“A Noite Escura da Alma”
Aldivan Teixeira Torres
A Noite Escura da Alma
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Por:Aldivan Teixeira Torres
©2018-Aldivan Teixeira Torres
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E-mail:aldivanvid@hotmail.com
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Aldivan Teixeira Torres, natural de Arcoverde-PE, é um escritor consolidado em vários gêneros. Até o momento tem títulos publicados em nove línguas. Desde cedo, sempre foi um amante da arte da escrita tendo consolidado uma carreira profissional a partir do segundo semestre de 2013. Espera com seus escritos contribuir para a cultura Pernambucana e Brasileira, despertando o prazer de ler naqueles que ainda não tenham o hábito. Sua missão é conquistar o coração de cada um dos seus leitores. Além da literatura, seus gostos principais são a música, as viagens, os amigos, a família e o próprio prazer de viver. “Pela literatura, igualdade, fraternidade, justiça, dignidade e honra do ser humano sempre" é o seu lema.
Dedicatória
Dedico este segundo livro da série “O vidente” a todos que me incentivaram e contribuíram direta os indiretamente para a concretização dos meus sonhos em especial a publicação do meu primeiro livro intitulado “Forças opostas: O mistério da gruta”. Além destes, devo lembrar em especial do criador que me concedeu os dons e da minha família que apesar de não ter me incentivado no início desta carreira sempre estiveram ao meu lado nos momentos bons e ruins. Vamos juntos numa nova aventura!
Os dois filhos
Certo homem tinha dois filhos; e o mais moço deles disse ao pai:
“Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. ”
E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. E, tornando em si, disse:
“Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus empregados. ”
E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. E o filho lhe disse:
“Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. ”
Mas o pai disse aos seus servos:
“Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. ” E começaram a alegrar-se.
Lucas 15,11-24.
Sumário
“A Noite Escura da Alma”
A Noite Escura da Alma
Dedicatória
Os dois filhos
Introdução
Pós-gruta
O táxi
O caminho até a montanha
O primeiro dia sobre a montanha
A noite escura da alma
O primeiro encontro com a guardiã
A espera do desafio
Orgulho
Um outro dia
Avareza
Reflexões sobre o desafio
Luxúria
De volta à cabana
O encontro com o hindu
Aperfeiçoamento
Ira
O aprendizado sobre a ira
Inveja
O aprendizado sobre a inveja
Reflexões importantes
Gula e preguiça
A despedida do hindu
A viagem
O primeiro dia de viagem
Histórias do Capitão
As sereias
A descoberta
A tempestade
O embate
Um dia sem esperanças
Finalmente, uma luz
A ilha
O palácio
Preparação
O roubo
O estupro
O terrorismo
O Eldorado
O presídio
Casamento
O primeiro dia após o casamento
Sonho inspirador
A rotina e a loteria
De volta à normalidade
Resultado da loteria e decisão
Viagem e chegada em Pesqueira
O Leilão
A reunião
A resposta
O início de plantio do tomate
As primeiras amizades
Chuvas e sol abundantes
O período de gravidez
Nascimento
Decisão importante
Quinze anos depois
A festa e o desentendimento
A revelação
Pós-revelação
Alguns meses depois
Uma nova fase
Ida à Recife
O cursinho
Um dia na praia
A festa
O outro dia
Novo encontro com Márcia
O parque
O teatro
O período de um ano
O vestibular
O fracasso e a vitória
O abandono
A vida na rua
Os delitos continuam
Tentativa de homicídio
O encontro
A favela
O envolvimento com o tráfico de drogas
Um fato decisivo: O confronto com a polícia
A promoção
Vivendo a “Noite escura”
Um novo fato importante: Luta entre gangues rivais
A nova adaptação
A psicóloga
O abrigo
A primeira sessão
Reflexões da vida
A segunda sessão
O desapego às coisas materiais
A terceira sessão
A descoberta de um novo amor
A prisão
A condenação
Trinta anos de reclusão
Fim da visão
A saída da ilha
A viagem de volta
Despedida
O reencontro com a guardiã e o hindu
Conclusão
Introdução
A “Noite escura da alma” pode ser definida como um olhar crítico relacionado a uma fase bastante difícil que todos mais cedo ou mais tarde passamos. Trata-se duma época propícia à condenação ou, por incrível que pareça, a uma inusitada salvação do indivíduo.
A fim de alcançarmos o último, é necessário precisar exatamente o momento adequado para tomar uma atitude diante da crise capaz de nos libertar das trevas e entrar definitivamente no seio do bem. No decorrer deste livro serão mostrados os elementos chave para se fazer isso e ter sucesso. Além destas características, o texto ainda irá mostrar como conviver com as duas forças existentes no universo e controlá-las adequadamente.
Ainda posso destacar que o livro é destinado a todos que por um motivo ou outro ainda não se encontraram no caminho da vida, mas não perdem a esperança de mudar e quem sabe obter a paz tão desejada que todos nós procuramos. Com mais este livro, espero contribuir para a evolução moral e espiritual do ser humano. Uma boa leitura e até a próxima se Deus quiser.
Pós-gruta
Oi, leitor, há quanto tempo! Já faz aproximadamente um ano que entrei na gruta do desespero e realizei o meu sonho de iniciar a carreira de escritor e de quebra me tornei o vidente, um ser superdotado de dons. Agora, sinto-me preparado para prosseguir em meus sonhos. Antes disso, porém, contarei resumidamente o que se passou comigo no período pós-gruta. Um tempo depois de subir a montanha do Ororubá, conhecer a guardiã, a jovem, o menino e ainda encarar o fantasma e os desafios, voltei a casa dos meus pais, confiante, vitorioso, feliz e disposto a retomar a vidinha de antes. Foi isso exatamente o que eu fiz e com dedicação no trabalho e nos estudos terminei o ensino superior e tive novas ideias para continuar minha carreira. Este foi um momento necessário e importante, que trouxe para mim muita satisfação, pois meus esforços foram recompensados. Apesar disso, eu ainda não estava completamente realizado, pois ainda não alcancei a concretização do sonho maior: Ver minha série “O vidente” no topo da literatura. Pode ser que seja muita pretensão, mas é assim que me sinto, afinal, sou um vidente transformado pelos poderes miraculosos da gruta do desespero, a gruta mais perigosa do mundo. Bem, deixemos o destino decidir.
Com o sucesso da primeira empreitada que foi reunir as “Forças opostas”, controlá-las e ajudar alguém a se encontrar, posso dizer que me sinto preparado para uma próxima aventura. Pensando nisso, tomo a seguinte decisão: Retornar ao solo sagrado da montanha do Ororubá e encontrar a guardiã para que ela me auxilie no meu maior objetivo neste livro, que é entender a perigosa e misteriosa “Noite escura da alma”.
Tomada a decisão, começo a arrumar as minhas malas, separando os objetos de primeira necessidade: Algumas roupas, meu crucifixo, minha Bíblia, relógio de bolso, um diário de anotações, itens de higiene essenciais e livros para me distrair na viagem e depois dela. Depois que organizei tudo, dirijo-me á cozinha com o intuito de me despedir dos meus familiares. Encontrando minha mãe, abraço-a e inicio o difícil diálogo:
– Querida mãe, vim anunciar que decidi retornar ao povoado de Mimoso a fim de realizar a segunda etapa do meu aperfeiçoamento crítico, espiritual, moral e humano. É uma viagem estritamente necessária para que eu possa enfim entender o que se passou comigo há um tempo, minha noite escura da alma, e isto é uma situação comum entre todos os mortais.
– Outra viagem para Mimoso? Será que não se dá conta de que tudo isso é loucura, meu filho? O seu lugar é aqui, junto de mim. Por que essa noite escura é tão importante a ponto de você querer me abandonar?
– Eu vou a Mimoso em busca dos meus sonhos. A primeira etapa foi cumprida, mas isso já passou e agora procuro novos desafios. Acredito que as respostas devem estar na montanha e por isso vou até lá. Entenda mamãe, a senhora me criou para o mundo e não para si. Lembre-se que sou o vidente, o único ser humano que sobreviveu a gruta do desespero, e tenho minhas responsabilidades junto aos leitores e ao mundo. Em vez de tentar me convencer a não ir, devia me incentivar, pois minha decisão está tomada. De qualquer forma, quis encontrá-la para lhe dar um abraço.
Dito isto, aproximei-me de minha mãe e nos abraçamos. Este gesto, terno e vigoroso, recuperou minhas forças, e era exatamente disso que eu precisava para encarar os próximos desafios, inclusive o atual. Depois do abraço, despedi-me finalmente de minha mãe e caminho para a porta com lágrimas nos olhos. Neste ínterim, analiso mentalmente os meus planos para a viagem. O que será que me espera? Eu não tinha a mínima ideia. Só tinha certeza de que seriam experiências revigorantes e instigantes. Continuemos juntos, leitor.
O táxi
Depois de alguns instantes, finalmente saio da casa. Imediatamente, começo a procurar um meio de transporte cômodo, tranquilo e econômico para chegar a Mimoso. Analiso todas as possibilidades e termino decidindo que o mais viável era o táxi, pois o percurso não era tão extenso assim (24 km). Tomada a decisão, uso das minhas faculdades para pegar o primeiro que passa. Após algumas tentativas, finalmente consigo. O automóvel para, entro, fecho a porta e me acomodo. Neste instante, percebo que sou observado pelo motorista, antes mesmo de ele me perguntar:
– Para onde vamos senhor?
Fixo o olhar nele com a maior simplicidade e respondo:
– Vamos até Mimoso, local onde fica próximo a serra do Ororubá, a montanha sagrada.
Dito isto, ele me encara com certo desdém, dizendo:
– Bem, eu sei onde fica Mimoso, vamos já. No entanto, não sabia que a serra do Ororubá era sagrada. Conte-me essa história direito.
Sem querer perder muito tempo naquele momento, eu prometo:
– É uma longa história. Eu conto durante a viagem. Podemos partir? Estou ansioso para chegar logo ao meu destino.
Ele concorda comigo, apesar de contrariado, e então o carro parte em velocidade moderada. No entanto, vez ou outra, o motorista me encara. O que será que ele pensa de mim? Penso um pouco e acabo concluindo que sua reação é natural, afinal poucos sabem do segredo da gruta. Porém, não sou nenhum louco para ele me tratar daquela forma. Como saída, resolvo contar a verdade.
– Estou pronto para explicar, seu motorista. Qual é o seu nome mesmo?
– Meu nome é Aurélio e o seu?
– Meu nome é Aldivan, mas pode me chamar de vidente ou filho de Deus. Vou argumentar para que o senhor se convença da afirmação que fiz há alguns instantes.
– Estou pronto. Pode contar.
– Há aproximadamente um século as tribos Xukuru estavam em guerra por conta de estratagemas de um feiticeiro denominado Kualopu. Foram muitas batalhas travadas durante muito tempo e com isso a nação Xukuru ameaçava desaparecer. Pensando nisso, um pajé bondoso resolveu intervir. Ele fez um pacto com as forças do universo, oferecendo sua vida em troca do fim da guerra. Depois desse pacto ocorreu um milagre. O feiticeiro foi morto e com isso a guerra terminou. O pajé pagou o preço e então a paz foi restabelecida. A partir daquele dia a montanha do Ororubá se tornou sagrada e a gruta do desespero, localizada em seu topo, recebeu poderes miraculosos capazes de tornar qualquer sonho realidade, desde que os sonhos não sejam egoístas. É a segunda vez que terei o prazer de conviver na montanha.
– Muito interessante. Você diz que é a segunda vez que vai para lá. E a primeira vez, como foi?
– Foi há um ano. Eu era um pobre sonhador em busca de conhecer e controlar as minhas “Forças opostas”. Com esse objetivo escalei a montanha, cheguei ao seu topo, conheci a guardiã (um ser miraculoso conhecedor de mistérios profundos), realizei desafios, encontrei o fantasma, a jovem e o menino, e finalmente entrei na gruta. Esta última experiência mudou completamente minha vida, pois me transformei no vidente, um ser capaz de transpor as barreiras do tempo e do espaço e onisciente através de suas visões. Com os meus novos poderes, pude entender os sentimentos e as intenções mais profundas dos outros. No entanto, ainda não posso dizer que estou pronto. A vida é um eterno aprendizado no qual a gruta foi apenas uma etapa. Agora, estou pronto para novos desafios e por isto a minha volta. Desta vez quero entender a minha noite escura da alma, o significado de tudo que eu vivi há uns dois anos atrás. Acredito que encontrarei respostas na montanha ou pelo menos iniciarei uma nova caminhada.
– Sua história é mesmo impressionante. Eu acredito em você, pois senti a sua sinceridade. Eu só não entendi uma coisa, qual é o significado dessa expressão, noite escura da alma?
– Por enquanto, nem eu sei o significado completo da noite escura. Mas posso lhe dar uma noção básica, é o momento em que nos desligamos das forças benignas do universo para só pensarmos em nossas vaidades. Este momento é crítico, podendo destruir ou salvar a alma de um ser humano, dependendo do caso.
– Acho que entendi. Eu já passei pela noite escura quando traía minha mulher com garotas de programa. Quando ela me deixou, descobri seu verdadeiro valor, me arrependi e consegui fazer as pazes. A partir daí fui um novo homem.
– O que aconteceu com você eu lhe garanto, foi só um lapso. Na verdade, a noite escura é mais profunda do que possamos imaginar. Espero encontras as respostas de que tanto preciso.
– Boa sorte em sua busca. Vejo que é um rapaz educado, inteligente e determinado. As pessoas determinadas sempre conseguem seus objetivos.
– Obrigado. Agora preciso meditar e descansar um pouco. Não me acorde antes de termos chegado ao nosso destino.
Aurélio me tranquiliza e então me concentro no meu eu interior, esquecendo todas as preocupações. Gradativamente, o corpo vai relaxando e os sentidos extra-sensoriais são despertados. Não demora muito e começo a ver imagens distorcidas e confusas. Um instante depois, embalado pela força do pensamento, vejo-me numa planície extensa de lado a lado. Estou exatamente no centro desse local. Do lado direito surge um aspecto de sol escaldante e forte. Ele limpa as minhas impurezas e me dá a sensação de paz e liberdade. Ao mesmo tempo, surge do lado esquerdo uma nuvem escura e espessa, trazendo um ambiente pesado, cheio de sentimentos e pensamentos negativos. Essa força é capaz de condenar todos aqueles que se encontram próximos, os infiltrados em sua sombra. Perto dela me sinto culpado, mesmo sem ter tido um julgamento justo. As duas forças se aproximam cada vez mais, produzindo em mim o encontro das “Forças opostas”, que há tanto tempo eu parecia ter controlado. Logo depois, entre as duas forças, aparece um anjo e este traz no semblante a marca da palavra escolha. Eu o invoco, e o choque entre as forças opostas se acaba pelo menos temporariamente, deixando-me um pouco mais tranquilo. Mesmo assim, eu não fico livre das possíveis interações da noite escura que parece fazer parte de todo e qualquer indivíduo.