História Dos Lombardos - Daniela Peruto 4 стр.


21. Mas Tatone não pode se alegrar muito com este triunfo, pouco depois foi enfrentado e morto por Wacone filho de seu irmão Zuchilone, assim Wacone teve que enfrentar Ildichi, filho de Tatone. Wacone derrotou também Ildichi que foi obrigado ao exílio e refugiou junto aos Gepidos onde viveu até a sua morte. Por este motivo, entre Gepidos e Longobardos nasceu uma longa inimizade. Sempre nestes tempos, Wacone agrediu os Svevos e os submetidos. Se alguém colocasse isso em dúvida, releia-se o edito de Rotari sobre as leis longobardas e em quase todos os códigos encontrará aquele que nos falamos nesta pequena história.

Wacone teve três mulheres: a primeira, Ranecunda, era filha do Rei dos Turingos, depois casou-se com Astrigosa, filha do Rei dos Gepidos e desta teve duas filhas, Wisigarda, que foi mulher de Teodeberto Rei dos Francos, Salderada, a outra filha casou com Cusupaldo, um outro Rei dos Francos, este porém tomou-se de ódio e a deu como esposa a um dos seus homens, um tal Gariboldo. Wacone teve depois uma terceira mulher, Salinga, filha do Rei dos Erulos, esta deu a Wacone um filho que ele chamou Waltari. Com a morte de Wacone, Waltari se torna o oitavo rei longobardo. Todos estes Reis eram Lithingos, uma nobre estirpe longobarda.

22. Waltari manteve o reino por sete anos antes de morrer, depois dele o nono Rei a conquistar o reino foi Audoino que pouco depois levou o povo longobardo para Pannonia.

23. A hostilidade entre Gepidos e Longobardos é enfim enfrentada e tanto uma parte quanto a outra se preparava para a guerra. Chegou assim o dia da batalha, os lados se enfrentaram obstinadamente e nenhum dos dois conseguia prevalecer sobre o outro. Aconteceu que, durante o combate corpo a corpo, se encontraram Alboino filho de Audoino e Turismondo filho do Rei Gepido Turisindo, Alboino, golpeando-o com a espada, o fez cair do cavalo e o matou, os Gepidos vendo o filho do Rei morto, perderam a cabeça. De resto, Turismondo sustentava a parte maior do cansaço em batalha, assim em breve, os Gepidos fugiram. Os Longobardos os perseguiram com obstinação, derrotando e matando-os quanto mais fosse possível, depois voltaram atrás a pegar os despojos dos mortos. Depois de ter desfrutado a fundo a vitória, os Longobardos voltaram às suas bases e sugeriram ao Rei Audoino de convidar ao seu convívio Alboino, aquele que com o seu valor tinha obtido a vitória, assim como foi companheiro do pai no perigo, assim o fosse no convívio. Audoino respondeu que não podia fazê-lo para não infringir a tradição de sua gente: «Vocês sabem» disse, «que entre nós não é permitido que um filho fique em convívio com o pai se antes não tiver recebido como presente armas das mãos de um Rei estrangeiro».

24. Ao ouvir estas palavras do seu pai, Alboino pegou apenas quarenta guerreiros e foi a Turisindo Rei dos Gepidos, aquele com o qual pouco antes tinha combatido em guerra, e lhe expôs o motivo da visita inesperada. Este o acolheu com bondade e o fez sentar à sua direita onde geralmente costumava sentar Turismondo, o filho há pouco morto em batalha. Assim, acontece que enquanto a mesa variadamente arrumada ia se enchendo de comida, Turisindo foi oprimido pelo pensamento do filho morto que geralmente sentava-se naquele lugar onde agora estava o seu assassino, assim enfim, depois de dar profundos suspiros, deu voz à sua dor e disse: «Este lugar me é caro e para mim muito triste ver quem hoje está sentado». Então, estimulado pelas palavras do pai, o outro filho do Rei, que estava presente na sala, começou a insultar com injúrias os Longobardos, ridicularizando o seu hábito de cobrir-se com pequenas faixas brancas a parte baixa da perna, «são como aqueles cavalos que têm os pés brancos até o joelho», afirmou, «Não prestam para nada os cavalos aos quais vocês se parecem». Com estas palavras, um Longobardo respondeu:«Vá ao campo Asfeld e ali terá a prova do quanto chutam estes cavalos que fala; lá onde jazem dispersos os ossos do seu irmão, como aqueles de um jumento que não vale nada». Ao ouvir isto, os Gepidos, não suportando a humilhação, pularam de raiva e tentaram vingar-se da injúria. Os Longobardos, apesar disso, colocaram a mão no cabo das espadas prontos para combater mas o Rei, levantando da mesa, se colocou no meio, contendo os seus da ira e do combate e ameaçou punir quem por primeiro tivesse iniciado a batalha e também que «Não agrada a Deus a vitória de quem mata o hóspede na sua casa». Acalmada deste modo a disputa, retomou o convívio com ânimo alegre. Turisindo tomou as armas do filho Turismondo e as deu à Alboino e o reenviou incólume ao reino do pai. Ao voltar ao pai, Alboino desde então tornou-se seu conviva e enquanto recebia o luxuoso tratamento de Rei, contava de modo ordenado tudo que lhe tinha acontecido com os Gepidos no reino de Turisindo. Os presentes ficaram admirados e louvaram tanto a audácia de Alboino quanto a nobre lealdade do Rei Gepido.

25. Neste período, Giustino Augusto regia com prosperidade o império Romano, concluiu vitoriosamente muitas guerras e também na legislação civil deixou a sua marca. Com o patrício Belisario derrotou definitivamente os Persas e, sempre por obra do general Belisario, apagou, exterminando-os, a estirpe dos Vândalos capturando também o seu chefe Gelismero. Assim, reconquistou o Império Romano, depois de noventa e seis anos de domínio dos bárbaros e toda a África Romana. Depois, ainda com o valor de Belisario, derrotou na Itália a estirpe dos Gotos, aqui também capturou o seu Rei Vitige e depois ainda os Mauros com o seu Rei Amtalan, que infestavam a África. Sempre com a guerra submeteu também outras pessoas e por isso mereceu o título de Alamannico, Gótico, Franco, Germânico, Antico, Alanico, Vandalico e Africano. Colocou ordem nas leis dos Romanos, que tinham se tornado muito prolixas e com frequência inúteis e contraditórias, aboliu as numerosas promulgações dos muitos princípios que o tinham precedido em só doze livros e chamou este volume de Código Justiniano. Também as leis de cada um dos magistrados e juízes, que alcançavam quase dois mil livros, os organizou em cinquenta e chamou esta obra de Código dos Digestos ou das Pandette. Na nova forma, compôs os quatro livros das Instituições que reúnem os princípios gerais de todas as leis. Dispôs também que as novas leis emanadas por ele fossem reunidas em um volume e o chamou de Código Delle Novelle. Dentro dos muros de Constantinopla fez erguer um templo a Crisostomo, à Sabedoria de Deus Pai e o chamou com o vocábulo grego Agian Sophian, ou seja, Santa Sabedoria. A construção é magnífica e audaz, tanto que em nenhuma parte do mundo pode-se ver uma semelhante. Giustiniano era de fé católica, dirigido a operar e justo nas sentenças e é por isso que tudo lhe saía bem. Sob o seu reino, em Roma, vivia Cassiodoro, excelente tanto na ciência humana quanto nas coisas divinas, em particular compôs, com espírito elevado e aguda interpretação, os Salmos mais obscuros. Cassiodoro foi primeiro cônsul, depois senador e enfim monge. No mesmo período, também o abade Dionigi se estabeleceu em Roma e com grande perícia calculou o ciclo Pascoal. E ainda, Prisciano compreendeu as mais profundas leis da arte da gramática e Aratore, subdiácono da igreja de Roma, colocou em versos métricos os atos dos Apóstolos.

26. Neste mesmo tempo, também o nosso beato padre Benedetto brilhou pelos méritos da sua extraordinária vida e as virtudes apostólicos, antes em Subiaco, um lugar a quarenta milhas de Roma e depois na cidadela de Cassino chamada também “La Rocca”. Como é sabido, o beato Papa Gregorio nos seus Diálogos estendeu com belo estilo uma sua biografia. Eu também, elenquei em “metro elegíaco” um a um os seus milagres, dispondo-os em simples dísticos assim:

Nós compomos também um hino em “metro iâmbico Arquilóquio”, que contém os únicos milagres do mesmo Pai Benedetto:

Gostaria de referir aqui um fato que o beato Gregorio não menciona na vida de San Benedetto, nosso pai fundador. Quando, por inspiração divina, vem de Subiaco nestes locais onde agora repousa, foi seguido por três corvos que ele costumava nutrir, eles voaram em torno por cinquenta milhas. Ao chegar a uma encruzilhada, lhe apareceram dois anjos em forma de jovens para indicar-lhe o caminho a tomar.

Sempre aqui vivia um Servo de Deus em uma humilde casinha ao qual o céu tinha dito: «Tenha cuidado destes lugares, um outro amigo está aqui». Ao chegar aqui, na Rocca di Cassino, Benedetto se mortificou em uma severa e contínua abstinência, sobretudo, no tempo de quaresma fazia retiro, afastado dos problemas do mundo. Estas notícias as encontrei no canto do poeta Marco, que vindo em visita a Benedetto compôs alguns versos em seu louvor, não os mostro aqui em seguida porque não quero alongar-me demais na narrativa. Foi com certeza o Céu a conduzir Benedetto neste local fértil sob o qual se estende um vale exuberante: queria que aqui se reunisse uma congregação de muitos monges, assim como acontece realmente, graças à orientação de Deus.

A terminar de narrar estas coisas, que não podia ignorar, volto à nossa história.

27. Audoino, Rei dos Longobardos, teve como esposa Rodelinda, ela gerou-lhe um filho, Alboino, adequada à guerra e valoroso na ação. Morto Audoino, o décimo Rei foi assim Alboino que se torna com os votos de todos. As muitas ações de Alboino o tornaram famoso e Clotario, Rei dos Francos, quis unir-se a ele dando-lhe como mulher a própria filha Clotsuinda, desta união nasceu só uma filha, Albsuinda.

No entanto, morreu Turisindo, Rei dos Gepidi, ao qual seguiu Cunimondo. Este, querendo se vingar das velhas rusgas sofridas, rompeu o tratado de paz com os Longobardos e preparou a guerra. Alboino tinha firmado um pacto perpétuo com os Avaros, aqueles que um tempo eram chamados Unos e só em seguida Avaros, do nome de um seu Rei. Alboino partiu para a guerra provocada pelos Gepidi e enquanto estes últimos, de várias direções, se moviam contra ele, como por acordos tidos com o Rei Longobardo, os Avaros invadiram o território dos Gepidos. Um triste mensageiro chegou à Cunimondo com a notícia que os Avaros tinham entrado nas suas terras. Abatido no moral, disposto em frente a uma escolha angustiantes, Cunimondo decidiu enfrentar antes os Longobardos e encorajando-os à batalha adicionou que depois de tê-los vencido teria expulsado da sua pátria os Unos.

A inevitável batalha foi conduzida com todas as forças, os Longobardos resultaram vencedores e cruelmente se lançaram contra os Gepidi com tanta fúria que os massacraram quase que completamente, tanto que a duras penas salvou-se quem levou a notícia do extermínio. Naquela batalha, Alboino matou Cunimondo e, retirando-lhe a cabeça, a fez de copo para beber, do tipo daqueles que junto deles são chamados “scala” e em latim “patera”. Fez também prisioneira a filha do Rei Gepide de nome Rosmunda e uma grande multidão de homens e mulheres de todas as idades. Alboino, dado que Clotsunda estava morta, tomou Rosmunda como mulher e sua futura desgraça, como depois ficou claro. Com aquela vitória, os Longobardos recolheram uma grande riqueza. A estirpe dos Gepidi foi destruída, quem escapou acabou na parte sujeita aos Longobardos e em parte sob o duro jugo do Império Uno que até hoje ocupa a sua pátria.

O nome de Alboino, em vez disse, surgiu com grande fama tanto que junto aos Bavaros, Saxões e outros homens que falam a mesma língua, conta-se que as suas proezas, a fortuna em guerra, o valor em batalha e a gloria. Sob o seu governo, os Longobardos fabricaram também muitas novas armas de uma madeira especial como se conta ainda hoje.

Fim do Primeiro Livro

Segundo Livro

1. Enquanto a fama das contínuas vitórias dos Longobardos se difundia em todos os lugares, Narsete, “Cartulário imperial” e governador na Itália, estava ocupado preparando a guerra contra o Goto Totila. Já tendo sido os Longobardos federados do Império, Narsete mandou embaixadores para Alboino pedindo-lhe de colocar-lhe à disposição um contingente auxiliar para a iminente guerra contra os Gotos. Alboino enviou um contingente de homens escolhidos que chegaram na Itália atravessando o golfo do mar Adriático. Estes aliados dos Romanos participaram das batalhas derrotando e exterminando os Gotos, matando também o Rei Totila, honrados e cheios de presentes, voltaram para as suas terras.

Por todo o tempo em que ficaram separados em Pannonia, os Longobardos foram Federados da República Romana e os ajudaram contra os seus inimigos.

2. Naqueles anos, iniciou uma guerra contra o Duque Buccellino. O Rei Franco Teodeberto, no momento de voltar para a Gália, o tinha deixado na Itália junto a um outro Duque, Amingo; tinham o dever de submeter toda a península. Buccellino mandou ricos presentes ao seu Rei, estas eram parte do grande saque acumulado e enquanto se preparava para passar o inverno na Campania, foi alcançado e vencido, por Narsete em uma dura batalha na localidade conhecida com o nome de Tanneto. Na batalha, o mesmo Buccellino é morto. Em seguida, Amingo tentou levar ajuda à Windin, um Conde Goto que tinha se rebelado a Narsete, ambos foram derrotados pelo general Romano, Windin foi enviado em exílio em Constantinopla enquanto Amingo foi assassinado pela espada de Narsete. Um terceiro Duque, Leutario, irmão de Buccellino, carregado com muito produto de saque, tentou voltar para a pátria, mas entre Verona e Trento, perto do lago Benaco, morreu de doença.

3. Narsete teve que arcar com ainda uma guerra contra Sindualdo Rei dos Brionos, uma parte daquela estirpe de Eruli que Odoacre levou consigo no tempo da sua vinda na Itália. Em Sindualdo, Narsete tinha dado muitos privilégios na qualidade de aliado de Roma, mas depois Sindualdo, tomado pelo orgulho e pelo ímpeto de reinar se rebelou a Narsete. Ele o derrotou em batalha e o capturou, depois Sindualdo acabou enforcado em uma alta trave.

Além disso, o Patrício Narsete, para o trâmite do general Digisteo, homem forte e belicoso, ocupou toda a Itália. Narsete foi para a Itália como Cartulario mas graças ao seu valor obteve o Patriciado. Era um homem pio, de religião católica, generoso com os pobres e cuidadoso na restauração das igrejas. Tão fervoroso nas vigílias e nas orações que obteve a vitória mais com as súplicas a Deus do que com as armas.

4. No tempo em que Narsete governava a Itália, explodiu uma gravíssima epidemia de peste na província da Ligúria. Inesperadamente apareceram manchas nas casas, nas portas, nos vasos e nas roupas, quando alguém tentava limpá-las estas se tornavam ainda mais evidentes. Passado um ano, aos homens apareceram glândulas grandes como uma noz ou uma tâmara nas áreas inguinais e em outras partes delicadas do corpo. A isto seguia uma forte febre que em três dias levava à morte. Quem conseguia superar os três dias tinha boas esperanças de sobreviver. Em todos os lugares havia luto e lágrimas e como entre o povo tinha se espalhado a voz de quem se afastava das casas podia sobreviver, elas eram abandonadas, vazias, só os cães ficavam para guardá-las. Permaneceram sozinhos nos pastos os rebanhos, sem pastores para vigiá-los. Onde antes se avistavam vilas e acampamentos cheios de gente, agora eram desertos e abandonados pois todos tinha fugido. Fugiam os filhos deixando sem sepultar os cadáveres dos pais, fugiam os pais deixando os filhos tomados pelas fortes febres. Quem persista e continuava oferecendo piedosa sepultura como por antigos costumes, era contagiado e ficava por sua vez sem ser sepultado. Ao oferecer a última honraria ao cadáver do defunto deixava o seu cadáver sem a honra da sepultura.

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