Esquecidas - Блейк Пирс 5 стр.


April olhou para cima e disse, “Nós estamos bem mãe.”

Riley sentiu-se aliviada. Por muito triste que se sentisse pelas filhas, estava orgulhosa por April estar a confortar Jilly.

“Obrigada querida,” Disse ela e fechou a porta silenciosamente.

Pensou que April falaria com ela sobre Ryan quando se sentisse preparada. Mas para a Jilly podia ser mais complicado.

Ao descer as escadas, Riley deu por si a pensar no que Gabriela tinha dito.

“As miúdas precisam de uma figura de pai.”

Olhou para o telefone. Blaine tornara claro que queria retomar a sua relação.

Mas o que esperaria ele dela? A sua vida resumia-se às miúdas e ao trabalho. Poderia ela incluir mais alguém nela naquele momento? Será que o iria apenas desiludir?

Mas, Admitiu ela, Eu gosto dele.

E era óbvio que ele gostava dela. Na vida devia haver lugar para…

Pegou no telefone e ligou o número da casa de Blaine. Ficou desapontada ao ser recebida pelo atendedor de chamadas, mas não surpreendida. Ela sabia que o seu trabalho no restaurante muitas vezes o mantinha fora de casa à noite.

Ao sinal, Riley deixou uma mensagem.

“Olá Blaine. É a Riley. Ouve, desculpa se agi de forma um pouco distante no jogo desta tarde. Só quero dizer que se o teu convite de jantar se mantiver, podes contar connosco. Liga-me quando puderes para combinarmos.”

Riley sentiu-se imediatamente melhor. Foi para a cozinha e serviu-se de uma bebida. Ao sentar-se no sofá da sala, lembrou-se da conversa que tivera com Paula Steen.

Paula parecia estar em paz com o facto de o assassino da filha nunca vir a ser julgado.

“Não é culpa de ninguém e eu não culpo ninguém,” Dissera Paula.

Essas palavras agora perturbavam Riley.

Parecia tão injusto.

Riley terminou a sua bebida, tomou um banho e foi para a cama.

Mal tinha adormecido quando os pesadelos começaram,

*

Riley era apenas uma menina.

Atravessava um bosque de noite. Tinha medo, mas não sabia muito bem porquê.

Afinal, ela não estava propriamente perdida no bosque.

O bosque fica perto de uma autoestrada e ela conseguia ver carros a passar. O brilho de um poste de iluminação e a lua cheia iluminavam o seu caminho entre as árvores.

Então os seus olhos pousaram numa fila de três campas rasas.

A terra e pedras que cobriam as campas eram instáveis.

Mãos de mulheres irrompiam das campas.

Ela conseguia ouvir as suas vozes abafadas dizer…

“Ajuda-nos! Por favor!”

“Mas eu sou apenas uma menina!” Respondia Riley chorosa.


Riley acordou a tremer.

É só um pesadelo, Disse a si mesma.

E não era propriamente surpreendente que tivesse sonhado com as vítimas do assassino da caixa de fósforos na noite a seguir a ter falado com Paula Steen.

Respirou profundamente. Passado pouco tempo sentiu-se novamente descontraída e voltou a adormecer.

Mas então…

Ela era apenas uma menina.

Estava numa loja de doces com a mãe e a mãe estava a comprar-lhe muitos doces.

Um homem assustador com uma meia na cabeça veio na sua direção.

Apontou uma arma à mãe.

“Dê-me o seu dinheiro,” Disse à mãe.

Mas a mãe estava demasiado amedrontada para se conseguir mexer.

O homem disparou contra o peito da mãe e ela caiu mesmo em frente a Riley.

Riley começou a gritar. Virou-se à procura de alguém que pudesse ajudar.

Mas de repente, estava novamente no bosque.

As mãos das mulheres ainda remexiam nas campas.

As vozes ainda zurziam…

“Ajuda-nos! Por favor!”

Então Riley ouviu outra voz a seu lado. Uma voz familiar…

“Ouviste-as Riley. Elas precisam da tua ajuda.”

Riley virou-se e viu a mãe. O peito sangrava do disparo e o rosto tinha uma palidez mortal.

“Não as posso ajudar mãe!” Declarou Riley. “Eu sou só uma menina!”

A mãe sorriu.

“Não, não és só uma menina Riley. Já és adulta. Vira-te e vê.”

Riley virou-se e viu-se a fitar um espelho de corpo inteiro.

Era verdade.

Agora ela era uma mulher.

E as vozes ainda a chamavam…

“Ajuda-nos! Por favor!”


Os olhos de Riley abriram-se novamente.

Tremia mais do que da outra vez e tinha dificuldades em respirar.

Lembrava-se de algo que Paula Steen lhe tinha dito.

“O assassino da minha filha nunca será julgado.”

E Paula também tinha dito…

“O caso nunca foi seu.”

Riley sentiu invadir-se por uma nova sensação de determinação.

Era verdade – o assassino da caixa de fósforos não fora um caso seu.

Mas não o podia deixar esquecido no passado.

O assassino da caixa de fósforos tinha que ser finalmente apanhado.

Agora o caso é meu, Pensou.

CAPÍTULO SETE

Riley não teve mais pesadelos nessa noite, mas ainda assim o seu sono foi inquieto. De forma surpreendente, na manhã seguinte acordou cheia de energia.

Tinha trabalho a fazer nesse dia.

Vestiu-se e desceu as escadas. April e Jilly estavam na cozinha a tomar o pequeno-almoço que Gabriela lhes preparara. Ambas as raparigas pareciam estar tristes, mas não tão tristonhas como no dia anterior.

Riley viu que fora colocado um lugar na mesa para ela, por isso sentou-se e disse, “Essas panquecas estão com ótimo aspeto. Passem-mas, se faz favor.”

Enquanto tomava o pequeno-almoço e bebia o café, as miúdas começaram a parecer mais alegres. Não mencionaram a ausência de Ryan e, em vez disso, conversavam sobre outros miúdos da escola.

São resistentes, Pensou Riley.

E ambas tinham passado por momentos difíceis no passado.

Riley tinha a certeza de que também ultrapassariam aquela crise relacionada com Ryan.

Riley terminou o seu café e disse, “Tenho que ir para o meu gabinete.”

Levantou-se e deu um beijo na bochecha de April e de Jilly.

“Força em apanhar gente má, mãe,” Disse Jilly.

Riley sorriu.

“Podes crer que é isso mesmo que vou fazer,” Respondeu.

*

Assim que chegou ao gabinete, Riley abriu ficheiros no computador sobre o caso de há vinte e cinco anos. Ao aceder a velhas histórias de jornais, lembrou-se de ler algumas delas nessa altura. Era adolescente nesse tempo e o assassino da caixa de fósforos era uma história de pesadelo.

Os homicídios tinham acontecido em Virginia perto de Richmond com um intervalo de apenas três semanas entre cada morte.

Riley abriu um mapa e descobriu Greybull, uma pequena cidade à saída da Interestadual 64. Tilda Steen, a última vítima, vivera e morrera em Greybull. Os outros dois homicídios tinham ocorrido nas cidades de Brinkley e Denison. Riley conseguia ver que as cidades distavam cerca de cento e sessenta quilómetros umas das outras.

Riley fechou o mapa e debruçou-se novamente nas histórias de jornal.

Um cabeçalho se destacava…

ASSASSINO DA CAIXA DE FÓSFOROS ATACA TERCEIRA VÍTIMA!

Estremeceu um pouco.

Sim, ela recordava-se de ver aquele cabeçalho há muitos anos atrás.

O artigo descrevia o pânico que os crimes haviam despoletado na área – sobretudo entre mulheres jovens.

De acordo com o artigo, o público e a polícia perguntavam ambos o mesmo:

Quando e onde é que o assassino vai atacar novamente?

Quem vai ser a sua próxima vítima?

Mas não houvera uma quarta vítima.

Porquê? Perguntava-se Riley.

Tratava-se de uma pergunta que à qual as autoridades não tinham conseguido responder.

O assassino parecia ser um assassino em série impiedosamente motivado – o género que continuaria a matar até ser apanhado. Mas em vez disso, ele tinha simplesmente desaparecido e o seu desaparecimento tinha sido tão misterioso como os próprios crimes.

Riley começou a rever velhos registos policiais para refrescar a memória.

As vítimas não pareciam ter qualquer ligação entre si. O assassino usara o mesmo MO nos três homicídios. Engatara as jovens mulheres em bares, levou-as para motéis e matou-as. Depois enterrou os corpos em campas rasas não muito longe dos locais onde tinha cometido os crimes.

A polícia local tinha tido dificuldades em localizar os bares onde as vítimas tinham sido engatadas e os motéis onde tinham sido assassinadas.

Tal como acontece com alguns assassinos em série, ele deixara pistas para a polícia.

Tinha deixado em todos os corpos, caixas de fósforos dos bares e papel de carta dos motéis.

As testemunhas nos bares e motéis mal conseguiam dar uma descrição do suspeito.

Riley olhou para o esboço traçado há tantos anos.

Viu que o homem parecia bastante normal com cabelo castanho escuro e olhos cor de avelã. Ao ler descrições de testemunhas, reparou em mais alguns detalhes. As testemunhas tinham referido que ele parecia extraordinariamente pálido, como se trabalhasse num local que o mantivesse dentro de portas e afastado do sol.

As descrições não eram muito detalhadas. Ainda assim, parecia a Riley que o caso não deveria ter sido tão difícil de resolver. Mas fora. A polícia local nunca descobrira o assassino. A UAC tomou conta do caso apenas para concluir que o assassino ou tinha morrido ou tinha abandonado a região. Continuar as buscas a nível nacional, seria como procurar uma agulha num palheiro – uma agulha que podia nem sequer existir.

Mas houvera um agente, um mestre em resolver casos antigos que discordara.

“Ele ainda está na região,” Dissera ele a todos. “Conseguimos encontra-lo se continuarmos a procurar.”

Mas os chefes não seguiram o seu conselho e não o apoiaram. A UAC deixara o caso cair no esquecimento.

Aquele agente aposentara-se da UAC há vários anos e mudara-se para a Flórida. Mas Riley sabia como entrar em contacto com ele.

Pegou no seu telefone e ligou o seu número.

Um momento mais tarde, Riley ouviu uma voz familiar. Jake Crivaro fora seu parceiro e mentor quando ela entrou na UAC.

“Olá desaparecida,” Disse Jake. “Por onde andaste? Que tens feito? Não ligas, não escreves. Isso é forma de se tratar um velho solitário que te ensinou tudo o que sabes?”

Riley sorriu. Ela sabia que ele só estava a brincar. No final de contas, tinham-se visto há bem pouco tempo. Jake até a tinha ajudado num caso há poucos meses atrás.

Ela não perguntou, “Como tens passado?”

Lembrou-se do que ele dissera da última vez que ela perguntara.

“Tenho setenta e cinco anos. Fui operado aos joelhos e à anca. Os meus olhos estão uma miséria. Tenho um aparelho auditivo e um pacemaker. E todos os meus amigos, exceto tu, bateram as botas. Como é que achas que estou?”

Perguntar-lhe apenas o faria queixar-se novamente.

A verdade era que ele ainda estava apto fisicamente e a sua mente estava mais desperta que nunca.

“Preciso da tua ajuda Jake,” Disse Riley.

“Isso é música para os meus ouvidos. Estar aposentado é uma treta. Em que te posso ajudar?”

“Estou a espreitar um caso antigo.”

Jake riu-se.

“Os meus favoritos. Sabes, os casos antigos eram uma especialidade minha. Ainda são uma espécie de hobby. Mesmo na reforma, posso recolher e rever coisas que ninguém conseguiu resolver. Lembras-te daquele assassino apelidado de ‘rosto de anjo’ no Ohio? Resolvi esse há alguns anos. Estava na prateleira há mais de uma década.”

“Eu lembro-me,” Disse Riley. “Isso foi um excelente trabalho para alguém já fora do ativo.”

“A lisonja leva-te a qualquer lado. Então, o que é que tens para mim?”

Riley hesitou. Ela sabia que estava prestes a mexer com memórias desagradáveis.

“Este caso foi um dos teus, Jake,” Disse ela.

Jake manteve-se em silêncio durante alguns segundos.

“Não me digas,” Disse ele por fim. “O caso do assassino da caixa de fósforos.”

Riley quase perguntou, “Como é que sabes?”

Mas era fácil adivinhar a resposta.

Jake vivia obcecado com falhas do passado, sobretudo as suas. Sem dúvida que tinha conhecimento do aniversário da morte de Tilda Steen. O mais certo era também saber o aniversário das mortes das outras vítimas. Riley calculou que fosse algo que o atormentasse todos os anos.

“Isso foi antes do teu tempo,” Disse Jake. “Porque é que queres remexer outra vez nessa velha história?”

Riley sentiu amargura na sua voz – a mesma amargura que se lembrava de lhe ouvir quando ainda era uma jovem novata. Ele ficara furioso com os superiores por encerrarem o caso. E nunca deixara de ter esse sentimento, mesmo quando se aposentou.

“Sabes que tenho contactado a mãe de Tilda Steen ao longo dos anos,” Disse Riley. “Falei com ela ontem. Desta vez…”

Fez uma pausa. Como o poderia dizer?

“Acho que me impressionou mais do que o habitual. Se ninguém fizer nada, aquela pobre mulher vai morrer sem ver o assassino da filha ser julgado. Não tenho outros casos de momento e eu…”

A sua voz esmoreceu.

“Sei bem como te sentes,” Disse Jake num tom de compreensão. “Aquelas três mulheres mortas merecem mais. As suas famílias merecem mais.”

Riley sentiu-se aliviada por Jake partilhar os seus sentimentos.

“Não posso fazer muito sem o apoio da UAC,” Disse Riley. “Achas que haverá forma de reabrir o caso?”

“Não sei. Talvez. Vamos começar já a trabalhar.”

Riley conseguia ouvir os dedos de Jake a percorrerem o teclado do computador em busca dos seus ficheiros.

“O que é que correu mal quando trabalhaste no caso?” Perguntou Riley.

“O que é que não correu mal? As minhas teorias não tiveram bom acolhimento na UAC. A região era rural na altura, apenas três pequenas cidades. Mesmo assim, ao longo de uma Interestadual tão próxima de Richmond, havia inúmeras variáveis. O FBI decidiu que devia tratar-se de alguém de passagem que desaparecera. Mas o meu instinto dizia-me algo diferente – que ele vivia na região e que ainda lá devia viver. Mas ninguém quis saber do que o meu instinto indicava.”

Enquanto digitava, resmungava, “Podia ter resolvido isto há anos se não fosse o meu parceiro merdoso.”

Riley já tinha ouvido falar no parceiro incompetente de Jake que tinha sido despedido antes de Riley entrar na UAC.

Ela disse, “Ouvi dizer que lixou quase tudo em que tocou.”

“Sim, literalmente. Num dos bares, manuseou um copo em que o assassino tinha tocado esfregando as impressões digitais.”

“Não havia impressões digitais nos guardanapos ou nas caixas de fósforos?”

“Não depois de estarem cobertos de terra numa campa rasa. O tipo estragou tudo. Devia ter sido logo despedido. Mas não durou muito. Da última vez que soube, trabalhava numa loja de conveniência. Excelente escolha.”

Jake parou de teclar. Riley calculou que agora tivesse todo o material à mão.

“OK, agora fecha os olhos,” Disse Jake.

Riley fechou os olhos e sorriu. Ele ia sujeitá-la ao mesmo exercício que ela ensinara aos seus alunos. Fora com ele que Riley o aprendera.

Jake disse, “Tu és o assassino, mas ainda não mataste ninguém. Entraste no Pub McLaughlin’s em Brinkley e acabaste de te apresentar a uma rapariga chamada Melody Yanovich. Deste a entender que estavas interessado nela e as coisas parecem estar a correr bem.”

Ela começou a ver as coisas sob o ponto de vista do assassino. A cena decorria claramente na sua cabeça.

Jake disse, “Há uma pequena taça de caixas de fósforos no bar. A meio do teu engate, pegas numa e coloca-la no bolso. Porquê?”

Riley conseguia praticamente sentir a pequena caixa de fósforos entre os seus dedos. Imaginou-se a coloca-la no bolso da camisa.

Mas porquê? Perguntou-se.

Quando o caso fora aberto, havia uma teoria de senso comum a esse respeito. O assassino deixara as caixas de fósforos dos bares e o papel de carta dos motéis nos corpos das vítimas para brincar com a polícia.

Mas agora ela percebeu – Jake não pensava dessa forma.

E agora ela também não.

Riley disse, “Ele nem sabia que ia matá-la – pelo menos não quando estava no Pub McLaughlin’s, não daquela primeira vez. Ele pegou na caixa de fósforos como recordação da sua iminente conquista, um troféu pelos bons momentos que esperava passar.”

“Isso,” Disse Jake. “E depois?”

Riley conseguia visualizar claramente o assassino a ajudar Melody Yanovich a sair do carro e a acompanhá-la ao quarto de motel.

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