Um Voto De Glória - Морган Райс 7 стр.


O que saiu de dentro da selva excedia até mesmo as piores expectativas de Thor. Parado ali, diante deles estava um enorme inseto, cinco vezes maior que Thor. Ele se assemelhava a um louva-deus, com as duas patas traseiras e suas duas patas dianteiras menores, as quais balançavam no ar e tinham longas pinças em suas extremidades. Seu corpo era de um verde fluorescente, estava coberto de escamas e possuía pequenas asas que zumbiam e vibravam. Ele tinha dois olhos no topo da cabeça e um terceiro olho na ponta do seu nariz. Ele se aproximou e revelou mais pinças escondidas debaixo de sua garganta, elas vibravam e estalavam.

O inseto ficou ali, elevando-se sobre eles, outra garra saiu de seu estômago, era como um longo braço magro e saliente. De repente, antes que qualquer um deles pudesse reagir, ele estendeu uma garra e pegou O’Connor, suas três garras se estenderam e se enroscaram em torno da cintura dele. A criatura levantou O’Connor no ar, como se ele fosse uma folha.

O’Connor balançou sua espada, mas estava longe de ser rápido o suficiente. A besta sacudiu-o várias vezes e de repente abriu a boca, revelando fileiras de dentes afiados, ela virou O’Connor para o lado e começou a baixá-lo em direção à boca.

O’Connor gritou ao pressagiar uma morte dolorosa e instantânea.

Thor reagiu. Sem pensar, ele colocou uma pedra em sua funda, mirou e atirou-a no terceiro olho do animal, bem na ponta do seu nariz.

Foi um golpe direto. A criatura deu um grito estridente, um barulho horrível, alto o suficiente para rachar uma árvore. Então ela soltou O’Connor, ele deu uma cambalhota no ar e caiu no chão macio da floresta, com um baque.

O animal, enfurecido, logo voltou sua atenção para Thor.

Thor sabia que seria inútil tomar uma posição e lutar contra aquela criatura. Pelo menos um de seus irmãos acabaria morto e provavelmente, Krohn, também. A criatura iria esgotar qualquer preciosa energia que eles tivessem. Thor chegou à conclusão de que talvez eles tivessem invadido o território dela e que se eles pudessem sair dali rápido o suficiente, ela poderia simplesmente deixá-los em paz.

“CORRAM!” Gritou Thor.

Eles se viraram e correram e a criatura começou a persegui-los.

Thor podia ouvir o som das garras do animal, logo atrás deles, cortando o ar e destroçando tudo através da folhagem densa; ele escapou de ter sua cabeça atingida por elas, por uns poucos metros. As folhas despedaçadas voavam pelo ar e caíam como a chuva em torno deles. Todos corriam em uníssono e Thor pensava que se eles pudessem ganhar distância suficiente, encontrariam uma maneira de se refugiar. Se não pudessem fazer isso, então eles teriam de tomar uma medida.

Mas de repente, Reece escorregou ao lado dele, tropeçou em um ramo e caiu de cara na folhagem, Thor sabia que ele não iria se levantar a tempo. Thor parou ao lado deles, puxou a espada e ficou entre Reece e o animal.

“CONTINUEM CORRENDO!” Thor gritou por cima do ombro para os outros, enquanto permanecia ali, pronto para defender Reece.

O animal se lançou para ele, gritando, ele baixou sua garra direto para o rosto de Thor. Thor se abaixou e girou a sua espada ao mesmo tempo, a criatura soltou um grito terrível quando Thor cortou uma de suas garras. Um líquido verde salpicou totalmente Thor, ele olhou para cima e viu com horror que a garra do animal voltou a crescer tão rapidamente como tinha sido perdida. Era como se Thor nunca a tivesse ferido.

Thor engoliu saliva. Aquela seria uma criatura impossível de matar. E agora ele a havia enfurecido.

O animal golpeou com mais um braço que saiu de algum outro lugar de seu corpo e bateu com força nas costelas de Thor, fazendo-o voar e aterrissar em um grupo de árvores. Então, a criatura baixou outra garra para Thor e ele sabia que dessa vez estava em apuros.

Elden, O’Connor e os gêmeos se aproximaram rapidamente e quando a criatura veio pronta para atacar Thor com a outra garra, O’Connor lançou uma flecha em sua boca; a flecha se alojou na parte de trás da garganta dela, fazendo-a gritar. Elden tomou seu machado de duas mãos e desceu-o sobre as costas do animal, enquanto Conven e Conval atiraram suas lanças em cada um dos lados da garganta dela. Reece ficou de pé novamente e enfiou a espada na barriga da criatura. Thor pulou e desferiu sua espada em um dos outros braços do animal, cortando-o. Krohn se juntou a eles, saltando no ar e afundando suas presas na garganta da criatura.

A criatura soltou um grito após outro, todos eles fizeram mais danos do que Thor pensou ser possível. Era incrível para Thor que ela ainda estivesse de pé, com as asas ainda vibrando. Aquele bicho simplesmente não morreria.

Todos eles assistiram com horror, quando a criatura se esticou e começou a tirar as armas que estavam alojadas em seu corpo, uma de cada vez: as lanças, espadas e o machado. Assim que ela terminou de fazer isso, seus ferimentos se curaram diante dos olhos de todos eles.

Aquele monstro era imbatível.

A criatura se inclinou para trás e berrou, todos os irmãos da Legião de Thor olharam para cima, espantados. Todos tinham atacado com tudo o que tinham e nem sequer haviam podido arranhá-la.

A criatura preparou-se para avançar sobre eles novamente, com suas mandíbulas cortantes e suas garras afiadas, Thor percebeu que não havia mais nada que pudessem fazer. Todos iriam morrer.

“FORA DO CAMINHO!” Ouviu-se um grito repentino.

A voz vinha de detrás de Thor e soava como a voz de alguém jovem. Thor se virou e viu um jovem de talvez onze anos, correr atrás deles, carregando o que parecia ser uma jarra com água. Thor se abaixou e o garoto jogou a água, espirrando-a por todo o rosto da criatura.

A criatura se inclinou para trás e gritou, o vapor saía da sua face, chegando até suas garras e dilacerando seu rosto, seus olhos, sua cabeça. Ela gritava uma e outra vez, o barulho era tão alto que Thor teve de tapar os ouvidos.

Por fim, o animal virou-se e saiu correndo de volta para a selva, perdendo-se na vegetação.

Todos eles se viraram e olharam para o garoto com um novo senso de admiração e apreço. Sua roupa estava em farrapos, ele tinha cabelos castanhos e compridos e seus olhos inteligentes eram de um verde brilhante. O garoto estava coberto de sujeira e parecia, a julgar pelos seus pés descalços e suas mãos sujas, que ele vivia por ali.

Thor nunca havia estado tão agradecido a alguém.

“As armas não causam nenhum dano ao Gathorbeast.” O garoto disse com um olhar de descaso. “Vocês tiveram a sorte de que eu estava por perto e ouvi os gritos. Do contrário, todos vocês estariam mortos agora. Vocês não sabem que jamais devem enfrentar um Gathorbeast?”

Thor olhou para seus amigos, todos sem palavras.

“Nós não o confrontamos.” Disse Elden. “Ele nos confrontou.”

“Eles não confrontam você…” Disse o garoto. “… A menos que você invada o território dele.”

“E o que esperava que nós fizéssemos?” Perguntou Reece.

“Bem, nunca olhe nos olhos de nenhum deles. Disse o garoto. “E se ele atacar, deite-se de bruços até que ele o deixe em paz. “E acima de tudo, nunca tente fugir.”

Thor se aproximou e pôs a mão no ombro do garoto.

“Você salvou nossas vidas.” Disse ele. “Nós temos uma dívida muito grande para com você.”

O garoto deu de ombros.

“Vocês não parecem membros das tropas do Império.” Disse ele. “Parece que vocês vieram de algum outro lugar do mundo. Então, por que eu não haveria de ajudá-los? Vocês parecem ter as características desse grupo que veio no navio alguns dias atrás.”

Thor e os outros trocaram um olhar de entendimento e se viraram para o garoto.

“Você sabe para onde esse grupo se dirigiu?” Thor perguntou.

O rapaz deu de ombros.

“Era um grupo grande e eles estavam carregando uma arma. Ela parecia ser bem pesada; era preciso que todos eles a carregassem. Eu os segui por vários dias. Eles eram fáceis de rastrear. Eles eram lentos; também eram desleixados e descuidados. Eu sei para onde eles foram, apesar de que eu não os segui muito além da aldeia. Eu posso levá-los até lá e apontar-lhes na direção certa, se você quiserem. Mas não vai ser hoje.”

Os outros trocaram um olhar perplexo.

“Por que não?” Thor perguntou.

“A noite cai em poucas horas. Vocês não podem ficar aqui fora depois do anoitecer.”

“Mas por quê?” Perguntou Reece.

O garoto olhou para ele como se ele fosse louco.

“Os Ethabugs.” Disse ele.

Thor adiantou-se e olhou para o garoto. Ele gostou daquele garoto imediatamente. Ele era inteligente, sério, sem medo e tinha um coração valente.

“Você sabe de um lugar onde possamos nos abrigar durante a noite?”

O garoto olhou para Thor, depois deu de ombros, parecendo duvidoso. Ele ficou ali, hesitante.

“Eu não sei.” Disse ele. “Meu avô vai ficar bravo comigo.”

Krohn repentinamente saiu de detrás de Thor e caminhou na direção do garoto, os olhos do garoto se iluminaram deleitados.

“Uau!” Exclamou o garoto.

Krohn lambeu o rosto do garoto, uma e outra vez e ele ria de prazer, então ele estendeu a mão e acariciou a cabeça de Krohn. Em seguida, o garoto ajoelhou-se, baixou sua lança e abraçou Krohn. Krohn parecia abraçá-lo de volta e o garoto ria freneticamente.

“Qual é seu nome?” Perguntou o garoto. “O que ele é?”

“Seu nome é Krohn.” Thor disse sorrindo. “Ele é um leopardo branco, raro. Ele vem do outro lado do oceano. Do Anel. Do lugar de onde nós somos. Ele gosta de você.”

O garoto beijou Krohn várias vezes e, finalmente, levantou-se e olhou para Thor.

“Bem…” Disse o garoto, hesitante. “Eu acho que posso levá-los para nossa aldeia. Esperemos que o vovô não fique muito zangado. Se ele ficar, o azar é de vocês. Sigam-me. Temos de nos apressar. Será noite em breve.”

O garoto virou-se rapidamente e abriu o seu caminho através da selva, Thor e os outros o seguiram. Thor estava surpreso com a destreza do garoto e por ver como ele conhecia a selva tão bem. Era difícil acompanhá-lo.

“As pessoas aparecem por aqui de vez em quando.” Disse o garoto. “O oceano e as correntes trazem-nas direto para a baía. Algumas pessoas vêm do mar e estão por aqui de passagem em seu caminho para outro lugar. A maioria delas não consegue sobreviver. Elas são comidas por uma coisa ou outra na selva. Vocês tiveram sorte. Existem coisas muito piores aqui do que o Gathorbeast.”

Thor engoliu em seco.

“Pior do que o quê? Como o quê?”

O garoto abanou a cabeça, continuando a caminhar.

“Você não vai querer saber. Eu tenho visto coisas horríveis aqui.”

“Há quanto tempo está aqui?” Thor perguntou curioso.

“Toda a minha vida.” Disse o garoto. “Meu avô se mudou para cá quando eu era pequeno.”

“Mas por que se mudou para cá, para este lugar? Certamente deve haver lugares mais acolhedores.”

“Você não conhece o Império, não é?” O garoto perguntou. “As tropas estão em toda parte. Não é tão fácil ficar fora da vista delas. Se elas conseguirem nos pegar, elas nos farão escravos. No entanto, elas raramente vêm aqui, nunca se metem no meio desta selva.”

Eles cortaram um pedaço grosso da folhagem, Thor estirou o braço para afastar uma folha de seu caminho, mas o rapaz se virou e empurrou a mão de Thor, gritando:

“NÃO TOQUE NISSO!”

Todos pararam e Thor olhou para a folha que ele quase tinha tocado. Ela era grande, amarela e parecia bastante inofensiva.

O garoto estendeu a mão e com a sua vara e gentilmente tocou a ponta da folha; ao fazer isso, a folha de repente enroscou-se em torno da vara de uma maneira incrivelmente rápida, o que seguiu foi um chiado enquanto a ponta da vara se desintegrava.

Thor estava chocado.

“Uma folha Sensitiva.” Disse o garoto. “Venenosa. Se você a tivesse tocado, você estaria sem uma mão agora.”

Thor olhou para toda a vegetação com um novo respeito. Ele estava maravilhado com a sorte que tinha tido ao encontrar aquele garoto.

Eles continuaram a sua caminhada, Thor mantinha as mãos perto de seu corpo, assim como os outros. Eles tentavam ser mais cuidadosos com todos os lugares onde pisavam.

“Fiquem perto uns dos outros e sigam exatamente meus passos.” Disse o garoto. “Não toquem em nada. Não tentem comer esses frutos. E não cheirem aquelas flores a menos que vocês queiram desmaiar.”

“Ei o que é isso?” O’Connor perguntou virando-se e olhando para uma fruta enorme pendurada em um galho, ela era longa, estreita e de uma cor amarela, reluzente. O’Connor deu um passo em direção a ela e estendeu a mão.

“NÃO!” O garoto exclamou.

Mas já era tarde demais. Quando ele tocou a fruta, o chão cedeu sob todos eles e Thor se encontrou deslizando precipitando-se por uma colina e sendo arrastado pela lama e pela água. Eles estavam presos em um deslizamento de terra e não podiam parar.

Todos eles gritavam enquanto deslizavam na lama, por centenas de metros, direto para as profundezas escuras da selva.

CAPÍTULO SETE

Erec montava seu cavalo, respirando com dificuldade, preparando-se para atacar os duzentos soldados à sua frente. Ele lutou bravamente e tinha conseguido derrubar a primeira centena, mas agora seus ombros estavam enfraquecidos, suas mãos tremiam. Sua mente estava pronta para lutar para sempre, mas ele não sabia por quanto tempo seu corpo a acompanharia. Ainda assim, ele iria lutar com todas as forças, tal como tinha feito toda a sua vida e deixaria que o destino tomasse a decisão por ele.

Erec gritou e esporou o cavalo desconhecido, o qual ele tinha roubado de um de seus oponentes e avançou para os soldados.

Eles o atacaram de volta, igualando ferozmente o seu solitário grito de guerra com o deles. Muito sangue já tinha sido derramado sobre aquele campo e era óbvio que ninguém iria abandoná-lo antes de ver inimigo do outro lado, morto.

Erec atacou, ele retirou um punhal de arremesso de seu cinto, mirou e atirou-o no líder dos soldados que estava diante dele. Foi um arremesso perfeito, o punhal se alojou na garganta do soldado, ele levou as mãos ao seu pescoço, soltou as rédeas e caiu do cavalo. Como Erec esperava, ele caiu aos pés dos outros cavalos, fazendo com que vários deles tropeçassem e derrubassem uns aos outros no chão.

Erec levantou um dardo com uma mão, na outra mão ele carregava seu escudo, ele baixou sua viseira e investiu com destemor. Ele iria atacar aquele exército tão rápido e duramente como fosse possível, aparar tantos golpes quanto pudesse e romperia suas filas durante o processo.

Erec gritou quando avançou para o grupo. Todos os seus anos de torneio medieval lhe haviam sido muito úteis, ele usou o longo dardo habilmente, abatendo um soldado após o outro, derrubando-os em sucessão. Ele se agachou e com a outra mão cobriu-se com o escudo; ele sentiu uma chuva de golpes descendo sobre ele, sobre seu escudo, sobre sua armadura, os golpes provinham de todas as direções. Ele foi golpeado por espadas, machados e maças, era uma tempestade de golpes metálicos. Erec rezou para que sua armadura os suportasse. Ele aferrou-se ao seu dardo, abatendo tantos soldados quanto podia enquanto atacava, cortando caminho através do enorme grupo.

Erec não diminuiu seu ritmo e depois de cerca de um minuto de cavalgada, finalmente ele conseguiu passar para o outro lado, para o espaço aberto, tendo antes traçado um caminho de devastação bem no meio do grupo de soldados. Ele tinha abatido pelo menos uma dúzia de soldados, mas ele havia sofrido durante o processo. Ele respirou fundo, seu corpo estava dolorido, o barulho de metais ainda ressoava em seus ouvidos. Ele sentia como se tivesse sido colocado dentro de um moedor de carne. Ele olhou para baixo e viu que estava coberto de sangue. Felizmente, ele não havia sofrido nenhum ferimento grave. Seus ferimentos pareciam ser apenas pequenos arranhões e cortes.

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