Dança Da Lua - Amy Blankenship


“Dança da Lua”

Laços de Sangue, Livro Um

Editado por Tracy Murray

Translated by Claudia Peruto

Copyright © 2012 Amy Blankenship

English Edition Published by Amy Blankenship

Portogese Edition Published by TEKTIME

All rights reserved.

Prólogo

A Floresta Nacional de Angeles é a casa de pumas perigosos e jaguares importados que vagueiam pela vasta floresta. Algumas vezes, em noites claras, seu número cresce por um tempo enquanto os animais que eram de LA, ou deslocadores como o folclore passou a conhecê-los, vagueavam pela terra indomável junto aos seus primos distantes. São aquelas noites onde os verdadeiros animais se escondem em suas tocas, enquanto os predadores da cidade invadem seu território tempo suficiente para caçar, ou em raras ocasiões, resolver lutas que não podem ser resolvidas na relva humana.

Não há nada mais vicioso do que quando esses deslocadores lutam e, se um deles era ferido, se tornava tão perigoso para os seres humanos do que os animais semelhantes. Para proteger os seres humanos que vivem juntos, as disputas dos deslocadores, sempre que possível, são sempre feitas fora da vista desses humanos, e o melhor lugar é nas profundezas de suas áreas de caça nativas.

Hoje à noite, a floresta se tornou assustadoramente silenciosa, conforme os dois proprietários do maior clube da cidade entravam na terra indomável, tirando suas roupas do corpo para deixar sua besta interior correr livre. Esta noite, eles estavam caçando o túmulo de um vampiro que poderia destruir os dois.

Nas profundezas da floresta, onde nenhum humano conseguiria ouvi-lo, Malachi, o líder de um pequeno clã jaguar, corria pela escuridão em direção ao seu adversário... Um homem que nunca deveria ter confiado no seu melhor amigo. Seu alvo era outro deslocador, este com sangue de puma correndo em suas veias, Nathaniel Wilder… seu parceiro de negócios durante os últimos 30 anos.

Malachi irrompeu na clareira para encontrar Nathaniel esperando por ele na sua forma humana. Dando alguns passos para frente, era como andar de uma forma para outra, enquanto Malachi voltava para sua forma humana. Ambos eram letais, independente da forma que estivessem. Como seres humanos, eram ambos atléticos, com músculos de aço tensos sob a pele macia. Os deslocadores estavam lentos devido à idade, e ambos mal pareciam ter passado dos 30 anos, embora estivessem bem aos 50 anos de idade.

Se este fosse um filme de Hollywood, teria levado vários minutos para ser grosseiramente mudado, mas esta era a realidade e não havia monstros babando nesta clareira. A nudez não era nada para um deslocador, e a lua irradiou sua luz como um holofote através das nuvens de chuva acima deles.

“Isso não tem que acabar assim,” Nathaniel disse, conforme ele se mantinha firme no chão enquanto tentava trazer seu amigo à razão. “Me escute! Isso foi há trinta anos, e as coisas mudaram... Eu mudei.”

“Trinta anos de mentiras!”, Malachi trovejou, sua voz ecoando na lareira. Seus olhos foram até o ponto onde ele enterrou Kane e ele sentiu a fisgada úmida aparecer nos seus olhos. “Por sua causa, eu conectei Kane a essa sujeira... por sua causa eu o abandonei por trinta anos!”

“Eu não posso deixar você desenterrar ele, Malachi! Você sabe o que vai acontecer se fizer isso,” Nathaniel assistiu nervosamente a forma como Malachi olhava longamente para o túmulo do homem que um dia tinha sido seu melhor amigo. Ele nunca tinha entendido. Kane era um vampiro, e era perigoso.

Kane também tinha sido uma das duas coisas que impedia a formação da parceria entre os jaguares e os pumas... Kane e a bela e traiçoeira esposa de Malachi, Carlotta. Nathaniel tinha se apaixonado por ela primeiro. Ele não queria que isso acontecesse dessa forma. No fim, Nathaniel cuidou do problema com um ataque de ciúmes... Matando dois coelhos com um só golpe.

“Ele era meu melhor amigo e ele nunca me traiu! Você foi o único que me esfaqueou pelas costas!”, Malachi piscou para espantar as lágrimas de fúria, quando levou a mão até a orelha e tocou no brinco que estava usando: o brinco de Kane. O que ele tinha feito? Quando ele encontrou Kane debruçado sobre sua esposa morta, ele parou confuso, até que Nathaniel confirmou que o assassino era Kane.

Ela morreu aqui neste mesmo campo, e ele pensou que era justo conectar Kane a esta terra... neste solo. Até roubou o livro de magia de Kane e usou contra ele, por vingança.

Sim, Nathaniel estava certo sobre uma coisa. A maioria dos vampiros era má, mas havia algumas exceções, e Kane tinha sido uma delas. Mas não era pior do que ele tinha feito. Esse feitiço só poderia ser revertido pela alma gêmea de Kane.

Malachi tinha achado engraçado esse momento, porque Kane não tinha idade certa e ainda não tinha conhecido sua alma gêmea. No passado, ele e Kane tinham brincado muitas vezes sobre o assunto, dizendo que tal mulher nunca tinha nascido. Sua mente relembrou o sorriso de Kane quando ele dizia, “Deus teria que ter senso de humor para criar uma mulher que aguentaria algumas de suas travessuras.”

“Ele está lá há muito tempo,” avisou Nathaniel. “Com esse tipo de sede de sangue e a insanidade crescendo nele... se você soltar Kane agora, ele só irá nos matar.”

A cabeça de Malachi levantou um pouco e olhou para Nathaniel. “Ele só vai ter que matar a mim, pois você já estará morto.”

Com a ameaça dita, ambos os homens mudaram suas formas para animais de novo.

*****

À beira do acampamento, próximo à grande reserva de caça, estava Tabatha King, ou Tabby como todos pareciam chamá-la, sentada nos degraus da caravana de seus pais, olhando para as estrelas que apareciam por entre as nuvens grossas. Ela soprou sua franja para longe de seus olhos contentes por ter finalmente parado de chover.

Essa foi a primeira vez que ela estava acampando, e a última coisa que ela queria fazer era se apertar dentro do RV. Ela estava tão animada em relação a essa viagem e ficou ainda mais feliz quando concordaram em trazer o pequeno cão de família, chamado Scrappy. Tinha implorado muito, mas depois de prometer cuidar de seu pequeno melhor amigo, um cachorrinho Yorkie, ela finalmente convenceu seus pais relutantes.

Scrappy estava latindo na escuridão, girando em torno de sua coleira, querendo perseguir as sombras que tinham chamado sua atenção. A garotinha engasgou quando Scrappy saiu da coleira de repente e fugiu. Ela se levantou dos degraus de aço quando o filhote atravessou uma pequena abertura no fundo da cerca que separava o acampamento da reserva de caça.

“Scrapp, não!”, Tabby gritou e correu atrás do cachorro. Seus pais tinham confiado nela para não perdê-lo. Parando na cerca, ela respirou fundo enquanto olhava para a escuridão das árvores. “Eu não sou covarde.” Ela mordeu o lábio inferior, determinada, antes de se ajoelhar para investigar a abertura.

Depois de alguns pequenos arranhões, ela tinha se espremido através do mesmo buraco na cerca e estava correndo pelo bosque, seguindo o som distante de latidos. “Você vai me colocar em apuros”, ela sussurrou asperamente, e então começou a estalar a língua, sabendo que o filhote muitas vezes seguia o som.

“Tabby, onde você está?”

Atrás dela, Tabatha ouviu sua mãe chamando, mas ela estava mais interessada em levar seu cachorro de volta para o acampamento. Scrappy era seu cachorro e ela tinha que cuidar dele. Então, em vez de responder sua mãe ou chamar o cachorro, ela ficou quieta e seguiu o som agudo do latido de Scrappy.

Não demorou muito para que Tabatha precisasse parar para recuperar o fôlego. Ela encostou-se em uma árvore e colocou as mãos nos joelhos sujos, respirando e escutando os sons da floresta. Ela sempre quis ficar no meio da floresta e apenas ouvir, como os índios faziam nos filmes de TV.

As nuvens de chuva que se separaram por um tempo voltaram e o luar brilhante desapareceu de repente. Seus olhos se arregalaram quando percebeu que não podia mais ver as luzes do acampamento.

Tentando dar um passo para frente, olhou ao redor de forma descontrolada, mas tudo o que viu foi escuridão, troncos de árvores quase imperceptíveis e sombras ainda mais escuras. Ela choramingou quando algo rosnou atrás dela. Decidindo que não gostaria dessa direção, ela saiu correndo sem olhar para trás.

Depois do que pareceu ser uma eternidade, ela ouviu Scrappy latir de novo e correu nessa direção, esperando que o que tinha rosnado não estivesse perseguindo ela. Ela ouviu outro rosnado, mas dessa vez estava vindo de algum lugar na frente dela.

Afundando os calcanhares no chão, ela tentou deslizar até parar, mas o solo estava coberto de folhas lisas e sujeira de chuva. Em vez de parar, ela deslizou ainda mais para o lado antes de cair em um declive gradual.

A respiração dela parou quando seu corpo bateu em uma árvore caída que a impedia de deslizar. A primeira coisa que notou, depois de recuperar o fôlego, foi que Scrappy não estava mais latindo. Ela o ouviu rosnar novamente e começou a subir a colina quando ouviu um gemido suave. Arrastando-se, de joelhos, ela espiou por cima do tronco da árvore e viu uma pequena clareira onde o luar estava brilhando.

Bem no centro da clareira estava Scrappy, se lamentando como se tivesse sido espancado por um cachorro na rua de casa. O cachorro estava deitado no chão e rastejando para trás. Seus olhos azuis se arregalaram quando ela viu o motivo. Dois animais se moviam lentamente, um em direção ao outro na clareira, e Scrappy estava bem no meio.

“Bobo,” Tabby sibilou em voz baixa.

Ela reconheceu os animais das fotos que o seu pai lhe mostrou antes de embarcarem na viagem. Um deles era um puma e o outro ela reconhecia da televisão... um jaguar. Ela adorava assistir a apresentações de animais e não era sensível como a mãe quando os animais da TV tentavam se atacar. Mas isso era diferente... era real e um pouco assustador.

Eles eram gatos que podiam comer você, grande também. Os animais graciosos circularam entre si, rosnando profundamente e seus olhos cintilavam como medalhões dourados. O som mortal foi carregado pela brisa, soprando em direção a Tabatha, enquanto ela continuava a observá-los com nervosismo.

“Vem, Scrappy,” ela sussurrou, esperando que os gatos enormes não a ouvissem. “Vem aqui antes que um deles pise em você.” Ela ia dizer “comer você”, mas não queria assustar o pobre cachorro mais do que já estava.

Os gatos gritaram de repente, fazendo Tabatha cobrir as orelhas com as palmas das mãos, porque o som era tão alto e assustador. Eles correram em alta velocidade através da clareira, fazendo Scrappy enfiar a cauda entre as pernas e gritar de medo.

Vendo o cachorro traumatizado, Tabatha passou por cima da árvore e correu até Scrappy o mais rápido que conseguiu. Ela estava mais perto de Scrappy do que os gatos e mergulhou para baixo, cobrindo rapidamente seu pequeno corpo com o dela, assim que os dois animais saltaram e colidiram no ar, bem acima dela.

“Por favor, não machuquem meu cachorro!”, ela gritou.

Ela gritou de novo quando as garras afiadas rasparam em seu braço e outras passavam pelas suas costas. Os gatos atingiram o chão, logo atrás dela, com um ruído dissonante, e rosnando e gritando um para o outro. Ela continuou curvada por cima de Scrappy, que ainda estava tremendo e choramingando suavemente, não ousando olhar para os animais lutando apenas a alguns metros atrás dela.

Tabatha estava com medo de se mover e segurou o cachorro o mais forte que podia. Seus olhos estavam cerrados e ela começou a sussurrar para Scrappy correr e buscar ajuda, se um dos gatos a pegasse também. Alguma coisa úmida e quente borrifou nas suas costas, mas ela ainda não se moveu. Finalmente, a luta parou e ela deu uma olhada por cima do ombro.

Ela começou a tremer e chorar quando viu dois homens deitados atrás dela, com sangue por toda parte. Tabatha se ergueu sobre os joelhos devagar, com Scrappy nos seus braços e começou a se afastar. Para onde o puma e a onça foram? Eles atacaram esses dois homens e fugiram? Por que os homens estavam sem roupa?

Nathaniel abriu os olhos de repente e mostrou dentes muito afiados para ela.

Tabatha tropeçou para trás e quase caiu, mas recuperou o equilíbrio. Scrappy gritou de novo quando o rosnado do homem imitou o rosnado do puma, e lutou para sair dos braços de Tabby. Ele fugiu para a floresta, gritando de medo.

Malachi estremeceu quando o sangue jorrou de seu peito. Ele abriu a boca e grunhiu uma palavra em direção à menina.

“Corra!”, sua voz terminou com o grito ensurdecedor de um jaguar.

Tabatha não pensou duas vezes antes de obedecer. Ela girou sobre os calcanhares e correu da clareira sem pensar em olhar para trás. Ela não se importava para onde estava indo, apenas se afastou dos dois homens assustadores cobertos de sangue.

*****

“Obrigado e este é o noticiário local. Esta noite, uma família local tem razão para comemorar. Sua filha, Tabatha, finalmente foi encontrada vagando sem rumo dentro da Floresta Nacional de Angeles, depois de desaparecer, a três dias, de um acampamento perto de Crystal Lake para procurar o cachorro da família. Aparentemente, o cachorro se soltou de sua coleira e correu para a floresta. A garota de sete anos, corajosamente, correu atrás do cachorro e não foi encontrada até esta manhã. Infelizmente, o cachorro não foi encontrado com ela. De acordo com as autoridades, ela está no Hospital Comunitário se recuperando do choque, pois parece que ela sobreviveu a um ataque de puma. A pequena Tabatha continuou a falar aos guardas florestais sobre dois homens feridos na floresta, mas depois de uma busca minuciosa, dentro de uma área de oito mil quilômetros quadrados, nada foi encontrado. Falaremos mais sobre isso em instantes.”

Capítulo 1

10 anos mais tarde…

A música alta batia de forma rítmica no clube, seu letreiro grande em neon roxo mudava as cores em sincronia com a batida. A luz lançou um brilho misterioso em direção ao prédio do outro lado da rua. No telhado desse edifício, um homem com cabelo loiro claro e curto estava com um pé apoiado na borda. Ele se inclinou para frente, com um cotovelo apoiado em seu joelho dobrado, enquanto fumava um cigarro.

Kane Tripp inclinou ligeiramente a cabeça e passou a mão pelo cabelo curto e espetado. Ele odiava cortar, perdendo o comprimento que tinha. Ele ainda podia se lembrar da sensação da suavidade de seus cabelos acariciando a parte de baixo das costas. Levando o cigarro aos lábios, inalou profundamente sabendo que sentia falta de muitas coisas, como os cigarros que costumava fumar antes de ser enterrado vivo e deixado para morrer.

Дальше