Chamas Escuras (Laços De Sangue Livro 6) - Amy Blankenship 8 стр.


O Ren tirou o telemóvel e leu a mensagem. Ele sorriu antes de ir para o lado do castelo onde estava a enorme garagem, mas fez uma pausa quando sentiu algo a estalar debaixo dos seus pés. Olhando para baixo, Ren reparou que o, outrora belo vitral que tinha agraciado as janelas superiores do castelo, estava agora despedaçado na relva.

Franziu a testa... não podiam ter um castelo com janelas partidas. Levantou ligeiramente a mão e o vidro que tinha caído durante o voo de Kamui e Toya lentamente levantou-se da relva, juntando-se como um puzzle de mil peças. Empurrando a mão para cima, Ren observou, enquanto o vidro brilhante subia pelo ar, deslizando de volta para o seu lugar no terceiro andar.

Seguindo o Ren, o Storm levantou uma sobrancelha quando viu um reboque a sair da garagem e perguntou-se se o condutor tinha visto o espetáculo do céu há alguns minutos. Sorriu quando viu que era o Hunter no lugar do motorista e levantou a mão quando Hunter acenou.

Entrando na garagem, o sorriso do Storm alargou-se. O Ren andava à volta do carro do Trevor a olhar para ele com um olho crítico. Também tomou nota da placa de circuito de alta tecnologia que o Ren tinha na mão.

Ren olhou para o Storm a aproximar-se e notou o sorriso, antes de voltar a atenção para o carro.

"Porque é que estás a sorrir?" perguntou o Ren.

"Às vezes é bom não ser capaz de ver o futuro", disse o Storm com sinceridade.

"E o que é que isso quer dizer?" o Ren interrogou.

"Significa que, pelo menos por enquanto... Estou a andar na minha própria linha do tempo", declarou o Storm.

O Ren acenou, decidindo que nem ia tentar processar o teaser cerebral e continuou a passar a mão pela borda do carro como se o sentisse.

"O que planeias fazer com isso?" O Storm acenou com a cabeça em direção ao computador.

"Vou atualizar o carro do Trevor", respondeu o Ren.

O Storm encostou-se contra um dos outros carros, Estou confuso, porque é que estás a atualizar o carro do Trevor?"

"Porque estou entediado", encolheu os ombros, mas o olhar dele dizia que estava a gostar daquilo. "E porque preciso dum escape para este poder antes de me afogar nele."

"Não quero perder isto!", riu-se o Storm.

O Ren sorriu, enquanto colocava a placa de circuito no para-brisas e deu um passo atrás, ficando de frente para o carro. Levantou as palmas das mãos em direção ao carro e respirou fundo. De repente, os faróis piscaram e fios despidos serpentearam por debaixo do capô arruinado, prendendo-se à placa de circuito e puxando-a para dentro.

O chassis começou a ranger e a gemer, remodelando-se a si próprio e uma cor nova começou a aparecer em pequenas manchas. Amolgadelas endireitaram-se, enquanto o chassis se alinhava. Os pneus repararam-se e encheram-se de ar enquanto as jantes começaram a mover-se. O capô abriu-se e o Storm viu o motor a reconstruir-se... o óleo velho desaparecendo lentamente e a cor cromada original retornando ao seu lugar.

As manchas de cor iam crescendo e logo um lindo preto lustroso cobria o chassis todo. As janelas escureceram, tornando quase impossível ver o interior e o Storm assobiava suavemente enquanto andava à volta do carro. Tinha a mesma aparência de um Mustang clássico. O Storm não pode deixar de sorrir quando viu o nome do Ren numa pequena insígnia cromada na traseira, em vez de um conhecido fabricante de automóveis.

"Pelo menos não és egoísta", riu-se o Storm.

O Ren finalmente baixou as mãos e sorriu orgulhosamente para o carro novo e melhorado. Apresento-te a Evey.

O Storm olhou para o Ren e arqueou uma sobrancelha. "Evey?"

O Ren encolheu os ombros: "O Stephen King tem a Christine, acho que posso ter a Evey. Além disso, é a coisa mais próxima de Envy que consegui, sem que seja o nome dela."

O Storm não conseguia parar de se rir: "És tão mau."

"Gosto de pensar que sim", disse uma voz feminina sexy.

O Storm olhou para o carro. "Ela fala?"

"Claro que falo" a Evey disse e a porta do carro abriu-se lentamente. "Quer conduzir-me?"

O Storm sacudiu a cabeça, confiando apenas no seu próprio modo de transporte, "Desculpa, por mais bonita que sejas... Receio não poder fazer isso."

A Evey suspirou: "Muito bem, mas um dia há-de viajar no meu banco de trás."

O Storm olhou para o Ren: "Ela é muito... coquete.

O Ren enfiou as mãos nos bolsos, "Carros falantes são sempre sexy."

Obrigada, Ren", ronronou a Evey.

"O que a torna perfeita", continuou o Ren, "é que a voz da Evey é uma réplica exata da Envy."

O Storm apertou os lábios, tentando parar o riso e acenou vigorosamente. O Ren não mostrava muitas vezes este lado da sua personalidade, mas quando o fazia, fazia com que valesse a pena a espera.

"Evey", chamou o Ren.

"Sim Ren", respondeu a Evey.

"Tu pertences ao Trevor, ele é o teu dono."

A Evey cantarolou: "O Trevor cuidou sempre bem de mim... agora vou eu cuidar dele.

O Storm abriu a boca para dizer algo... qualquer coisa, mas as lagrimas escorriam-lhe dos olhos e as bochechas doíam-lhe como o diabo. Ele andou rapidamente para a porta mais próxima, que por acaso era a entrada do armário de casacos, antes de se começar a rir novamente.

"Está tudo bem, Storm?", ouviu a Evey a perguntar através da porta fechada.

"Estou bem", conseguiu dizer o Storm. "Saio daqui a pouco."

Os lábios do Ren contraíram-se, enquanto ele e a Evey esperavam que o chefe recuperasse a sanidade.

Capítulo 4

O Guy seguiu a Tiara pelos degraus esculpidos no penhasco numa combinação de mãos humanas e forças naturais. Seguiu silenciosamente o seu alvo até à praia privada.

A silhueta da Tiara ficou visível na areia e ele fez uma pausa no último degrau, por tempo suficiente para olhar para baixo, para a sua silhueta ágil. Quando os pés dele finalmente tocaram na areia, o Guy parou a admirar a imagem que ela criava. Com o seu longo cabelo branco e um bronzeado dourado... parecia uma bela ninfa aquática que tinha chegado à terra para tentar os homens.

A Tiara estava à beira da água, deixando as ondas molharem-lhe as sandálias. Mesmo que a escuridão fria a chamasse, ela adorava a sensação do sol quente na sua pele. Olhando para o oceano, ela podia sentir as vidas que a água tinha levado ao longo dos milénios e nunca tinha restituído.

A maioria dos humanos que morriam passava para a outra dimensão..., mas havia sempre aqueles que recusaram a chamada. Ela inclinou a cabeça para o lado a pensar se aqueles fantasmas nadavam com os peixes e estavam felizes.

Um sorriso suave apareceu-lhe no rosto ao recordar as muitas histórias que tinha ouvido, ao longo dos anos, de homens perdidos no mar e que viam alguém na água com eles. Essa pessoa ficava com eles até o resgate chegar. Em cada caso, essa segunda pessoa nunca era encontrada e a Tiara sabia que outra pessoa era o fantasma de um morto há muito tempo que se recusava a deixar o seu oceano.

Os fantasmas eram normalmente criaturas suavemente sussurrantes que não possuíam poderes externos. Ela deveria saber disso... tinha até brincado com eles quando era criança. O verdadeiro poder deles residia dentro dos seus espíritos... esse poder interior era o que atraia os demónios para eles. Uma vez sob o controlo de demónios, os fantasmas tornavam-se em pouco mais do que marionetas, acatando as ordens do mestre... vítimas inocentes nos jogos que os demónios jogavam.

Os passos do Guy eram silenciosos, enquanto estreitava a distância entre ele e a Tiara; até que a água salgada lhe rodeou as solas das suas botas. A brisa ainda era quente, apesar do Halloween estar a algumas semanas de distância... a noite em que os humanos se vestiam de monstros. Nem queria pensar no que aquela noite traria.

"Tiara", a sua voz era fria, sabendo que ela tinha mentido ao Storm sobre o número de pessoas que ela precisava na equipa, só para o manter à distância. "Temos de falar."

A Tiara estava tão perdida em pensamentos que, ouvir o nome dela tão perto, a fez vacilar. Ela suspirou interiormente, sabendo que estava prestes a magoar o Guy e virou-se para o olhar. Engoliu em seco, quando viu a dor a cintilar-lhe nos olhos.

"Guy, peço-te perdão." Acreditava em cada palavra que disse.

O Guy cerrou os punhos. Ela estava a dizer-lhe que não e ambos sabiam-no. Tentou afastar a ideia de forçá-la a cumprir as suas ordens, mas estava no limite da sua mente... tentando-o.

"A Carley fazia parte do PIT e morreu para salvar a vida de outro... A minha. Ela merece uma segunda oportunidade." Insistiu, como se já tivessem participado numa discussão silenciosa sobre isso... e, de certa forma, tinham.

Tiara sacudiu lentamente a cabeça, mas a sua expressão estava cheia de simpatia. A sua voz permaneceu calma e serena enquanto tentava explicar porque é que não podia reanimar a irmã, "Trazer alguém da morte é trazer de volta um zombie sem alma. Podem falar e mover-se, mas são vazios... pouco mais do que conchas onde as suas almas costumavam viver. O meu trabalho é libertar zombies dos seus criadores... e não criá-los eu própria.

"Não me dês essa treta", o Guy perdeu o frágil domínio que tinha da sua raiva. "A tua mãe podia controlar as almas e agora esse poder é teu, por isso diz à Carley para voltar para o corpo dela. Assim que ela o fizer, podes selá-la nela. Anda lá, só se passaram algumas horas. Ela ainda não está completamente fria.

"Queres ligá-la a um corpo em pior estado do que quando o deixou? Queres realmente isso para a tua irmã? Tiara perguntou tristemente. "Não pensaste nisto completamente, Guy. Que tipo de vida seria isto, para ela?

O Guy estava subitamente à frente dela, agarrando-lhe o pulso e puxando-a para a frente, até estarem a apenas alguns centímetros de distância. Olhando para o rosto assustado da Tiara, rosnou, Farei o que for preciso para trazê-la de volta. Tomei conta dela antes e posso tomar conta dela outra vez.

"Se não queres mais do que queimaduras solares, sugiro que a largues." A voz do Zachary estava perto e cheia de aviso.

Zachary tinha-se mantido de fora, ouvindo a conversa entre a Tiara e o Guy. Ele sabia que o Guy estava a sofrer... Raios, todos sabiam o que a Carley significava para este homem enorme. No entanto, quando o Guy tinha agarrado a Tiara de uma forma quase violenta, o Zachary recusava-se a ficar para trás e deixá-lo manuseá-la. Era tão pequena e frágil comparada com ele. Parecia que podia partir-se.

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