- Meu senhor, quero ser o pai do MESSIAS - respondeu rapidamente o menino. - O que eu preciso fazer?
- Continue vivendo sua vida - respondeu o homem mas se algum dia você for chamado novamente, não espere pelas mesmas pessoas. Isso acontecerá de tal maneira que você ficará surpreso. Mas antes direi que você precisa fazer uma oração para o ALTÍSSIMO todos os dias para que Ele possa fornecer a voz que falará em sua mente. Será ela que dirá a todo momento o que está certo e o que está errado. Você fará muitas coisas certas e nenhuma errada.
Dizendo isso, eles voltaram para a casa. E assim que o menino entrou, procurou a mulher com o olhar. E o homem vendo isso, disse:
- Vejo que você tem um grande carinho pela minha mulher e que ela chama muito sua atenção. Mas lembre-se que antes dela você conhecerá outras e irá compará-las. As outras entregarão seus corpos a você, mas ela não fará isso. Você vai conhecer a sexualidade antes do casamento, mas não pecará por isso porque é a maneira de lhe dizer a que você terá de renunciar - e dizendo isso, a mulher entrou e serviu a comida.
Eles começaram a comer quando o menino disse:
- Caramba, como está bom! E além disso nunca havia comido algo assim.
Ele perguntou o que era e responderam que eram frutos do campo que foram cozidos com água e sal e depois foi acrescentado um molho e mais nada.
Depois serviram a carne e ele perguntou o que era. E foi-lhe dito:
- A carne que você come é apenas frango. Mas a maneira de prepará-la é igual a anterior, cozida com sal e mais nada.
Terminada a refeição, o menino disse que precisava ir embora e a mulher respondeu:
- Espere, vou te dar um presente! Meu marido disse que você precisa fazer uma oração para o ALTÍSSIMO todos os dias. Pois bem, vou dizer uma oração especial que ele gosta muito e assim, pelo seu próprio esforço, poderá agradá-lo mais.
MEU PAI QUE ESTÁS NOS CÉUS
SANTIFICADO POR TODOS SEJA SEU NOME
FAÇA-SE EM MIM A SUA VONTADE
E QUE ESTA SE CUMPRA NA TERRA E NO CÉU
- Somente isso e mais nada é o que você precisa dizer todos os dias. Mas para isso você vai se colocar em um lugar afastado e solitário e ficará de joelhos com a cabeça apoiada no chão. Invoque-O e diga esta oração que ELE gosta muito que também deverá ser feita nesta posição.
José se levantou da mesa e saiu da casa. Quando se virou para se despedir, descobriu que não havia nada atrás dele, somente as árvores que havia ali perto. Nem casa, nem pessoas, nem poço, nada.
E assustado, esfregou os olhos e disse para si mesmo: - Foi tudo um sonho!
Mas uma voz em sua mente disse:
- José, tudo é verdade. Você viu, ouviu e comeu. E vai poder contar. Mas como aqueles para quem contar não compreenderão que estas pessoas vieram do futuro, dê a cada uma delas outro nome. E poderá contar aos outros o que elas fizeram e disseram. Mas lembre-se do seu pai e tenha cuidado! Não o machuque dizendo que fracassou quando a oportunidade se apresentou. E em relação a todo o resto, seja prudente e fique calado.
CONHECE O EREMITA
Agora vou contra uma história completamente diferente da anterior. Nesta ocasião, JOSÉ estava com dezoito anos. Já era um homem alto e bem visto porque comia bem e estava em estado de graça. Todos os dias fazia a oração para o ALTÍSSIMO como havia aprendido. E embora seus companheiros fossem farristas, ele se mantinha são.
Enquanto os demais se entregavam a comida, bebida e a ostentar o dinheiro, ele ia para o campo e se informava sobre as finanças da fazenda. E embora no começo seu pai gostasse disso, por outro lado ficava surpreso que fosse assim e inclusive, em determinado momento, chegaram a conversar sobre enviá-lo para algum lugar para que ele tirasse estas ideias estranhas da cabeça, como não beber vinho e coisas semelhantes.
Estando um dia em casa, chegou por ali um homem bem vestido, montado a cavalo e perguntou a seu pai por JOSÉ. E ele saiu porque o visitante era uma autoridade que disse ser um homem do rei e percebia-se isso pelo seu porte.
Seu pai o fez entrar e fez as honras. O homem descansou em sua casa por dois dias e depois seguiu seu caminho, mas antes de ir embora disse ao seu pai:
- Deixe que seu filho venha comigo e me acompanhe que assim terei com quem conversar. E quando voltar, eu o devolverei.
Seu pai concordou e chamou José e disse-lhe para se preparar. E José foi embora com o cavalheiro.
Ao longo do caminho eles conversaram e José descobriu que ele era um homem do Rei e que tinha uma missão estranha. Havia recebido uma mensagem de que ali perto vivia um eremita que dizia ser o profeta e o Rei queria saber se era verdade. E se assim fosse, que lhe fizesse algumas perguntas, onde e quando o MESSIAS viria, porque segundo os sábios que haviam estudado os pergaminhos que foram escritos o momento estava muito próximo e ele precisava saber.
Eles conseguiram localizar o eremita em uma caverna na montanha. Quando estavam se aproximando, a voz na mente de José disse:
- Tome cuidado para não falar demais porque o homem que você vai é um homem do ALTÍSSIMO e irá reconhecê-lo. Se ele disser alguma coisa, deixe que ele fale e não responda. Apena ouça e mais nada.
Quando chegaram ao local, o homem do Rei chamou o eremita, que saiu da caverna. Ele estava extremamente sujo e vestia farrapos, mas em seus olhos havia algo especial. Ele olhou para os dois e se fixou especialmente no jovem. E antes que eles dissessem alguma coisa, perguntou:
- Vocês vieram me perguntar quando será o nascimento do MESSIAS? É curioso que venham até mim já que deveria ser eu a questioná-los.
E então o homem do Rei disse:
- Como sabe o que viemos perguntar?
- Sou um homem do ALTÍSSIMO e ELE tem todo o poder. Portanto, sei quem vocês são e o que serão, mas minha boca só abre quando sou mandado disse o eremita e dirigindo-se ao homem, perguntou: - Diga-me quem quer saber e eu lhe responderei.
- Meu Rei e Senhor me envia para perguntar como e quando nascerá o MESSIAS para que esteja preparado para recebê-LO e colocar o trono à sua disposição ele respondeu.
- O MESSIAS está perto, mas não a ponto de ter de colocar o trono à disposição de ninguém. Está escrito que ELE nascerá por volta desta data e assim será. O lugar será Belém disse o eremita enquanto se virava para o menino e dizia: - Agora me diga, o que você quer saber?
E José que não esperava a pergunta respondeu:
- Nada, senhor. Só venho acompanhar o cavalheiro mas de repente, pensando rápido disse mas se quer responder a uma pergunta será esta. Você verá que é um enigma. Uma autoridade tem um filho, riquezas, dinheiro e bens. A sorte sorri para ele, mas ele está vazio por dentro e não sabe o que fazer. Diga-me, que solução você pode dar para sua vida?
O eremita olhando em seus olhos respondeu:
- Que se ponha ao serviço do ALTÍSSIMO! ELE lhe dará trabalho porque está procurando por um trabalhador. E embora tenha chamado, ninguém respondeu. Mas parece que há um que pode ser merecedor.
Dizendo isso, ele deu meia volta e entrou na caverna. E enquanto estava indo embora ouviu que ele cantava, mas não entendeu o que ele estava dizendo.
Eles desceram da montanha e enquanto faziam isso o cavalheiro perguntou ao menino que impressão o eremita havia lhe causado porque em determinados momentos parecia lúcido e em outros, completamente louco. E enquanto desciam, o cavalheiro tropeçou e caiu montanha abaixo.
José o pegou, surrado pelos golpes, enquanto o cavalheiro dizia:
- Eu realmente quase me mato. Como vamos chegar a um lugar habitado se mal consigo me mover?
- Senhor, irei ajudá-lo, mas será melhor curar suas feridas. Vou pedir ajuda ao eremita, caso ele conheça alguma erva ou tenha água com a qual você possa ser curado - respondeu José.
Após dizer isso e sem esperar pela resposta, ele subiu a montanha correndo e chamou o eremita. Ele chegou até onde esteve antes, mas ninguém saiu. Voltou a chamar e vendo que ninguém respondia, decidiu entrar na caverna e o fez chamando continuamente, mas sem obter resposta. E quando entrou o suficiente, descobriu que a caverna descia e se transformava em uma grande cavidade interna e que havia luz que saía das paredes. E tal foi a impressão que isso lhe causou, que ficou parado e não percebeu que o eremita estava na sua frente. Quando reagiu, ele disse o motivo da sua visita. E o eremita respondeu:
- Isso aqui - e com a mão apontou as maravilhas da gruta em que estavam é como seu interior, que por fora é uma montanha nua e por dentro tem uma maravilha, mas esta maravilha precisa sair para o exterior. Do que adiante o que você tem guardado se ninguém pode desfrutar? Mas não mostre esta maravilha aos porcos, mostre àqueles que podem vê-la e deslumbrar-se com ela. Eu lhe direi que tudo isso é obra do ALTÍSSIMO, que todo o ouro que um Rei possa ter não vale a metade da beleza aqui encerrada. Logo você vai conhecer a mulher que um dia será sua esposa e, mesmo que a conheça agora, também não poderá possui-la, pois ainda não nasceu.
José não entendeu e disse:
- Meu senhor, eu já a conheci quando era menino.
- Sim, assim como quando era velha e as duas são a mesma. E, no entanto, nenhuma das duas ainda tem vida pois não nasceram. Mas logo terá nascido e você irá conhecê-la. Digo tudo isso para que você compreenda que em relação as coisas do ALTÍSSIMO, só precisa fazer Sua Vontade, sem sequer pensar em compreendê-lo. E se você parar para fazê-lo, perderá o tempo e a oportunidade disse o eremita e ele continuou: - Você terá de fazer uma viagem em breve e irá parar em uma aldeia e em uma casa você pedirá água e as pessoas que irão atendê-lo serão os pais da sua mulher. Respeite-os e fale com eles que, apesar de serem pessoas simples têm dentro do si o ALTÍSSIMO e sabem quando estão diante DELE. Agora vamos cuidar do cavalheiro, mas não será uma cura fácil. Você terá de levá-lo com cuidado para sua casa. Ele vai mandar que você leve um recado ao Rei e você terá de fazê-lo. E é sobre esta viagem que eu falei o eremita concluiu.
Os dois desceram a montanha e pegaram o cavalheiro. Após cuidar dele um pouco, eles o colocaram com cuidado no cavalo e o rapaz o levou para casa. Eles levaram dois dias para chegar e quando o fizeram, colocaram o cavalheiro na cama e o homem disse ao pai de José:
- Preciso informar ao Rei!
E perguntou se ele poderia ir em seu lugar. O pai se recusou porque suas costas estavam incomodando, mas disse:
- Deixe que eu cuido disso e não há ninguém melhor do que o meu filho para informar ao Rei o que ele mesmo ouviu.
O cavalheiro concordou e decidiu-se que no dia seguinte José sairia para a Capital e embora o Rei não estivesse ali, deveria avisar na casa do cavalheiro para que viessem buscá-lo. Depois ele iria até onde o Rei estava, que era muito longe, em um lugar onde tinha uma fazenda em que gostava de ficar pois era fresco quando fazia calor.
José, com um bom cavalo e uma boa vestimenta, foi à procura do rei. Na Capital, ele deu o recado à família do cavalheiro e seguiu seu caminho. A noite o surpreendeu e ele chamou em uma casa, próxima a uma aldeia que não conhecia e pediu pousada. E disseram-lhe para entrar, apesar de não se dedicarem a fornecer pousada. Mas ele poderia passar uma noite em casa, pois o costume os obrigava a serem caridosos com aqueles que pediam corretamente. Quando entrou, ele percebeu que era a casa que o eremita havia indicado. Eles disseram:
- Meu senhor, somos pobres, mas honrados por isso em nossa mesa não existe muita comida e é possível que você não goste como é preparada, mas não podemos prepará-la de outra maneira.
E voltaram a servir aqueles ensopados que ele tanto gostou quando foi servido pela velha daquela casa. E assim que o viu e provou, ele se lembrou e não conseguindo se conter, disse:
- Está magnífico, como na outra vez.
E a mulher ficou olhando para ele e disse:
- Meu senhor, você já esteve aqui alguma vez para se lembrar do ensopado? Pois como você pode ver, não tem nada porque não temos nada. Está apenas cozido, são produtos do campo e só tem sal para temperá-lo e como molho, tem um pouco de azeite e de pimenta moída.
- No entanto, está magnífico! - disse José.
Depois serviram um frango e aconteceu a mesma coisa. Ele comentou como estava bom e a mulher voltou a dizer:
- Meu senhor, não tem nada de mais e só está cozido com sal e mais nada.
José notou que a mulher estava grávida e perguntou:
- Para quando é a criança?
- Falta pouco, mas precisamos fazer uma viagem até a casa de alguns parentes e é possível que nasça ali - ela respondeu.
Era costume que quando uma mulher fosse ter um filho se reunisse na casa de algum parente que cuidaria dela pelo tempo que fosse necessário, desde o parto até que ficasse em pé.
- Se você tivesse passado na próxima semana, não teria nos encontrado acrescentou o homem pois é a semana que tínhamos planejado reiniciar a viagem já que tem de ser a pé e pelo fato do parto estar próximo, leva-se muito tempo para chegar.
- Por que vocês não vão de carroça? - perguntou José.
- Senhor respondeu a mulher não temos nem carroça nem cavalo para puxá-la e também não podemos alugá-la pois não temos dinheiro. Além disso, é bom para as mulheres caminharem bastante quando chega a hora, porque isso nos fortalece e temos os filhos quase sem sofrimento. Portanto, não pense nisso e eles agradeceram pelo seu interesse.
José, querendo fazer algo por aquela família, disse:
- Eu gostaria de voltar para ver o que vocês tiveram, se um varão ou uma fêmea, para trazer um presente. Porque ele ou ela estão me servindo agora dizia isso pelo fato da mãe estar lhe servindo e a criança estar em seu ventre.
O homem riu da ideia de José e perguntou:
- Diga-me, pois eu não o conheço destas redondezas e você parece sério. Você conheceu a voz do ALTÍSSIMO?
José olhou para ele surpreso e os dois olharam para ele esperando pela sua resposta. José respondeu:
- Eu a conheci e a carrego dentro de mim, guiando meus passos.
- Estava esperando por isso! disse o homem já que eu também a tenho e ELE já havia me informado. Não queremos presentes pois algum dia você terá de nos presentear, mas de outra maneira. Agora dorme nesta cama e pela manhã cumpra sua tarefa. E mesmo que demore muito tempo para nos encontrarmos novamente, lembre-se que o ALTÍSSIMO sempre escolhe as pessoas, os lugares e as maneiras. E o homem só tem de obedecer para fazer sua Vontade.
O casal foi dormir no outro quarto e José ficou no cômodo em que comeu, pois, a casa não tinha outros. E ele dormiu maravilhosamente.
No dia seguinte, seguiu seu caminho, mas não sem se despedir deles calorosamente. E ele perguntou à mãe:
- Posso, por favor, segurar sua mão?
E não era comum que os homens tocassem as mãos das mulheres casadas. E ela, sem se surpreender, estendeu a mão. E quando José a segurou, sentiu o mesmo calor que havia sentido nas duas ocasiões anteriores. E isso encheu todo seu ser. Ele olhou nos olhos da mulher e viu que eram da mesma cor que viu naquela menina e naquela velha e pensou que tinha de ser assim porque é a mãe daquela que será minha mulher. E sem conseguir se conter, beijou a mão que tinha entre as suas. A mulher permitiu e retirou suavemente a mão. E olhando em seus olhos disse: