Um Grito De Honra - Морган Райс 8 стр.


Thor ouviu gritos de alegria à distância, viu algo brilhando na luz, e, quando ele forçou a vista no topo da colina, ele percebeu que havia uma grande multidão no horizonte, ela estava se formando diante da Corte do Rei e bordejava a estrada e agitava bandeiras. Um grande número de pessoas ia saindo para cumprimentá-los.

Alguém tocou uma corneta e Thor percebeu que todos estavam dando-lhes as boas-vindas a casa. Pela primeira vez em sua vida, ele não se sentia como um estranho.

“As cornetas, elas soam para você.” Disse Reece, cavalgando ao lado dele, dando um tapinha nas costas dele, olhando-o com um novo respeito. “Você é o campeão dessa batalha. Você é o herói do povo agora.”

“Imaginem, um de nós, um mero membro da Legião, repelindo todo o Exército McCloud.” O’Connor acrescentou com orgulho.

“Você prestou uma grande honra para toda a Legião.” Disse Elden. “Agora eles vão ter de nos levar muito mais a sério.”

“Sem mencionar que você salvou todas as nossas vidas.” Conval acrescentou.

Thor encolheu os ombros, cheio de orgulho, mas ao mesmo tempo recusando-se a permitir que tudo isso lhe subisse à cabeça. Ele sabia que ele era humano, frágil e vulnerável como qualquer um deles. Ele sabia que o curso da batalha poderia ter sido bem diferente.

“Eu apenas fiz o que fui treinado para fazer.” Thor respondeu. “O que todos nós fomos treinados para fazer. Eu não sou melhor do que ninguém. Eu apenas tive sorte nesse dia.”

“Eu devo dizer que foi muito mais do que sorte.” Reece respondeu.

Todos eles continuaram em um trote lento, descendo a estrada principal em direção à Corte do Rei. Enquanto o faziam, a estrada começou a encher-se de pessoas que se espalhavam ali, provenientes do campo, aplaudindo, agitando as bandeiras reais azuis e amarelas dos MacGils. Thor percebeu que tudo estava se transformando em um completo desfile. Toda a corte tinha saído para celebrar sua chegada e ele podia ver o alívio e a alegria em seus rostos. Ele podia entender o porquê: se o exército McCloud tivesse chegado mais perto, poderia ter destruído tudo aquilo.

Thor cavalgava com os outros, através da multidão de pessoas, fazendo ecoar os cascos dos cavalos sobre a ponte levadiça de madeira. Eles passaram pelo portão de pedra em forma de arco, logo passaram pela escura passagem subterrânea, para em seguida, encontrar-se do outro lado, onde foram recebidos e ovacionados pelas massas, na Corte do Rei. Elas agitavam bandeiras e atiravam caramelos. Uma banda de músicos começou a tocar, fazendo soar os címbalos e batendo os tambores, enquanto as pessoas começaram a dançar nas ruas.

Thor desmontou com os outros quando a multidão ficou espessa demais para permitir-lhes cavalgar. Ele estendeu a mão e ajudou Krohn a descer do cavalo. Ele observou cuidadosamente quando Krohn mancou um pouco e logo depois começou a caminhar; ele parecia andar normalmente agora e Thor sentiu-se aliviado. Krohn virou-se e lambeu a palma da mão de Thor várias vezes.

O seu grupo atravessou a Praça Real, logo, Thor foi abraçado por todos os lados por pessoas que ele não conhecia.

“Você nos salvou!” Um homem mais velho exclamou. “Você libertou o nosso reino!”

Thor queria responder, mas não podia, sua voz foi abafada pelo barulho de centenas de pessoas aplaudindo e gritando em volta deles, junto com o volume da música que subia mais e mais. Logo, barris de cerveja foram trazidos para o campo e as pessoas começaram a beber, rir e cantar.

Mas Thor só tinha uma coisa em mente: Gwendolyn. Ele tinha de vê-la. Ele examinou todos os rostos, desesperado por um vestígio dela, certo de que ela estaria ali. No entanto, ele se sentia destroçado ao ver que não conseguia encontrá-la.

Então, ele sentiu um toque no ombro.

“Eu acho que a mulher que você está procurando está por ali…” Disse Reece, virando-se e apontando para o outro lado.

Thor se virou e seus olhos se iluminaram. Ali estava Gwendolyn caminhando rapidamente em direção a ele, com um enorme sorriso de alívio no seu rosto. Ela parecia ter passado a noite em claro.

Ela parecia mais bonita do que nunca. Ela correu em direto para os braços de Thor. Ela pulou e abraçou-o e ele a abraçou de volta, com força, girando-a no meio da multidão. Ela se agarrou a ele e não o soltava. Thor podia sentir as lágrimas dela escorrendo pelo seu pescoço. Ele podia sentir todo o seu amor, e ele o correspondia.

“Graças a Deus você está vivo.” Ela disse regozijante.

“Eu não pensei em nada além de você.” Thor respondeu, segurando-a firmemente. Quando ele a segurava em seus braços, tudo parecia estar bem no mundo novamente.

Lentamente, ele a soltou, ela olhou fixamente para ele, então eles se inclinaram e se beijaram. Eles ficaram beijando-se por um longo tempo, a multidão ficou a girar em volta deles.

“Gwendolyn!” Reece gritou de alegria.

Ela virou-se e abraçou-o, em seguida, Godfrey se aproximou e abraçou Thor, logo foi a vez de seu irmão Reece. Era uma grande reunião familiar e Thor de alguma forma se sentia parte dela, como se aquela já fosse toda a sua família. Todos eles estavam unidos pelo seu amor por MacGil e pelo seu ódio por Gareth.

Krohn avançou e saltou em cima de Gwendolyn, ela se inclinou para trás com um sorriso e abraçou-o enquanto ele lambia seu rosto.

“Você está maior a cada dia que passa!” Ela exclamou. “Como posso agradecer-lhe por manter Thor a salvo?”

Krohn pulava em cima dela vez após vez, até que, finalmente, rindo, ela teve dar-lhe uns tapinhas carinhosos.

“Vamos sair deste lugar.” Gwen disse a Thor, enquanto era empurrada por todos os lados pela multidão espessa. Ela estendeu sua mão e pegou a mão dele.

Thor estendeu a mão e tomou a mão dela, ele estava prestes a segui-la quando, de repente, vários guerreiros do Exército Prata vieram por trás dele, o levantaram no ar, sobre suas cabeças e o colocaram sobre seus ombros. Quando Thor subiu no ar, a multidão deu um grande grito de alegria.

“THORGRIN!” A multidão aclamou.

Giraram Thor ao redor várias vezes e logo meteram uma jarra de cerveja em sua mão. Ele se inclinou para trás e bebeu dela, a multidão aplaudiu com uma alegria selvagem.

Thor foi baixado abruptamente, ele tropeçou, rindo enquanto a multidão o abraçava.

“Nós nos dirigimos agora para o banquete da vitória.” Disse um guerreiro que Thor não conhecia, um membro do Exército Prata. Ele lhe deu uns tapinhas nas costas com sua mão musculosa. “É um banquete apenas para os guerreiros. Para os homens. Você vai se juntar a nós. Haverá um local reservado para você na mesa. Para você e para vocês também.” Disse ele, voltando-se para Reece, O’Connor e os amigos de Thor. “Vocês são homens agora. E vocês vão se juntar a nós.”

A alegria aumentava enquanto todos eles eram agarrados e arrastados pelos membros do Exército Prata. Thor conseguiu desvencilhar-se no último segundo e virou-se para Gwen, ele sentia-se culpado e não queria desapontá-la.

“Vá com eles.” Ela disse abnegadamente. “É importante que você faça isso… festeje com os seus irmãos. Comemore com eles. É uma tradição entre o Exército Prata. Você não deve perdê-la. Mais tarde, esta noite, me encontre na porta traseira do Salão de Armas. Então, nós vamos estar juntos.”

Thor se inclinou e beijou-a uma última vez, segurando-a enquanto podia, até que ele foi puxado por seus companheiros.

“Eu amo você.” Ela disse para ele.

“Eu também a amo.” Ele respondeu com uma seriedade maior do que ela poderia compreender.

Tudo em que ele podia pensar, enquanto era arrastado, enquanto observava aqueles belos olhos tão cheios de amor por ele, era que ele queria, mais do que qualquer coisa, pedi-la em casamento, para fazê-la sua para sempre. Aquele não era o momento apropriado, mas em breve seria, ele disse para si mesmo.

Talvez fosse naquela noite.

CAPÍTULO DOZE

Gareth estava em seu quarto, olhando pela janela, sob a luz do romper da aurora que banhava a Corte do Rei. Ele observava as massas reunidas abaixo e seu estômago dava voltas. No horizonte via-se materializado o seu pior medo, a própria imagem do que ele mais temia: o exército do rei retornando triunfante, vitorioso de seu combate com os McClouds. Kendrick e Thor cavalgavam no comando, livres, heróis viventes. Seus espiões já o haviam informado de tudo o que tinha acontecido: que Thor tinha sobrevivido à emboscada; que ele estava vivo e bem. Agora, aqueles homens se sentiam embravecidos corajosos, retornavam à Corte do Rei como uma força solidificada. Todos os planos de Gareth tinham ido por água abaixo e isso o deixou com um buraco no estômago. Ele sentiu o reino fechando-se sobre ele.

Gareth ouviu um rangido no quarto dele, ele girou e fechou os olhos rapidamente, invadido pelo medo diante da visão.

“Abra os olhos, filho!” Disse a voz retumbante.

Gareth estava tremendo ao abrir os olhos, ele ficou horrorizado ao ver seu pai, ali com o aspecto de um cadáver, em decomposição, uma coroa enferrujada em sua cabeça e um cetro enferrujado na sua mão. Ele fitava Gareth com um olhar de repreensão, o mesmo olhar que ele lhe dirigira em vida.

“O sangue clamará por sangue.” Seu pai proclamou.

“Eu odeio você!” Gareth gritou. “EU ODEIO VOCÊ!” Ele repetia enquanto puxava um punhal de seu cinto e investia contra seu pai.

Quando ele chegou até o pai para feri-lo, o punhal não golpeou nada além de ar e rolou pelo quarto.

Gareth virou-se, mas a aparição tinha ido embora. Ele estava sozinho no quarto. Ele havia estado sozinho o tempo todo. Será que ele estava perdendo a cabeça?

Gareth correu para o canto mais distante do quarto, vasculhou seu gabinete de vestir e extraiu o cachimbo de ópio com as mãos trêmulas; ele rapidamente o acendeu e inalou profundamente, vez após vez. Ele sentiu o calor da droga varrer seu sistema, sentiu-se perdido temporariamente na vertigem da droga. Ele havia estado consumindo ópio cada vez mais nos últimos dias. Isso parecia ser a única coisa que o ajudava a afastar a imagem de seu pai. Estar ali naquele lugar era um tormento para ele. Gareth estava começando a se perguntar se o fantasma de seu pai não estaria preso naquelas paredes e se ele não deveria mudar sua corte para outro lugar. Ele realmente gostaria de demolir o edifício. Aquele lugar retinha cada lembrança de sua infância que ele odiava.

Gareth voltou-se para a janela, coberto de um suor frio, ele enxugou a testa com as costas da mão enquanto observava. O exército se aproximava e Thor era visível mesmo a partir dali, as massas estúpidas o rodeavam como a um herói. Isso fez com que ele ficasse lívido, o fez ficar verde de inveja. Cada plano que ele tinha posto em marcha tinha resultado mal: Kendrick havia sido libertado; Thor estava vivo; até mesmo Godfrey conseguira escapar do veneno, do veneno suficiente para matar um cavalo.

Por outro lado, seus outros planos tinham dado certo: Firth, pelo menos, estava morto e não havia nenhuma testemunha para provar que ele tinha matado seu pai. Gareth respirou fundo aliviado, percebendo que as coisas não eram tão ruins quanto pareciam. Afinal, a caravana dos Nevaruns ainda estava a caminho para buscar Gwendolyn, arrastá-la para algum canto horrível do Anel e casá-la. Ele sorriu ao ter esse pensamento, já começando a se sentir melhor. Sim, pelo menos ela estaria fora de suas preocupações em breve.

Gareth tinha tempo. Ele iria encontrar outras formas de lidar com Kendrick e Thor e Godfrey. Ele tinha miríades de planos maléficos para matá-los. E ele tinha todo o tempo e todo o poder do mundo para fazer isso acontecer. Sim, eles tinham ganhado essa rodada, mas eles não iriam ganhar a próxima.

Gareth ouviu outro gemido e virou-se, mas não viu nada no quarto. Ele tinha de sair dali, ele não podia aguentar mais.

Ele virou-se e saiu da sala, a porta foi aberta antes mesmo que ele a alcançasse, seus assistentes tinham sempre o cuidado de antecipar-se a todos os seus movimentos.

Gareth jogou o manto e a coroa de seu pai sobre si  pegou seu cetro e marchou pelo corredor. Ele desceu pelos corredores até chegar a sua sala de jantar privada: uma câmara de pedra finamente construída com altos tetos abobadados e seus vitrais coloridos, iluminados pela luz matinal. Dois atendentes aguardavam ao lado da porta aberta e outros ficaram esperando atrás da cabeceira da mesa. Era uma mesa de banquete longa, com cerca de quinze metros de extensão, dezenas de cadeiras estavam alinhadas a ambos os lados dela; o atendente puxou uma antiga cadeira de carvalho para Gareth enquanto ele se aproximava, era a mesma cadeira na qual seu pai tinha se sentado inúmeras vezes.

Gareth estava sentado ali e percebia o quanto ele odiava aquela sala. Ele lembrou-se de ser forçado a sentar-se ali quando era criança com toda a sua família sentada ao seu redor, lembrou-se de ser repreendido por seu pai e sua mãe. Agora, a sala era profundamente solitária. Não havia ninguém ali, além dele, nem seus irmãos ou irmãs, pais ou amigos. Nem mesmo seus assessores. Ao longo dos últimos dias, ele tinha conseguido isolar todo mundo e agora ele jantava sozinho. Ele preferia que fosse assim, de todas maneiras. Muitas haviam sido às vezes em que ele tinha visto o fantasma de seu pai ali com ele e teria ficado envergonhado se chorasse na frente dos outros.

Gareth estendeu a mão, tomou uma colherada de sua sopa matinal e de repente bateu a colher de prata com força em seu prato.

“A sopa não está quente o suficiente!” Ele berrou.

Estava quente, mas não escaldante, como ele gostava e Gareth não toleraria mais um erro ao seu redor. Um atendente correu até ele.

“Sinto muito, Majestade.” Disse o atendente, inclinando a cabeça e apressando-se para retirar o prato. Mas Gareth pegou o prato e jogou o líquido quente no rosto do atendente.

O atendente levou as mãos aos olhos gritando enquanto ele estava sendo escaldado pelo líquido. Gareth então pegou o prato, levantou-o bem alto, acima de sua cabeça e espatifou-o na cabeça do atendente.

O atendente gritou agarrando seu couro cabeludo sangrento.

“Levem-no embora!” Gareth gritou para os outros atendentes.

Eles olhavam com cautela, então obedeceram com relutância.

“Mandem-no para as masmorras!” Gareth disse.

Gareth sentou-se tremendo, a sala estava vazia, exceto por um atendente que se aproximou de Gareth humildemente.

“Majestade.” Disse o atendente nervoso.

Gareth olhou para ele com uma raiva fervente. Quando ele olhou ao redor, Gareth pôde ver seu pai, sentado ereto à mesa a algumas cadeiras de distância, olhando para ele e sorrindo um sorriso maligno. Gareth tentou desviar o olhar.

“O lorde que Vossa Majestade convocou já chegou para vê-lo.” O atendente disse. “Lorde Kultin da província de Essen. Ele espera do lado de fora.”

Gareth piscou várias vezes enquanto começava a processar o que seu assistente estava dizendo. Lorde Kultin. Sim, agora ele se lembrava.

“Mandem-no entrar de uma vez.” Gareth ordenou.

O atendente fez uma reverência e saiu correndo do quarto, ele abriu a porta e por ela passou um enorme guerreiro de aspecto feroz, ele tinha longos cabelos negros, olhos negros frios e uma longa barba negra. Ele usava uma armadura completa e um manto, portava duas espadas longas, uma de cada lado de sua cintura. Ele mantinha as mãos descansando sobre ambas as espadas como se estivesse pronto para defender-se ou atacar a qualquer momento. Ele parecia raivoso, mas Gareth sabia que ele não estava. Lorde Kultin sempre tinha dado essa impressão desde o tempo de seu pai.

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