Razão Para Matar - Блейк Пирс 3 стр.


- Há quanto tempo ela está aqui?

- Ciclistas a encontraram às seis. – Ramirez respondeu. – O parque é vigiado todas as noites por volta da meia-noite e três da manhã. Ninguém viu nada.

Avery não conseguiu parar de olhar os olhos da garota morta. Eles pareciam olhar para algo distante, mas ainda assim perto da costa, daquele lado do rio. Ela cuidadosamente foi até atrás do banco e tentou seguir a linha do olhar. Após o rio, havia muitos prédios de tijolo. Um deles era pequeno, com uma cúpula branca no topo.

- Que prédio é aquele? – Perguntou. – O grande com a cúpula?

Ramirez analisou.

- Talvez o Cinema Omni?

- Podemos descobrir o que está em cartaz?

- Por que?

- Não sei. Só um pressentimento.

Avery se levantou.

- Nós sabemos quem é ela?

- Sim – Ramirez respondeu e checou suas anotações. – Acreditamos que o nome dela é Cindy Jenkins. Veterana de Harvard. Da irmandade. Kappa Kappa Gamma. Desapareceu duas noites atrás. A guarda do campus e os policiais de Cambridge divulgaram a foto dela ontem à noite. O pessoal do Connelly analisou as fotos e descobriu. Ainda precisamos da confirmação. Vou ligar para a família.

- Como está a nossa busca por imagens?

- Jones e Thompson estão trabalhando nisso agora. Você os conhece, certo? Detetives excelentes. Eles estão conosco hoje. Depois disso, estamos por conta própria a não ser que provemos que precisamos de recursos extras. Não há câmeras na entrada do parque, mas há algumas na estrada e pela rua. Teremos algo hoje à tarde.

- Alguma testemunha?

- Até agora não. Os ciclistas são inocentes. Posso vasculhar.

Avery analisou a área isolada. A fita amarela cobria uma grande parte do parque. Nada extraordinário podia ser visto perto do rio, do caminho dos ciclistas ou da grama. Ela tentou criar uma imagem mental do que tinha acontecido. Ele devia ter dirigido pela estrada principal, estacionado perto da água para ter acesso fácil ao banco. Como ele colocou o corpo no banco sem nenhuma suspeita?

Pessoas poderiam ter visto. Ele tinha que estar preparado para aquilo. Talvez ele fez parecer como se ela estivesse viva? Avery olhou novamente para o corpo. Definitivamente essa era uma possibilidade. A garota era linda, mesmo morta. Obviamente ele havia passado muito tempo planejando para ter certeza de que ela parecesse perfeita. Não tinha sido uma gangue de assassinos, ela se deu conta. Nem um apaixonado desprezado. Era diferente. Avery tinha visto isso antes.

De repente, ela pensou que O’Malley poderia estar certo. Talvez ela não estivesse pronta.

- Posso pegar seu carro emprestado? – Ela pediu.

Ramirez levantou a sobrancelha.

- E a cena do crime?

- Você é um bom garoto. Descubra.

- Onde você vai?

- Harvard.

CAPÍTULO QUATRO

Ele estava sentado em um escritório em um cubículo. Superior, vitorioso, mais poderoso do que qualquer pessoa no planeta. A tela do computador estava aberta a sua frente. Com um suspiro profundo, fechou os olhos e relembrou.

Recordou do profundo porão de sua casa, que mais parecia um viveiro. Muitas variedades de flores alinhadas na sala principal: vermelhas, amarelas e brancas. Muitas outras plantas psicodélicas, cada uma conseguida através de incontáveis anos, estavam em grandes calhas. Algumas eram estranhas e intrigantes, outras tinham uma aparência mais comum, que teriam sido ignoradas em qualquer cenário selvagem, apesar de suas potentes habilidades. Um sistema de irrigação automático, um medidor de temperatura e luzes de LED mantinham as plantas crescendo.

Um grande corredor feito de vigas de madeira levava às outras salas. Nas paredes, fotos. A maioria de animais em vários estágios de morte, e depois “renascidos”, preenchidos e devidamente posicionados. Um gato malhado, apoiado nas patas traseiras, brincando com um novelo. Um cachorro com pintas, rolando e esperando por um carinho na barriga.

Depois lembrou das portas. Ele imaginou a porta da esquerda aberta. Lá, ele a viu novamente, seu corpo nu deitado na mesa prateada. Luzes fluorescentes fortes iluminavam o lugar. Em um case de vidro, várias jarras limpas com líquidos coloridos.

Ele sentiu a pele dela quando esfregou seus dedos por sua coxa. Mentalmente, reencenou cada um dos delicados procedimentos: a drenagem, preservação, limpeza e preenchimento do corpo. Durante o “renascimento”, tirou fotos que mais tarde estariam estampadas nas paredes guardadas para seus troféus humanos. Algumas das fotos já tinham sido colocadas.

Uma energia tremenda e surreal emergia de si.

Durante anos, ele havia evitado humanos. Eles são sinistros, mais violentos e incontroláveis do que animais. Ele amava animais. Humanos, por outro lado, ele havia descoberto serem sacrifícios mais potentes para o Espírito Maior. Após a morte da garota, tinha visto o céu aberto, e a imagem sombria do Grande Criador o havia olhado e dito: Mais.

Sua reverência foi interrompida por uma voz estridente.

- Você está sonhando acordado de novo?

Um outro funcionário estava em pé, atrás dele, resmungando com cara feia. Tinha cara e corpo de um ex-jogador de futebol. O terno azul não ajudava muito a diminuir sua ferocidade.

Devagar, ele abaixou sua cabeça. Seus ombros foram se curvando, e ele se transformou em um mero trabalhador, desprezível.

- Desculpe, Senhor Peet.

- Estou cansado das suas desculpas. Me dê aquelas figuras.

Por dentro, o assassino sorria como um gigante gargalhando. No trabalho, o jogo era quase tão animado quanto sua vida privada. Ninguém sabia quão especial ele era, quão dedicado e essencial para o delicado balanço do universo. Nenhum deles iria receber um lugar honorável no reino do Mundo Superior. O dia a dia deles, mundano, tarefas terrenas: vestir-se, ir a reuniões, mandar dinheiro de um lado a outro. Tudo sem sentido. Só fazia sentido para ele porque o conectava ao outro mundo e o permitia fazer o trabalho do Senhor.

O comandante resmungou e saiu.

Com os olhos ainda fechados, o assassino imaginou seu Senhor Supremo: a criatura sombria e tenebrosa que sussurrava em seus sonhos e diretamente em seus pensamentos.

Um som em reverência saiu de seus lábios, e ele cantou, sussurrando: “Oh senhor, oh senhor, nosso trabalho é puro. Peça-me e eu lhe darei mais.”

Mais.

CAPÍTULO CINCO

Avery já tinha um nome: Cindy Jenkins. Ela conhecia a irmandade: Kappa Kappa Gamma. E tinha total conhecimento sobre a Universidade de Harvard. A Liga das Heras havia a rejeitado como caloura, mas ainda assim ela tinha encontrado uma maneira de viver a vida de Harvard durante seu tempo na faculdade, namorando dois caras de lá.

Diferente de outras universidades, as irmandades e fraternidades de Harvard não eram oficialmente reconhecidas. Não existiam casas gregas dentro ou fora do campus. As festas, no entanto, aconteciam regularmente em casas ou apartamentos fora do campus, sob o nome de “organizações” ou “clubes” especiais. Avery tinha testemunhado in loco o paradoxo da vida universitária durante seu tempo na faculdade. Todos pretendiam estar somente focados nas notas até o anoitecer, quando se transformavam em animais selvagens, sedentos por festas.

Enquanto esperava em um semáforo, Avery fez uma busca rápida na internet e descobriu que a Kappa Kappa Gamma tinha duas áreas alugadas na mesma quadra de Cambridge: a Church Street. Um dos locais era para eventos, enquanto o outro para reuniões e encontros sociais.

Ela passou pela ponte Longfellow, antiga MIT, e pegou à direita na Massachusetts Avenue. Logo, ela viu Harvard à sua direita, com seus incríveis prédios de tijolos vermelhos entre árvores e ruas asfaltadas.

Havia uma vaga para estacionar na Church Street.

Avery estacionou, fechou a porta do carro, e olhou para o sol. Era um dia quente, com temperaturas acima dos 25 graus. Ela olhou as horas: dez e meia.

O prédio da Kappa era uma estrutura longa, de dois andares, com fachada de tijolos. No primeiro piso, havia algumas lojas de roupa. O segundo, Avery imaginou, estava reservado para escritórios e para os negócios da irmandade. O único símbolo no interfone para o segundo andar era a flor-de-lis azul, símbolo de Harvard. Ela pressionou o botão.

Uma voz feminina arranhada saiu do interfone.

- Olá?

- Polícia – respondeu. – Abra.

Um momento de silêncio.

- Sério – a voz respondeu. – Quem é?

- É a polícia. – Disse com a voz séria. – Está tudo bem. Ninguém está em apuros. Só preciso falar com alguém da Kappa Kappa Gamma.

A porta se abriu.

Ao fim dos degraus, Avery foi recebida por uma garota cansada, com cara de sono, em um suéter cinza e calça de moletom branca. Com cabelos negros, ela parecia ter vindo de uma festa. Os cabelos cobriam boa parte de seu rosto. Havia círculos pretos abaixo de seus olhos, e o corpo do qual ela normalmente se orgulharia em mostrar parecia fora de forma.

- O que você quer? – ela perguntou.

- Fique calma - respondeu Avery. – Isso não tem nada a ver com a irmandade. Só estou aqui para fazer algumas perguntas.

- Posso ver sua identificação?

Avery mostrou seu distintivo.

Ela analisou Avery, viu o distintivo, e recuou.

O espaço da Kappa Kappa Gamma era grande e iluminado. O teto era alto. Alguns confortáveis sofás marrons e pufes azuis preenchiam o lugar. As paredes eram azul-escuras. Havia um bar, um sistema de som e uma TV de tela plana enorme. As janelas chegavam quase ao teto. Na rua, Avery podia enxergar o topo de outro pequeno complexo de apartamentos, depois o céu. Algumas nuvens apareceram.

Ela imaginou que seu tempo na faculdade tinha sido muito diferente da maioria das garotas da Kappa Kappa Gamma. Para começar, ela tinha pago por seu próprio estudo. Todo dia depois das aulas ela ia até um escritório de advocacia e trabalhava muito, primeiro como secretária, até chegar a honorável posição de assistente jurídica. Ela raramente bebia. Seu pai tinha sido alcoólatra. Na maioria das festas da faculdade, ela era a motorista da rodada ou ficava no dormitório estudando.

Uma esperança repentina apareceu no rosto da garota.

- É sobre Cindy? – ela perguntou.

- Cindy era sua amiga?

- Sim, minha melhor amiga. – disse. – Por favor, me diga que está tudo bem com ela!

- Qual seu nome?

- Rachel Strauss.

- Foi você que ligou para a polícia?

- Sim. Cindy saiu da nossa festa muito bêbada sábado à noite. Ninguém viu ela desde então. Ela não é desse tipo. – Ela virou os olhos para cima e deu um pequeno sorriso, quando completou. – Geralmente ela era bem previsível. Ela era a Senhorita Perfeita, sabe? Sempre ia para a cama na mesma hora, mesma rotina, nunca mudava, já fazia uns cinco anos. Sábado ela estava louca. Bebendo. Dançando. Saiu de si por alguns momentos. Foi legal de ver.

Rachel olhou para o nada por um momento.

- Ela estava apenas feliz, sabe?

- Alguma razão especial? – Avery perguntou.

- Eu não sei. A melhor da turma, um emprego garantido para o outono.

- Que emprego?

- Devante? Eles são, tipo, o melhor escritório de Boston. Ela seria contadora júnior. Chato, eu sei, mas ela era uma gênia quando o assunto era números.

- Você pode me falar sobre sábado?

Os olhos de Rachel se encheram de lágrimas.

- Você está aqui por causa dela, né?

- Sim - disse Avery. – Podemos sentar?

Rachel sentou no sofá e começou a chorar.

Com dificuldades, tentou falar.

- Ela está bem? Onde ela está?

Essa era a parte do trabalho que Avery mais odiava. Falar com parentes e amigos. Havia pouca coisa que ela poderia dizer. Quanto mais as pessoas ficavam sabendo sobre um caso, mais elas falavam, e a conversa deveria ajudar a encontrar os criminosos. Mas ninguém entendia isso, ou se importava com isso naquele momento. Tudo o que essas pessoas queriam eram respostas.

Avery sentou-se ao dela.

- Nós agradecemos muito você ter ligado – disse. – Você fez a coisa certa. Mas infelizmente não posso falar sobre uma investigação em andamento. O que posso dizer é que eu estou fazendo tudo o que eu posso para descobrir o que aconteceu com Cindy naquela noite. Eu não posso fazer isso sozinha, eu preciso da sua ajuda.

Rachel assentiu e enxugou as lágrimas.

- Eu posso ajudar - ela disse. – Eu ajudo.

- Eu gostaria de saber tudo o que você lembra daquela noite e de Cindy. Com quem ela estava falando? Tem alguma coisa na sua mente? Comentários que ela fez? Pessoas interessadas nela? Algo sobre quando ela saiu da festa?

Rachel desmoronou completamente.

Momentos depois, ela levantou as mãos, assentiu e se recompôs.

- Sim - ela disse. – Com certeza.

- Onde está o resto das pessoas daqui? – Avery perguntou para distrair. – Achei que as casas da irmandade estariam cheias com garotas Kappa de ressaca.

- Elas estão em aula. – Rachel disse, enxugando os olhos novamente. – Algumas foram tomar café da manhã. A propósito - acrescentou – tecnicamente nós não somos uma irmandade. Esse é só um lugar que alugamos para ficar quando não queremos voltar para nossos dormitórios. Cindy nunca ficou aqui. Muita modernidade para ela. Ela era mais caseira.

- Onde ela morava?

- Em uma casa de estudantes perto daqui. – disse Rachel – Mas ela não estava indo para casa sábado à noite. Ela ia encontrar com o namorado.

Avery apurou os sentidos.

- Namorado?

Rachel assentiu.

- Winston Graves, veterano de longa data, remador, um imbecil. Ninguém nunca entendeu porque ela namorava ele. Bom, acho que eu sei na verdade. Ele é lindo e tem muito dinheiro. Cindy nunca teve dinheiro. Eu acho que quando você nunca teve dinheiro, isso é algo atraente.

Sim, Avery pensou, eu sei. Ela lembrou de como o dinheiro, o prestígio e o poder de seu antigo escritório de advocacia tinham feito com que ela acreditasse que era diferente da jovem assustada e determinada que havia saído de Ohio.

- Onde Winston mora? – Perguntou.

- Em Winthrop Square. É bem perto daqui. Mas Cindy não chegou até lá. Winston veio no domingo de manhã procurando por ela. Ele pensou que ela tinha apenas esquecido do que eles combinaram e tinha dormido. Então nós fomos até a casa dela juntos e ela também não estava lá. Foi quando eu liguei para a polícia.

- Ela pode ter ido para outro lugar?

- Nunca – disse Raquel. – Não é o tipo dela.

- Então quando ela saiu daqui você tinha certeza que ela estava indo para a casa do Winston.

- Com certeza.

- Alguma coisa pode ter mudado os planos dela? Algo que aconteceu naquela noite, mais cedo?

Rachel balançou a cabeça.

- Não. Bem… - ela lembrou – houve algo. Tenho certeza que não é nada de mais, mas havia um garoto que gostava da Cindy há anos. O nome dele é George Fine. Ele é lindo, solitário, mas um pouco estranho, se você me entende. Malha e corre muito pelo campus. Eu tive aulas com ele uma vez ano passado. Uma de nossas brincadeiras é que todo semestre ele estava em pelo menos uma aula com Cindy, desde o ano de calouro. Ela era obcecado por ela. Ele estava aqui sábado, e o mais louco é que Cindy dançou com ele, e eles até se beijaram. Totalmente estranho em se tratando de Cindy. Quero dizer, por ela estar namorando Winston. Não que eles tinham um namoro perfeito. Mas ela estava muito bêbada, e com raiva. Eles dançaram, se beijaram, e depois ela foi embora.

- George a seguiu?

- Eu não sei – ela disse. Sinceramente, eu não lembro de te visto ele seguindo Cindy, mas pode ser porque eu estava totalmente bêbada.

- Você lembra a que horas ela foi embora?

- Sim - ela disse – exatamente quinze para as três. Sábado era nossa festa anual de Primeiro de Abril, e nós iríamos fazer uma pegadinha, mas todo mundo estava se divertindo tanto que nós esquecemos disso até a hora que Cindy saiu.

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