Uma Nênia Para Príncipes - Морган Райс 4 стр.


Por baixo de seu pássaro que circulava, ele viu a cavalaria entrar a trovejar, parecendo-se em toda sua extensão com um exército elegante saído de uma lenda. Ouviu o barulho dos mosquetes que os começaram a abater, e, depois, viu os soldados que estavam à espera a avançar na direção deles, rapidamente transformando seu avanço de um livro de histórias numa coisa de sangue, morte, dor e angústia súbita. O Mestre dos Corvos via os homens a sucumbir uns após os outros, incluindo o jovem oficial, apanhado pela garganta por uma lâmina perdida.

“Tudo comida para os corvos” disse ele. Isso não importava; aquela pequena batalha estava ganha.

Ele conseguia ver uma batalha mais difícil em torno das dunas que levavam até uma pequena aldeia. Um de seus comandantes não tinha sido rápido o suficiente a seguir suas ordens, o que significava que os defensores haviam entrado, mantendo a rota até à sua aldeia, mesmo contra a força maior. O Mestre dos Corvos espreguiçou-se e, depois, desceu para um barco de desembarque.

“Para terra” disse ele, apontando.

Os homens que estavam com ele desataram a trabalhar com a velocidade que vinha do longo treino. O Mestre dos Corvos viu o progresso da batalha ao se aproximar, ouvindo os gritos dos moribundos, vendo suas forças a dominar grupo após grupo de supostos defensores. Era óbvio que a Viúva havia ordenado a defesa de seu reino, mas claramente não bem o suficiente.

Eles chegaram à costa e o Mestre dos Corvos caminhou pela batalha como se estivesse a dar um passeio. Os homens ao redor dele mantinham-se baixos, com os mosquetes levantados enquanto procuravam ameaças, mas ele andava alto. Ele sabia onde seus inimigos estavam.

Todos seus inimigos. Ele já conseguia sentir o poder desta terra e seu movimento quando algumas das coisas mais perigosas ali reagiram à sua chegada. Eles que o sintam a chegar. Eles que fiquem com medo do que está por vir.

Um pequeno grupo de soldados inimigos saltou de um esconderijo atrás de um barco virado de casco para o ar, e não houve mais tempo para pensar, apenas para agir. Ele sacou de uma longa lâmina de duelo e de uma pistola num movimento suave, disparando contra o rosto de um dos defensores, e, depois, trespassando outro. Ele desviou-se de um ataque para o lado, contra-atacou com força letal e continuou em movimento.

As dunas estavam adiante e a aldeia estava além delas. Agora o Mestre dos Corvos conseguia ouvir a violência sem ter que recorrer às suas criaturas. Ele conseguia distinguir o choque das lâminas nas lâminas com seus próprios ouvidos, o estrondo de mosquetes e pistolas a ecoar à medida que ele se aproximava. Ele conseguia ver homens a lutarem uns com os outros. Os corvos dele deixavam-no descortinar os pontos em que os defensores se ajoelhavam ou estendiam, com suas armas treinadas para qualquer coisa que se aproximasse.

Ele ficou lá no meio de tudo, desafiando-os a atirarem sobre si.

“Vocês têm uma hipótese de viver” disse ele. “Eu preciso desta praia e estou preparado para pagar por isso com vossas vidas e com as vidas de vossas famílias. Larguem vossas armas e vão-se embora. Melhor ainda, juntem-se ao meu exército. Se o fizerem sobreviverão. Continuem a lutar e eu certificar-me-ei que vossas casas serão arrasadas.”

Ele ficou ali, à espera de uma resposta. Obteve-a quando um tiro soou, com a dor e o impacto a atingirem-no com tanta força que ele cambaleou, caindo sobre um joelho. Naquele momento, porém, havia demasiada morte por perto para o deter tão facilmente. Os corvos estavam a ser bem alimentados hoje, e o poder deles curaria qualquer coisa que não o matasse de imediato. Ele empurrou o poder para dentro da ferida, fechando-a, enquanto se levantava.

“Assim seja” disse ele, e depois avançou.

Habitualmente, ele não fazia isto. Era uma maneira tola de lutar; uma maneira antiga que não tinha nada a ver com exércitos bem organizados ou táticas eficientes. Ele movia-se com toda a velocidade que seu poder lhe dava, desviando-se e correndo enquanto encurtava a distância.

Sem parar, ele matou o primeiro homem, mergulhando sua espada profundamente e depois arrancando-a de uma só vez. Pontapeou o seguinte para o chão, e, depois, acabou com ele com um golpe de sua lâmina. Tirou o mosquete ao homem com uma mão e disparou, usando a visão de seus corvos para saber para onde apontar.

Ele avançou para um grupo de homens que se escondia atrás de uma barricada de areia. Contra o lento avanço de suas tropas, isso poderia ter sido o suficiente para os atrasar, criando tempo para que mais homens pressionassem. Contra seu avanço selvagem, isso não fazia diferença. O Mestre dos Corvos saltou as paredes de areia, saltando para o meio de seus inimigos e golpeando em todas as direções.

Os seus homens estariam a seguir atrás, mesmo se ele não tivesse concentração para dispensar a olhar através dos olhos de seus corvos por eles. Ele estava muito ocupado a aparar golpes de espada e golpes de machado, contra-atacando com violenta eficiência.

Agora seus homens estavam lá, se fazendo derramar sobre as barricadas de areia como a maré a encher. Eles morriam quando o faziam, mas agora isso não era importante para eles, desde que eles estivessem lá com seu líder. Era com isso que o Mestre dos Corvos contava. Eles mostravam uma lealdade surpreendente para homens que eram pouco mais do que comida de corvo para ele.

Com seus homens atrás de si, não demorou muito a que os defensores estivessem mortos, e o Mestre dos Corvos deixou seus homens avançarem em direção à aldeia.

“Ide” disse ele. “Abatam-nos pela sua provocação.”

Ele observou o resto dos desembarques por mais alguns minutos, mas não parecia haver mais nenhum grande ponto de estrangulamento. Ele havia escolhido bem seu lugar.

Quando o Mestre dos Corvos chegou à aldeia, partes dela já estavam em chamas. Os seus homens estavam a deslocar-se pelas ruas, abatendo qualquer aldeão que encontrassem. A maioria estava, de qualquer das maneiras. O Mestre dos Corvos viu um a arrastar uma jovem da aldeia. O medo dela era correspondido apenas pelo óbvio prazer do soldado.

“O que é que estás a fazer?” ele perguntou quando se aproximou.

O homem olhou para ele em choque. “Eu... eu vi esta, meu lorde, e pensei...”

“Tu pensaste que irias ficar com ela” o Mestre dos Corvos terminou por ele.

“Bem, ela valeria um bom preço no lugar certo.” O soldado ousou um sorriso que parecia projetado para fazer os dois parte de alguma grande conspiração.

“Estou a ver” disse ele. “Eu não te dei ordens para pensares isso. “Dei?”

“Meu lorde...” o soldado começou, mas o Mestre dos Corvos já estava a erguer uma pistola. Disparou-a tão de perto que as feições do outro homem quase desapareceram com a rajada. Quando seu atacante caiu, a jovem ao seu lado parecia estar demasiado em choque até mesmo para gritar.

“É importante que meus homens aprendam a agir de acordo com minhas ordens” disse o Mestre dos Corvos à mulher. “Há lugares onde permito prisioneiros e outros onde é acordado que não se faz mal a ninguém, a não ser aos dotados. É importante que a disciplina seja mantida.”

A mulher parecia esperançosa naquele momento, como se pensasse que isto não era mais do que algum engano, apesar das depredações dos outros na aldeia. Ela pareceu assim até ao ponto em que o Mestre dos Corvos enfiou a espada em seu coração, num impulso seguro e limpo, provavelmente até indolor.

“Neste caso, eu dei aos vossos homens uma escolha, e eles fizeram-na” disse ele enquanto ela se agarrava à arma. Ele puxou-a para fora, e ela caiu. “É uma escolha que pretendo dar a muito do resto deste reino. Talvez eles escolham mais sabiamente.”

Ele olhou em volta enquanto a matança continuava, não sentindo nem prazer nem desprazer, apenas uma espécie de satisfação de justiça pela tarefa cumprida. Um passo, pelo menos, porque afinal de contas, isto não era mais do que a conquista de uma aldeia.

Haveria muito mais por vir.

CAPÍTULO CINCO

A Viúva Rainha Maria da Casa de Flamberg estava sentada nos grandes aposentos da Assembleia dos Nobres, tentando não parecer entediada demais em seu trono no centro das coisas enquanto os supostos representantes de seu povo falavam ininterruptamente.

Normalmente, isso não teria tido importância. A Viúva havia há muito tempo dominado a arte de parecer impassível e régia enquanto as grandes facões ali discutiam. Tipicamente, ela deixava os populistas e os tradicionalistas ficarem cansados antes de ela falar. Hoje, porém, isto estava a demorar mais do que o normal, o que significava que o aperto sempre presente em seus pulmões estava a crescer. Se ela não terminasse com isto em breve, estes tolos poderiam ver o segredo que ela se esforçava tanto para disfarçar.

Mas não havia pressa. A guerra havia chegado, o que significava que todos queriam ter sua oportunidade de falar. Pior, mais do que simplesmente alguns deles queriam respostas que ela não tinha.

“Eu apenas gostaria de perguntar aos meus honoráveis ​​amigos se o facto de os inimigos terem desembarcado em nossa costa é indicativo de uma política governamental mais ampla de negligenciar as capacidades militares de nossa nação” perguntou Lorde Hawes de Briarmarsh.

“O honrado lorde está bem ciente das razões pelas quais esta Assembleia tem sido cautelosa quanto à noção de um exército centralizado” respondeu Lorde Branston de Upper Vereford.

Eles continuaram a tagarelar, repondo velhas batalhas políticas enquanto batalhas mais literais se aproximavam.

“Se eu puder declarar a situação, de modo que esta Assembleia não me acuse de negligenciar meu dever” disse o general Sir Guise Burborough. “As forças do Novo Exército desembarcaram em nossa costa sudeste, contornando muitas das defesas que colocámos em prática para impedir a possibilidade. Eles avançaram rapidamente, derrotando os defensores que os tentaram impedir e incendiando aldeias em seu rasto. Já existem numerosos refugiados que parecem pensar que devíamos proporcionar a eles hospedagem.”

Era divertido, pensou a Viúva, que o homem pudesse fazer com que as pessoas que corriam pelas suas vidas parecessem parentes indesejados determinados a ficar por demasiado tempo.

“E as preparações em torno de Ashton?” Graham, Marquês do Xisto, quis saber. “Assumo que eles estão a vir nesta direção? Podemos selar as muralhas?”

Essa era a resposta de um homem que nada sabia sobre canhões, pensou a Viúva. Ela poder-se-ia ter rido alto se tivesse alentos para isso. Assim, como estava, tudo o que conseguia fazer era manter sua expressão impassível.

“Eles estão a vir nesta direção” respondeu o general. “Antes do mês acabar, talvez tenhamos que nos preparar para um cerco, e trabalhos de terraplenagem já estão a ser construídos contra essa possibilidade.”

“Estamos a pensar evacuar as pessoas que estejam no caminho do exército?” Lorde Neresford perguntou. “Devíamos aconselhar o povo de Ashton a fugir para norte para evitar os combates? Deveria nossa rainha, pelo menos, considerar a retirada para suas propriedades?”

Era divertido; a Viúva nunca o tinha considerado como alguém que se interessava pelo seu bem-estar. Ele tinha sido sempre rápido a votar contra qualquer proposta que ela apresentasse.

Ela decidiu que tinha chegado o momento de falar, enquanto ainda podia. Levantou-se e a sala ficou em silêncio. Embora os nobres tivessem lutado pela sua Assembleia, eles ainda a escutavam lá dentro.

“Ordenar uma evacuação iria dar início ao pânico” disse ela. “Haveria saques nas ruas e homens fortes, que de outra forma poderiam defender seus lares, iriam fugir. Eu ficarei aqui também. Esta é minha casa, e eu não serei vista a fugir dela diante de uma multidão de inimigos.”

“Longe de uma multidão, Sua Majestade” salientou Lorde Neresford, como se os conselheiros da Viúva não lhe tivessem dito a extensão exata da força invasora. Talvez ele tivesse apenas a assumir que, enquanto mulher, ela não teria conhecimentos suficientes sobre guerra para o entender. “Embora eu tenha a certeza de que toda a Assembleia está ansiosa para ouvir seus planos para a derrotar.”

A Viúva olhou para ele fixamente, embora isso fosse difícil de fazer quando seus pulmões pareciam estar prestes a começar a tossir a qualquer momento.

“Como os honrados lordes sabem” disse ela “evitei deliberadamente um papel demasiado próximo nos exércitos do reino. Eu não quereria deixar-vos a todos desconfortáveis, alegando comandar-vos agora.”

“Tenho a certeza de que podemos perdoar isto desta vez” disse o lorde, como se tivesse o poder de a perdoar ou de a condenar. “Qual é sua solução, Sua Majestade?”

A Viúva encolheu os ombros. “Eu pensei que nós começaríamos com um casamento.”

Ela ficou ali, esperando que o furor diminuísse, com as várias fações dentro da Assembleia a gritarem umas com as outras. Os monarquistas estavam a aclamarem seu apoio, os antimonarquistas a reclamarem sobre o desperdício de dinheiro. Os militares estavam a assumir que ela os estava a ignorar, enquanto aqueles que eram das regiões mais distantes do reino queriam saber o que isso significava para o povo deles. A Viúva não disse nada até ter a certeza de que tinha a atenção deles.

“Oiçam-se a vocês próprios, a balbuciarem como crianças assustadas” disse ela. “Vossos tutores e vossas governantas não vos ensinaram a história de nossa nação? Quantas vezes é que os inimigos estrangeiros procuraram reivindicar nossas terras, invejosos de sua beleza e riqueza? Devo os listar para vocês? Devo falar-vos sobre os fracassos da Frota de Guerra de Havvers, a invasão dos Sete Príncipes? Mesmo em nossas guerras civis, os inimigos que vieram de fora foram sempre repelidos. Já se passaram mil anos desde que alguém conquistou esta terra, e ainda assim vocês entram em pânico agora porque alguns inimigos invadiram nossa primeira linha de defesa.”

Ela olhou ao redor da sala, envergonhando-os como se eles fossem crianças.

“Eu não posso dar muito ao nosso povo. Eu não posso comandar sem vosso apoio, e com razão.” Ela não queria que eles discutissem sobre o poder dela aqui e agora. “Porém, eu posso dar-lhes esperança, e é por isso que hoje, nesta Assembleia, quero anunciar um evento que oferece esperança para o futuro. Desejo anunciar o casamento iminente de meu filho Sebastian com Lady d'Angélica, Marquesa de Sowerd. Algum de vocês vai querer forçar uma votação sobre o assunto?”

Eles não quiseram, embora ela suspeitasse que era porque eles ficaram extremamente surpreendidos com o anúncio. A Viúva não se importou. Ela saiu da câmara, decidindo que seus próprios preparativos eram mais importantes do que quaisquer negócios que fossem concluídos em sua ausência.

Ainda havia muito a fazer. Ela precisava ter a certeza de que as filhas dos Danses haviam sido contidas, precisava de fazer os preparativos para o casamento...

O ataque de tosse apoderou-se de si de repente, apesar de ela ter estado à espera de isso durante a maior parte de seu discurso. Quando seu lenço ficou manchado de sangue, a Viúva soube que tinha pressionado muito hoje. Isso, e as coisas estarem a progredir mais depressa do que gostaria.

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