Destinada - Морган Райс 2 стр.


Caitlin para no meio do caminho, se vira, e encara a multidão. Se tivesse que morrer, morreria tentando.

Parada ali, ela fecha os olhos e respira fundo.  Ela se concentra, e tudo fica mais claro. Caitlin pode sentir seus pés sobre a grama enraizada e, lenta e continuamente, sente uma força primitiva subir por suas pernas, tomando conta de todo seu corpo.  Ela se esforça para lembrar; para lembrar a raiva; para se lembrar de sua força nata, primitiva.  Ela já havia treinado e lutado com força sobrehumana antes e ela a quer de volta, sentindo que em algum lugar dentro dela, a força está adormecida.

Enquanto espera, se lembra de todos que já tinha enfrentado na vida, todos os valentões e tiranos.  Ela pensa na mãe, que com muita relutância demonstrava pouco carinho por ela; nos valentões que haviam perseguido ela e Jonah até um beco em Nova Iorque. Ela se lembra dos tiranos, amigos de Sam, em um celeiro no Vale do Hudson. E também se recorda de quando havia conhecido Cain, na Ilha Pollepel. Sua vida sempre havia sido repleta deles, e fugir nunca a tinha ajudado, – como sempre tinha feito, seria necessário encará-los e lutar.

Enquanto pondera sobre a injustiça de toda aquela situação, seu ódio aumenta e toma conta dela.  Ele duplica e depois triplica, até que ela pode sentir suas veias aumentando, e seus músculos prestes a estourar.

Bem naquele momento, o grupo a alcança.  Um aldeão levanta o taco e dá um golpe visando a cabeça dela.  Com seu recém-descoberto poder, Caitlin desvia bem a tempo, se abaixa e o joga por cima de seus ombros.  Ele é lançado vários metros no ar, e cai de costas na grama.

Outro homem ergue a mão segurando uma grande pedra, preparando-se para esmagar a cabeça de Caitlin; mas ela levanta o braço e agarra seu pulso e o torce, – o homem cai de joelhos, gritando.

Um terceiro aldeão a golpeia com sua enxada, mas Caitlin é rápida demais: ela se vira e impede que ele a acerte, arrancando-lhe a enxada das mãos e golpeando a cabeça dele com ela.

A enxada, com quase dois metros de comprimento, é exatamente do que ela precisa.  Ela gira, esticando-a e derrubando todos ao seu alcance; dentro de poucos minutos, ela cria um perímetro ao seu redor.  Outro aldeão se prepara para lançar uma grande pedra na direção dela, e ela joga a enxada nele.  Ela o acerta na mão, e ele deixa a pedra cair.

Caitlin corre contra a multidão atordoada, arrancando uma tocha das mãos de uma velha, e começa e apontá-la em todas as direções.  Ela consegue acender uma parte alta da grama seca, e alguns aldeões recuam, gritando assustados.  Quando a parede de fogo entre eles cresce o suficiente à medida que o fogo se alastra, Caitlin joga a tocha para cima da multidão. Ela voa pelo ar, indo cair nas costas de um homem, cuja túnica pega fogo, incendiando a pessoa ao lado.  O grupo rapidamente se fecha em torno deles, tentando apagar as chamas.

É a chance que Caitlin precisava.  Os aldeões finalmente se distraem o suficiente para que ela corra. Ela não quer machucá-los.  Ela apenas deseja que a deixem em paz.  Ela precisa se recuperar, descobrir onde está.

Ela se vira para a colina, na direção da igreja.  Correndo, ela sente sua força e velocidade renovadas; disparando colina acima, Caitlin sabe que está finalmente ganhando distância deles. Ela apenas torce para que a igreja esteja aberta, e para que a deixem entrar.

Enquanto corre, sentindo a grama sob seus pés, o dia escurece, e ela vê tochas sendo acesas no meio do vilarejo, e ao longo dos muros do convento.  Ao se aproximar, ela vê um guarda noturno em cima do muro.  Ele olha para baixo e, ao vê-la, seu rosto é transformado pelo medo.  Ele levanta o braço, balançando tocha e gritando: “Vampiro! Vampiro!”.

Quando ele faz isso, os sinos da igreja tocam.

Caitlin é rodeada por tochas em todos os lados. Pessoas surgem de todas as direções, enquanto o guarda continua a gritar acompanhado pelo som dos sinos da igreja. É uma caça às bruxas, e todos parecem ir em direção a ela.

Caitlin acelera, correndo tão rápido que suas costelas doem.  Lutando para respirar, ela alcança as portas de carvalho no último segundo.  Ela abre uma das portas, entrando e batendo a porta atrás dela em seguida.

Lá dentro, ela olha agitada para todos os cantos, e se depara com o cajado de um pastor.  Ela usa o cajado para trancar as portas, barrando a entrada dos aldeões.

No momento em que faz isso, ela ouve uma tremendo estrondo na porta, à medida que dezenas de pessoas a forçam.  As portas tremem, mas não cedem.  O cajado estava conseguindo segurá-los – ao menos por enquanto.

Caitlin rapidamente examina o local.  A igreja, por sorte, está vazia.  Ela é enorme, com tetos abobadados altíssimos.  O lugar está frio, vazio, há centenas de bancos espalhados pelo chão de mármore; do outro lado, acima do altar, ela pode ver diversas velas suspensas acesas.

Enquanto observa, Caitlin pode jurar ter visto algum movimento do outro lado da sala.

As batidas se intensificam, e a porta começa a tremer.  Caitlin parte para a ação, correndo entre os bancos, em direção ao altar.  Ao chegar lá, ela percebe que estava certa: há alguém ali.

Ajoelhado silenciosamente, de costas para ela, está um padre.

Caitlin se pergunta como ele pode ignorar tudo aquilo, sua presença ali; como ele pode estar tão envolvido em suas orações em um momento como aquele.  Ela espera que ele não a entregue aos aldeões.

“Olá?” diz Caitlin.

Ele não se vira para ela.

Caitlin se dirige até o outro lado, de frente a ele.  Ele é um homem mais velho, de cabelos brancos e barba feita, e olhos azuis que parecem encarar o vazio enquanto ele reza.  Ele não se incomoda em olhar para ela.  Há algo a mais também, que ela pode pressentir.  Mesmo em seu estado atual, ela sabe que há algo de diferente a respeito deste homem. Ela sabe que ele é como ela, – um vampiro.

As batidas voltam a se intensificar, e quando uma das dobradiças cede,  Caitlin olha para trás assustada.  O grupo parece determinado, e ela não sabe aonde ir.

“Ajude-me, por favor!” pede Caitlin.

Ele continua suas orações por mais diversos segundos.  Finalmente, sem olhar para ela, ele diz: “Como eles podem matar algo que já está morto?”

Há um barulho de madeira partindo.

Por favor,” ela implora, “Não me entregue a eles.”

Ele se levanta vagarosamente, quieto e com postura, e aponta para o altar. “Ali dentro,” ele fala. “Atrás da cortina. Há um alçapão. Vá!”

Ela segue a direção do seu dedo, mas vê apenas um grande pódio, coberto por um tecido de cetim.  Ela corre até ele e, ao erguer o pano, vê o alçapão. Ela o abre, e se enfiar com dificuldade no pequeno espaço apertado.

Enfiada ali dentro, ela espia por uma pequena fresta. Ela vê o padre se apressar até uma porta lateral e abri-la com um chute, com tremenda força.

Assim que faz isso, as portas da frente da igreja são derrubadas pela multidão, e eles avançam entre os bancos.

Caitlin fecha as cortinas depressa, e torce para que não a tenham visto.  Ela assiste por uma fresta, e pode ver o suficiente para enxergar o grupo que se encaminha na direção do altar, aparentemente direto para seu esconderijo.

“Por ali!” grita o padre. “A vampira fugiu naquela direção!”

Ele aponta para a porta lateral, e o grupo passa correndo por ele, voltando para a escuridão da noite.

Vários segundos se passam enquanto o fluxo aparentemente infindável de pessoas deixa a igreja, e o silêncio volta a tomar conta do lugar.

O padre fecha a porta, trancando-a em seguida.

Ela pode ouvir os passos dele, andando em sua direção, e Caitlin, tremendo de medo e frio, lentamente abre a porta do alçapão.

Ele abre a cortina e olha para ela, gentilmente estendendo-lhe a mão.

“Caitlin,” ele diz sorrindo. “Estamos esperando você há muito tempo.”

CAPÍTULO DOIS

Roma, 1790

Kyle fica em pé no escuro, com a respiração ofegante.  Há poucas coisas que ele deteste mais que espaços restritos, e ao esticar a mão na escuridão e se deparar com a rocha à sua volta, ele começa a transpirar.  Preso. Não há como piorar.

Ele cerra o punho e dá um murro que abre um buraco na parede de pedra. Ela quebra em pedaços, e Kyle rapidamente cobre os olhos, protegendo-os da luz do sol.

Se há algo que Kyle odeie mais que estar preso, é ser acertado de frente pela luz do sol, especialmente sem suas proteções de pele.  Ele rapidamente salta sobre os escombros da parede e se protege atrás de um muro.

Kyle respira fundo e analisa o seu entorno, desorientado, enquanto retira a poeira dos olhos.  Isso é exatamente o que ele mais detestava sobre a viagem no tempo: ele nunca sabia onde iria parar.  Ele não havia tentado há séculos e, não teria enfrentado a viagem agora se não fosse pela eterna pedra em seu sapado, Caitlin.

Não muito tempo depois da partida dela de Nova Iorque, Kyle tinha percebido que a Guerra estava somente parcialmente ganha.  Com ela ainda à solta, e sua busca pelo Escudo, ele logo havia percebido que não poderia relaxar.  Ele estava prestes a ganhar a guerra, e escravizar toda a raça humana, prestes a se tornar o único líder de toda a raça vampira; mas Caitlin, aquela garotinha patética, o estava impedindo.  Enquanto o Escudo estivesse desaparecido, ele não poderia assumir o poder absoluto. Ele não teria escolha a não ser rastreá-la e matá-la. E se isso significasse que ele teria que viajar no tempo, era isso que ele faria, e assim o fez.

Quase sem fôlego, Kyle retira uma proteção de pele do bolso e as envolve em torno dos braços, pescoço e torso.  Ao prestar mais atenção ao local, ele se dá conta de que está em um mausoléu.  As marcações na parede parecem escritas em romano. Roma.

Ele não visitava Roma há anos. Ele tinha levantado poeira demais ao estourar a parede de mármore, e era possível ver a poeira suspensa no ar contra a luz, e ele não consegue ter certeza de onde está. Respirando fundo, ele se prepara e caminha até a saída.

Ele estava certo: É Roma.  Ele olha para fora, vê os Ciprestes Italianos, e tem certeza de sua localização.  Ele  percebe estar no Fórum Romano, com seu gramado, colinas, vales esparramados à sua frente em uma leve descida. As lembranças não demoram a aflorar; ele havia matado muitas pessoas aqui, quando ainda se costumava fazer isso.  Ele mesmo quase havia sido morto, sorri Kyle ao lembrar, – era exatamente o seu tipo de lugar.

É o lugar perfeito para estar.  O Partenon não é muito longe, e dentro de minutos, ele estaria diante dos juízes do Grande Conselho Romano, e seu poderoso coven, – e conseguir as respostas que tanto quer.  Ele logo saberia onde Caitlin está e, se tudo corresse bem, conseguiria a permissão deles para matá-la.

Não que ele precisasse de permissão, seria uma questão de cortesia – de etiqueta – seguir a milenar tradição. Sempre se pede permissão para matar no território de outro coven.

Mas se eles recusassem, ele dificilmente desistiria.  Isso poderia tornar sua vida mais difícil, mas ele mataria qualquer pessoa que tentasse impedi-lo.

Kyle respira o ar romano, sentindo-se em casa.  Há muito tempo ele não visitava aquele lugar.  Ele tinha se envolvido demais em Nova Iorque, com a política da era moderna.  Isso é mais seu estilo; ele pode ver cavalos à distância e estradas de terra, e supõe que esteja em algum momento do século XVIII.  Perfeito. Roma é urbana, mas ainda inocente, ainda tem 200 anos de aprendizado pela frente.

Ao analisar seu estado, Kyle percebe ter sobrevivido relativamente bem à viagem no tempo. Em outras viagens, ele tinha chegado bem destruído, havia precisado de mais tempo para se recuperar. Mas não desta vez.  Agora ele se sente mais forte do que nunca, pronto para qualquer situação, como se suas asas pudessem brotar a qualquer momento; sentindo como se pudesse voar direto até o Partenon se assim desejasse, e colocar seu plano em ação imediatamente.

Mas ele não está exatamente preparado. Ele não viajava no tempo a muitos anos, e a sensação de estar de volta lhe agrada.  Ele pretende explorar um pouco, ver e recordar como tinha sido viver ali.

Kyle desce a colina com sua supervelocidade, e em poucos instantes, está fora do Fórum e no meio das movimentadas ruas de Roma.

Ele se surpreende que mesmo 200 anos antes, Roma já tem mais gente do que aparentemente pode comportar.

Kyle diminui o ritmo ao misturar-se à multidão, caminhando lado a lado.  É uma massa humana; a larga avenida, ainda feita de terra, está repleta de milhares de pessoas, apressando-se em todas as direções.  Há também cavalos de todos os tipos e tamanhos, assim como carrinhos puxados por cavalos, carroças e carruagens.  As ruas cheiram a esterco e suor humanos; Kyle começa a se recordar, da falta de água encanada e de banhos, o fedor dos tempos antigos, – isso o enoja.

Kyle é empurrado para os lados, à medida que o grupo se torna mais denso, pessoas de todas as raças e classes sociais indo e vindo em todas as direções.  Ele se encanta com as vitrines antigas, vendendo velhos chapéus italianos.  Ele fica maravilhado com os garotinhos vestidos com trapos que correm até ele, oferecendo pedaços de fruta para vender; algumas coisas nunca mudam.

Kyle vira em um pequeno beco decadente de que se recordava, na esperança de que ainda fosse o que costumava ser.  Ele fica feliz ao constatar que sim: diante dele, dezenas de prostitutas, encostadas contra os muros, chamam por ele enquanto ele caminha.

Kyle abre um largo sorriso.

Ao se aproximar de uma delas, – uma mulher grande e peituda, com cabelos vermelhos intensos e maquiagem demais – ela estende a mão e acaricia seu rosto.

“Oi garotão,” ela diz, “você quer se divertir? Quanto dinheiro você tem?”.

Kyle sorri, abraçando a mulher, e a acompanha até um beco lateral.

Ela o segue, satisfeita.

Logo que viram a rua, ela diz, “Você não respondeu minha pergunta. Quanto você-“.

É uma pergunta que ela nunca terá a chance de terminar.

Antes que ela complete a frase, Kyle perfura o pescoço dela com suas presas afiadas.

Ela tenta gritar, mas ele fecha a boca dela com sua mão livre, e a puxa para mais perto, sugando sem parar.  Ele sente o sangue humano correr por suas veias, e se sente excitado.  Ele estava sedento, desidratado. A viagem no tempo o havia deixado exausto, e é exatamente disso que ele precisava para restaurar seu ânimo.

Quando o corpo da mulher relaxa, ele continua bebendo, sugando mais do que possivelmente poderia precisar.  Finalmente, se sentindo completamente saciado, ele deixa seu corpo inerte cair até o chão.

Ao se virar para sair, um homem robusto, barbudo e sem um dente, se aproxima, retirando um punhal do cinto.

O homem olha a mulher morta e depois para Kyle, e faz uma careta.

“Ela era minha propriedade,” ele diz. “é melhor você ter dinheiro para pagar.”

Ele dá dois passos na direção de Kyle e o ataca com o punhal.

Kyle, com seu super-reflexo, dá um passo ao lado, agarra o braço do homem e o dobra para trás de uma única vez, partindo-o ao meio.  O homem grita, mas antes que possa terminar, Kyle retira o punhal de suas mãos e, com um gesto rápido, corta seu pescoço. Ele deixa o corpo do homem cair no chão.

Kyle olha para o punhal, pequeno com um cabo de marfim, e balança a cabeça, – não é tão ruim.  Ele enfia o punhal no cinto, limpando o sangue da boca.  Kyle respira profundamente e, finalmente satisfeito, sai do beco e caminha em direção à rua.

Ah, como ele tinha sentido falta de Roma.

CAPÍTULO TRÊS

Caitlin acompanha o padre pela igreja, enquanto ele termina de fechar a porta de frente e todas as outras entradas.  O sol já se pôs, e ele acende tochas pelo caminho, gradualmente iluminando as amplas salas.

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