E talvez esse fosse o ponto. Talvez essa seja a ligação com o motivo do assassino.
Sentido que poderia estar em alguma coisa, Mackenzie pegou as escadas de volta para a rua. Parecia estranho se deslocar nesse ritmo sem Ellington ao seu lado, mas pelo tempo que ela estava no carro e seguindo em frente, sua mente estava apenas no caso.
***
Pela segunda vez no dia, Mackenzie se viu entrando em uma casa lotada. Padre Costas morava em uma casa agradável, uma residência de tijolos de dois andares logo ao redor da região central. Ela foi recebida por uma mulher que se apresentou como uma paroquiana do Sagrado Coração. Ela levou Mackenzie em uma área de espera e pediu que ela aguardasse por um momento.
Em questão de segundos, uma mulher mais velha entrou na sala. Ela parecia exausta e profundamente triste quando se sentou em uma poltrona em frente ao assento que Mackenzie havia tomado no sofá ornado.
"Sinto muito em incomodá-la," disse Mackenzie. Eu não sabia que você tinha tanta companhia.
"Sim, eu também não fazia ideia," disse a mulher. "Mas o funeral é hoje a noite e há todas essas pessoas saindo da toca. Membros da família, conhecidos, queridos colegas da igreja." Então, ela sorriu sonolenta e acrescentou: "Sou Nance Allensworth, secretária da paróquia. Disseram-me que você é do FBI?"
"Sim, senhora. Com risco de perturbá-la um pouco mais, houve outro corpo descoberto essa manhã, tratado da mesma maneira que o Padre Costas. Esse era um reverendo em uma pequena igreja Presbiteriana perto de Georgetown."
Nancy Allensworth levou a mão a boca em um dramático gesto de oh, não. "Meu Deus," ela disse. Em seguido, entre lágrimas e dentes serrados, ela sibilou, "Que se tornou esse mundo miserável?"
Fazendo seu melhor para pressionar, Mackenzie continuou. "Obviamente, nós temos razão para acreditar que pode acontecer de novo se já aconteceu duas vezes. Então, tempo é fundamental. Eu estava esperando que você pudesse responder algumas perguntas para mim."
"Eu posso tentar", ela disse, mas estava claro que estava lutando para manter suas emoções sob controle.
"Porque a Sagrado Coração é uma igreja relativamente grande, eu estava cogitando se pudesse haver alguém dentro da congregação que pudesse ter abordado o Padre Costas com uma reclamação ou queixa."
"Não que eu saiba. Claro, tenha em mente que muitas pessoas vinham até ele em confiança para confessar os pecados ou se livrar de agitação espiritual em suas vidas."
"Há qualquer coisa no período dos últimos anos que você pode pensar que possa ter atingindo alguém da maneira errada? Alguma coisa que pudesse irritar alguém que talvez tenha olhado para o Padre Costas com reverência?"
Nancy olhou abaixo para suas mãos. Ela estava comprimindo-as nervosamente em seu colo, tentando fazê-las parar de tremer. "Eu suponho que haja, mas foi antes de eu começar a trabalhar aqui. Havia uma história de talvez dez anos atrás, uma reportagem de algum dos jornais locais. Um dos adolescentes que liderava um grupo de jovens alegou que o Padre Costas havia abusado sexualmente dele. Foi muito explícito. Não havia qualquer prova disso e, bem francamente, não há como o Padre Costas ter feito isso. Mas uma vez que uma notícia dessas estoura e diz respeito a alguém dentro da Igreja Católica, é tomada como verdade absoluta.”
"O que foi o resultado dessa história?"
"Pelo que me disseram, ele recebeu ameaças de morte. Comparecimento na igreja diminuiu cerca de quinze por cento. Ele começou a receber e-mails não solicitados, cheios de pornografia homossexual."
"Ele mantinha qualquer um daqueles mails?" perguntou Mackenzie.
"Por um tempo," disse Nancy. "Ele chamou a polícia a respeito disso, mas eles nunca foram capazes de fazer qualquer conexão. Depois que ficou claro que não havia nada que pudesse ser feito, ele os apagou. Eu nunca os vi pessoalmente."
"E o adolescente que fez as acusações? Se você pudesse nos dar o nome dele, nós poderíamos visitá-lo."
Nancy balançou a cabeça, lágrimas frescas derramando. "Ele cometeu suicídio mais tarde naquele ano. Havia uma nota próxima ao corpo na qual ele confessava ser gay. Foi ainda outro golpe contra o Padre Costas. Fez a história parecer bem mais plausível.”
Mackenzie assentiu, tentando pensar em qualquer outra avenida de acesso. Ela sabia, naturalmente, que tentar obter esse tipo de informação de uma viúva de luto seria difícil. E quando você adiciona uma provação passada com uma notícia que pode ou não ter tido qualquer fundo de verdade, a coisa toda se torna muito pior. Ela supôs que pudesse pressionar por mais informações sobre o jovem rapaz que entrou com a reclamação e eventualmente se matou. Mas ela também poderia achar essa informação por conta própria facialmente enquanto deixava essa pobre mulher ficar pronta para o funeral do Padre Costas.
"Bem, Sra. Allensworth, muito obrigada pelo seu tempo," disse Mackenzie, ficando de pé. "Meus sinceros pêsames por sua perda."
"Deus te abençoe, querida," disse Nancy. Ela também ficou de pé e guiou Mackenzie de volta pela casa, para a porta da frente.
Na porta, Mackenzie deu um cartão de visitas para Nancy com seu nome e número gravados. "Eu entendo que você está passando por muita coisa", disse Mackenzie. "Mas se alguma coisa vier a sua mente nos próximos dias, por favor, me ligue."
Nancy pegou o cartão sem uma palavra e o colocou no bolso. Então, ela se virou, claramente lutando contra um enxame de lágrimas maior e fechou a porta.
Mackenzie se dirigiu para o carro, tirando seu celular. Ela discou para o Agente Harrison, que respondeu em seguida.
"Tudo indo bem?" ele a perguntou.
"Ainda não sei," ela disse. "Você pode me fazer um favor e olhar a dez anos atrás para ver se você consegue achar sobre o Padre Costas ser acusado de abusar sexualmente de um homem líder de um grupo de jovens? Eu gostaria do máximo de detalhes que puder."
"Claro. Você acha que isso possa se por como uma pista?”
"Eu não sei," ela disse. "Mas eu acho que uma criança que alega ter sido sexualmente abusada por um padre que foi pregado nas portas da sua igreja certamente vale a pena investigar."
"Sim, bom ponto," disse Harrison.
Ela desligou, novamente assombrada pelas imagens do Assassino do Espantalho e do Nebraska. É óbvio, ela lidara com assassinos atacando em um contexto religioso antes. E uma coisa que ela sabia sobre eles era que poderiam ser imprevisíveis e muito motivados. Ela não ia correr qualquer risco e, como tal, não deixaria qualquer pedra sem revirar.
Ainda, enquanto ela voltava para o carro, percebeu que um garoto sexualmente abusado realmente parecia uma pista sólida. Fora isso, além dele, a única coisa a sua disposição era voltar para os escritórios do FBI e ver o que ela poderia escavar dos arquivos enquanto torcia para que a perícia fosse capaz de aparecer com algo.
E ela sabia que se ela ficasse a espera, esperando por uma novidade no caso, o assassino poderia muito bem estar lá fora planejado seu próximo lance.
CAPÍTULO CINCO
Eram 3:08 de acordo com o painel do carro quando o pastor saiu da igreja.
Ele observou o pastor distante pelo para brisas. Ele sabia que o homem era sagrado; sua reputação era excepcional e sua igreja havia sido abençoada. Ainda, era bastante desapontador. Algumas vezes ele pensava que homens sagrados deveriam ser colocados a parte do resto do mundo, mais fáceis de identificar. Talvez, como aquelas velhas pinturas religiosas nas quais Jesus tinha uma grande aureola dourada ao redor da cabeça.
Ele riu com esse pensamento enquanto assistia o pastor se encontrar com outro homem em frente a um carro ao lado da igreja. Esse outro homem e era algum tipo de assistente. Ele havia visto esse assistente antes, mas não estava preocupado com ele. Estava muito abaixo na cadeia alimentar dentro da igreja.
Não, ele estava mais interessado no pastor líder.
Ele fechou os olhos enquanto os dois homens conversavam. No silêncio do seu carro, ele rezou. Ele sabia que poderia orar em qualquer lugar e Deus o escutaria. Ele sabia há muito tempo que Deus não ligava para onde você estava quando você rezava para confessar seus pecados. Você não precisava estar em um edifício enorme e espalhafatosamente decorado. De fato, a Bíblia indicava que tais moradas elaboradas eram uma afronta para Deus.
Com sua oração terminada, ele pensou sobre este trecho da escritura. Ele a murmurou em voz alta, sua voz lenta e sombria.
“E, quando orardes, não sejais como os hipócritas. Pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens."
Ele olhou de volta para o pastor, no momento se afastando do outro homem até outro carro.
"Hipócrita," ele disse. Sua voz era uma mistura de veneno e tristeza.
Ele também sabia que a Bíblia alertava sobre uma praga de falsos profetas no fim dos tempos. Esse era, afinal, o porquê de ele ter se atribuído a missão atual. Os falsos profetas, os homens que falavam sobre glorificar Deus enquanto observavam os pratos de dízimo enquanto eram repassados─os mesmos que pregavam sobre santificação e pureza enquanto observavam jovens garotos com olhos de luxúria─eram os piores deles. Eles eram piores de traficantes e assassinos. Eram piores que estupradores e os desviados mais deploráveis das ruas.
Todos o sabiam. Mas ninguém fazia qualquer coisa a respeito.
Até agora. Até que ele ouviu Deus falar com ele, dizendo-o para consertar isso.
Era seu trabalho se deixar o mundo livre desses falsos profetas. Era trabalho sanguinolento, mas era o trabalho de Deus. E isso era tudo o que ele precisava saber.
Ele olhou de volta para o pastor entrando no carro e saindo da igreja.
Depois de um momento, ele também arrancou para a rua. Não seguiu o pastor de perto, mas o acompanhou a uma distância segura.
Quando ele chegou a um semáforo, ele quase podia ouvir o som musical do seu porta malas enquanto vários dos seus pregos industriais tilintavam na caixa deles.
CAPÍTULO SEIS
Ele caminhou em direção da igreja, a lua de sangue lançando uma sombra do seu corpo na calçada que parecia como um inseto esticado─um louva-deus ou uma centopeia talvez. Havia um sino tocando, um grande sino sobre a catedral, convocando todos para vir adorar e cantar e louvar.
Mas Mackenzie não conseguiu entrar na igreja. Há uma multidão de pessoas no alpendre frontal, congregando ao redor da porta da frente. Ela vê Ellington ali, assim como McGrath, Harrison, suas distantes mãe e irmã, até mesmo seu velho parceiro, Bryers e alguns dos homens com os quais ela trabalhou enquanto ainda era uma detetive no Nebraska.
"O que todos estão fazendo?" ela pergunta.
Ellington se vira para ela. Seus olhos fechados. Vestido em um bom terno, marcado por uma gravata vermelho sangue. Ele sorri para ela, seus olhos ainda fechados, e levanta uma mão aos lábios. Ao lado dele, a mãe dela aponta para as portas da frente da igreja.
Seu pai está ali, Pendurado, crucificado. Ele usa uma coroa de espinho e uma ferida em sua lateral extravasa alguma coisa parecida com óleo de motor. Ele está olhando diretamente para ela, seus olhos arregalados e maníacos. Ele está louco. Ela pode ver nos olhos dele e no esboço de um sorriso malicioso.
"Vem salvar-te?" ele a pergunta.
"Não," ele diz.
"Bem, certamente você não veio me salvar. Tarde demais para isso. Agora se curve. Adore. Encontre tua paz em mim."
E como se alguém a quebrasse pelo meio por dentro, Mackenzie se ajoelha. Ajoelha-se com força, ralando seus joelhos no concreto. Todos ao seu redor, a congregação começa a cantar em línguas. Ela abre a boca e palavras amorfas saem, juntando-se à música. Olha de volta para seu pai e há um halo de fogo circulando sua cabeça. Agora ele está morto, seus olhos brancos e sem expressão, sua boca escoando uma poça de sangue.
Há a harmonia do sino, repetindo-se de novo e de novo.
Tocando…
Tocando. Alguma coisa tocando.
Seu telefone. Com um solavanco, Mackenzie despertou. Ela mal registrou o relógio em seu criado mudo, que marcava 2:10 da manhã. Ela atendeu o telefone, tentando sacodir os vestígios do pesadelo de sua cabeça.
"White falando," ela disse.
"Bom dia," veio a voz de Harrison. Ela estava secretamente bem desapontada. Estava esperando ouvir notícias de Ellington. Ele fora enviado por McGrath em alguma tarefa, os detalhes da qual eram no máximo um esboço. Ele prometera ligar em algum momento, mas até agora ela não ouviu qualquer coisa dele.
Harrison, ela pensou grogue. Que diabos ele quer?
"É muito cedo para isso, Harrison," ela disse.
"Eu sei," disse Harrison. "Desculpe-me, mas estou ligando pelo McGrath. Houve outro assassinato."
***
Através de uma série de mensagens, Mackenzie reuniu tudo o que ela precisava saber. Um casal rebelde havia encostado nas sombras do estacionamento de uma igreja bem conhecida para fazer sexo. Logo quando as coisas haviam começado a esquentar, a garota viu alguma coisa estranha na porta. Assustou-a o suficiente para colocar um fim nas atividades noturnas planejadas. Claramente irritado, o homem que tivera seu exibicionismo furtado seguiu até a porta da frente e encontrou um corpo nu pregado nas portas.
A igreja em questão era um relativamente popular: Igreja Comunitária Palavra Viva, uma das maiores na cidade. Muitas vezes saia nas notícias, já que os presidentes frequentemente participavam dos cultos de lá. Mackenzie nunca estivera (ela não havia colocado o pé na igreja desde um fim de semana cheio de culpa na faculdade), mas o tamanho e escopo do lugar afundaram-se por completo enquanto ela virava o carro no estacionamento.
Ela era uma das primeiras na cena. A equipe do CSI estava ali, se aproximando da entrada principal da igreja. Um único agente estava saindo de um carro, aparentemente esteve esperando por ela. Ela não ficou nem um pouco surpresa em ver que era Yardley, a agente que havia entregado o primeiro caso com o Padre Costas.
Yardley encontrou com ela na calçada que levava até a entrada principal. Ela parecia cansada, mas animada de uma maneira que provavelmente apenas outros agentes poderiam ser capazes de identificar ou de se identificar.
“Agente White,” disse Yardley. "Obrigada por vir tão rápido."
"Claro. Foi você o primeiro na cena?"
"Fui. Eu fui enviada a cerca de quinze minutos. Harrison ligou e me enviou."
Mackenzie quase comentou sobre isso, mas fechou a boca. Estranho que eu não tenha sido chamada primeiro, ela pensou. Talvez McGrath esteja deixando-a cobrir onde Ellington estaria ajudando. Faz sentido, já que ela foi a primeira a lidar com a cena do Costas.
"Já viu o corpo?" perguntou Mackenzie enquanto elas se dirigiam para a porta da frente logo atrás da equipe do CSI.
"Sim. De poucos metros de distância. É idêntica às outras."
Em poucos passos, Mackenzie foi capaz de vez por si própria. Ela ficou um pouco para trás, deixando os caras da CSI e a perícia fazerem o trabalho deles. Sentindo que tinham dois agentes atrás deles esperando, as equipes trabalharam rapidamente, mas de forma eficiente, se certificando de deixar um espaço para os agentes tomarem as próprias observações.
Yardley estava certa. A cena era a mesma, até a marca alongada cruzando a fronte. A única diferença era que as roupas íntimas desse homem havia aparentemente escorregado─ou foram arrancadas pelos tornozelos de propósito.
Um dos cara da equipe do CSI olhou para elas. Ele parecia um pouco fora de si, talvez até um pouco triste.