Razão para Correr - Блейк Пирс 3 стр.


Ela foi até a janela e olhou para a rua. Havia alguns poucos lugares onde alguém poderia esconder-se e observar o apartamento sem ser visto. Um local em particular chamou sua atenção: um beco estreito e escuro atrás de uma cerca. Você estava ali? Ela se perguntou. Olhando? Esperando o momento certo?

- Então? – O’Malley disse. – O que você acha?

- Temos um assassino em série em nossas mãos.

CAPÍTULO QUATRO

- O assassino é homem e é forte – Avery continuou. – Ele claramente destruiu a vítima e teve que carregá-la até a doca. Parece uma vingança pessoal.

- Como você sabe? – Holt perguntou.

- Por que se meter em tantos problemas com uma vítima qualquer? Nada parece ter sido roubado, então não foi um assalto. Ele foi preciso em tudo, menos no tapete. Se você gasta tanto tempo planejando um assassinato, tirando a roupa da vítima e colocando as roupas dela num cesto, por que levar qualquer item dela? Parece um gesto planejado. Ele queria algo. Talvez mostrar que ele era forte? Que ele poderia fazer isso? Não sei. E deixá-la num barco? Nua e à vista de todo o porto? Esse cara quer ser visto. Ele quer que todo mundo saiba que ele foi o assassino. Talvez nós temos outro assassino em série nas mãos. Qualquer que seja a decisão que você tome sobre quem vai cuidar desse caso - ela olhou para O’Malley, - você tem que decidir logo.

O’Malley virou-se para Holt.

- Will?

- Você sabe o que eu penso disso – Holt respondeu.

- Mas você vai fazer o chamado?

- Isso está errado.

- Mas?

- Como o prefeito quiser.

O’Malley virou-se para Avery.

- Você está pronta? – Ele perguntou. – Seja sincera comigo. Você acabou de sair de um caso de um assassino em série pesado. A imprensa te crucificou a cada passo. Os olhos vão estar em você de novo, mas dessa vez, o prefeito vai prestar uma atenção especial. Ele pediu especificamente por você.

O coração de Avery bateu mais rápido. Fazer a diferença como policial era o que ela realmente amava em seu trabalho, mas pegar assassinos em série e vingar mortes era o que ela ansiava.

- Nós temos vários casos em aberto - ela disse, - e um julgamento.

- Eu posso colocar Thompson e Jones nisso. Você pode supervisionar o trabalho deles. Se você pegar este caso, ele terá prioridade.

Avery virou-se para Ramirez.

- Você topa?

- Claro. – Ele assentiu.

- Estamos dentro - ela disse.

- Muito bem. – O’Malley suspirou. – Você está no caso. O Capitão Holt e seus homens vão cuidar do corpo e do apartamento. Você terá total acesso aos arquivos e total cooperação deles durante a investigação. Will, quem eles devem procurar se precisarem de informações?

- O Detetive Simms – ele respondeu.

- Simms é o detetive líder que você viu hoje de manhã, - O’Malley prosseguiu, - loiro, olhos escuros, durão. O barco e o apartamento serão cuidados pelo A7. Simms vai entrar em contato diretamente com você se encontrar qualquer pista. Talvez você deva falar com a família por agora. Veja o que você consegue descobrir. Se você estiver certa e isso for algo pessoal, eles podem estar envolvidos ou terem informações que podem ajudar.

- Estamos dentro – Avery disse.

*

Uma rápida ligação para o Detetive Simms e Avery soube que os pais da vítima moravam um pouco mais ao norte, fora de Boston, na cidade de Chelsea.

Dar essas informações às famílias era a segunda coisa que Avery mais odiava em seu trabalho. Ainda que ela soubesse lidar com as pessoas, havia um momento, logo depois de eles ficarem sabendo sobre a morte de alguém que amavam, em que emoções complexas se misturavam. Psiquiatras chamavam isso de “os cinco estágios do sofrimento”, mas Avery via aquilo como uma tortura lenta. Primeiro, havia a negação. Amigos e parentes queriam saber tudo sobre o corpo—informações que os fariam apenas sofrer mais, e não importava o quanto Avery dissesse, era sempre impossível para eles imaginar. Depois, vinha a raiva: da polícia, do mundo, de todos. A dúvida vinha em sequência: “você tem certeza que eles morreram? Talvez estejam vivos ainda”. Esses estágios poderiam acontecer todos juntos, ou poderia levar anos. Os dois últimos geralmente aconteciam quando Avery já estava longe: depressão e aceitação.

- Tenho que dizer - Ramirez devaneou, - eu não gosto de encontrar corpos mortos, mas isso nos dá liberdade para trabalhar nesse caso. Sem mais julgamentos e papeladas. Isso é bom, certo? Fazemos o que queremos e não temos que ficar atolados em fitas vermelhas.

Ele inclinou-se para beijar a bochecha dela.

Avery esquivou-se.

- Não agora – ela disse.

- Sem problemas - ele respondeu com as mãos para cima. – Só pensei, sabe... que nós fôssemos algo agora.

- Olhe - ela disse e teve que pensar muito nas próximas palavras, - eu gosto de você. Gosto mesmo. Mas isso tudo está indo rápido demais.

- Rápido demais? – Ele reclamou. – Nós nos beijamos uma vez em dois meses!

- Não é isso que eu quero dizer – ela disse. – Desculpe. O que eu quero dizer é que eu não sei se eu estou pronta para um relacionamento sério. Nós somos parceiros. Nos vemos toda semana. Eu adoro todo o flerte e ver você pela manhã. Só não sei se estou pronta para ir adiante.

- Uou! – Ele disse.

- Dan—

- Não, não. – Ele levantou uma mão. – Está tudo bem. Sério. Eu acho que já esperava isso.

- Não estou dizendo que quero que isso acabe – Avery o tranquilizou.

- O que é isso? – Ele perguntou. – Digo, eu nem sei! Quando estamos trabalhando, você só fala disso, e quando eu tento te ver depois do trabalho, é quase impossível. Você demonstrava mais sentimentos por mim no hospital do que na vida real.

- Não é verdade - ela disse, mas uma parte de si se deu conta de que ele estava certo.

- Eu gosto de você, Avery - ele disse. – Gosto muito. Se você precisa de tempo, tudo bem por mim. Eu só quero ter certeza que você de fato sente algo por mim. Porque se não, eu não quero perder meu tempo, nem o seu.

- Eu sinto - ela disse e olhou para ele rapidamente. – De verdade.

- Ok - ele disse. – Tudo bem.

Avery seguiu dirigindo, focando na estrada e na vizinhança, forçando a si mesma a voltar a pensar no trabalho.

Os pais de Henrietta Venemeer viviam em um complexo de apartamentos logo após o cemitério na Central Avenue. O Detetive Simms havia dito a Avery que os dois eram aposentados e estavam quase sempre em casa. Ela não havia ligado antes de ir até lá. Uma difícil lição que ela havia aprendido no passado era que uma ligação poderia alertar um possível assassino.

No prédio, Avery estacionou e os dois caminharam até a porta frontal.

Ramirez tocou a campainha.

Houve uma longa pausa até que uma mulher de idade atendeu.

- Quem é?

- Senhora Venemeer, aqui é o Detetive Ramirez da Divisão A1 da polícia. Estou aqui com minha parceira, Detetive Black. Podemos por favor entrar e falar com você?

- Quem?

Avery inclinou-se para frente.

- Polícia - ela disse. – Por favor abra a porta da frente.

A porta se abriu.

Avery sorriu para Ramirez.

- Assim é que se faz - ela disse.

- Você nunca para de me impressionar, Detetive Black.

O casal Venemeer morava no quinto andar. Assim que Avery e Ramirez saíram do elevador, eles puderam ver uma mulher de idade saindo de trás de uma porta fechada.

Avery tomou a frente.

- Olá, senhora Venemeer - ela disse em sua voz mais clara e suave. – Sou a Detetive Black e esse é meu parceiro, Detetive Ramirez. – Os dois mostraram seus distintivos. – Podemos entrar?

A senhora Venemeer tinha cabelos longos emaranhados assim como sua filha, com a diferença de que os seus eram grisalhos. Ela usava óculos grossos pretos e uma camisola branca.

- O que é isso? – Ela preocupou-se.

- Acho que será mais fácil se pudermos entrar - Avery disse.

- Tudo bem - ela resmungou e os deixou entrar.

O apartamento inteiro cheirava a naftalina. Ramirez fez uma cara feia e mexeu o nariz quando eles entraram. Avery bateu no braço dele.

O som de uma televisão podia ser escutado na sala. No sofá, havia um homem grande que Avery imaginou ser o senhor Venemeer. Ele vestia apenas cuecas vermelhas e uma camiseta que provavelmente usava para dormir, e parecia não ter ideia do que estava acontecendo.

Estranhamente, a senhora Venemeer sentou no sofá ao lado de seu marido, sem nenhuma indicação de onde Avery e Ramirez poderiam sentar.

- O que posso fazer por você? – Ela perguntou.

Um programa de jogos estava passando na TV. O som estava alto. De vez em quando, o marido torcia de seu lugar, relaxado e resmungando a si mesmo.

- Você pode desligar a TV? – Ramirez pediu.

- Não mesmo - ela disse. – John tem que assistir Roda da Fortuna.

- Estamos aqui para falar de sua filha - Avery acrescentou. – Nós precisamos mesmo falar com vocês, e gostaríamos de sua total atenção.

- Amor - ela disse e tocou o braço de seu marido. – Esses dois agentes querem falar sobre Henrietta.

Ele deu de ombros e resmungou.

Ramirez desligou a TV.

- Ei! – John gritou. – O que você fez? Ligue de volta!

Ele parecia bêbado.

Uma garrafa de Bourbon pela metade estava a seu lado.

Avery ficou ao lado de Ramirez e apresentou-se novamente.

- Olá,- ela disse, - meu nome é Detetive Black e esse é meu parceiro, Detetive Ramirez. Nós temos notícias difíceis para dar a vocês.

- Vou te dizer o que é difícil! – John gritou. – Difícil é lidar com um monte de tiras bem no meio do meu programa de TV. Ligue essa porra de televisão! – Ele tentou levantar-se, mas não parecia estar em condições.

- Sua filha morreu – Ramirez disse, agachando-se para olha-lo nos olhos. – Você me entendeu? Sua filha está morta!

- Que? – A senhora Venemeer não acreditou.

- Henrietta? – John murmurou e encostou-se.

- Eu sinto muito por isso – disse Avery.

- Como? – Murmurou a senhora. – Eu não... Não, não Henrietta.

- Diga do que você está falando! – Disse John. – Você não pode entrar aqui e dizer que nossa filha está morta. Que porra é essa?

Ramirez sentou-se.

Negação, pensou Avery. E raiva.

- Ela foi encontrada morta nessa manhã – disse Ramirez, - e identificada por sua posição na comunidade. Não temos certeza do motivo. Agora, o que temos são muitas perguntas. Se vocês puderem, por favor sejam firmes nesse momento e nos ajudem a responder algumas delas.

- Como? – A mãe chorava. – Como isso aconteceu?

Avery sentou-se ao lado de Ramirez.

- Infelizmente essa é uma investigação em andamento. Não podemos dar detalhes ainda. Agora, só precisamos saber qualquer coisa que vocês possam saber para nos ajudar a identificar o assassino. Henrietta tinha namorado? Amigos próximos que vocês conheciam? Alguém que poderia sentir algum rancor dela?

- Você tem certeza que era Henrietta? – A mãe perguntou.

- Henrietta não tem inimigos! – John disse. – Todos a amam. É uma santa! Vinha toda semana trazer algo. Ajudava pessoas sem teto. Não pode ser. Tem que haver algum engano.

Dúvida, pensou Avery.

- Eu te garanto - ela disse, - vocês dois serão chamados essa semana para identificar o corpo. Eu sei que é difícil de aceitar. Vocês acabaram de receber notícias terríveis, mas por favor, vamos ficar focados para tentar encontrar quem fez isso.

- Ninguém! – John disse em voz alta. – Isso é claramente um erro. Vocês estão enganados. Henrietta não tinha inimigos - ele declarou. – Ela foi atropelada por um ônibus? Caiu de uma ponte? Pelo menos nos dê uma ideia do que está acontecendo aqui.

- Ela foi assassinada - Avery respondeu. – É tudo o que eu posso dizer.

- Assassinada – a mãe suspirou.

- Por favor - disse Ramirez. – Vocês conseguem pensar em algo? Qualquer coisa. Mesmo se parecer insignificante para vocês, pode ser de grande ajuda para nós.

- Não - a mãe respondeu. – Ela não tinha namorado. Tinha algumas amigas. Saíram ano passado no Dia de Ação de Graças. Nenhuma delas pode ter feito algo assim. Vocês têm que estar errados.

Ela olhou para cima com olhos de misericórdia.

- Vocês têm!

CAPÍTULO CINCO

Avery estacionou em uma vaga na rua entre carros de polícia e preparou-se para entrar no departamento de polícia A7 na Paris Street no leste de Boston. Fora da estação havia um circo formado pela mídia. Uma coletiva havia sido marcada para discutir o caso e o amontoado de carros de televisão, câmeras e repórteres trancavam o caminho, além de muitos agentes que tentavam afastar a imprensa do local.

- Seu público está esperando – Ramirez disse.

Ele parecia querer ser entrevistado. Andava com a cabeça levantada e sorria para cada repórter que o olhava. Para sua tristeza, nenhum deles aproximou-se. Avery baixou sua cabeça e caminhou o mais rápido possível para dentro do departamento. Ela odiava multidões. Em um momento de sua vida, quando era advogada, ela amava quando as pessoas sabiam seu nome e lotavam seus julgamentos, mas desde que ela própria fora julgada pela imprensa, aprendeu a desprezar a atenção deles.

Os repórteres viraram-se instantaneamente.

- Avery Black - um deles disse com o microfone no rosto dela. – Você pode por favor nos dizer algo sobre a mulher assassinada na marina hoje?

- Por que você está no caso, Detetive Black? – Gritou outro. – Aqui é o A7. Você foi transferida para esse departamento?

- O que você acha sobre a nova campanha do prefeito, ‘Parem com os Crimes’?

- Você ainda tem algo com Howard Randall?

Howard Randall, ela pensou. Apesar do forte desejo de cortar todos os laços com Randall, Avery não conseguia tirá-lo de sua cabeça. Todos os dias desde seu último encontro com Randall, ele encontrara alguma maneira de seguir em seus pensamentos. Às vezes, um simples cheiro ou uma imagem era tudo o que ela precisava para ouvir as palavras dele: “Isso te lembra algo de sua infância, Avery? O que? Me conte...” Outras vezes, trabalhando em outros casos, ela tentara pensar como Randall pensaria para solucionar o problema.

- Saiam da frente! – Ramirez gritou. – Vamos, saiam, logo!

Ele colocou uma mão nas costas de Avery e a levou para dentro da estação.

A sede do A7, um grande prédio de pedra e tijolos, havia recém recebido uma reforma interna. As mesas de metal que tipicamente davam a sensação de uma organização operada pelo estado foram retiradas. No lugar, foram colocadas lustrosas mesas pratas, cadeiras coloridas e uma área aberta que mais parecia a entrada de um parque de diversões.

Assim como o A1—porém mais moderna—a sala de conferências era envolta em vidro para que as pessoas pudessem ver a parte externa. Uma grande mesa oval de mogno tinha microfones em cada assento e uma enorme TV de tela plana para conferências.

O’Malley já estava sentado na mesa, ao lado de Holt. Ao lado deles estavam o Detetive Simms e seu parceiro, além de outras duas pessoas que Avery imaginou serem o perito e o coronel. Dois lugares seguiam vazios na ponta da mesa, perto da entrada.

- Sentem-se - O’Malley acenou. – Obrigado por vir. Não se preocupem. Eu não estarei atrás de vocês o tempo todo – ele disse a todos, especialmente para Avery e Ramirez. – Só quero ter certeza que estamos todos no mesmo caminho.

- Você é sempre bem-vindo aqui - disse Holt com sinceridade para O’Malley.

- Obrigado, Will. Podemos começar.

Holt virou-se para seu agente.

- Simms? – Ele disse.

- Vamos lá - disse Simms, - acho que é minha vez. Por que não começamos com a perícia, depois passamos para o relatório do coronel, depois eu falo sobre o resto do nosso dia - continuou com ênfase para o Capitão Holt, antes de virar-se para o perito. – Pode ser, Sammy?

Um homem indiano magro era o líder da equipe forense. Ele vestia terno e gravata e levantou o dedo em sinal de positivo quando seu nome foi mencionado.

- Claro, senhor Mark - disse, quase babando. – Como discutimos, temos pouco a fazer. O apartamento estava limpo. Sem sangue, sem sinal de briga. As câmeras já estavam desabilitadas com uma resina que você pode comprar em uma loja de ferramentas. Encontramos restos de fibras pretas de luva, mas novamente, não foi possível tirar pistas sólidas disso.

O Detetive Simms seguia movendo o queixo na direção de Avery. Sammy não conseguia entender quem estava no comando. Ele seguia olhando para Simms, Holt e todos os outros. Eventualmente, começou a dirigir-se a Avery e Ramirez.

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