Uma Luz No Coração Da Escuridão - Amy Blankenship 2 стр.


Ele admitiria que de alguma forma, a proteção de Toya à sacerdotisa tinha envelhecido o poder deste para quase o mesmo nível de um vampiro antigo. Levar a sacerdotisa para longe dele serviu dois propósitos. Sem um motivo para lutar, o poder de Toya diminuiu muito.

A mão esquerda de Hyakuhei atacou, de alguma maneira prendendo os dois pulsos de Toya em um aperto esmagador. Toya não conseguiu se defender quando as garras do vampiro cruelmente laceraram seu rosto.

Os olhos prateados se chocaram com os carmims por um momento suspenso no tempo, enquanto Hyakuhei retraía suas garras. Seus lábios insinuaram um sorriso corrompido enquanto ele esticou a mão para acariciar suavemente a ferida que ele acabara de causar tão cruelmente.

— É uma pena estragar esta perfeição. É muito parecido com seu irmão. — Ele lambeu de seu dedo as gotas de sangue recém-derramado antes de acrescentar: —Mas eu não posso deixar seu amor rebelde distraindo Kyou de mim.

Sentindo seus pulsos serem liberados, Toya deu um passo para trás e tentou bloquear o próximo ataque vindo em direção do seu torso. Ele resmungou de dor quando o sangue derramou dos cortes feitos no seu peito. Pressionando um braço nas feridas, seus olhos dourados se arregalaram quando ele cambaleou para trás e, desta vez, Hyakuhei o deixou.

Toya podia sentir os ossos quebrados em seus pulsos se esmagando uns contra os outros e teve que se concentrar para evitar que suas adagas caíssem no chão. Olhando para o homem que ele odiava mais do que a morte, Toya tentou sacudir a dor sabendo que isso não era um jogo, mesmo os mortos-vivos poderiam morrer.

— Você é uma criança tola. Pensou em salvar seu irmão, me matando? Você mal consegue segurar suas lâminas agora, muito menos tentar tirar minha vida — zombou Hyakuhei, depois seu rosto tornou-se plácido, sua raiva de repente desapareceu. A brisa noturna ergueu as extremidades de seus longos cabelos de ébano, fazendo parecer que estavam vivos.

—Você nunca teve uma chance, garotinho. Vou ajudá-lo a descansar para que você não sinta mais dor — murmurou Hyakuhei, seus olhos se suavizando em direção ao homem ferido como um pai que repreendera uma criança rebelde.

Os olhos prateados ficaram vermelhos de raiva por suas palavras.

— Você nunca terá meu irmão, seu filho da mãe! Enquanto puder respirar, Kyou não o deixará vencer, e eu também não! — gritou Toya, avançando sobre a figura vestida de preto em uma última tentativa de salvar sua alma imortal.

Hyakuhei desapareceu em um piscar de olhos antes que a adaga de Toya pudesse penetrar no coração frio escondido no fundo de seu corpo intemporal. Os olhos vermelhos penetrantes brilhavam, famintos por derramar o sangue do jovem que pensava desafiá-lo.

Sua forma escura levitando lá no alto parou por um momento antes de descer para atacar sua presa.

Os sentidos de Toya estavam alertando o perigo quando ele sentiu a ameaça que se aproximava de seu ser, mas ele não era habilidoso o bastante para determinar de onde o atacante estava vindo. Ele procurou freneticamente, mas com seus sentidos agora adormecidos pela perda de sangue e pela ferida escondida dentro de seu coração, Toya sentiu seu medo aumentar.

Seu coração doía por causa das palavras que o seu próprio "pai" lhe lançara.

— Não posso deixar você ganhar, seu monstro. A vida do meu irmão depende disso — sussurrou Toya através de sua respiração esforçada, fazendo as palavras tropeçarem em seus próprios ouvidos.

Um raio de medo subiu por sua espinha quando ele olhou para o céu noturno. Seus olhos se arregalaram de terror ao ver que ele só sabia o final vindo do ataque, nunca o da vítima. Então... é assim — o pensamento filtrou-se por sua mente atormentada.

Ele tentou se mover, mas foi mantido imobilizado por uma força desconhecida. Seus olhos presos em um olhar mortal. Os olhos vermelhos perfuraram sua própria alma e Toya sabia que a morte estava chegando.

O grito alojado em sua garganta foi substituído por um som balbuciante. Seus olhos prateados voltaram a ser dourados e encontraram os olhos vermelhos de seu assassino, enquanto o tempo parecia parar. Seu corpo começou a ficar entorpecido enquanto ele lentamente olhava para baixo entre seus corpos.

As lágrimas caíram dos olhos de Toya quando sua cor dourada brilhante deles começou a desaparecer. Eu falhei com você, por favor me perdoe... Kyoko... Kyou. Esses foram seus últimos pensamentos quando deu seu último suspiro.

Ele podia sentir seu coração bater cada vez mais longe, à medida que a dor desaparecia. Os mistérios se desdobraram com seus batimentos cardíacos finais enquanto ele silenciosamente sussurrava maravilhado.

— Kyoko... há quanto tempo você está aqui?

Observando com um sentimento de prazer doentio, a figura vestida de preto com olhos vermelhos ardentes sorriu satisfeito. Ele baixou lentamente os olhos para a terra dura. Sua mão de garras ia fundo no peito do jovem com olhos como o sol.

Hyakuhei rasgou violentamente o coração que parara de bater.

Olhando nos olhos sem vida de Toya, ele sussurrou:

— Sempre me perguntei como os olhos de Kyou ficarão quando ele chorar. Aposto que serão lindos — ele se inclinou e beijou a testa de Toya antes de se levantar para se virar e encarar o homem que acabara de chegar a uma curta distância atrás dele.

Um sorriso sádico agraciou seus lábios enquanto ele segurava o coração sangrando e esperava que Kyou fechasse a distância entre eles.

— Para você, meu animal de estimação, agora não há nada entre nós — Sua voz atravessou a brisa noturna.

Os olhos de Kyou se estreitaram de desgosto quando ele olhou para o coração fresco que estava sendo estendido para ele. Hyakuhei viveu tanto tempo sem morrer que a morte agora era um presente para ele?

Enojado, Kyou se afastou da visão perturbadora. Ele sentiu a angústia de seu irmão e tinha vindo investigar. Em vez disso, encontrou o chamado "pai" e ele não podia mais sentir a aura de seu irmão.

Algo estava terrivelmente errado e Kyou podia sentir os nervos dentro de seu corpo pinicarem em sua pele em alerta.

Ele não conseguia ver o dono do coração que ainda goteava sua vida na mão do vampiro antigo, pois Hyakuhei bloqueou sua visão. Isso o irritou, pois fora detido em sua busca por seu irmão mais novo. Ele não via seu irmão há mais de um ano, mas esta noite... ele sabia que Toya precisava dele. Deve ter sido importante, pois Kyou sentiu o chamado com muita força.

Percebendo a antecipação no homem diante dele, os olhos dourados de Kyou se prenderam aos de Hyakuhei.

— Qual alma você roubou desta vez? — perguntou com desprezo em sua voz.

— Por que você não vem ver, meu animal de estimação? Tenho certeza de que você ficará muito surpreso. É meu presente para você — Um sorriso consciente acendeu seus traços sombreados enquanto Hyakuhei se afastava, deixando uma visão clara de sua vítima. Estendendo sua mão vagarosamente em direção a Toya, ele se virou para olhar para o cadáver no chão.

O olhar de Kyou seguiu o de Hyakuhei enquanto ele lentamente se aproximava, confundido com a importância da identidade dessa vítima. Seus olhos dourados se arregalaram diante da forma amarrotada, deitada no chão, enquanto um imenso sinal de alarme subia por sua espinha. Seu coração começou a acelerar quando viu as tão familiares luzes prateadas e brilhantes que atravessavam os cabelos negros, agora emaranhados com sangue e terra, espalhados pelo rosto do homem como se escondessem sua verdadeira identidade.

O olhar de Kyou seguiu o de Hyakuhei enquanto ele lentamente se aproximava, confundido com a importância da identidade dessa vítima. Seus olhos dourados se arregalaram diante da forma amarrotada, deitada no chão, enquanto um imenso sinal de alarme subia por sua espinha. Seu coração começou a acelerar quando viu as tão familiares luzes prateadas e brilhantes que atravessavam os cabelos negros, agora emaranhados com sangue e terra, espalhados pelo rosto do homem como se escondessem sua verdadeira identidade.

Ele sentiu todo o seu ser gritando de raiva e negação ao saber que agora estava olhando a forma abatida de seu irmão desaparecido.

— NÃO! — Kyou jogou a cabeça para trás e rugiu. Lágrimas encheram os olhos quando ele se virou para enfrentar o responsável. — O que você fez? — rosnou ele, enquanto avançava, parando a poucos centímetros do assassino de seu irmão. Seus olhos dourados de sol sangraram vermelho, caninos alongados expostos como os de um cão raivoso. Dobrando suas garras, ele esperou a confissão, mal segurando a ira.

— Somente o que eu deveria ter feito desde o início: remover aquele que não lhe apreciou como eu. — A expressão de Hyakuhei suavizou por um breve momento enquanto via seu filho preferido.

Ele deu a Kyou toda a sua atenção e carinho desde que lhe deu o dom da imortalidade das trevas, mas ainda assim Kyou não tinha sido feliz. Era a tristeza no olhar dourado de Kyou que o atraía tanto... a solidão dentro dele era adorável e imitava a própria melancolia de Hyakuhei. Ele então transformou o irmão de Kyou, Toya, na esperança de ganhar a devoção de seu precioso filho. Mas, isso só chateou Kyou ainda mais.

Hyakuhei observou as lágrimas agridoces se formando nos olhos de Kyou e sabia que ele estava certo. Kyou foi muito divino quando chorou.

Naquele momento, algo profundo dentro de Kyou disparou quando um grito triste de sacudir a terra rasgou seu corpo. Cego de raiva, ele atacou o assassino de seu irmão, as presas expostas e as garras afiadas.

— Vou arrancar seu coração e deixar seu corpo para ser devastado pelas criaturas da noite pelo que você fez!

Com destreza, o homem perverso esquivou o ataque e em um borrão de preto e prendeu Kyou no chão. Com uma calma que não refletia em seu ser profundo, Hyakuhei inclinou-se para perto, seu olhar fixo no rosto que o assombrara tanto, o rosto de seu próprio irmão.

— Fiz o que era necessário para nós. Toya não queria que você ficasse com meu presente e procurou tirá-lo de você. Você entenderá com o tempo — murmurou ele enquanto seus lábios macios roçavam fugazmente por grunhidos enquanto falava essas palavras.

Com uma força que ele não percebera possuir, Kyou atirou o homem agressor a seis metros de seu corpo trêmulo. Ele passou o antebraço pela boca com desgosto enquanto rosnava perigosamente.

— Calma, criança, acalme-se — falou o homem enquanto se levantava e tirava a sujeira de suas roupas. Seus olhos brilharam com promessas enquanto seu corpo cintilava levemente e então desapareceu na noite. — Vou estar assistindo, esperando por você, meu animal de estimação.

O mundo de Kyou se despedaçou enquanto olhava para o corpo sem vida de seu irmão.

— Vingarei a morte do meu irmão e passarei a eternidade caçando você se for preciso. Quando eu lhe encontrar, você pagará por isso, Hyakuhei.

Ele ficou de joelhos e ergueu suavemente o corpo de Toya em seu peito, encostando sua cabeça suavemente. O cabelo de seu irmãozinho havia se afastado de seu rosto fazendo com que a visão de Kyou nublasse enquanto tentava conter o fluxo de lágrimas, sem conseguir. Parecia que Toya estava simplesmente dormindo, pacífico pela primeira vez em muito tempo.

Ele observava enquanto suas lágrimas escorriam sobre o rosto de Toya e Kyou sentiu seu coração se partir. Apertando seu amado irmão forte contra ele, Kyou sussurrou com uma voz instável:

— Toya, por favor, perdoe-me por não ter chegado aqui a tempo — sua respiração estremeceu quando ele cerrou os olhos diante de tanta dor. — Eu sabia que você precisava de mim. Eu deveria ter salvado você.

A mente de Kyou correu para o dia em que Hyakuhei o transformou no que ele era agora, um dia depois da morte de seu pai. Kyou sabia que Hyakuhei só queria a ele e Toya era apenas uma criança pequena. Então, para proteger Toya, Kyou deixara Toya com seu tio mesmo quando seu irmãozinho tinha chorado, implorando para ele não partir.

Ele ainda lembrava da desconfiança que brilhava nos grandes olhos dourados de Toya quando olhava para Hyakuhei, desafiando-o a tirar seu irmão mais velho dele. Era a lembrança desse olhar assombrado que ajudara Kyou a ficar longe de seu irmão por vários anos para protegê-lo.

Quando Toya ficou mais velho, Kyou se viu ansioso por vê-lo, secretamente visitando-o e observando de longe, observando seu irmão viver a vida que ele não podia. Observar Toya secretamente tinha sido a única felicidade de Kyou durante aqueles dias sombrios. Muitas vezes, ele se escondia no quarto de Toya para vê-lo dormir.

Se ele soubesse que Hyakuhei o seguia e observava enquanto Kyou olhava por Toya, ele nunca colocaria Toya em perigo assim. Seu tio transformou Toya porque ele pensou que era o que Kyou queria. Tinha sido culpa dele que Toya tivesse morrido na primeira vez.

Toya lutou contra seu tio, durante a transformação e depois. À medida que seus argumentos se tornaram mais viciosos, Kyou tentou manter a atenção de Hyakuhei longe de seu irmão. Então Toya começou a falar sobre uma cura para vampiros: o Cristal do Coração Guardião. Ele jurou que iria encontrá-lo e curar os dois.

Toya encontrou sua cura na morte.

Fazendo o que podia para evitar olhar para a cavidade agora vazia onde o coração de seu irmão havia residido, Kyou levantou-se e levou o corpo de Toya longe daquele local para lhe dar um enterro digno.

Ele não podia mais sentir a presença de Hyakuhei, mas sabia que estava perto, observando-o de alguma forma, sempre o observando. Kyou entendeu agora que ele teria que partir, se esconder até ser forte o suficiente para derrotar o mal que havia roubado a única coisa que lhe era mais querida: seu irmãozinho. Ele passou pela escuridão deixando a clareira em total silêncio.

Kamui soltou um suave suspiro de alívio quando os irmãos se foram e abaixou sua barreira de invisibilidade em torno da forma maltratada de Kotaro. Olhando para o Lycan, Kamui sabia que levaria um tempo para que as feridas de Kotaro pudessem curar, não apenas as feridas de seu corpo, mas as feridas que agora estavam profundamente enraizadas no coração também.

— Vamos — sussurrou Kamui, puxando um dos braços de Kotaro nos ombros e ajudando-o a ficar de pé. — Hyakuhei não foi longe e eu preciso tirar você deste lugar desprotegido. — Os olhos dele brilhavam com a cor do pó do arco-íris enquanto tentava reter suas próprias lágrimas. Foi em vão, pois ele podia senti-las escorregando pelo rosto em trilhos quentes.

Muita coisa foi perdida no período de apenas algumas horas mortais... ele agora entendia o que ser mais sombrio do que as sombras realmente significava. Ele não perderia Kotaro também.

Eu não o odiava tanto — sussurrou Kotaro, olhando abatido para onde o corpo de Toya tinha ficado momentos antes. Ambos amaram Kyoko e ela, por sua vez, teve carinho por ambos... nunca escolhendo um em vez do outro quando eles estavam lutando... até hoje à noite. O destino só lhe havia dado poucas horas, pelo menos Toya não sabia disso.

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