Uma Justa de Cavaleiros - Морган Райс 5 стр.


Darius nota que a carroça está fazendo um barulho diferente e, ao olhar para baixo, vê que eles estão passando em cima de uma ponte levadiça. Eles passam diante de centenas de soldados do Império, alinhados ao longo da ponte, que entram em atenção ao vê-los se aproximando.

Um barulho corta o ar e Darius vê os grandes portões dourados se abrindo completamente como se para recebê-lo de braços abertos. Ele vê o brilho da cidade mais magnífica que ele já havia conhecido e sabe, sem sombra de dúvidas, que aquele é um lugar de onde ele jamais será capaz de escapar. Como se para confirmar seus pensamentos, Darius ouve um rugido distante que ele reconhece imediatamente: aquele é o barulho de uma nova arena, de homens com sede de sangue; o som do lugar que certamente será o local de seu último suspiro. Ele não tem medo e apenas reza para que Deus lhe permita morrer em pé, com uma espada nas mãos, em um último ato de bravura.

CAPÍTULO OITO

Thorgrin, com as mãos trêmulas e transpirando, puxa a corda dourada uma última vez com Angel em suas costas, finalmente atingindo o topo do penhasco, e coloca seus joelhos em terra firme ao mesmo tempo em que tenta recuperar o fôlego. Ele olha para baixo, vê seu navio dezenas de metros abaixo deles, na base do penhasco, parecendo pequeno enquanto é balançado pelas ondas, e se surpreende com a distância que ele havia escalado. Ele ouve gemidos ao seu redor e, ao se virar, vê Reece, Selese, Elden, Indra, O'Connor e Matus terminando a subida e finalmente chegando à Ilha da Luz.

Thor permanece de joelhos, seus músculos exaustos e observa a Ilha da Luz que se estende diante de seus olhos enquanto seu coração é invadido mais uma vez por uma nova onda de apreensão. Antes mesmo de ver a cena terrível, Thorgrin é capaz de sentir o cheiro das brasas e da forte nuvem de fumaça que perdura no ar. Ele também sente o calor das chamas latentes e pode ver os danos causados ao restante da ilha após o ataque das criaturas desconhecidas que haviam destruído o lugar. A ilha está completamente preta, queimada e destruída; tudo o que havia existido naquele lugar idílico e que havia lhe parecido invencível, agora tinha sido reduzido a cinzas.

Thorgrin fica em pé e não perde tempo. Ele começa a aventurar-se pela ilha, com o coração aos pulos enquanto procura Guwayne por todas as partes. Ao observar a condição em que a ilha se encontra, ele evita pensar no que pode vir a descobrir naquele lugar.

“GUWAYNE!” Thorgrin grita enquanto corre pelas colinas incendiadas, usando as mãos para proteger sua boca e nariz.

Sua voz ecoa através das colinas, como se estivesse zombando dele. E então, não há nada exceto o silêncio.

Um guincho solitário atravessa o céu bem acima deles e, ao olhar para cima, Thor vê que Lycoples continua voando em círculos. Lycoples guincha mais uma vez, mergulha baixo no céu e então voa na direção do centro da ilha. Thor imediatamente sente que ela o está levando até o local onde seu filho se encontra.

Ele começa a correr junto com os outros, atravessando a paisagem desolada e procurando seu filho por todos os lados.

“GUWAYNE!” Ele grita mais uma vez. "RAGON!"

Ao assimilar toda a devastação da paisagem carbonizada, ele tem cada vez mais certeza de que nada poderia ter sobrevivido ali. Aquelas colinas que um dia já tinham sido cobertas por árvores e gramados verdejantes agora não passam de cinzas. Thor se pergunta que tipos de criaturas, além dos dragões, podem ter causado tanta destruição e, acima de tudo, quem está no controle delas e por que elas tinham sido enviadas até ali. Por que o seu filho é tão importante que alguém teria se dado ao trabalho de enviar um exército atrás dele?

Thor observa o horizonte, procurando algum sinal deles, mas seu coração se parte ao não ver coisa alguma. Em vez disso, ele vê apenas as chamas fracas das colinas em brasa.

Ele quer acreditar que Guwayne tenha sobrevivido de alguma forma. Mas ele não vê como isso teria sido possível. Se um feiticeiro poderoso como Ragon não tinha sido capaz de enfrentar as forças ocultas que haviam estado ali, como ele poderia ter salvado o seu filho?

Pela primeira vez desde que havia partido naquela missão, Thor está começando a perder as esperanças.

Eles correm sem parar, subindo e descendo as colinas, e, à medida que eles alcançam o topo de uma pequena montanha O'Connor, à frente do grupo, de repente começa a apontar para a frente com animação.

"Ali!" ele grita.

O'Connor aponta para os restos de uma árvore antiga, agora carbonizada e com os galhos retorcidos. Ao observar mais de perto, Thor vê um corpo imóvel deitado perto da árvore.

Thor imediatamente sente que aquele é Ragon. E ele não vê qualquer sinal de seu filho.

Thor, cheio de angústia, corre para a frente e, ao alcançá-lo, cai de joelhos ao lado do corpo, ainda à procura de Guwayne. Ele havia esperado encontrar Guwayne enrolado no manto de Ragon ou em algum lugar perto dele, talvez escondido atrás de uma rocha.

Mas seu coração se parte ao ver que Guwayne não está em parte alguma.

Thor estica o braço e lentamente vira o corpo de Ragon, seu manto carbonizado, rezando para que ele não esteja morto. Ao virá-lo, Thor sente uma ponta de esperança ao ver as pálpebras dele se movendo. Thor estica os braços e segura os ombros ainda quentes de Ragon, remove seu capuz e fica horrorizado ao ver seu rosto queimado e desfigurado pelas chamas.

Ragon engasga e começa a tossir e Thor pode ver que ele está lutando pela sua própria vida. Thor é invadido pela tristeza ao presenciar aquilo, vendo aquele homem que havia sido tão bondoso com eles naquelas condições por ter defendido a ilha na tentativa de proteger seu filho. Thor não consegue evitar a sensação de culpa que toma conta dele.

"Ragon," diz Thorgrin com a voz embargada. "Perdoe-me."

"Sou eu que devo lhe pedir desculpas," Ragon responde com a voz áspera, quase incapaz de pronunciar as palavras. Ele tosse por um tempo e, então, finalmente continua. "Guwayne…" ele começa a dizer, mas então se silencia.

O coração de Thor bate acelerado dentro de seu peito, sem querer ouvir a notícia e temendo o pior. Como ele conseguirá encarar Gwendolyn outra vez?

"Conte-me tudo," pede Thor, ainda segurando os ombros de Ragon. "Ele está vivo?"

Ragon arqueka por um longo tempo, tentando recuperar o fôlego, e Thor gesticula para O'Connor, que se aproxima e lhe entrega um pouco de água. Thor derrama o líquido sobre os lábios de Ragon, que bebe ao mesmo tempo em que continua tossindo.

Finalmente, Ragon balança a cabeça.

"Pior," ele diz, sua voz apenas um sussurro. "A morte teria sido sua salvação."

Ragon fica em silêncio e Thor sofre por antecipação, desejando que ele continue.

"Eles o levaram embora," Ragon finalmente fala. "Eles o arrancaram dos meus braços. Todos eles vieram aqui em busca de Guwayne."

O coração de Thor se sobressalta ao imaginar seu precioso filho sendo sequestrado por aquelas criaturas horríveis.

"Mas quem?" Thor pergunta "Quem está por trás disso? Quem é mais poderoso do que você e capaz de fazer isso? Eu pensei que o seu poder, assim como o de Argon, fosse superior ao de todas as criaturas desse mundo."

Ragon assente.

"Todas as criaturas desse mundo, sim," ele afirma. "Mas essas criaturas não são desse mundo. Elas também não são criaturas do inferno, mas de um lugar ainda pior: a Terra de Sangue."

"Terra de Sangue?" Pergunta Thor, surpreso. "Já fui ao inferno e voltei," continua Thor. "Que lugar pode ser ainda pior?"

Ragon balança a cabeça.

"A Terra de Sangue é mais do que um lugar. É um estado. É um mal ainda mais obscuro e poderoso do que você pode imaginar. Aquele lugar pertence ao Lorde do Sangue e tem se tornado mais poderoso ao longo das gerações. Há uma guerra entre os Reinos. Uma batalha antiga entre o bem e o mal. Uma disputa entre as parte para conquistar o controle de tudo. Receio que Guwayne seja a chave: quem tiver controle sobre ele é capaz de ganhar e obter o domínio sobre o mundo. Para sempre. Isso é o que Argon nunca lhe contou. O que ele ainda não poderia ter lhe contado. Você ainda não estava pronto. É para isso que ele o estava preparando: para uma guerra pior do que você é capaz de imaginar."

Thor suspira, tentando compreender.

"Eu não entendo," ele fala. "Eles não pegaram Guwayne para matá-lo?"

Ele balança a cabeça.

"É muito pior. Eles o levaram para criá-lo como um deles, para fazer dele o demônio do qual precisam para realizar a profecia e destruir tudo o que o universo tem de bom."

Thor, estupefato, tenta processar tudo aquilo com o coração acelerado.

"Então, eu o buscarei," Thor diz, invadido por uma forte determinação, especialmente ao ouvir Lycoples, desejando vingança tanto quanto ele, voando e guinchando acima deles.

Ragon estica o braço e segura o pulso de Thor com força surpreendente para um homem prestes a morrer. Ele olha dentro dos olhos de Thor com uma intensidade que o assusta.

"Você não pode fazer isso," ele diz com firmeza. "A Terra de Sangue é muito poderosa para que qualquer humano possa sobreviver. O preço para entrar naquele lugar é alto demais. Marque minhas palavras, mesmo com todos os seus poderes você certamente morrerá se for até lá. Todos vocês morrerão. Você ainda não é forte o suficiente. Você precisa de mais treinamento. É preciso nutrir os seus poderes antes. Ir até lá agora será uma insensatez. Você não conseguirá resgatar o seu filho e todos vocês serão destruídos."

Mas o coração de Thor está decidido.

"Eu já encarei a escuridão e as forças mais poderosas do mundo," Thorgrin diz. "Incluindo meu próprio pai. Eu nunca recuei diante do medo. Vou enfrentar esse Lorde do mal, sejam quais forem os seus poderes; entrarei na Terra de Sangue, seja qual for o preço. Estamos falando do meu filho. Vou salvá-lo ou morrerei tentando."

Ragon balança a cabeça, tossindo.

"Você ainda não está pronto," ele diz com a voz fraca. "Não… pronto… Você precisa… de poderes… Você precisa… do… anel," ele fala, começando a tossir sangue.

Thor o encara, desesperado para saber o que ele quer dizer antes que ele morra.

"Que anel?" Thor pergunta "A nossa terra natal?"

Um longo silêncio se segue, pontuado apenas pela respiração laboriosa de Ragon, até que ele finalmente abre um pouco os olhos.

"O… anel sagrado."

Thor segura os ombros de Ragon, torcendo para que ele responda, mas de repente, ele sente o corpo de Ragon enrijecendo em suas mãos. Seus olhos param de se mover, um suspiro profundo se segue e, pouco depois, ele para de respirar e fica perfeitamente imóvel.

Morto.

Thor é invadido por uma onda de agonia.

"NÃO!" Ele joga a cabeça para trás e chora. Thor soluça descontroladamente e abraça Ragon, aquele homem generoso que havia se sacrificado na tentativa de salvar seu filho. Ele é tomado pela sensação de tristeza e culpa ao mesmo tempo em que seu corpo é invadido por uma nova determinação.

Ele olha para o céu e sabe o que precisa fazer.

“LYCOPLES!” Thor grita, o grito angustiado de uma pai desesperado, cheio de fúria e sem mais nada a perder.

Lycoples ouve o seu chamado: ela guincha, voando alto no céu, sua fúria se igualando à de Thor, e começa a voar mais baixo até aterrissar a alguns metros deles.

Sem hesitar, Thor corre até ela, salta sobre suas costas e segura firme em seu pescoço. Ele se sente energizado por estar nas costas de um dragão mais uma vez.

"Espere!" O'Connor grita, correndo até eles junto com os outros. "Onde você está indo?"

Thor olha dentro dos olhos deles.

"Para a Terra de Sangue," ele responde, sentindo-se mais decidido do que nunca antes em toda a sua vida. "Salvarei meu filho. Seja qual for o custo."

"Você será derrotado," diz Reece com preocupação, dando um passo adiante.

"Então serei derrotado com honra," Thor responde.

Thor olha para cima, observando o horizonte, vê a trilha das gárgulas desaparecendo no céu e sabe que é para lá que ele deve ir.

"Então você não irá sozinho," retruca Reece, "Seguiremos a sua trilha pelo mar e nos encontraremos lá."

Thor assente, aperta suas pernas em torno de Lycoples e, de repente, é invadido pela sensação familiar de voar sobre as costas de um dragão.

"Não, Thorgrin," grita uma voz angustiada atrás dele.

Ele sabe que aquela é a voz de Angel e sente uma pontada de dor ao se afastar dela.

Mas ele não pode voltar atrás. Seu filho continua perdido e, mesmo diante da possibilidade da morte, Thor está decidido a encontrá-lo e a matar todas aquelas criaturas.

CAPÍTULO NOVE

Gwendolyn, acompanhada por Krohn, atravessa as grandes portas arqueadas da sala do trono, abertas por vários atendentes, e fica impressionada com a visão diante dela. Ali, sentado sozinho no trono do lado oposto da sala, está o Rei. Ela se aproxima, caminhando pelo corredor de pedras portuguesas sob a luz do sol que invade o lugar através dos vitrais e que ilumina a sala do trono, repleta de imagens de cavaleiros antigos em cenas de batalha. Aquele lugar é sereno e assustador ao mesmo tempo, inspirador e assombrado pelos fantasmas do passado do Rei. Ela pode sentir a forte presença deles no ar, fazendo com que ela se lembre, de muitas formas, da Corte do Rei. De repente, Gwen é invadida por uma profunda tristeza à medida que o lugar a faz sentir ainda mais falta de seu pai.

O Rei MacGil continua sentado em seu trono com uma expressão séria, perdido em pensamentos e Gwen pressente que ele está sendo atormentado pelo peso das responsabilidades de governar o seu reino. O rei lhe parece um homem solitário, prisioneiro daquele lugar, como se o peso do reino estivesse sobre os seus ombros. Ela compreende aquela sensação muito bem.

"Ah, Gwendolyn," ele diz, ficando mais animado ao vê-la.

Ela espera que ele permaneça em seu trono, mas ele imediatamente se levanta e se apressa em descer os degraus de marfim com um sorriso humilde e caloroso nos lábios, sem a pretensão comum aos reis e ansioso para cumprimentá-la. A humildade do rei deixa Gwendolyn aliviada, sobretudo após o encontro dela com seu filho, que a tinha deixado extremamente abalada. Ela se pergunta se deve contar tudo ao rei, mas, pelo menos por enquanto, acaba decidindo permanecer em silêncio e ver o que acontecerá em seguida. Gwen não quer parecer ingrata ou começar aquele encontro de modo negativo.

"Não consigo pensar em outra coisa desde a nossa conversa de ontem," ele fala, aproximando-se para abraçá-la calorosamente, Krohn, ao lado dela, geme e encosta o focinho na mão do Rei, que olha para baixo e sorri. "E quem é esse?" ele pergunta.

"Krohn," ela responde, aliviada que o Rei aparente gostar dele. "Meu leopardo ou, para ser mais exata, o leopardo do meu marido. Embora eu suponha que ele agora seja tão meu quanto dele."

Para seu alívio, o rei se ajoelha, segura a cabeça de Krohn em suas mãos e acaricia a sua pelagem, beijando-o sem demonstrar medo. Krohn retribui o gesto, lambendo o seu rosto.

"Um belo animal," ele diz. "Uma grande mudança, comparado aos cachorros comuns que temos por aqui."

Gwen olha para ele com surpresa ao recordar as palavras de Mardig.

"Então animais como Krohn não têm permissão para viver aqui?" ela pergunta.

O rei joga a cabeça para trás e ri.

"É claro que sim," ele responde. "E por que não teriam? Alguém por acaso lhe disse o contrário?"

Gwen pondera se deve contar ao rei sobre seu encontro e decide permanecer calada; ela não quer se vista como uma fofoqueira e tem interesse em descobrir mais sobre aquele povo e aquela família antes de chegar a qualquer conclusão e se envolver com todo aquele drama familiar. É melhor, ela pensa, ficar em silêncio por enquanto.

"Você queria me ver, meu Rei?" ela pergunta, mudando de assunto.

A expressão no rosto do Rei imediatamente se torna séria.

"Sim," ele responde. "Nossa conversa foi interrompida ontem e ainda há muito a discutir."

Ele se vira e faz um gesto para que ela o siga; ambos caminham juntos e seus passos ecoam pela sala à medida que eles a atravessam em silêncio. Gwen olha para cima e, enquanto eles avançam, admira os tetos abobadados e o brasão, troféus, armas e armaduras pendurados nas paredes. Gwen admira a ordem daquele lugar e o orgulho com o qual aqueles cavaleiros enfrentam suas batalhas. Aquele lugar a faz pensar em tudo que havia existido no Anel.

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