“Ah, eu sei, eu sei. Mas confie em mim. Há uma razão para tudo isso. Apenas concentre-se no que está fazendo. Sua hora chegará, White.”
Em sua cabeça, ela ouviu a voz de Ellington novamente. O cara é muito inteligente na forma como utiliza novos agentes.
Se você diz, então tá, ela pensou.
"Nós vamos chegar lá embreve," disse McGrath. "Até lá, se cuide."
Como Hasbrook no dia anterior, McGrath parecia estar com uma enorme pressa para fugir do cubículo. Ela observou-o sair, perguntando que tipo de lição ou habilidades ela deveria ter. Odiava se sentir no direito de reclamar, mas nossa...
O que Ellington tinha dito sobre McGrath... Ela realmente deveria acreditar nisso? Pensando em Ellington, ela se perguntou se ele sabia o que estava acontecendo com ela. Ela então pensou em Harry e sentiu culpa por não ter ligado para ele ao longo dos últimos dias. Harry tinha ficado quieto porque sabia que ela odiava se sentir pressionada. Foi uma das razões que fez ela ter vontade de continuar a vê-lo. Nenhum homem tinha sido tão paciente com ela antes. Mesmo Zack tinha o seu limite, a única razão para ter durado tanto tempo era porque eles tinham se acomodado e não queriam se incomodar com a inconveniência de uma mudança.
Mackenzie concluiu a pilha final de papéis, assim que o meio-dia chegou. Antes de mergulhar na loucura em forma de anotações e formulários à sua espera, ela sentiu que deveria sair para almoçar e tomar uma xícara de café bem grande.
Ela saiu pelo corredor e seguiu para os elevadores. Quando o elevador chegou e as portas se abriram, ela se surpreendeu ao encontrar Bryers do outro lado. Ele pareceu surpreso ao vê-la, mas sorriu largamente.
"O que você está fazendo?" Ela perguntou.
"Eu vim vê-la. Pensei que você quisesse almoçar.”
"É para onde eu estava indo. Ótimo.”
Eles desceram de elevador juntos e pegaram uma mesa em uma pequena delicatessen a uma quadra da rua. Quando eles se sentaram com seus sanduíches, Bryers fez uma pergunta muito tendenciosa.
"Como vai?" Perguntou.
"É... Bem, indo. Presa atrás de uma mesa, presa em um cubículo, e lendo intermináveis pilhas de papel, não era exatamente o que eu tinha em mente.”
"Vindo de qualquer outro agente novo, pode parecer manha," disse Bryers. "Mas é isso, eu concordo. Você está sendo desperdiçada. É por isso que estou aqui: Eu vim para salvá-la.”
Ela olhou para ele, pensativa.
"Que tipo de resgate?"
"Outro caso," respondeu Bryers. "Quero dizer, agora, se você quiser ficar com sua carga de trabalho atual e continuar estudando sobre a fraude de imigração, eu entendo. Mas eu acho que eu tenho algo que está mais dentro dos seus interesses.”
"Ela sentiu seu coração começar a bater mais rápido.
"Você pode conseguir essa para mim?" Ela perguntou, desconfiada.
"Na verdade eu posso. Ao contrário da última vez, você tem total apoio de todos. Recebi um telefonema de McGrath há meia hora. Ele não é um grande fã da ideia de você pular diretamente para a ação, mas eu forcei a barra um pouco.”
"Sério?" Perguntou ela, sentindo-se aliviada e, como Bryers tinha indicado, apenas um pouco mimada.
"Eu posso mostrar o meu histórico de chamadas, se quiser. Ele ia chamá-la e dizer ele mesmo, mas eu pedi o favor de ser a pessoa que iria lhe dizer isso. Eu acho que ele sabia desde ontem que você acabaria sendo escolhida, mas nós queríamos ter certeza de que tínhamos um caso sólido.”
"E vocês?" Ela perguntou. Uma pequena bola de excitação começou a crescer na boca do seu estômago.
"Sim. Encontramos um corpo em um parque em Strasburg, Virginia. Assemelha-se muito a um corpo que encontramos em torno da mesma área, cerca de dois anos atrás.”
"Você acha que eles estão relacionados?”
Ele descartou a pergunta dela e mordeu o sanduíche.
"Eu vou te dizer sobre isso no caminho. Por enquanto, vamos apenas comer. Aprecie o silêncio enquanto é possível.”
Ela balançou a cabeça e mordiscou o sanduíche, embora de repente ela tivesse perdido a fome.
Ela sentiu emoção, mas também temor e tristeza. Alguém havia sido assassinado.
E dependia dela fazer as coisas darem certo.
CAPÍTULO QUATRO
Eles deixaram Quantico imediatamente após o almoço. Quando Bryers dirigia, ao sudoeste, Mackenzie sentiu como se estivesse sendo resgatada do tédio para ser levada ao perigo.
"Então, o que você pode me dizer sobre este caso?" Ela perguntou.
"Um corpo foi descoberto em Strasburg, Virginia. O corpo foi encontrado em um parque estadual, em uma condição que se assemelha a um corpo que foi descoberto muito perto da mesma área cerca de dois anos atrás.
"Você acha que eles estão relacionados?”
“Tem que estar, se você quer minha opinião. Mesmo local, mesmo estilo brutal de assassinato. Os arquivos estão em minha bolsa no banco de trás, se você quiser dar uma olhada.”
"Ela enfiou a mão no banco de trás e pegou o caso na bolsa que Bryers geralmente levava consigo quando havia alguma pesquisa envolvida. Ela deslizou uma única pasta, continuando a fazer perguntas.
"Quando o segundo corpo foi descoberto?" Perguntou ela.
"Domingo. Até agora, não tem nada para nos dar qualquer direção. Não é uma pista, como da última vez. Nós precisamos de você.
"Por que eu?" Ela perguntou, curiosa.
Ele olhou para trás, curioso também.
"Você é um agente agora—e boa pra caramba nisso," disse ele. "As pessoas já estão cochichando sobre você, as pessoas que não sabiam quem você era quando veio para Quantico. É atípico para um novo agente conseguir um caso como este, bem, você não é exatamente uma agente comum, é?
"Isso é uma coisa boa ou uma coisa ruim?" Perguntou Mackenzie.
"Isso depende de como você age, eu acho," disse ele.
Ela deixou as coisas como estavam,, voltando a sua atenção para a pasta. Bryers deu umas espiadas quando ela olhou o conteúdo, seja para avaliar sua reação ou para ver o que ela estava olhando naquele momento.Enquanto ela examinava as informações através da pasta, ele narrou o caso.
"Demorou apenas algumas horas para termos certeza de que o assassinato estava vinculado a outro corpo que foi descoberto a cerca de cinquenta e seis quilômetros de distância, há quase dois anos. As imagens que você vê na pasta são do corpo.”
"Dois anos atrás," disse Mackenzie, desconfiadamente. Na foto, ela viu um corpo que tinha sido mutilado. Era uma visão tão ruim que ela teve que desviar o olhar por um momento. "Como vocês tão facilmente relacionam os dois assassinatos com uma extensão tão grande de tempo entre eles?"
"Porque ambos os corpos foram encontrados no mesmo parque estadual e na mesma condição, assassinados com muita crueldade. E você sabe o que pensamos sobre as coincidências no FBI, certo?
"Que eles não existem?”
"Exatamente.”
"Strasburg," disse Mackenzie. "Eu não estou familiarizada com tudo isso. Cidade pequena, certo?
"É, quase de médio porte. População de cerca de seis mil habitantes. Uma dessas cidades do sul que ainda estão se agarrando com força na Guerra Civil.”
"E há um parque estadual lá?”
"Ah, sim," disse Bryers. "Isso foi novidade para mim, também. Bem grande. Parque Estadual Little Hill. Cerca de 112 quilômetros de terra, ao todo. Ele quase se aproxima de Kentucky. É popular para pescaria, camping e caminhadas. Um monte de floresta inexplorada. Esse tipo de parque estadual.”
"Como os corpos foram descobertos?" Perguntou Mackenzie.
"Um campista encontrou o mais recente na noite de sábado," disse Bryers. "O corpo descoberto há dois anos foi uma cena horrível. O corpo foi descoberto semanas depois do assassinato. Estava apodrecendo e alguns dos animais selvagens tinham arrancado alguns pedaços dele, como você vê nas fotos.”
"Qualquer indicação clara de como eles foram assassinados?”
"Nada que podemos identificar.” Os corpos foram muito mutilados. O primeiro, de dois anos atrás—tinha a cabeça toda cortada, todos os dez dedos foram cortados e nunca encontrados e a perna direita foi arrancada do joelho para baixo. O mais recente foi espalhado por todo o lugar. A perna esquerda foi descoberta a sessenta metros de distância do resto do corpo. A mão direita foi cortada e ainda não foi encontrada.”
"Mackenzie suspirou, oprimida por um momento pelo mal no mundo.
"Isso é brutal," ela disse suavemente.
Ele concordou.
"É."
"Você está certo," disse ela. "As semelhanças são muito estranhas para serem ignoradas."
Ele parou e soltou uma tosse forte, ele a tampou com a parte interior do seu cotovelo. Era uma tosse profunda, uma das longas e secas que muitas vezes vêm seguidas de um resfriado desagradável.
"Você está bem?" Perguntou ela.
"Sim eu estou bem. O outono está chegando. Minhas estúpidas alergias explodem todo ano neste período. Mas e você?Você está em bem? A graduação acabou, você é agora oficialmente uma agente, e o mundo é todo seu. Isso faz você ficar animada ou assustada?”
"Um pouco de ambos,” ela disse honestamente.
"Algum familiar virá vê-la no sábado?"
"Não," disse ela. E antes que ele tivesse tempo de fazer uma cara triste ou expressar seu pesar, ela acrescentou: "Mas tudo bem. Minha família nunca esteve próxima de mim.”
"Sei," disse ele. "A mesma coisa acontece comigo. Meus pais eram pessoas boas, mas eu me tornei um adolescente e comecei a agir como um adolescente e, depois disso, eles meio que me ignoraram. Eu não era Cristão o suficiente para eles. Eu gostava demais de garotas. Esse tipo de coisa.”
Mackenzie não disse nada porque ela estava um pouco em choque. Foi o máximo que ele tinha dito sobre si mesmo desde que ela o conheceu—e tudo veio em uma súbita, inesperada explosão de doze segundos.
Então, antes que ela estivesse ciente de que estava mesmo fazendo isso, ela falou novamente. E quando as palavras saíram de sua boca, ela quase se sentiu como se estivesse vomitando.
"Minha mãe fez isso comigo," disse ela. "Eu fiquei mais velha e ela viu que não tinha realmente controle sobre mim. E se ela não podia me controlar, então, ela não tinha interesse em mim. Mas quando ela perdeu o controle sobre mim, ela perdeu o controle sobre quase tudo, também."
"Ah, os pais são orgulhosos, não é?" Disse Bryers.
"À sua própria maneira."
"E o seu pai?" Perguntou Bryers.
A pergunta era como uma fincada no coração, mas ela novamente surpreendeu-se por responder. "Ele está morto," disse ela com um tom decidido em sua voz. Ainda assim, uma parte dela queria dizer a ele sobre a morte de seu pai e como ela havia descoberto o corpo.
Enquanto o tempo separados parecia ter melhorado a relação de trabalho entre eles, ela ainda não estava pronta para compartilhar essas feridas com Bryers. Ainda assim, apesar da sua resposta fria, Bryers parecia agora muito mais aberto, falador e disposto a criar vínculos. Ela se perguntou se era porque ele estava agora trabalhando com ela com a garantia e a bênção daqueles que o supervisionavam.
"Lamento ouvir isso," disse ele, passando por cima do assunto de uma forma que fez ela saber que ele sentiu a sua falta de vontade de falar sobre aquilo. "Meus pais... Eles não entendiam o porquê de eu ter escolhido este trabalho. Claro, eles eram cristãos muito severos. Quando eu lhes disse que não acreditava em Deus, aos dezessete anos, eles basicamente desistiram de mim. Desde então, eu vi os meus pais apenas no túmulo. Papai se manteve firme por cerca de seis anos após a minha mãe ter morrido. Papai e eu meio que fizemos as pazes de um jeito inseguro depois da morte da minha mãe. Estávamos bem novamente até ele morrer de câncer no pulmão, em 2013.”
"Pelo menos você tem uma chance de consertar as coisas," disse Mackenzie.
"Verdade," disse ele.
"Alguma vez você se casou? Teve filhos?”
"Eu fui casado por sete anos. Eu tenho duas filhas. Uma delas está na faculdade no Texas agora. A outra está em algum lugar na Califórnia. Ela parou de falar comigo há dez anos, logo depois que ela deixou a escola, ficou grávida e noiva de um cara de vinte e seis anos de idade.”
"Ela balançou a cabeça, achando a conversa muito desconcertante para continuar. Era estranho que ele estivesse se abrindo para ela de tal maneira, mas ela gostou. Algumas das coisas que ele tinha dito a ela fazia algum sentido, apesar de tudo. Bryers era um homem bastante solitário e isso se alinhava com o fato de ter tido uma relação tensa com os seus pais.
A informação sobre as duas filhas com quem ele raramente falava, no entanto, tinha sido uma grande revelação. Fez algum tipo de sentido a respeito do porquê de ele estar tão aberto com ela e porque ele parecia gostar de trabalhar com ela.
As duas horas seguintes foram preenchidas com pouca conversa, falou-se principalmente sobre o caso em questão e o período de Mackenzie na Academia. Foi bom ter alguém para conversar sobre essas coisas e isso fez com que se sentisse um pouco culpada por ter se fechado quando ele perguntou sobre o seu pai.
Passaram-se mais uma hora e quinze minutos antes de Mackenzie começar a ver sinais que anunciavam a saída para Strasburg. Mackenzie praticamente podia sentir o ar dentro do carro mudando, pois ambos mudaram de rumo, colocando questões pessoais e lado e se concentrando exclusivamente no trabalho em mãos.
Seis minutos depois, Bryers virou o sedan para a saída Strasburg. Quando eles entraram na cidade, Mackenzie sentiu-se tensa. Mas era um bom tipo de tensão, o mesmo tipo que ela sentiu quando entrou no estacionamento à noite antes da graduação com a arma de paintball em suas mãos.
Ela tinha chegado. Não apenas em Strasburg, mas em uma fase de sua vida que ela tinha sonhado desde que assumiu o seu primeiro trabalho humilhante de escritório em Nebraska, antes de ter uma oportunidade adequada.
Meu Deus, pensou. Foram apenas cinco anos e meio?
Sim. E agora que ela estava literalmente sendo conduzida para a realização de todos os seus sonhos, os cinco anos que separavam o trabalho de escritório do momento atual no banco de passageiros do carro de Bryers pareciam uma espécie de barricada que mantinha esses dois lados dela separados. E isso foi tão bom quanto Mackenzie esperava. Seu passado nunca tinha feito outra coisa além de prendê-la, e agora que ela finalmente parecia fugir dele, ela estava contente de deixá-lo para trás, o passado estava morto e apodrecendo.
Ela viu o sinal para Little Hill State Park, e quando ele diminuiu a velocidade do carro, seu coração acelerou. Ali estava ela. Seu primeiro caso, enquanto oficialmente no trabalho. Todos os olhos estariam sobre ela, ela sabia.
Havia chegado a hora.
CAPÍTULO CINCO
Quando Mackenzie saiu do carro no estacionamento para visitantes do Parque Estadual Little Hill, preparou-se, sentindo imediatamente a tensão do homicídio no ar. Ela não entendia como podia senti-lo, mas podia. Era uma espécie de sexto sentido que ela, às vezes, desejava não ter. Ninguém mais com quem ela já tinha trabalhado parecia sentir o mesmo.
De certa forma, ela percebeu, essas eram pessoas de sorte. Era uma bênção, mas também uma maldição.
Atravessaram o estacionamento e foram para o centro de visitantes. Embora o outono ainda não tivesse totalmente dominado a Virginia ainda, ele estava se fazendo presente mais cedo. As folhas ao redor deles estavam começando a mudar, criando uma série de vermelhos, amarelos e dourados. Havia uma cabana de segurança atrás do centro e uma mulher com cara de tédio acenou mostrando ter notado a presença dos dois.
O centro de visitantes era uma armadilha medíocre para turistas, na melhor das hipóteses. Algumas prateleiras de roupas exibiam camisetas e garrafas de água. Uma pequena prateleira no lado direito continha mapas da área e algumas publicações sobre dicas de pesca. No centro de tudo isso havia uma única mulher, com alguns anos além da aposentadoria, sorrindo para eles atrás de um balcão.