- Toya perguntou a mesma coisa. O que isso significa? Marcar- me? Como?
Os lábios de Kamui diminuíram.
- Para Kyou te beijar do nada assim, significa que ele está a pensar em fazer de ti a sua companheira de vida.
- O quê! - gritou Kyoko colocando as mãos nos quadris. - Tens de estar a brincar.
- Sem brincadeira... com esse beijo, Kyou já começou a colocar a sua reivindicação sobre ti. - Sombras entraram nos olhos de Kamui:
- Agora ele vai perseguir- te, pouco a pouco, até que ele te marque e faça de ti algo dele. - Ele deixou a mão cair do ombro dela. - Eu acho que pensarias nisso como um namoro.
De repente, entendendo mais do que ele queria, Kamui assobiou através dos seus dentes.
- É por isso que Toya está tão chateada, e então Kotaro vem, sopra e beija a tua bochecha. É a mesma coisa. Ele está a querer namorar- te também.
Kyoko não sabia o que dizer. Ela só ficou lá por um minuto. Então, olhando por cima do ombro de Kamui, ela notou Toya e Shinbe atrás deles, ainda perdidos no planeamento do seu próximo movimento enquanto se dirigiam para o leste.
Suki chamou a atenção de Kyoko de volta. "
- Ok, disseste três, Kyoko. Então, Toya beijou- te também, certo?
Ela balançou a cabeça, e em seguida, balançou a cabeça.
- Mas Toya realmente não me queria beijar. Foi uma espécie de... um acidente.
Kyoko olhou por cima do ombro novamente, percebendo que os outros estavam a vir.
- Nós brigamos com um demónio e Toya perdeu as suas adagas e o seu sangue demoníaco tomou conta dele. Ele matou o demónio e eu corri para um dos punhais mas ele apanhou- me assim que eu o alcancei. Pensei que ele ia me matar, mas... ele beijou-me. Então o contato com os punhais selou o feitiço e mudou- o de volta.
Suki olhou por cima do ombro para Toya, e depois de volta para Kyoko.
- Espere, queres dizer que ele mudou de volta enquanto ele estava a beijar- te? - e ela engatilhou uma sobrancelha quando Kyoko acenou com a cabeça.
Kamui sorriu:
- Eu sabia! Ele realmente gosta de ti. É por isso que na outra forma dele ele beijou- te em vez de matá- lo. Ele fez isso porque parecia certo para ele. Kamui afastou- se deles sabendo que Toya estava agora ao alcance da audição.
- Bem, vamos fazer companhia a eles. - decidiu Suki seguir o exemplo de Kamui e deixou isso por enquanto... Shinbe não era tão inteligente.
Shinbe virou- se para Kyoko, ouvindo a última declaração de Kamui.
- Então é por isso que ele está tão irritado! - sorriu imaginando se ele deveria adicionar o seu beijo à linha de namoro de Kyoko antes que se acostumasse.
Toya virou- se contra eles, coçando o pescoço.
- Vocês vão parar de falar porcarias sobre mim, bolas!
O seu pescoço já estava vermelho e Kyoko riu. Ela sabia que quando o pescoço de Toya começava a coçar assim, ele pensou que alguém estava falar sobre ele pelas costas e isso o irritava sem fim. Os dedos de Toya contorceram- se quando ouviu Kyoko rir.
Ele enviou um choque de prazer através do seu corpo e fez ele desejar que ela fizesse isso mais vezes. Ele olhou em volta percebendo que todos tinham finalmente parado de conversar. Satisfeito que ninguém mais falava dele, ele parou.
- Vamos lá, eu não sei o que fazer. Não temos tempo para brincar. Temos que parar Hyakuhei e recolher os talismãs antes dele. - inclinou- se Toya na frente de Kyoko. - Vamos lá, deixá- los encontrar o seu próprio caminho e tu vens comigo. Vai ser mais rápido. Ele esperou Kyoko subir. Pelo menos assim ele não teria que ouvir sobre os seus rivais.
Kyoko sorriu e subiu. Então ela colocou os braços em volta dele e deu- lhe um aperto gentil para que ele soubesse que ela estava pronta. De frente para todos para que ninguém pudesse ver, Toya fechou os olhos enquanto saboreava o abraço que tinha acabado de receber.
Abrindo os olhos de volta, luzes de prata brilhavam dentro das suas íris douradas e ele despachou- se a uma velocidade que rivalizaria com o vento veloz do seu irmão Kotaro.
Capítulo 3 Beijos Perversos
A brisa estava a ficar mais fria a cada minuto e Toya desacelerou notando uma aura maligna à distância. O sangue de Kyoko esfriou quando o sentimento não natural a sobrecarregou.
Toya pulou dos galhos altos, chegando a uma parada de derrapagem no topo de uma colina. Ela deslizou para o chão quando os outros rapidamente apareceram atrás deles olhando para a distância. Kyoko observava quando uma nuvem sinistra pairava sobre a área.
- Eu sinto- me um talismã. - Ela balançou a cabeça. - Não apenas um, há mais. - disse ela sem fôlego. - O mal em torno dos fragmentos é sufocante.
Suki andou por trás de Kyoko, ajustando a sua arma no seu ombro para facilitar o seu acesso em caso de batalha. - Eu pergunto- me se é Hyakuhei que estás a sentir? - Ela olhou para Shinbe enquanto ele caminhava ao lado deles, o seu casaco de trincheira e longos cabelos azuis da meia- noite soprando ao vento que agora estava a ficar mais forte.
Os olhos de Toya semicerraram- se e mudaram para prata derretida. Sentindo perigo perto deles, ele olhou para a esquerda e arremessou o braço para baixo. A lâmina metálica de um punhal brilhou para a vida dentro de sua palma.
- Saiam, seus bastardos, eu posso sentir o vosso cheiro! - rosnou Toya, pisando na frente de Kyoko e dos outros para protegê- los. A encosta e o vale abaixo seguravam o fedor pesado do mal.
Uma forma usando um roupão preto materializado do nada, bem na frente deles com uma inclinação perversa nos lábios apareceu.
- Então, respondeste à minha convocação.
Kyoko estremeceu quando os seus olhos escuros encontraram o dela. A memória do sonho que ela teve na noite anterior assomborou- a, dando- lhe arrepios. Ela deu um passo para trás, escondendo- se atrás de Toya e observando em torno dele Hyakuhei.
Ela tinha um mau pressentimento de que a única razão pela qual ele estava lá era ela e os talismãs que ela carregava.
Toya notou que a atenção de Hyakuhei estava centrada em Kyoko e ele sentiu um estalo mental. Ele rosnou, segurando a alça da sua adaga e arremessando- se para a frente para cortar o inimigo. A capa preta tremulava para o chão como esperado. Ele sabia que era apenas um dos fantoches de Hyakuhei.
- Tu nunca terás coragem de realmente me enfrentar! - disse Toya enfurecido.
- Os poderes da sacerdotisa serão meus, então... venha até mim... - A voz fria de Hyakuhei lentamente soprou ao vento.
Kyoko sentiu calafrios rastejar até a sua coluna pelas palavras que Hyakuhei tinha proferido.
- Ir até ele? Ele é louco? - sussurrou sentindo o cobarde dentro da sua cabeça assustada.
Toya veio ficar ao lado dela. Ele sabia que os guardiões estavam encarregados de manter o cristal fora das mãos do mal, mas ele não gostou do fato de que tinha colocado Kyoko em perigo. Hyakuhei matou muitos inocentes para os talismãs. Ele seria amaldiçoado antes de deixar Kyoko se tornar uma das vítimas desta guerra.
Ele a protegeria. A sua necessidade de proteger Kyoko era tão forte, que se tornou no seu único propósito de existência e agora, ele tinha um sentimento muito mau. Ele podia ouvir o batimento cardíaco de Kyoko em alta velocidade e podia sentir o cheiro do medo vindo dela em ondas. Toya assistiu com espanto como ela se virou para ele com um sorriso congelado.
- Bem, vamos buscar outro talismã? - levantou Kyoko o queixo desafiando o medo que estava a sentir e endireitou os ombros.
Toya olhou para trás e podia ver que os outros também estavam prontos. Os outros... as únicas pessoas em quem ele já tinha confiado.
*****
Hyakuhei olhou para o espelho que Yuuhi ergueu. O espelho das almas que lhe permitiu observar cada movimento de Kyoko. Esta rapariga era o foco dele no momento. Ela sozinha tinha o poder de controlar o Cristal do coração do guardião e ele precisava desse poder.
Mas... ele também precisava dela para ajudá- lo a fundir os talismãs novamente. Para fazer isso, ele teria que encontrar uma maneira de fazê- la vir até ele... De bom grado. Ele queria ela... não morta... em vez disso, ele queria que ela escolhesse ficar do seu lado.
Como se estivesse a ler a mente do seu mestre, Yuuhi falava com a voz silenciosa e sem emoções que pertencia a uma criança.
- Queres o poder que a rapariga exerce, mas ela é pura e não virá até ti de bom grado.
A forma fantasmagórica- branca do menino olhou para Hyakuhei com olhos negros que seguravam o conhecimento de milhares de anos.
- Capturá- la é capturar um coração puro. Para fazer isso, vais precisar prendê- la numa teia de engano. O garoto misterioso olhou para o espelho, observando Kyoko com os olhos da cor da morte.
Hyakuhei sorriu um sorriso contaminado. O seu corpo e rosto impludoso e perfeito escondia a sua malevolência. O seu cabelo longo e escuro em cascata em torno dele em ondas brilhantes. Ele era muito sensual, com músculos esbeltos ondulando sob a sua pele a cada movimento.
Esta sacerdotisa que os guardiões protegiam tinha a semelhança do único ser que ele já tinha amado. Ele sabia que Kyoko era uma reencarnação do que ele tinha perdido há tanto tempo... tirado dele sem piedade. A sua mão punhou quando as memórias tentaram voltar para ele de outra época.
Ele afastou- as com um rosnado e concentrou- se na sacerdotisa diante dele. Como ele poderia fazer um coração imaculado apaixonar- se por ele quando ele era puro mal? Ela tinha o poder que ele tinha dado ao seu ancestral há tanto tempo. Foi isso que o atraiu nela, o pensamento de corromper esse tipo de pureza. Primeiro, ele teria que enganá- la.
- Vou invocar a magia de Tenshi para lançar um feitiço sobre a sacerdotisa e ela apaixonar- se- á por mim.
Hyakuhei então começou a rir, mas o som não tinha humor. Fechando os seus olhos escuros, ele convocou a figura angelical de um dos demónios interiores que havia consumido dentro do seu corpo e agora estava controlado.
Este demónio Tenshi poderia tecer um feitiço em torno da rapariga, sem saber fazê- la se apaixonar por aquele que a tem na sua posse. Também chamando um demónio de imensa força e uma massa de espíritos malignos voadores para manter Toya e os outros à distância, Hyakuhei enviou- os para encontrar o grupo enquanto observava tudo através do espelho das almas.
*****
Enquanto Toya e o grupo se aproximavam da aura sinistra dentro do vale, Kyoko parou. Malevolência... ela podia sentir tudo ao seu redor, mas ela não podia vê- lo.
- Algo está aqui connosco. - sussurrou Kyoko enquanto ela deu um passo para trás assustada. Os seus olhos de esmeralda largos levantaram- se para uma colina na frente deles assim quando um enorme demónio subiu do chão como se estivesse a sair de alguma sepultura sem identificação.
Toya rosnou para os demónios menores também vindo do chão. Parecia que alguém tinha aberto um portão do inferno. Os punhais gémeos rapidamente brilharam para a vida enquanto Shinbe e Suki estavam em cada lado dele. Kaen desnudou as suas presas enquanto Kamui corria para Kyoko para ficar na frente dela, alguns dos demónios passaram pelos outros. Toya saltou para a frente gritando.
- Kyoko! Vês um talismã no demónio principal?
Kyoko olhou para o demónio com força e viu um brilho suave a vir da sua testa.
- Testa! - gritou de volta para Toya enquanto Suki começou a cortar os veios que estavam a voar em direção a eles à frente do demónio principal.
Kyoko viu Shinbe começar a desenrolar as contas de ametista ao redor da sua mão para abrir o vazio amaldiçoado que Hyakuhei lhe presenteou quando criança, o mesmo vazio que poderia engoli- lo inteiro se os seus poderes ficassem fora de controlo.
O vácuo do vazio sugaria os demónios nas suas profundezas em ondas, tornando- o uma das suas melhores e mais perigosas armas na batalha contra Hyakuhei e o seu lacaio. Kyoko viu uma sombra voar por cima dela e olhou por cima deles.
- Shinbe! Não faças isso! Um modificador de aparências. - apontou ela e Shinbe olhou para cima, rapidamente fechando o vazio amaldiçoado e acenou com os agradecimentos pelo aviso assim como um enxame de demónios veio até eles. Os modificadores de aparências foram os vazios naquela queda solitária.
Shinbe quase morreu da última vez que acidentalmente lutou contra um dos que modificam a aparência de Hyakuhei. O seu poder refletia dentro do vazio, girando- o fora de controlo e colocando a própria vida de Shinbe em perigo de ser consumida pelo vácuo amaldiçoado.
A baioneta de Suki deu uma reviravolta no ar no último segundo, matando alguns dos demónios baixos que avançavam. Shinbe jogou alas e lançou feitiços no resto que os atacavam. Foi quando tudo começou a acontecer de uma vez, Kyoko assistiu enquanto o grupo lutava contra um grande enxame de monstros terrestres. Demónios aéreos atacaram Toya com movimentos muito rápidos para rastrear, dando ao demónio principal uma abertura para atacar.
Toya foi atirado através do campo apenas para se levantar e vir para ele novamente. Kyoko levantou a sua besta, com a intenção de ajudar o máximo que pôde quando algo chamou a sua atenção... os seus movimentos quietos. Uma iluminação desceu ao seu redor, repelindo Kamui como se ele tivesse sido atirado fora dela. Estava tão brilhante que Kyoko fechou os olhos apertados e colocou o braço na frente dela para evitar ficar cega.
Toya viu a esfera de luz descer sobre Kyoko. O seu coração estremeceu no seu peito... a sua atenção sobre ela em vez da luta com o demónio e ele levantou- se do chão mais uma vez. Finalmente abrindo os olhos, Kyoko engasgou- se quando viu um homem bem na frente dela.
Ele era lindo... com asas de luz... assim como nos seus livros de literatura na escola. Eles teriam dito que ele era um anjo. Este homem não era de forma alguma um anjo... ela podia senti- lo. Ela puxou para trás a corda da sua besta e um dardo espiritual formado quando ela se lembrou da história sobre o anjo mais bonito sendo expulso do céu porque ele era mau.
Kyoko manteve a sua pontaria enquanto olhava para os cristais que eram os seus olhos, mas era incapaz de atirar. Como ela pode magoar algo tão precioso? Com os seus longos cabelos brancos fluindo ao seu redor, ela nunca tinha visto nada tão adorável na sua vida. Ele lentamente aproximou- se dela, sussurrando palavras que ela não conseguia entender.
Entre Suki e Shinbe, eles exterminaram quase todos os espíritos voadores livres e voltaram para ajudar Toya com o demónio enfurecido que o estava a bater no chão porque ele não estava a prestar atenção na luta. Ele estava muito ocupado a tentar ver o que estava a acontecer com Kyoko. Suki atirou a sua arma e cortou a bochecha do demónio, recebendo a sua atenção fixada nela.
Shinbe tirou- a do caminho assim que o demónio atacou, enviando detritos pelo ar enquanto as suas garras falhavam e roubavam o chão. Ele gritou com Toya.
- Vai ajudar Kyoko. Vamos lidar com essa coisa!
Toya correu para a luz irradiante, vendo a imagem de um homem com asas flutuando em direção a Kyoko dentro da barreira. Ele correu para ele, mas a barreira o repeliu como tinha Kamui. Pequenos raios a cor da luz negra tocaram gentilmente na sua pele.