Traída - Морган Райс 4 стр.


Caitlin pensa.

"Então, por que você ainda não foi até eles?" ela questiona.

Mas ela já sabe a resposta, antes mesmo que ele a diga.

"Eu não podia te deixar," diz ele. "Eu tinha que me certificar que você estava bem".

Será que isso era tudo? Caitlin pensa. Será que ele só se preocupava em ver se estava tudo bem com ela? E assim que tivesse certeza, simplesmente iria embora?

Por um lado, Caitlin sentia um impulso de amor por ele, sabendo de tudo que ele havia sacrificado. Mas, por outro lado, ela se perguntava se ele apenas se preocupava com seu bem-estar físico. E não com eles como um casal.

"Bem…" Caitlin começa, "agora que você está vendo que está tudo bem comigo… você pensa em ir embora?”.

Não tinha saído como ela esperava. O que havia de errado com ela? Por que ela não conseguia ser mais amável, mais gentil, como ele tinha sido? Com certeza não era isso que ela queria. As palavras simplesmente saíam assim. O que ela queria dizer era, Por favor, não me deixe nunca.

"Caitlin," ele começa suavemente, "preciso que você entenda. Minha família, meu povo, o meu coven – estão todos em grave perigo. A Espada está lá fora, e está nas mãos erradas. Eu preciso voltar para eles. Eu preciso salvá-los. Na verdade, eu deveria ter saído há mais de uma semana… e agora que estou vendo que você se recuperou, bem… não é que queira deixar você. É que eu preciso salvar minha família," ele fala suavemente.

"Eu poderia ir com você," Caitlin responde, com esperança. "Eu poderia ajudar".

"Você não está totalmente recuperada", ele diz.  "A aterrissagem forçada não foi um acidente. Todos os vampiros levam algum tempo para desenvolver completamente seus próprios poderes. E no seu caso, você também teve um ferimento horrível feito pela Espada. Que pode levar dias ou semanas para cicatrizar. Se você viesse, poderia se machucar. O campo de batalha não é lugar para você agora. Eles vão treinar você aqui. É por isso que eu te trouxe."

Caleb se vira e atravessa o terraço, conduzindo-a, e eles observam o pátio abaixo.

Lá, bem lá embaixo, dezenas de vampiros iluminados pela luz das tochas, lutam e duelam uns com os outros.

"Esta pequena ilha abriga um dos melhores covens existentes", diz Caleb. "Eles concordaram em abrigá-la. Eles vão ensinar você. Eles vão treiná-la. Torná-la mais forte. E então, quando seus poderes estiverem completamente desenvolvidos, quando você estiver totalmente curada, será uma honra lutar com você ao meu lado. Até então, receio que não possa permitir que você vá. A guerra que estou prestes a lutar será muito perigosa. Mesmo para um vampiro."

Caitlin franze a testa. Ela temia que ele dissesse algo assim.

"Mas o que acontece se você não voltar?" ela pergunta.

"Se eu estiver vivo, vou voltar para você. Eu prometo."

"Mas e se você não viver?” Caitlin pergunta, quase com medo de pronunciar as palavras.

Caleb se vira e olhando o horizonte, respira profundamente. Ele olha as nuvens, e não diz uma palavra.

Essa é a chance que Caitlin esperava. Ela quer desesperadamente mudar de assunto. Ele estava determinado a partir, ela podia ver, e nada poderia impedi-lo. E era evidente que ele não poderia levá-la. Sentindo uma onda de cansaço, ela se dá conta que ele estava certo: ela não está pronta para a luta. Ela precisava se recuperar.

Ela não quer perder mais tempo tentando impedi-lo. E também não quer mais falar sobre vampiros, guerras ou Espadas. Ela quer usar o precioso tempo que lhes resta para falar sobre eles. Caitlin e Caleb. Eles, como um casal. O futuro deles. Sobre o amor que sentem um pelo outro. Seu compromisso. Em que ponto, exatamente, eles se encontravam no relacionamento?

Mais importante, ela pensa, durante todo o tempo que passaram juntos, desde que ela o havia conhecido pela primeira vez, ela nunca havia lhe dado o devido valor. Ela nunca tinha parado, por um instante que fosse para olhar em seus olhos e lhe dizer exatamente o quanto era intenso seu sentimento por ele.  Ela era uma mulher agora, e sentia que já estava na hora de assumir suas responsabilidades e agir com maturidade, de agir como mulher. De dizer o que ela realmente sentia por ele. Ela precisava que ele soubesse disso. Talvez ele intuísse, sentisse o quanto ela gostava dele, mas ela nunca havia realmente pronunciado as palavras. Caleb, eu amo você. Eu amo você desde o momento em te conheci.  Eu vou amar você para sempre.

O coração de Caitlin bate acelerado, mais apavorado com isso do que jamais havia estado. Tremendo, ela estende a mão e gentilmente acaricia o rosto dele.

Ele se vira lentamente para ela.

Ela está pronta, finalmente, para lhe contar o que sente.

Mas, ao tentar lhe dizer, as palavras travam em sua boca.

Ao mesmo tempo, ele a observa com um olhar preocupado, e abre a boca para falar.

“Caitlin há algo que eu preciso lhe dizer…” ele começa.

Mas ele não tem a chance de terminar a frase.

De repente o som de uma porta se abrindo é ouvido, e imediatamente Caitlin pressente que os dois já não estão sozinhos.

Ambos se viram em direção ao barulho, e olham para ver quem se aproxima.

É uma pessoa. Um vampiro. Uma criatura incrivelmente bela, mais alta, mais magra, com melhores proporções do que Caitlin. Cabelos ruivos, compridos e esvoaçantes e brilhantes olhos verdes.

Quando Caitlin percebe quem é, seu coração se parte.

Não. Não podia ser.

Era ela. Sera. A ex-mulher de Caleb.

Caitlin a havia conhecido apenas uma vez, de forma breve, nos Claustros. Mas ela nunca a tinha esquecido.

Sera caminha em direção a eles com a elegância de uma criatura que já estava neste planeta há milhares de anos. Confiante. Sem diminuir o ritmo, com os olhos grudados em Caitlin durante todo o tempo, ela se dirige até o lado de Caleb.

Ela envolve uma única, pálida e bela mão, lentamente, ao redor de Caleb. Ela dirige a Caitlin um olhar de total desprezo.

"Caleb?" ela diz suavemente, com um sinistro sorriso no rosto, "Você não contou a ela sobre nós?".

E com aquelas poucas palavras, Caitlin sente como se uma faca tivesse sido enfiada em seu coração.

CINCO

Samantha assiste com horror enquanto o caldeirão se inclina na direção do rosto de Sam. Ela tenta com todas as suas forças, mas não há nada que ela possa fazer para se livrar de seus captores. Ela está indefesa. Ela seria obrigada a ficar ali e presenciar a destruição da pessoa que ela tinha aprendido a amar.

Enquanto o liquido é derramado sobre Sam, Samantha se concentra, à espera de escutar os terríveis gritos que frequentemente acompanhavam o tratamento com ácido iórico.

Mas enquanto Sam se perde completamente embaixo de uma cachoeira de ácido, não se ouvia, estranhamente, qualquer ruído.

O ácido teria matado ele tão rapidamente, tão completamente, que ele não havia tido sequer uma oportunidade de gritar?  Quando o líquido acaba, é possível ver Sam.

E Samantha fica realmente chocada. Assim como todos os outros vampiros no quarto.

Ele está bem. Sam pisca os olhos enquanto olha tudo a seu redor, obviamente sem sentir dor alguma. Ele até parece um pouco desafiador.

É incrível. Samantha nunca tinha visto nada parecido, nunca tinha visto ninguém, humano ou vampiro, que fosse imune ao líquido. Quer dizer, ninguém, exceto uma pessoa. Agora ela se lembrava. Caitlin. A irmã dele. Ela tinha sido imune, também. O que isso poderia dizer? Talvez por que eram geneticamente ligados? Ela considera novamente o relógio dele, a dedicatória. A rosa e o Espinho. Seria a dinastia dividida entre eles? Será possível que ela não era A Escolhida?

Mas que ele era?

Caitlin era alguns anos mais velha que o Sam, e talvez tivesse demonstrado sinais de amadurecimento mais cedo do que ele. É possível, que se tivessem esperado alguns anos, Sam também mostrasse sinais de transmutação em mestiço da raça vampira.

Independente do motivo, ele era claramente imune. O que o tornava muito, muito poderoso. E muito perigoso para o coven dela.

Samantha olha ao redor, e naquele quarto com centenas de vampiros, não havia um único som. Todos eles apenas encaravam, em estado de choque.

Sam parece irritado. Ele estica os braços, arrastando suas correntes, e enxuga a água de seu rosto. Ele força as correntes, mas não consegue se libertar.

"Alguém pode me tirar dessa droga de corrente?" ele grita.

E é então que tudo acontece.

De repente, há um estrondo na porta.

Samantha se vira, e vê quando as enormes portas duplas vêm abaixo.

Ela não pode acreditar. Lá esta Kyle, com metade do rosto desfigurado, Sergei ao seu lado, e centenas de vampiros mercenários atrás dele.

E isso não é tudo. Kyle esta com ela. Esta segurando ela. A Espada.

Kyle emite um grito horrível e avança impetuosamente, para dentro da sala. Seus apoiadores o seguem prontamente, gritando, alvoroçados. E o caos toma conta do local.

Vampiro contra vampiro, enquanto Kyle e seus homens viciosamente atacam todos que encontram à sua frente. Mas o Coven Blacktide estava em guerra há milhares de anos, e não se deixaria vencer com facilidade. Os vampiros de Rexius lutam com igual determinação.

É uma verdadeira batalha, frente a frente, vampiro contra vampiro. E ninguém estava recuando um passo sequer.

Mas Kyle, sozinho, consegue progressos incríveis. Empunhando a Espada com as duas mãos, ele desfere golpes dos dois lados. Onde quer que ele vá, vampiros são abatidos. Braços, pernas, cabeças… Kyle é um exército de um homem só. Ele abre um caminho através da multidão de milhares de vampiros, assassinando cada um deles.

Samantha está horrorizada. Em seus milhares de anos, ela nunca tinha visto um vampiro sendo assassinado, de fato e realmente, morto. Ela nunca tinha imaginado um vampiro como sendo frágil. Esta Espada era inspiradora. E muito, muito fatal.

Samantha não espera nem mais um segundo. Quando um vampiro a ataca, gritando, com suas afiadas presas sangrentas na direção de seu rosto, ela rapidamente se abaixa, deixe que ele voe sobre ela, e, em seguida, sai em disparada.

Ela atravessa toda a sala, indo na direção de Sam.

Bem a tempo. Um vampiro perdido tinha tido a mesma ideia, e já se dirigi até o garoto amarrado e assustado. O vampiro pula sob Sam, seus dentes longos, visando sua garganta. Ele é como um cordeiro amarrado em uma sala cheia de leões.

Samantha o alcança bem na hora. Ela salta, colidindo com o vampiro em pleno ar e derrubando-o no chão. Antes que ele possa se levantar, Samantha dá um tapa nele, nocauteando o vampiro.

Ela fica em pé e rompe as correntes de Sam. Enquanto ela o liberta, ele olha tudo ao redor, sem acreditar, como se estivesse assistindo a um fantástico pesadelo na vida real.

"Samantha", diz ele, "o que diabos esta acontecendo…".

"Agora não", responde Samantha, enquanto arrebenta a última de suas correntes, e ela o agarra pelo braço, e o sacode, conduzindo-o pelo caos. Ela se encaminha para a saída.

Enquanto isso, outro vampiro salta bem no rumo deles, com suas presas expostas.

Samantha agarra Sam e o joga no chão, esquivando-se, e o vampiro pula direto acima de suas cabeças.

Ela rapidamente fica em pé de novo, levantando Sam e correndo pelo quarto. Eles conseguem se esquivar e desviar, com ela conduzindo-os durante todo o tempo. Ela sabia que, se conseguissem ao menos chegar até a porta, havia um corredor, uma escada traseira que poderia levá-los até a rua. Uma vez lá fora, ela poderia levá-los para longe, bem dali.

Com toda a bagunça, ninguém nota os dois correndo. Ela esta quase para fora da porta, a poucos metros de distância.

E, então, quando ela esta prestes a sair, ela sente a pressão em suas costas, pode sentir que está caindo, batendo no chão. Ela tinha sido atacada pelas costas.

Ela vira para ver quem tinha sido. Sergei. Aquele execrável russo, companheiro de Kyle. O que tinha roubado a Espada de sua mão.

Ele sorri para ela, um sorriso terrivelmente cruel, e ela o odeia com mais forças do que antes.

E Sam, para seu próprio crédito, não demonstra medo. Ainda acorrentado, ele salta sobre as costas de Sergei, usando suas correntes, enrolando-as ao redor da garganta de Sergei. O rapaz é forte. Ele consegue apertar o suficiente para fazer com que Sergei soltasse Samantha, e ela aproveita a oportunidade para fugir de debaixo dele.

Mas Sam não é páreo para um vampiro, apesar de tudo. Sergei fica em pé, rosnando, e tira Sam de cima dele como se ele fosse uma boneca de pano. Sam vai parar há metros de distância, batendo contra a parede.

À medida que Samantha tenta se levantar, é assaltada por mais uma dúzia de vampiros. Ela nota que Sam também está cercado. Eles estão presos.

A última coisa que ela vê, antes de levar um soco que a deixa desacordada, é o sorriso cruel no rosto de Sergei.

*

Enquanto Kyle atravessa os enormes aposentos do Coven Blacktide, empunhando a espada descontroladamente, destruindo vampiro atrás de vampiro, ele se sente mais vivo do que nunca. O sangue se espalha em todas as direções, cobrindo-lhe,  e suas mãos estão molhadas com sangue, enquanto ele ataca com cada vez mais intensidade.É uma vingança. Vingança por seus milhares de anos de bom e leal serviço, pela maneira como tinha sido tratado. Como ousam. Agora, eles entenderiam o significado da palavra vingança. Todos pediriam desculpas, cada um deles, se curvariam diante dele, até o chão, e admitiriam que eles tinham se enganado  profundamente.

Tudo está indo perfeitamente bem.  Depois do seu pequeno desvio na Ponte do Brooklin, ele havia levado sua fiel multidão de seguidores através das portas da Prefeitura, matando os poucos vampiros que ousaram ficar no seu caminho. Na sequência, eles tinham se enfileirado na passagem secreta e descido até as entranhas do prédio da prefeitura, dirigindo-se ao ninho do Coven. Nenhum vampiro ousou ficar em seu caminho quando ele invadiu a sala. Muitos outros vampiros, ao ver Kyle, e especialmente a Espada, imediatamente se juntaram a ele. Ele fica feliz em ver que muitos do seu antigo coven ainda eram leais a ele. Ele sabia que o dia tinha chegado em que ele reivindicaria seu direito à liderança.

Rexius era um líder fraco. Se tivesse sido mais forte, a teria encontrado sozinho há muitos anos.  Ele nunca teria enviado outros para fazê-lo. Ele gostava de castigar os outros por seus próprios defeitos, quando ele era o único que precisava ser punido. Ele tinha se embriagado com o poder. Banir Kyle tinha sido uma última e desesperada tentativa de remover todas as pessoas próximas a ele. Mas o tiro tinha saído pela culatra.

Quando Kyle invade o local, parte na direção exata do trono de Rexius. Rexius vê que ele se aproxima, e seus olhos se arregalam em pânico.

Rexius salta de cima de seu trono e tenta se afastar, para longe do combate. O famoso líder deles, mostrando suas verdadeiras cores em tempo de guerra.

Mas Kyle tem outros planos.

Ele corre para o outro lado, para encontrar Rexius frente a frente. Seria muito mais fácil enfiar a espada em suas costas, mas ele se recusa a permitir que Rexius encontre seu fim tão facilmente. Ele quer que Rexius veja, de perto, quem o matou.

Rexius para, seu caminho bloqueado pelos enormes ombros de Kyle, pelo resplendor da espada reluzente. O queixo de Rexius treme. Ele levanta um dedo trêmulo, apontando-o para o rosto de Kyle. Nessa hora, ele parece apenas um homem velho. Um homem fraco, velho e aterrorizado. Que patético.

"Você está banido!" ele grita descontrolado, "Eu ordenei que você fosse banido!”.

Agora é a vez de Kyle sorrir, um sorriso largo e malicioso.

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