Rastro de um Assassino - Блейк Пирс 6 стр.


"Ali está o cara que você procura", Covey disse, apontando com a cabeça na direção do único homem caminhando sozinho. Coy Brenner guardava apenas uma vaga semelhança com o homem na foto de sua ficha policial quando foi preso no Arizona, há quatro anos. Aquele homem tinha um aspecto magro e faminto, com longos cabelos castanhos despenteados, e uma barba rala.

Já o cara que caminhava pesadamente pelo estacionamento agora tinha engordado uns dez quilos de lá para cá. Seu cabelo era curto e a barba era cheia. Ele usava jeans azul e uma camiseta xadez no estilo lenhador, e caminhava com uma expressão fechada. Coy Brenner não dava a impressão de ser um homem feliz com sua sorte na vida.

"Poderia ficar um pouco a distância, sargento Covey? Quero ver como ele reage quando confrontado por uma mulher policial sozinha".

"Claro. Vou até o armazém. Direi aos garotos para ficarem um pouco afastados também. Acene quando quiser que nos juntemos a você".

"Farei isso".

Keri saiu do carro, vestiu um blazer para esconder sua arma, e seguiu Brenner a distância, sem querer se fazer notar no momento. Ele parecia alheio a ela, perdido em seus próprios pensamentos. No momento em que chegou na sua velha caminhonete, ela estava bem perto dele. Ela sentiu seu celular vibrar ao receber uma mensagem de texto e ficou tensa. Mas ele obviamente não ouviu.

"Como vai, Coy?" ela perguntou, coquete.

Ele se virou, claramente pego de surpresa. Keri tirou os óculos escuros, abriu uma largo sorriso e colocou uma mão sobre o quadril, brincalhona.

"Oi?" Ele falou, mais como uma pergunta do que como uma exclamação.

"Não me diga que não se lembra de mim? Faz apenas uns 15 anos. Você é Coy Brenner, de Phoenix, não é?"

"Sim. Frequentamos o mesmo colégio, ou coisa assim?"

"Não. Nosso tempo juntos foi educativo, mas não de uma maneira escolar, se é que você me entende. Estou começando a ficar um pouco ofendida".

Acho que passei do ponto. Talvez eu tenha perdido o jeito.

Mas o rosto de Coy suavizou-se e Keri notou que tinha conseguido o que queria.

"Desculpe... foi um dia longo e já se passaram muitos anos", ele falou. "Ficaria feliz em sermos reapresentados. Qual o seu nome mesmo?" Ele parecia genuinamente perplexo.

"Keri. Keri Locke".

"Estou surpreso por não me lembrar de você, Keri. Você parece o tipo de garota de quem eu me lembraria. O que lhe fez vir de tão longe até aqui?"

"Não aguento o calor lá do Arizona. Eu trabalho para a prefeitura agora. Trabalho social... meio chato. E você?"

"Você está vendo o que eu faço".

"Um filho do deserto que terminou trabalhando perto do mar. O que levou isso a acontecer? Sonha em ser uma estrela do cinema? Queria aprender a surfar? Está atrás de uma garota?"

Ela manteve o tom leve, mas observou de perto a reação dele ao fazer a última pergunta. Sua expressão surpresa, mas intrigada, imediatamente desapareceu, substituída pela cautela.

"Estou realmente com dificuldade de me lembrar de onde a conheço, Keri. Poderia me dizer novamente quando saímos juntos?" Havia uma rispidez no tom dele que não estava lá um momento atrás.

Keri podia sentir que seu disfarce estava ruindo e decidiu cutucá-lo de maneira um pouco mais agressiva.

"Talvez você não se lembre de mim porque não me pareço com Kendra. É isso, Coy? Você só tem olhos para ela?"

A expressão nesses olhos passou rapidamente de cautelosa para irritada e ele deu um passo à frente. Keri observou seus pulsos se fecharem de forma involuntária. Ela não recuou.

"Quem diabos é você?" ele perguntou. "O que é isso?"

"Estou apenas puxando conversa, Coy. Por que ficou tão grosseiro de repente?"

"Eu não conheço você", ele disse, agora, abertamente hostil. "Quem lhe enviou, o marido dela? Você é algum tipo de detetive particular?"

"E se fosse? Teria algo para investigar? Há alguma coisa que você queira confessar, Coy?"

Ele deu mais um passo na direção dela. Seus rostos estavam a menos meio metro de distância agora. Ao invés de se encolher, Keri endireitou os ombros e levantou seu queixo, desafiadora.

"Acho que você cometeu um erro terrível vindo até aqui, moça", Coy rosnou. Ele estava de costas para o carro de patrulha, que havia lentamente se aproximado e estava parado, uns seis metros atrás dele.

Do canto do olho, Keri pôde ver o sargento Covey saindo cautelosamente do armazém, parando também atrás de Coy. Ela sentiu um impulso súbito de acenar na direção deles, mas se conteve.

É agora ou nunca.

"O que você fez com Kendra, Coy?" ela perguntou, sem qualquer traço de brincadeira na voz. Ela o encarou, com a mão novamente sobre o punho de sua arma, pronta para tudo.

Ao ouvir a pergunta, seus olhos passaram de raivosos para surpresos e ela notou que ele não tinha a menor ideia do que ela estava falando. Brenner recuou um passo.

"O quê?"

Ela imediatamente sentiu que ele não era o culpado, mas continuou a pressionar, só para ter certeza.

"Kendra Burlingame está desaparecida e ouvi falar que você a persegue. Então, se fez algo a ela, agora é o momento de esclarecer as coisas. Se cooperar, posso ajudá-lo. Se não, as coisas podem ficar muito ruins para você."

Coy estava olhando para Keri, mas não parecia estar processando completamente o que ouviu. Ele não percebeu a aproximação do sargento Covey, que estava só alguns passos atrás. O oficial veterano descansava a mão na arma em seu quadril. Ele não parecia feliz com a possibilidade de atirar, apenas preparado.

"Kendra está desaparecida?" Coy perguntou, parecendo uma criança que acabou de saber que seu cão tinha sido sacrificado.

"Quando foi a última vez que a viu, Coy?"

"No encontro... eu disse a ela que a procuraria aqui em LA. Mas notei que ela não queria nada comigo. Parecia envergonhada por mim. Eu não queria ver aquele olhar no rosto dela novamente, então, deixei para lá".

"Você não quis punir a mulher que lhe fez sentir dessa forma?"

"Ela não me fez sentir daquela forma. Estou envergonhado de quem me tornei sem nenhuma ajuda dela. Simplesmente, ver o quanto eu havia caído na visão dela... realmente abriu meus olhos, sabe? Tenho mentido para mim mesmo sobre ser esse cara descolado, durão, por um longo tempo. Foi preciso reencontrar Kendra para perceber o fracassado que eu me tornei realmente".

Ele olhou desesperadamente para Keri, esperando fazer algum tipo de conexão. Mas ela não queria conhecer os demônios internos desse cara. Tinha vergonha de si mesma o bastante para não querer lidar com a de outra pessoa.

"Pode prestar contas sobre seu paradeiro ontem, Coy?" ela perguntou, mudando de assunto. Percebendo que não conseguiria nenhuma simpatia da parte dela, ele assentiu.

"Estava aqui o dia todo. Tenho certeza de que meu chefe pode confirmar".

"Podemos conferir isso", o sargento Covey disse. Coy teve um leve sobressalto ao ouvir a voz inesperada atrás dele. Ele se virou, surpreso ao ver Covey a alguns metros de distância e o carro da patrulha com Kuntsler e Rodriguez não muito longe.

"Então, suponho que você é uma policial?" Coy disse, parecendo subjugado.

"Eu sou... Desaparecidos da polícia de LA".

"Espero que a encontre. Kendra é uma ótima garota. O mundo é um lugar melhor por causa dela e merece ser feliz. Sempre torci por ela. Mas sabia que estava fora do meu alcance, então, nunca tive muita esperança. Se houver mais alguma coisa que eu possa fazer, é só dizer".

"Detetive Locke", o sargento Covey interveio, "a menos que você tenha mais perguntas, ficarei feliz em averiguar o álibi dele. Sei que tem outras rotas de investigação que quer explorar. Além disso, precisamos preencher a papelada para processar o Sr. Brenner por violar a condicional. Ele mentiu em sua candidatura ao emprego sobre a sua situação e isso é um motivo para demissão".

Keri viu a expressão de Brenner afundar ainda mais. Ele era realmente patético. E agora, estava desempregado, para completar. Ela tentou afastar o sentimento de que era parcialmente responsável por isso.

"Eu agradeceria, sargento. Preciso mesmo voltar e parece que isso não vai dar em nada. Obrigada pela sua ajuda".

Enquanto Covey e os policiais levavam Coy Brenner de volta ao armazém para ser interrogado, Keri entrou em seu carro e conferiu a mensagem que havia recebido mais cedo.

Era de Brody. Ele dizia:

JANTAR DE GALA AINDA DE PÉ. ÓTIMA CHANCE PARA INTERROGATÓRIOS. ENCONTRO VOCÊ LÁ. USE UMA ROUPA SEXY.

Brody continuava a surpreendê-la com sua falta de noção e profissionalismo. Além de ser um sexista inveterado, ele não parecia entender que um evento de arrecadação de fundos cuja anfitriã estava desaparecida não era o lugar ideal para fazer seus amigos e colegas desnudarem a própria alma.

Além disso, eu não tenho nada para vestir.

É claro que essa não era a única razão. Se fosse honesta consigo mesma, Keri tinha que admitir que parte de seu medo era porque esse era exatamente o tipo de evento que ela frequentava na época em que era uma professora universitária respeitada, a esposa de um agente de talentos bem-sucedido, e a mãe de uma garotinha adorável. Ir para esse evento seria um lembrete brilhante, luminoso, doloroso de sua vida antes de perder Evie.

Às vezes, ela odiava este trabalho.

CAPÍTULO OITO

Com o estômago revirando de ansiedade, Keri aguardava sentada na recepção do escritório de advocacia de Jackson Cave. Já fazia vinte minutos que ela estava esperando, tempo suficiente para refletir continuamente se havia tomado uma boa decisão.

Durante o caminho de volta de San Pedro, ela vinha calculando quanto iria levar para chegar à casa-barco, colocar um vestido de festa e então voltar a Beverly Hills, para o evento da All Smiles. Mas enquanto se dirigia para o norte, viu os arranha-céus do centro de Los Angeles a distância e um impulso poderoso tomou conta dela. Keri se viu dirigindo até o escritório de Cave, sem nenhum tipo de plano no qual se apoiar.

No caminho, havia ligado para Brody, para que pudessem repassar as informações que tinham até agora. Após tê-lo informado de que a pista de Coy Brenner não havia dado em nada, ele falou com ela sobre San Diego.

"O álibi de Jeremy Burlingame confere. Ele ficou em cirurgia o dia todo ontem. Aparentemente, estava supervisionando alguns médicos na cidade, ensinando-os um novo procedimento de reconstrução facial".

"Certo, ouça, o trânsito está horrível", Keri disse. Era parcialmente verdade, mas também uma desculpa para ela parar em Cave. "Então, se você chegar no jantar de gala antes de mim, por favor, só avalie o lugar. Não comece a interrogar as pessoas".

"Está me dizendo como fazer meu trabalho, Locke?"

"Não, Brody. Mas estou sugerindo que ir para um lugar assim como um touro numa loja de porcelanas pode ser contra-produtivo. Algumas dessas socialites provavelmente se abririam mais para outra mulher num vestido do que para um cara cujo relacionamento mais longo foi com seu carro".

"Vá se danar, Locke. Vou falar com quem eu quiser", Brody retrucou, indignado. Mas ela podia ouvir no tom hesitante dele que tinha lhe deixado em dúvida.

"Como quiser", Keri replicou. "Vejo-o lá".

Agora, trinta minutos depois, ela ainda não tinha conseguido encontrar-se com Cave. Eram quase 17h30. Decidiu tirar vantagem do intervalo para dar uma olhada no lugar. Ela caminhou até a recepção.

"Você sabe por mais quanto tempo o senhor Cave vai demorar?" ela perguntou à secretária, que meneou a cabeça, como quem pede desculpas. "Então, poderia me dizer onde fica o banheiro, por favor?"

"No final do corredor, à esquerda".

Keri se dirigiu até lá, seus olhos alertas para qualquer detalhe que pudesse lhe dar alguma vantagem. Bem em frente ao banheiro feminino, estava uma porta com uma placa de Saída. Ela a abriu e viu que ia dar no mesmo corredor que ela havia percorrido para chegar até a entrada principal da firma.

Olhando ao redor e não vendo ninguém no corredor, ela pegou um lenço da bolsa e o enfiou no orifício da trava da porta, de modo que não pudesse travar automaticamente. Em seguida, entrou no banheiro por pouco tempo, para checar sua aparência.

Quando voltou ao lobby, uma mulher bonita num terninho impecável estava esperando para levá-la ao escritório de Jackson Cave. Enquanto seguia a mulher, Keri tentou evitar que seu coração pulasse para fora do peito. Estava prestes a encontrar o homem que poderia ter a chave para obter informações cruciais sobre o paradeiro de Evie e ela não tinha nenhuma estratégia.

A única vez que viu Jackson Cave foi na delegacia de uma pequena cidade nas montanhas. Ele havia vindo tentar libertar seu cliente sob fiança, Payton Penn, o irmão do senador da Califórnia, Stafford Penn. No fim das contas, Keri descobriu que Penn havia contratado Alan Pachanga para raptar sua sobrinha, Ashley. As coisas aconteceram a favor de Keri lá naquela cidadezinha, mas agora ela estava em território inimigo e podia sentir isso.

Jackson Cave era conhecido na maior parte da cidade por sua reputação de representar grandes clientes corporativos. Mas, para a polícia, seu trabalho voluntário defendendo estupradores, pedófilos, e sequestradores de crianças era infame.

Keri suspeitou imediatamente de um homem como esse. Uma coisa era defender um suspeito de assassinato que podia ser condenado à morte, ou algum cara desesperado que roubou um banco para sustentar sua família. Mas representar exclusivamente e com entusiasmo os piores perpetradores de violência sexual que a cidade tinha a oferecer, de graça, parecia-lhe uma escolha estranha.

No entanto, Keri esperava tirar vantagem do trabalho dele. Ela sabia que Cave escondia o criptograma que podia revelar os dados no computador de Alan Pachanga. Se ela pudesse encontrá-la, isso poderia levá-la a informações de uma rede inteira de sequestradores de aluguel. Poderia até revelar algo sobre o homem que havia levado Evie, um homem que ela acreditava atender pelo nome de "Colecionador".

Tudo naquele lugar era feito para intimidar. A firma em si consumia o 70º andar inteiro do prédio do US Bank, de 73 andares. Havia janelas que iam do chão ao teto em toda parte, com vista para a vastidão de Los Angeles. Obras de arte caras cobriam as paredes. Todos os móveis eram de couro e mogno.

Elas finalmente chegaram a um escritório sem placa na porta, no final do corredor, e a mulher fez sinal para que Keri entrasse. Estava vazio. Keri foi direcionada até uma cadeira macia e cara na frente da mesa de Cave, que era imaculada.

Deixada sozinha, a policial olhou em volta, tentando captar algo sobre o homem a partir de seu ambiente. Não havia fotos pessoais sobre a mesa, nem credenciais. Na parede, algumas fotos de Cave com pessoas influentes, como o prefeito, vários conselheiros municipais e algumas celebridades. Os diplomas de sua Universidade (USC) e Faculdade de Direito (Harvard) também estavam exibidos. Mas nada revelava muito sobre o homem e suas paixões.

Antes que Keri pudesse avaliar a sala mais a fundo, Jackson Cave entrou. Ela se levantou rápido. Seu cabelo preto como carvão estava lambido para trás como Gordon Gekko, no filme Wall Street. Seus dentes reluzentes de tão brancos enchiam uma boca torcida num sorriso falso, de plástico. Sua pele bronzeada brilhava sob o terno Michael Kors azul-marinho. E seus olhos azuis penetrantes brilhavam com uma ferocidade que lembrava a de uma águia caçando sua presa.

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