O Guarda Florestal - Jack Benton 4 стр.


Eu sei o que você fez. Você acha que seu

dinheiro vai te salvar? Bem, ele salvou uma vez.

Sorte sua. Os menos privilegiados não têm tanta sorte.

O preço pedido agora é de um milhão.

Isso pode reparar alguns dos danos que você causou.

Diga a Ellie quando você vê-la,

que eu nunca vou esquecer seu sorriso

quando ela me disse que me amava.

E pergunte a ela sobre aquele arranhão nas costas.

O espinheiro... Eu não sabia que estava lá.

Sua sombra até eu ver o seu dinheiro,

às 6 horas de 2 de outubro,

no mesmo lugar de antes.

Dennis

Slim ergueu os olhos. "Suponho que Ozgood levou este um pouco mais a sério?"

"Não está errado," Croad bufou. "Durante o suposto estupro, Ellie Ozgood foi arranhada nas costas, assim como a carta de Den afirma. Havia um traço de espinho em sua pele, e a perícia na investigação inicial realmente rastreou-o até a planta exata no jardim de Den." Croad apontou. "Bem por ali, embora tenha crescido um pouco desde então. Teria sido suficiente para condená-lo se Ellie não tivesse retirado suas acusações.

"Ela o quê? Ozgood me disse que o caso foi arquivado."

"Sim, isso é meio que uma ferida para ele. Ellie retirou a acusação. Alegou que foi consensual. A garota tinha feito dezesseis a um mês, o que inocentava Den. Ele tinha trinta e oito. Ozgood não gostou, não acreditou nela ou em Den. Não podia aceitar sua garotinha brincando com o jardineiro, sabe? Então ele tomou a questão em suas próprias mãos."

"Imaginei."

Croad sorriu, mas pela primeira vez, de um ângulo sinistro. Na penumbra através das árvores o rosto do velho tornou-se esquelético, ameaçador.

"Os três mosqueteiros," disse ele.

"Quê?"

"Só nós três sabemos sobre o que Ozgood fez naquela noite. Ele, claro, eu, e agora você. Eu devo a ele uma dívida de vida, e agora você também. Não podemos contar nada a ninguém, está claro?"

Slim decidiu não mencionar que parecia que o próprio Ozgood tinha quebrado seu círculo sagrado ao se gabar de sua ação para Kay Skelton. Em vez disso, ele disse: "Você está me ameaçando?"

"Apenas estabelecendo parâmetros. Estive na equipe por um tempo, ganhei confiança. Você nem tanto. Eu não considero nenhuma dívida paga, então vamos deixar claro para quem você está trabalhando."

Slim respirou fundo. A tentação de ir embora era forte, mas assim também era a tentação do bar mais próximo, e talvez mais provável de matá-lo.

"Entendo," disse ele.

"Ótimo. Agora, tem mais. Tem sempre mais, não tem?"

Slim franziu a testa, incerto do que Croad queria dizer, mas o velho passou-lhe outra folha de papel.

"Terceira e última," disse ele.

Querido Oliver,

Esta é sua última chance de se decidir. Não

esqueça do que fez com Scuttleworth, ou

como você destruiu várias vidas.

Chegou a hora de você pagar pela

dor que me causou. Te dei

uma chance de compensar quem você machucou.

9 de Novembro, 5:25.

Uma bolsa de couro preta amarrada ao nono pilar.

Vejo você lá,

Dennis

Slim devolveu a carta. "Você sabe as perguntas que eu vou fazer, não sabe?"

Croad sorriu. "Afiado que nem faca, eu. Essa chegou há oito dias. Temos pouco mais de duas semanas até o dia do pagamento. Todo esse negócio sobre denunciar o Sr. Ozgood, ele não sabe do que se trata. Nada além de ameaças e mentiras. É a garota que é o problema, no entanto."

"Ellie? Porque?"

"O Sr. Ozgood quer mandá-la para fora, tirá-la da zona de perigo."

"Mas?"

"A mula teimosa não quer sair. Disse que não está preocupada com ameaças de ninguém. Faz você pensar, não é?"

"Ozgood planeja entregar o dinheiro?"

"Não se ele puder impedir. É para isso que você está aqui."

"Eu não trabalho particularmente rápido," disse Slim. "Não tenho certeza se eu posso salvar o dinheiro dele."

Croad riu. "Você acha que o Sr. Ozgood se preocupa com um milhão ou dois? Você não entendeu ainda, não é? Ninguém desafia o Sr. Ozgood. Dennis Sharp cometeu esse erro e acabou morto. Quem estiver enviando essas cartas vai pelo mesmo caminho. Você está aqui para manter o sangue longe das mãos do Sr. Ozgood, ou pelo menos mantê-lo a um nível onde ele possa ser facilmente lavado."

9


Croad inventou uma desculpa que tinha outros trabalhos e depois levou Slim de volta à casa de campo, deixando-o pouco menos esclarecido do que antes. Na superfície parecia claramente um caso de identidade roubada. Se a evidência era como ele tinha ouvido, tinha que haver algum erro sobre Dennis Sharp ainda estar vivo. O chantagista era alguém, sem dúvida, próximo da família que sabia mais do que Croad imaginava. Tudo o que Slim precisava fazer era pegar a pessoa e expô-la. Então Ozgood poderia voltar à dominação mundial e Slim para sua gradual queda até uma morte sombria e esquecível.

Croad lhe dera uma lista rabiscada de contatos, adicionando uma estrela ao lado daqueles mais propensos a falar. Em anotações feitas no rodapé, ele explicava que uma cruz significava que eles provavelmente diriam a Slim para ir se danar.

O primeiro nome da lista era Clora Ball. As anotações de Croad a descreviam como "Parece velha, cheira mal, não sorri. Ex-namorada de Den."

Seu endereço era uma caminhada de vinte minutos por uma pista estreita, terminando em um estranho edifício de dois andares em que o andar inferior era usado como um depósito de veículos agrícolas. Clora morava no andar superior, acessível por uma porta na lateral do prédio. Slim se viu apertando um botão em um interfone moderno sem ideia do que iria dizer.

"Quê?" disse uma voz eletrônica através do receptor. "Você sabe que horas são?"

Slim olhou para a tela de seu antigo telefone Nokia. 9h45.

Ele disse a hora. "Posso falar com você, por favor? Eu gostaria de perguntar-lhe sobre Dennis Sharp."

O receptor desligou. Slim esperou por longos segundos, pensando que já tinha chegado a um beco sem saída, quando a porta clicou, abrindo alguns centímetros.

"Aqui em cima!" uma voz gritou para baixo de uma porta no topo de uma escada íngreme.

Slim subiu. O cheiro o alcançou na metade do caminho. A pungência familiar de uma vida descartada: comida velha, cigarros, bebida vencida. Ele fez uma pausa, esperando que sua cabeça parasse de latejar, ciente de que sua investigação poderia ser desvendada no primeiro dia, e depois continuou.

Clora Ball tinha recuado até uma poltrona que parecia um trono em meio a um reino de lixo. Os elementos de uma vida normal existiam em unidades de cozinha, armários, mesas e cadeiras, mas parecia que uma onda tinha passado, depositando lixo em todas as superfícies possíveis. Ela pegou um controle remoto e apontou para uma TV não imediatamente óbvia em meio a uma pilha de caixas, então virou-se para olhar para ele de forma desafiadora enquanto um episódio de Guerra do Lixo ironicamente começava.

"Você não me deu tempo de arrumar. Quem é você afinal?"

"Meu nome é Slim Hardy. Sou um investigador particular. Queria te perguntar sobre um velho conhecido. Dennis Sharp."

"Bem, isso é uma história, não é? Não ouço esse nome há algum tempo, não que seja um que se possa esquecer."

Clora, apesar de toda sua esquiva exterior, parecia feliz em ter companhia. Quando Slim não respondeu imediatamente, ela acenou com a mão gordinha para uma cozinha adjacente.

"Acabei de ferver um," disse ela. "Traga-me um se for fazer. Se você quisesse me matar você já teria feito isso, então eu acho que você não quer me fazer mal."

Slim devidamente andou até a cozinha e voltou com duas xícaras de chá. O leite tinha azedado, então ele deixou o seu preto e acrescentou apenas algumas gotas no de Clora.

Ele limpou um assento e sentou-se perto dela.

"Você esqueceu o açúcar," disse Clora, como se Slim devesse saber. "Eu acho que eu devia cortar o açúcar então vou deixar passar. Você sabe que Den está morto, não sabe?"

Slim fingiu surpresa, então começou a preparar a mentira elaborada que ele havia construído para encorajar as pessoas a falarem.

"Estou trabalhando em nome de um fundo de investimento com sede em Londres," disse ele. "O Sr. Sharp tinha alguns ativos que deram lucro. O gerente do fundo não conseguiu contatá-lo, então me enviou para localizá-lo, e em sua ausência, seus parentes mais próximos."

"Quanto dinheiro?"

"Seis dígitos médios," disse Slim, observando enquanto ela olhava para o teto, franzindo a testa enquanto tentava calcular quanto isso deveria ser. "É uma soma significativa. Os termos do acordo são que ele deve passar para as mãos de seus parentes mais próximos no caso de sua morte legal. Um sujeito que eu conheci na aldeia me deu o seu endereço." Ele se mexeu no assento, preparando-se para lançar a isca que iria pescá-la. "O gerente do fundo autorizou pagamentos pequenos a qualquer pessoa capaz de oferecer informações confiáveis."

"Quanto?"

"Varia. Quão bem você conhecia o Sr. Sharp?"

Clora se mexeu. A cadeira rangeu sob ela, o assoalho também. Braços flácidos se levantaram como se segurassem informações e ela sorriu.

"Éramos amantes."

"Você estava em um relacionamento com o Sr. Sharp?"

Clora deu de ombros. "Não realmente. Ele era um cafajeste, o Den. Eu não era a única e eu sabia disso, mas eu não me importava." Ela sorriu novamente, com os olhos longe. "Ele era daquele jeito só um pouco bruto que as mulheres não resistem. Eu não teria me importado se ele estivesse dormindo com metade da aldeia, desde que ele voltasse para mim de vez em quando." Seu semblante de repente escureceu. "Mas quando soube da Eleanor, ele passou dos limites."

"Eleanor? Ellie Ozgood? Filha de Oliver Ozgood?"

"Você fez sua pesquisa," disse Clora. "A filha e herdeira de Ozgood."

"Eles tiveram um relacionamento?"

"É o que disseram. Eu achei difícil acreditar. Den tinha mais de trinta anos. Poderia ter apelo para uma certa faixa etária, mas para uma garota rica de escola pública... eu não podia imaginar. Então toda essa história do estupro começou. Fazia mais sentido."

"Claro que você ficou chocada com o que ele fez?"

"O estupro?" Clora riu. "Uma grande mentira, isso tudo. Den não era estuprador, não era da natureza dele." Ela sorriu. "Com aquele olhar dele, não precisava ser. Não, a palavra dela contra a dele. O caso teria sido descartado mesmo se a acusação dela não tivesse sido retirada. Den foi inocentado de qualquer irregularidade, como qualquer um com meio cérebro sabia que ele seria. Não, ele passou dos limites quando se aproximou dela. Quando se juntou ao inimigo."

10


Slim esperava mais explicação, mas Clora tinha anunciado abruptamente que um programa de curiosidades que ela gostava estava prestes a começar e que Slim deveria voltar outra hora se quisesse falar mais.

Do lado de fora, ele caminhou estrada acima até a junção, tomando a direção que levava para a vila de Scuttleworth, com a cabeça fervilhando com novas ideias. Com a missão de descobrir quem poderia ter tido o conhecimento para se passar por Dennis Sharp, ele se viu atraído por acusações veladas de impropriedade em nome de Ollie Ozgood e sua família.

Scuttleworth ficava em uma encruzilhada, agrupada e atarracada como a aranha que seu nome sugeria, embora apenas a estrada norte pudesse ser considerada adequada para o tráfego. Todas as estradas ao sul da igreja iam dar em trilhas de pista única, cortando de um lado para o outro através dos vales e colinas como se algum dia um gigante tivesse colocado uma rede de cordas solta por acaso através da paisagem. Na estrada para o norte ficavam os poucos edifícios comerciaisduas pequenas lojas, uma agência de correios e uma loja de construção adjacente. Uma igreja fora construída em uma inclinação e cercada por árvores, do lado oposto da estrada a um pub. A estrada leste-oeste era duas fileiras de casas de parede de pedra apertadas que gradualmente davam lugar a terras agrícolas.

Não havia ninguém. Uma das duas lojas estava fechada, com uma placa de papelão pendurada em sua vitrine, que havia desbotado à luz do sol até ficar ilegível. Slim entrou na outra, empurrando uma porta meio bloqueada por uma capa de chuva verde caída no chão e entrando em uma sala comprida e apertada, tão estreita que ele poderia simultaneamente esticar o braço por cima das prateleiras e tocar as paredes de ambos os lados. Além de uma prateleira amplamente abastecida com garrafas de dois litros de água destilada, a loja não tinha quase nada. Slim pegou uma lata de feijão e a virou para descobrir uma data de validade de dois meses atrás. O mesmo com um pacote de macarrão instantâneo, enquanto um pão de celeiro em uma cesta perto do caixa estava velho e duro ao toque hesitante do dedo de Slim.

"Posso te ajudar?"

Slim, passando o dedo pela poeira ao longo do balcão, se assustou com a voz. Ela veio de baixo dele. Ele se inclinou sobre o balcão e encontrou um garoto de shorts sentado no chão de pernas cruzadas com um videogame portátil piscando no espaço entre suas pernas. O menino não usava sapatos ou meias, e uma camiseta azul desbotada exibia a pele pálida através de buracos de traça nos ombros.

"Hum... estava procurando jornais," disse Slim, falando a primeira coisa que veio à mente.

O menino revirou os olhos como se tal pedido fosse absurdo. Ele olhou de volta para o jogo por um momento e, como se percebesse que a conversa ainda não havia acabado, ergueu os olhos e disse: "Tem algum que deseja pedir? Posso pedir à mamãe."

"Onde está a sua mãe?"

O menino não se virou. "Na sala dos fundos."

"O que ela está fazendo?"

"Como eu vou saber?"

A conversa não ia a lugar nenhum, então Slim pegou um pacote de macarrão de uma prateleira e o jogou sem cerimônia no balcão.

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