheram a segunda opção, esta escolha é sem volta. Sigam-me então. Estarei com vocês sempre. (O mestre afirmou)
Obedecemos ao mestre, o seguimos, avançando na trilha agreste. Cada passo dado parecia nos revelar um novo mundo e só faltava chegar ao seu elo, O encontro. Mas ainda tínhamos muito tempo para realizar desafios, evoluir e chegar a este ponto. Não tínhamos nenhuma pressa e sim sede de conhecimento. Uma sede que poderia nos levar a perdição, a loucura ou até mesmo uma desgraça caso não tivéssemos o cuidado adequado.
O tempo passa um pouco. Alguns passos adiante, ultrapassamos dois terços do trajeto, nos informa Angel. Ele nos dá algumas orientações básicas e anoto num bloquinho a fim de não esquecer.Nele,anoto também alguns pontos principais de nossa experiência que me ajudariam a escrever o terceiro livro da minha série. Depois de escrever, o guardo com carinho na minha mochila, localizada nas minhas costas. Em seguida, continuamos a caminhar sem trégua. Apesar da idade avançada, Angel aumenta um pouco o ritmo e nós o acompanhamos.
Em dado momento, confiro o horário por curiosidade. Verifico que já estávamos cerca de duas horas a caminhar. Mesmo com o sol escaldante, o suor escorrendo, as dores no joelho e os arranhões resolvemos não parar mais pois o destino nos esperava. Torcíamos que ele nos trouxesse surpresas boas.
Avançamos cada vez mais .Com mais quarenta minutos de caminhada, uma grande planície, cercada por montanhas belíssimas se apresenta aos nossos olhos. Ficamos estáticos por alguns momentos e Angel faz sinal de que chegamos. Aproximamo-nos mais do centro e ao chegar exatamente no meio, sinto uma pressão espiritual muito intensa. Caio de joelhos e peço socorro. Meus companheiros de aventura gentilmente me apoiam a fim de eu não cair de encontro ao chão. O mestre toca em minha cabeça, profere uma oração silenciosa e eu me acalmo. Ele inicia o diálogo.
Seja mais resistente, filho de Deus. Não se deixar levar pelas forças negativas. O importante agora é manter o foco. Não pense mais em nada.
Está bem. Mas não seja tão exigente. Lembre-se que estou apenas aprendendo. (Observei)
Eu também. Estamos no mesmo barco. (Complementou Renato)
Bem,deixe-me explicar um pouco o que seria a co-visão e como desenvolvê-la. Você,Aldivan,como Vidente dos livros recebe a maioria das revelações através de visões, que são imagens rápidas e fortes encaminhadas ao cérebro coordenadas pelo seu dom, sua sensibilidade provocada pelo meio externo. Pois bem, a co-visão seria uma visão mais clara, mais forte, o que o levaria a uma profunda reflexão e desenvolvimentos dos seus poderes. Porém, para chegar a este nível você precisará da ajuda duma segunda pessoa, que esteja na sua mesma sintonia, que te conheça bem e que inspire confiança, alguém como RenatoDisse Angel.
Como poderia ajudá-lo? (Animou-se Renato)
Como seria isso? (Eu)
Calma, para os dois. A co-visão não se desenvolve duma hora para outra. Vão ser necessárias três etapas para que consigam ter a primeira experiência. O que deve ser feito agora e sempre é um treinamento de adaptação. Toda vez, que tocar algo, filho de Deus, terás a companhia prazerosa de Renato. (O mestre)
Como assim? (Pergunto)
Eu explico. A cada experiência de visão breve, chamarás Renato para participar e emitir sua energia espiritual, algo parecido com a liberação dos Chacras. (Angel)
Tudo bem. Somos uma equipe mesmo, não é? (Eu)
Eu e Renato nos abraçamos. Agradeço a Deus e a guardiã por tê-lo conhecido na montanha sagrada do Ororubá. Desde então, ele tinha tido uma importância enorme servindo como amigo, confidente e companheiro de aventuras. Batalharíamos juntos nesta nova busca e, com o estímulo adequado, poderíamos sair novamente vencedores. Continuem acompanhando, leitores.
Depois do abraço, nos afastamos um pouco e nos dirigimos ao mestre a fim de obter mais informações.
Qual o próximo passo? (Perguntamos)
Colocar em prática o que eu disse. Aproximem-se do centro novamente, fechem os olhos e pensem no futuro. (Angel)
Mesmo com um pouco de medo e dúvida, obedecemos ao mestre nos aproximando do centro do sítio. Com alguns passos, chegamos ao destino e nos colocamos lado a lado. Angel se aproxima, desenha um círculo ao nosso redor e seguimos suas instruções. No momento que iniciamos o ritual, a pressão espiritual vai aumentando pouco a pouco e parece querer nos explodir. Com muito esforço e luta conseguimos ficar ainda conscientes. É aí que limpamos nossa mente e escutamos claramente o mestre: Fechem os olhos, relaxem, liberem o espírito para voar.
Quando executamos os dois primeiros itens,a terra treme, os poderes do espaço são abalados, nosso subconsciente é forçado a adormecer, a escuridão nos envolve e dum instante para outro, caímos de encontro ao chão. Adormecermos e então os nossos espíritos são liberados. Já fora dos corpos, ficamos um em frente ao outro. Porém, durante pouco tempo. Fugindo do nosso controle, somos separados por uma linha divisória tipo campo de força, que se coloca entre nós irremediavelmente. Tentamos superar o obstáculo, mas nossos esforços revelam-se inúteis. Separados, somos atacados por forças ocultas e misteriosas do sítio Fundão.Eu, atormentado por visões sem sentido, e Renato, imóvel, é atacado por línguas de fogo que o fazem se comunicar em línguas até então desconhecidas da face da terra. Estávamos, no momento, num beco sem saída.
Da minha parte, as visões obstruem totalmente meu raciocínio e não deixam de forma alguma eu usar meus poderes de vidente. Vejo nelas raiva,ambição,inveja,crise,despeito e desentendimento. O choque entre as forças opostas é contínuo o que provoca também o surgimento da noite escura. Mesmo assim, luto contra estas forças tentando decifrar seus significados.Porém,como estava sozinho, logrei poucos avanços. Já Renato tenta em vão me aconselhar porque não entendo nada do que diz .Com isso, permanecemos durante um bom tempo sem grandes resultados. Mas não podíamos ficar o tempo todo desta forma. Quando estamos perto do limite, uma voz grita:
Acabou!
Então a confusão se desfaz, o campo de força some e num estalo voltamos ao nosso corpo físico. Ao recobrar os sentidos, abrimos os olhos e encaramos o nosso mestre com o semblante transparecendo estar um pouco decepcionado. Mesmo assim, ele se aproxima e nos dá algumas palavras de apoio:
Tudo bem. É apenas a primeira tentativa. Poderiam se sair melhor, mas está dentro do esperado. O importante é que tentaram e não desistiram. Aconselho a ter mais sintonia, aproximação, mais calma, usar o conhecimento dos dons já conquistados, reviver na memória experiências espirituais e carnais importantes, se espelhar nos mestres da vida e na vida em si. Acima de tudo, trabalhar em equipe. (O anfitrião)
Tudo bem. É apenas a primeira tentativa. Poderiam se sair melhor, mas está dentro do esperado. O importante é que tentaram e não desistiram. Aconselho a ter mais sintonia, aproximação, mais calma, usar o conhecimento dos dons já conquistados, reviver na memória experiências espirituais e carnais importantes, se espelhar nos mestres da vida e na vida em si. Acima de tudo, trabalhar em equipe. (O anfitrião)
Fomos atacados por forças ocultas muito poderosas que não nos deixaram escolha. Confesso que nunca tinha sentido tanta pressão. É normal? (Indaguei)
Eu também. Em dado momento, fiquei tão confuso que nem mesmo eu me entendia. (Renato)
Claro, ainda não estão prontos. O que esperavam? Rapadura é doce mas não é mole. Tem muito que aprender ainda até dominar a técnica da co-visão. Mas não temam. Não estou aqui para atrapalhar ou julgar vocês e sim para dar um auxílio, ser como a seta que indica o caminho. (Explanou Angel)
Então digo que estamos prontos para aprender. Seremos seus mais humildes discípulos mesmo já tendo conquistado a gruta, feito uma viagem no tempo, resolvido conflitos e injustiças, voltado a montanha, dominado os sete pecados capitais, convivido com piratas, com a rainha dos anjos e entrado no Eldorado, a porta que sela os mundos carnal e espiritual. Sempre há algo a conquistar. Evolução é a palavra-chave. O que fazemos agora? (Perguntei)
E eu sempre o ajudando nos momentos cruciais. Sim, e agora? (Renato)
Vocês estão de parabéns por tudo que conquistaram. O importante é manter os pés no chão pois isto é apenas A ponta do iceberg. Vocês terão ainda muitas aventuras, experiências incríveis, inusitadas, transformadoras. Basta continuar com o foco bem definido. Por enquanto, não tenho nada a pedir. Continuarão o desafio à tarde. Peço que me sigam a fim de curtir um momento de lazer. (Angel)
Angel se afasta um pouco, dobra a direita e segue uma nova trilha. Nós o acompanhamos. Durante quinze minutos, andamos apertados por folhas,árvores,espinhos,formigas,barro,pedras e outros empecilhos. Porém, o desafio, as conquistas, a experiência, a companhia de Angel, a natureza e o ar puro fazia tudo valer a pena. Estávamos apenas no começo.
Os nossos passos vigorosos nos levam a avançar .Diante de nós surge ,numa clareira, um pomar variadíssimo e ,ao fundo, uma lagoa de água cristalina. Dirigimo-nos a primeira árvore,subimos,tentamos agarrar alguns frutos e quase caímos. Fazemos malabarismos e prestando atenção um pouco em Angel, ficamos impressionados com a agilidade do mesmo apesar de sua idade avançada. O momento é bom e nos traz lembranças do tempo de criança, rimos, conversamos, descansamos nos galhos grossos da árvore e curtimos um pouco o sol agreste.
Depois de aproveitar bastante, descemos, comemos os frutos colhidos, conversamos um pouco mais, aproveitamos a sombra. Um momento depois, Angel pede que o acompanhe e obedecemos prontamente. Andamos em frente, chegamos ao fundo e somos convidados a entrar na lagoa. Mesmo ressabiados, entramos, Renato mergulha e eu fico só no raso pois não sabia nadar. Angel também entra, se aproxima de mim e começa a dar algumas aulas de natação. Eu adoro. Ficamos um bom tempo na água.
Quando nos cansamos, saímos da lagoa, sentamos e conversamos um pouco mais de tempo. Em dado momento, Angel nos passa as respectivas orientações a fim de cumprirmos o desafio atual e se despede, voltando para sua casa. Agora, restavam eu, Renato e o desafio. O que aconteceria? Continuem acompanhando, leitores.
Descobrindo o dom da fortaleza
Depois da saída de Angel,procuramos iniciar imediatamente o caminho que nos levaria a enfrentar mais uma etapa relativa ao desenvolvimentos dos dons. Iríamos para o oeste do sítio afim de novas experiências ,conhecimentos e a visão respectiva. Assim fazemos. Começamos a caminhar na trilha respectiva, enfrentando tudo e a todos, e nada parecia nos desanimar. Onde buscávamos tanta garra,inspiração,determinação,coragem e fé? Eu explico. Na nossa própria história de vida.Eu,um pobre jovem sonhador, do interior do nordeste, esquecido pelas elites e pelas autoridades. Buscava um sonho desde 2010,que era realizar-se na literatura. Em busca do objetivo, escalara uma montanha, encontrara a guardiã, a jovem, o menino, realizara desafios e enfrentara a gruta mais perigosa do mundo. Driblando obstáculos, chegara a câmara secreta (parte final da gruta) e por um milagre me transformara num vidente poderoso. Mas isso não era tudo. A gruta era apenas o início duma interessante trajetória. Depois disso, viajei no tempo, resolvi conflitos, reuni as forças opostas e as controlei, no primeiro passo da minha evolução humana e espiritual. Este foi o primeiro passo duma se Deus quiser longa trajetória.Após,voltei a me dedicar á faculdade, ao trabalho e as questões pessoais da minha vida cotidiana. Quando tive um tempo livre, voltei a pensar no meu caminho, na literatura e me perguntei sobre um período difícil que enfrentei em minha vida, um período negro que me desliguei de Deus, do sagrado, enfrentei as pessoas, as magoei, e vivi um sem número de experiências. Chamei este período de A noite escura da alma e em busca de respostas procurei novamente a montanha, especificamente a guardiã a fim de que ela me orientasse.Com o auxílio dela, Comecei a investigar os pecados capitais, mas era um tema tão complexo que tive que ser repassado a outra pessoa, um hindu, e aprendi um pouco mais com ele. No entanto, as coisas ainda não tinham ficado bastante claras e então fui orientado a fazer nova viajem, rumo a uma ilha perdida, do outro lado do planeta, onde talvez encontrasse as respostas que tanto procurava. No caminho, embarquei junto com Renato, num navio de piratas, vivemos novas aventuras, até chegar ao destino improvável.Finalmente,tive então a oportunidade de conhecer a parte mais densa da Noite escura e ter a visão da história. Tinha cumprido uma nova etapa na minha carreira mas isso ainda não era tudo. Atuando como vidente dos livros, procuraria sempre ouvir a voz do meu subconsciente em busca do meu destino e da felicidade. Ao meu lado, todo este tempo, estava Renato. Ele que fora durante muito tempo, quando criança, forçado a trabalhar exaustivamente, maltratado, sem carinho, conseguiu o apoio da guardiã para se reerguer, e ter ainda esperanças na vida. Atuando como meu auxiliar, ele fora fundamental nas minhas aventuras e a cada dia sua presença me enchia de alegria. Juntos, éramos mais, uma equipe imbatível, conforme Angel nos ensinara e acreditávamos.
Continuamos caminhando sobre pedras, poeira, barro e o sol escaldante. A cada passo, nos sentimos mais ansiosos, expectantes, mas também tranqüilos. Apesar da indefinição, continuamos seguindo em frente, seguindo as orientações do mestre, sem pestanejar. Era o que nos restava no momento.
Passa-se um pouco mais de tempo. Já estamos na parte da tarde, aproximadamente 14:00 Hs. Apertamos os passos, driblamos obstáculos, perigos e inquietações e já chegamos a aproximadamente um terço do trajeto percorrido. Desta vez, não nos impressionamos, isto só nos estimula a avançar ainda mais. E assim continuamos. Revemos as paisagens, a terra seca, alguns animais. O que muda é a situação. Antes, estávamos apenas de passeio, conhecendo o terreno. Agora, estávamos a ponto de encarar um novo desafio, que se mostrava gigantesco, que poucos ousaram arriscar. Além disso, as nossas responsabilidades aumentavam a cada momento.
Mas é bom destacar que isto era absolutamente normal. Desde quando entrei na gruta, assumi a responsabilidade da conquista contínua e evolução em prol do dom que recebera gratuitamente do universo.Com muita garra e coragem, continuaria arriscando sempre não importando as consequências nem os riscos. O importante é que contava com a torcida de amigos,familiares,conhecidos,admiradores e o apoio dos meus companheiros de aventura. Independentemente do resultado, a experiência e o aprendizado se mostravam muito importantes para minha carreira. Era em busca destes dois itens que continuamos avançando embrenhados numa mata quase virgem ao encontro do destino incerto, destino que nos leva a cumprir a metade do trajeto trinta minutos depois.