Sr. Baldwin?
Sim disse ele, e meneou a cabeça com entusiasmo. Desculpe por fazê-la esperar. Levei mais tempo para chegar aqui do que planejei. Deseja ver o prédio por dentro?
Aletha não seria capaz de ter uma boa impressão sobre o prédio se não examinasse cada parte dele. Ela fez que sim.
Sim, eu quero.
Siga-me disse o Sr. Baldwin, e então ele apontou para a porta. O homem pegou uma chave e a destrancou. A porta rangeu quando abriu. O Sr. Baldwin entrou e Aletha foi logo atrás dele. Como pode ver, o prédio está vazio já faz algum tempo.
Sim disse Aletha, e passou um dedo pela vedação da janela. A sujeira ficou agarrada na ponta do dedo. Mas ainda parece bem sólido. Ela se virou para o Sr. Baldwin. O proprietário está disposto a vendê-lo?
Está disse ele. Ele não quer mais manter a propriedade.
Ela caminhou pelo prédio e examinou cada centímetro dele. O espaço serviria para o que tinha em mente para a filial inglesa da Carter Candy Company. Não queria colocar a mão longe demais. Não poderia aprovar a venda sem o consentimento do avô. Ligaria para ele para passar as informações e esperaria que ele tomasse uma decisão. Era tudo o que poderia fazer por enquanto. Aletha se virou para ele.
Ainda preciso visitar outros lugares. Depois de olhá-las, entrarei em contato com o senhor.
Preciso informá-la de que há outras pessoas interessadas na propriedade. Eu não esperaria muito para tomar uma decisão.
Terei isso em mente disse. Se esperarmos demais e perdermos a compra, então a perda será nossa. Ela foi até a porta e saiu do prédio. Obrigada pela ajuda, Sr. Baldwin.
O prazer foi meu. Ele fez uma mesura. Estou ansioso para falar com a senhorita novamente.
Tentarei não levar muito tempo. Ela sorriu para ele e se afastou. Havia algo nele que ela não gostava. Talvez fosse a simplicidade ou talvez estivesse sendo crítica demais. Não tinha certeza. Só sabia que queria se afastar dele o mais rápido possível.
Aletha entrou no automóvel e ligou o motor, então dirigiu para longe do edifício. Haveria alguém esperando por ela perto da estação de trem para pegar o veículo com ela pela manhã. Mandaria um telegrama para o avô e então iria para o hotel. Talvez jantar cedo e passar a noite lendo no quarto. Não estava com vontade de socializar. Além do mais, que companhia poderia conseguir em uma pousada pitoresca?
Estacionou o carro e foi enviar o telegrama. Depois que terminou, dirigiu até o hotel e entregou as chaves para o manobrista. As tarefas tinham sido cumpridas e esperava ter dado o primeiro passo para provar ao avô de que ela seria uma adição valiosa para a empresa.
Depois de dar entrada no hotel, ela foi para o quarto. O baú já estava lá esperando por ela. O serviço no hotel era bom, de qualquer forma. Ela se deitou na cama e fechou os olhos. Tinha sido um longo dia e a viagem estava só começando.
Rafael, o conte Leone, caminhava pela plataforma da estação. Tinha negócios em Bristol que não saíram conforme esperava. A noite no hotel não tinha sido muito melhor. Era hora de voltar para Londres. Não podia adiar mais. Um dos seus amigos mais próximos, William Collins, iria se casar e ele não poderia perder o casamento por nada. William contava com sua presença e Rafael não iria desapontá-lo.
O trem apitou à distância. Ele chegaria na estação a qualquer momento e então poderia embarcar. A viagem de Bristol para Londres não era longa, mas queria ir logo. Não se importava muito com casamentos. Eles faziam qualquer cavalheiro solteiro se sentir desconfortável e todas as damas solteiras ansiarem por seus próprios casamentos. Não estava particularmente ansioso para aquele aspecto das festividades.
Ele se recostou em um poste e fechou os olhos. Rafael queria ir para casa. Suas responsabilidades na Inglaterra o deixaram amargurado. A mãe, lady Pearla Montgomery Leone, tinha muitas propriedades ali que precisavam de atenção. O pai, Damian, Marchese dBari, também tinha muitos deveres na Itália para poder cuidar da propriedade dela. Muitas das posses da mãe eram parte do dote das irmãs de Rafael, Sofia e Gabrielle. Até então, nenhuma delas tinham se casado. Não poderia culpá-las. Casamento significava um laço em volta do pescoço, e ninguém passaria de bom grado uma corda em volta de qualquer parte do corpo.
O trem parou na frente da plataforma. O vapor levantava em volta dele. Rafe puxou o relógio e abriu a tampa. Até então ele parecia estar na hora. Os passageiros desembarcaram e se apressaram para ir para onde quer que estivessem indo. Bateu o pé impacientemente enquanto esperava pela chamada para irem a bordo. Algo chamou a sua atenção pelo canto do olho. Um vislumbre de verde virou-se para ver o que era, mas ele desapareceu ou talvez nem tivesse estado lá para início de conversa.
Os minutos se passaram enquanto esperava. Eles se moviam à velocidade de lesmas. Iria fazê-los ir mais rápido, caso tivesse a habilidade. Outro apito ecoou à sua volta e eles finalmente fizeram o anúncio pelo qual esperava.
Todos a bordo! gritou um homem, e o som reverberou à sua volta.
Rafe pegou sua única mala e foi em direção ao trem. Entregou a passagem para o funcionário e foi até a área da primeira-classe. Não se deu ao trabalho de pedir o vagão da família para fazer aquela viagem. Não era necessário para um trajeto tão rápido e corriqueiro. Se estivesse querendo viajar muito, teria mandado trazê-lo quando partiu de Londres no início da semana. Embora a viagem fosse ser rápida, Rafe estava cansado. Arrependeu-se de não ter pegado o vagão. Se tivesse feito isso poderia descansar pelo resto da viagem.
Ele passou rapidamente pelos passageiros e seguiu até o vagão e então encontrou o seu assento. Colocou a bolsa debaixo do assento e se acomodou. Ao menos o assento era na janela. Poderia apoiar a cabeça lá e fechar os olhos um pouco. Se tivesse sorte, seria capaz de afogar os sons à sua volta e fingir estar sozinho. Rafe odiava multidões. Bem, não gostava muito das pessoas em geral.
Com licença disse uma dama interrompendo a sua inércia. Posso incomodá-lo? Estou precisando de ajuda com a minha bolsa.
Ele permitiu que as pálpebras se abrissem e mal conseguiu controlar o sobressalto. O sotaque da mulher indicava que ela era americana, como William, mas não da mesma região que o amigo. Não queria lidar com ela, mas suas boas maneiras eram arraigadas demais para ignorá-la completamente. Agora estava feliz pela mãe tê-lo sabatinado quando ainda era menino.
Não havia dúvida de que a mulher à sua frente era encantadora. Ela tinha o cabelo louro escuro iluminado com fios cor de ouro e bronze. Os olhos eram de um tom de azul tão escuro que quase pareciam pretos à primeira vista. Mas então as luzes refletiram neles do jeito certo e eles brilharam como safiras. Os lábios dela eram perfeitamente curvados e de um belo tom de rosa. O rosto tinha uma delicadeza que o fazia querer protegê-la. Rafe se sentou e disse:
Qual é o seu dilema? A frase soou bastante estúpida. Quer dizer, como posso ajudá-la?
Que bondade a sua disse ela, com doçura. Infelizmente, minha mala é grande demais para caber adequadamente debaixo do meu assento. O senhor sabe se teremos outros passageiros viajando conosco?
Ele olhou em volta do compartimento.
Eu não saberia dizer. Deveria ter comprado toda a cabine e então poderia dizer que seriam só os dois até Londres. Mas, se ele tivesse comprado toda a cabine, ela não estaria ali com ele. A senhorita pode colocar sua mala ali perto da parede. Não causará incômodo. No que dizia respeito a ele, nada que tivesse a ver com ela incomodaria.
Ele olhou em volta do compartimento.
Eu não saberia dizer. Deveria ter comprado toda a cabine e então poderia dizer que seriam só os dois até Londres. Mas, se ele tivesse comprado toda a cabine, ela não estaria ali com ele. A senhorita pode colocar sua mala ali perto da parede. Não causará incômodo. No que dizia respeito a ele, nada que tivesse a ver com ela incomodaria.
O senhor tem certeza? Ela mordeu aqueles lábios deleitáveis. Ele ficou com inveja dos dentes dela.
Tenho disse e sorriu para ela. Se ninguém mais se juntar a nós, poderemos movê-la. Caso cheguem Ele deu de ombros. Não demorará muito para chegarmos a Londres. Então não vai incomodar demais.
Se o senhor tem certeza
Tenho reassegurou. Por favor, sente-se. Ele apontou para os assentos.
Ela fez o que ele disse e tomou o assento de frente para ele. Gostava de tê-la ali. Rafe poderia olhar diretamente para ela sem precisar se desculpar por encarar. Ela era muito bonita mesmo.
Perdoe-me, milady disse ele. Meus modos estão deficientes. Minha mãe me mataria se pudesse me ouvir.
Mas tem os modos impecáveis, senhor
Rafe disse. Não nos agarremos às formalidades. Não é muito divertido.
Os lábios dela se contorceram em um sorriso travesso.
Eu deveria lhe dizer que não sou uma lady. Embora meu pai fosse amar se eu me casasse com alguém da nobreza.
Você está vestida como uma dama disse ele. Isso é próximo o bastante para respeitar o decoro.
Então teríamos que voltar às formalidades, o que seria uma pena Ela lambeu os lábios, sedutora. Rafa conseguiu afogar o gemido antes que ele passasse por sua garganta. Queria que fôssemos amigos. Acho que é essa palavra que estou buscando. Se vamos ser amigos, então você pode me chamar pelo meu nome e então poderei chamá-lo pelo seu.
Isso me parece justo disse ele. Rafe queria mais do que ser só amigo dela. Mas primeiro a senhorita precisa me dizer o seu nome para que possamos prosseguir dessa forma.
O senhor está certo, é claro disse ela, e então suspirou. Meu nome é Aletha.
É um prazer conhecê-la, senhorita Aletha.
Eu acho que seremos os melhores amigos, Sr. Rafe.
Os lábios dele se contorceram. Talvez a corrigisse mais tarde. Por agora, iria aproveitar aquele faz de conta
CAPÍTULO TRÊS
Aletha não esperava um encontro com um homem enigmático durante a viagem para Londres, mas, ainda assim, seria eternamente grata pelo acontecido. Ele era maravilhoso com aqueles cachos escuros meio compridos demais. O cabelo roçava um pouco além do colarinho e tinha uma textura interessante. Queria erguer a mão e tocar o cabelo dele para ver se era tão sedoso quanto parecia, mas firmou as mãos recatadamente no colo. A última coisa que queria era assustá-lo. Não se lembrava de alguma já ter ficado tão encantada por um homem. Esse tinha olhos impressionantes que pareciam mais prateados do que acinzentados. Rafe ela até mesmo gostava do nome. O sotaque dele fazia os dedos dos seus pés se curvarem. Resumindo, ele era uma tentação.
O que lhe trouxe à Inglaterra? perguntou ele. Os olhos pareciam brilhar na luz da manhã. Aletha disfarçou um suspiro. Não precisava ficar sonhando acordada com ele. Aquilo poderia afastá-lo completamente.
Obrigações familiares respondeu ela. Aletha não queria falar sobre o casamento com ele. Aquela hora era dela, e pretendia aproveitá-la. Além do mais, só conhecia William Collins de passagem. A irmã dele foi quem meio que entrou para a família por meio do casamento. Mas o fato não impediu seus pais de aproveitarem a oportunidade de ir ao casamento e mandar que ela fosse também. Eles esperavam que ela conhecesse um lorde alguém e que o enredasse. Haveria muitos no evento.
Ah disse Rafe, o tom sugerindo que ele tinha entendido. Elas podem ser um pouco entediantes. Embora, às vezes, também podem ser divertidas. Há algo do tipo me arrastando para Londres.
Ela ergueu os lábios.
Espero que a sua esteja puxando mais para o lado divertido.
Tenho certeza de que sim. Os lábios de se ergueram nas comissuras. Isso se o passado for indicativo de alguma coisa.
Aletha pensou em perguntar sobre as outras ocasiões, mas se segurou. O passado não importava. O que importava era o aqui e o agora. Aquela hora. O primeiro encontro entre os dois e para onde aquilo iria. Poderia convidá-lo para o casamento. Ninguém se importaria. Talvez seus pais eles queriam alguém de posição mais elevada para ela. Ninguém nunca perguntou o que ela queria. Se tivessem perguntado, o avô teria permitido que ela tomasse parte na Carter Candy Company vários anos atrás. Até mesmo agora, ele não tinha concordado. Aquele era um teste e mesmo se ela passasse, ele podia muito bem ignorar a sua potencialidade como futura funcionária só porque ela nasceu mulher.
Aletha não queria contar nada daquilo para Rafe. Gostou dele, mas não o conhecia. Porém, aquilo lhe daria algo sobre o que falar além do casamento. Se ele fosse como a maior parte dos homens que conhecia, ele não teria a mínima vontade de sossegar e arranjar uma esposa. Bastava a palavra casamento ser mencionada para o seu irmão inventar uma desculpa para se esquivar da conversa e praticamente fugir da sala.
Isso é bom. Só pelo tom da sua voz, dá para perceber que é muito melhor do que inspecionar edifícios em potencial para negócios de especulação. Apesar de Aletha ter gostado bastante de visitar o último deles. Tinha sido emocionante, e gostou do desafio. Esperava que o avô fosse ser sensato
Oh? Ele ergueu uma sobrancelha. Que tipo de propriedade a senhorita está procurando? Jamais tive a oportunidade de conversar com uma mulher de negócios. Os americanos são tão progressistas.
Não tão progressistas quanto desejava
Uma grande o bastante para expandir nossas operações para a Inglaterra. Irei saber quando a encontrar. Tenho mais algumas para visitar antes de voltar para casa. De alguma forma, encontraria tempo entre as festividades do casamento.
Que maravilhoso disse ele. O tom sugeria que ele tinha sido sincero. Aquilo era um sopro de ar fresco. Suponho que a senhorita as olhou antes de partirmos. É por isso que estava lá?
Ela sacudiu a cabeça.
Bem começou. Parcialmente. Nosso navio aportou lá em vez de em Londres. Minha mãe odeia o porto de Londres. Fiquei para trás ontem e vi a propriedade e eles foram na frente para Aletha quase mencionou o casamento, mas se segurou. Ela não queria esperar. Londres a chamava e acredito que ela tenha mencionado algo sobre compras. Não foi uma mentira, não tudo. A mãe tinha tagarelado sobre visitar algumas de suas lojas favoritas. Aletha mal conseguiu segurar uma ou duas reviradas de olho. Ela tem outras prioridades.
Entendo
Tenho certeza de que sim. Muitos homens acreditavam que tudo o que as mulheres queriam fazer era gastar o dinheiro deles com frivolidades. A mãe de Aletha se encaixava bem no estereótipo como se ele fosse uma gaveta forrada de seda. E o que o senhor faz com o seu tempo? Ela ergueu uma sobrancelha. É um homem de negócios?
De certa forma respondeu ele, enigmático. Minha família tem vários negócios dos quais eu cuido.
Se ele fosse um lorde inglês, ela presumiria que ele estivesse falando das obrigações com o título, mas o sotaque dele sugeria algo diferente.