Beco Sem Saída - Блейк Пирс 2 стр.


Chloe saiu do carro, tentando pensar no que tinha em seu guarda-roupas que fosse bacana, mas não tanto. Ela tinha poucas ideias do que usar, e poucas ideias de lugares onde eles poderiam ir. Fazia tempo que não comia pratos japoneses, e talvez sushi fosse o ideal para aquela—

Ao chegar à entrada de seu prédio, viu um homem parado no último degrau. Ele parecia bastante entediado, com a cabeça encostada em uma das mãos enquanto mexia no celular com a outra.

Chloe caminhou um pouco mais devagar e então parou completamente. Ela conhecia aquele homem. Mas não era possível que ele estivesse ali, sentado na entrada do prédio dela.

Não pode ser...

Deu mais um passo à frente. O homem finalmente lhe viu. Eles se olharam e, então, o coração de Chloe disparou.

O homem parado ali era Aiden Fine—seu pai.

CAPÍTULO DOIS

- Ei, Chloe.

Ele estava tentando parecer normal. Estava tentando fazer daquele momento algo totalmente normal, como se não houvesse nada estranho no fato dele estar ali, parado em frente ao prédio. Ignorando o fato de que ele estivera preso por quase vinte e três anos, condenado por fazer parte do assassinato da mãe de Chloe. Claro, as descobertas recentes que ela mesmo havia encontrado mostravam que ele era basicamente inocente daquelas acusações, mas para Chloe, aquele homem seria sempre culpado.

Porém, ao mesmo tempo, ela sentiu uma pequena vontade de ir até ele. Talvez até abraçá-lo. Não havia como negar que vê-lo ali, em liberdade, fez com que ela sentisse uma tempestade de emoções.

Mas Chloe não ousou dar um passo à frente. Ela não confiava nele e, pior do que isso, não confiava totalmente em si mesma.

- O que você está fazendo aqui? – ela perguntou.

- Só quis passar para te visitar – Aiden respondeu, levantando-se.

Um milhão de perguntas passaram por sua cabeça. A principal delas era como ele tinha descoberto onde ela morava. Mas Chloe sabia que qualquer pessoa determinada e com conexão à internet poderia descobrir. Então, tentou ser educada, sem parecer convidativa.

- Há quanto tempo você saiu? – ela perguntou.

- Uma semana e meia. Tive que preparar meus nervos para vir te ver.

Chloe lembrou-se da ligação que havia feito para o Diretor Johnson, quando descobrira a última evidência, dois meses antes—evidência que aparentemente tinha sido mais do que suficiente para livrar seu pai. E agora ele estava ali. Por causa do esforço dela. Chloe perguntou-se se ele sabia o que ela tinha feito por ele.

- É exatamente por isso que eu esperei – ele disse. – Esse... esse silêncio entre nós. É estranho, injusto e...

- Injusto? Pai, você ficou preso na maior parte da minha vida... por um crime que agora eu sei que você não era culpado, mas que você não se importou de assumir. Sim, vai ser estranho. E pelo motivo da sua prisão e pela nossa última conversa, espero que você entenda se eu não for até você dançando e jogando pétalas de rosa.

- Eu entendo perfeitamente. Mas... nós perdemos muita coisa. Você pode não sentir isso ainda, sendo tão jovem. Mas esses anos que eu perdi na prisão, sabendo tudo o que sacrifiquei... momentos com você e Danielle... minha própria vida...

- Você sacrificou isso tudo por Ruthanne Carwile – Chloe disse. – Foi escolha sua.

- Foi. E esse é um arrependimento com o qual eu tive que viver pelos últimos vinte e três anos.

- Então, o que você quer? – Chloe perguntou.

Chloe caminhou e passou por Aiden, em direção à porta. Precisou de mais força de vontade do que imaginou para passar tão perto dele.

- Eu esperava que pudéssemos jantar.

- Simples assim?

- Temos que começar de algum jeito, Chloe.

- Não, na verdade não. – ela abriu a porta e virou-se, olhando nos olhos dele pela primeira vez. Seu estômago estava cheio de nós e ela fez o possível para não chorar na frente dele. – Preciso que você vá embora. E, por favor, não volte.

Aiden parecia realmente triste, mas seus olhos não desviaram dos dela.

- Você quer isso mesmo?

Chloe queria dizer sim, mas o que saiu da sua boca foi:

- Não sei.

- Me diga se você mudar de ideia. Estou morando em—

- Não quero saber – ela interrompeu. – Se eu quiser falar com você, vou te encontrar.

Aiden sorriu discretamente, mas havia dor em sua expressão.

- Ah, tudo bem. Você trabalha no FBI agora.

E o que aconteceu com você e minha mãe foi o que me levou por esse caminho, ela pensou.

- Tchau, pai – Chloe disse, e entrou pela porta.

Lá dentro, com a porta já fechada, ela não se importou em olhar para trás. Seguiu para o elevador o mais rápido possível sem parecer que estava com pressa. Quando as portas do elevador se fecharam e ele começou a subir, Chloe colocou as mãos no rosto e começou a chorar.

***

Chloe entrou em seu closet, pensamento seriamente em ligar para Moulton e dizer a ele que não poderia sair para jantar. Ela não contaria a ele os reais motivos—que seu pai tinha saído da prisão depois de passar vinte e três anos lá e que de repente havia aparecido em sua casa. Ele não entenderia muito bem, certo?

Mas ela decidiu que não deixaria seu pai estragar sua vida. A sombra dele já havia lhe perseguido demais. E mesmo algo pequeno como cancelar um encontro por conta da visita seria dar muita importância a ele.

Chloe ligou para Moulton e, ao ouvir a caixa de mensagens, sugeriu um lugar para a janta. Depois, tomou um banho rápido e se arrumou. Ao colocar suas calças, o telefone tocou. Ela viu o nome de Moulton na tela e sua mente logo pensou nos piores cenários.

Ele mudou de ideia. Está ligando para cancelar.

Acreditou nessa possibilidade até o momento em que atendeu.

- Alô?

- Então, japonês é uma boa – Moulton disse. – Mas eu não faço isso sempre, e faltaram alguns detalhes que eu não sei resolver sozinho. Não sei se te busco, se nos encontramos lá ou...

- Me busque, se você puder – ela disse, novamente pensando em seu carro sujo. – Tem um restaurante bem bom perto daqui.

- Tudo bem – ele disse. – Até logo então.

...Eu não faço isso sempre. Mesmo com ele admitindo, Chloe ainda achou difícil acreditar.

Ela terminou de se arrumar, mexeu um pouco no cabelo e esperou pela batida na porta.

Talvez vai ser seu pai de novo, disse a si mesma. Ainda que, sendo honesta consigo mesma, ela sabia que não era sua própria voz quem estava falando. Era a voz de Danielle, condescendente e confiante.

Será que ela sabe que ele está livre? Chloe pensou. Meu Deus, ela vai ficar muito furiosa.

Mas ela não tinha tempo para pensar naquilo agora. Logo depois, escutou uma batida na porta. Por um momento paralisante, teve certeza de que seria seu pai. O pensamento a fez congelar por um segundo, sem querer atender. Mas então, lembrou-se do quão desconfortável – assim como ela – Moulton estivera no centro de tiros, e deu-se conta do quanto queria vê-lo—especialmente depois de tudo o que acontecera nas últimas horas.

Ela atendeu a porta, com seu melhor sorriso. Moulton também sorria. Talvez fosse porque eles quase nunca se viam fora do trabalho, mas Chloe achou o sorriso dele muito sensual. Também ajudou o fato de que a roupa escolhida por ele—uma camisa de botão e uma bela calça jeans—o deixava incrivelmente bonito.

- Pronta? – Moulton disse.

- Claro – ela respondeu.

Chloe fechou a porta e eles seguiram pelo corredor. Mais uma vez, houve um silêncio perfeito entre eles, aquele mesmo que fazia ela querer ir adiante. Mesmo que fosse algo simples e inocente como ele segurando na mão dela... Chloe precisava de algo.

E foi justamente aquela necessidade por um simples contato humano que mostrou a Chloe o quanto ela estava mexida com a aparição de seu pai.

Só vai piorar agora que ele saiu da cadeia, ela pensou quando os dois pegaram o elevador.

Mas ela não deixaria seu pai arruinar seu encontro.

Eliminou todos os pensamentos sobre ele de sua mente quando ela e Moulton sentiram o ar quente da noite. E, para sua surpresa, a tentativa deu certo.

Por um tempo.

CAPÍTULO TRÊS

O restaurante japonês que Chloe escolhera era do estilo hibachi, com grandes fogões abertos, que permitiam que as pessoas sentassem em volta e assistissem aos cozinheiros fazendo sua arte. Chloe e Moulton escolheram uma mesa em uma área mais quieta e privada do restaurante. Quando eles se sentaram, ela ficou feliz ao perceber que estava se sentindo bem ao lado dele. Além da atração física, ela tinha gostado de Moulton desde o primeiro momento em que o conhecera. Ele fora uma luz em sua vida no dia que ela fora trocada da Equipe de Evidências para o Programa de Crimes Violentos. E agora ele estava ali, ainda tornando melhores momentos difíceis de sua vida.

Chloe não queria estragar a noite com aquele tipo de conversa, mas sabia que se não tirasse aquilo do peito, seria uma distração desnecessária.

- Então – Moulton disse, abrindo seu cardápio. – Não foi estranho eu ter te chamado para sair?

- Depende para quem você perguntar – ela respondeu. – O Diretor Johnson pode achar que essa não é a melhor ideia. Mas, sendo sincera – ela disse, - eu estava esperando você me convidar.

- Ah, então você é tradicionalista? Você não me chamaria? Teria que esperar eu te chamar?

- Não é ser tradicionalista, é só estar assustada com as relações passadas. À propósito, acho que é melhor eu te contar. Até uns sete meses atrás, eu estava noiva.

O susto na expressão de Moulton foi apenas momentâneo. Felizmente, Chloe não encontrou medo ou estranheza nele. Antes que ele pudesse responder, a garçonete apareceu para anotar os pedidos de bebidas. Os dois pediram Sapporo rapidamente, para não deixar a conversa esfriar.

- Posso perguntar por que não deu certo? – Moulton perguntou.

- É uma longa história. A versão resumida é que o cara era mimado e não conseguia se separar da sombra da família dele—da mãe dele, principalmente. E quando eu vi uma carreira no FBI na minha frente, me esperando, ele não deu muito apoio. Ele também não me dava apoio com meus problemas familiares...

Chloe então se deu conta de que Moulton provavelmente sabia algo sobre seu histórico familiar. Quando ela fora a fundo na história no fim de seu treinamento, soube muito bem que a história havia corrido pelos corredores da Academia.

- Sim, eu ouvi alguma coisa por aí...

Ele não disse mais nada. Chloe entendeu que, se quisesse falar mais sobre aquilo, ele escutaria. Mas se ela não quisesse falar, ele também entenderia. E naquele momento, com tantas coisas na mente, ela percebeu que seria agora ou nunca. Não faz sentido esperar, pensou.

- Eu acho que devo deixar os detalhes para outro dia, mas devo te dize que vi meu pai hoje.

- Então ele está em liberdade?

- Sim. E acho que principalmente por conta de descobertas que eu tive sobre a morte da minha mãe nos últimos meses.

Moulton levou um momento para pensar no que iria dizer. Ele, como Chloe, tomou um gole de sua cerveja como método para ganhar tempo. Ao largar o copo, respondeu da melhor maneira possível.

- Você está bem?

- Acho que sim. Mas foi totalmente inesperado.

- Chloe, nós não precisávamos sair hoje. Eu teria entendido se você tivesse cancelado.

- Eu quase cancelei. Mas não vi motivo para deixar ele controlar mais uma parte da minha vida.

Moulton assentiu e os dois ficaram em silêncio enquanto olhavam o cardápio. O silêncio seguiu até que a garçonete voltasse para anotar os pedidos. Quando ela terminou, Moulton inclinou-se levemente na mesa e perguntou:

- Você quer falar sobre isso ou devemos ignorar o assunto?

- Sabe, eu acho que devemos ignorar por enquanto. Só quero que você saiba que pode ter alguns momentos da noite que eu vou estar um pouco distraída.

Ele sorriu e levantou-se da cadeira.

- Tudo bem. Mas deixe-me tentar algo, se você quiser.

- O que?

Moulton deu um passo em direção a Chloe, abaixou-se, e a beijou. Ela recuou a princípio, sem saber o que estava acontecendo. Mas quando percebeu o que ele queria, deixou acontecer. Não só isso, retribuiu o beijo. Foi leve, mas suficiente para que ela soubesse que ele estava pensando naquilo há tanto tempo quanto ela.

Moulton parou o beijo antes que os dois ficassem desconfortáveis. Afinal de contas, eles estavam em um restaurante, rodeados por outras pessoas. E Chloe nunca fora do tipo que gostava de demonstrações públicas de afeto.

- Não é uma reclamação – ela disse, - mas o que foi isso?

- Duas coisas. Foi eu sendo corajoso... algo que eu raramente consigo ser com uma mulher. E também foi eu te dando outra distração... espero que possa ajudar você a se distrair da situação com seu pai.

Com sua cabeça viajando um pouco e o calor irradiando por seu corpo inteiro, Chloe suspirou.

- É, acho que ajudou sim.

- Que bom – ele disse. – Além disso, acho que isso também acaba com aquela besteira de será que nós vamos nos beijar no fim do encontro.

- Ah, depois disso, acho que vamos – ela respondeu.

E, como Moulton esperava, os pensamentos sobre seu pai de repente ficaram muito distantes.

***

O jantar foi muito melhor do que Chloe estava esperando. Depois de falarem sobre a visita de seu pai e do beijo inesperado de Moulton, tudo correu muito bem. Eles conversaram sobre o aprendizado no FBI, música, filmes, habilidades e contaram histórias do período na Academia, além de seus interesses e hobbies. Tudo foi muito natural, de uma maneira que Chloe não esperava.

Tristemente, aquilo a fez desejar ter se separado de Steven antes. Se aquilo era o que ela tinha perdido por ficar tanto tempo insistindo com ele, ela tinha perdido muita coisa.

Eles terminaram de comer, mas ficaram ali para tomar mais alguns drinks. Moulton mais uma vez mostrou cuidado e afeto ao parar no segundo drink, enquanto Chloe pediu o terceiro. Ele inclusive perguntou se ela se sentiria mais confortável pedindo um táxi do que andando com ele ao volante.

Moulton a levou de volta para o apartamento, deixando-a na calçada depois da dez. Chloe não estava bêbada, mas tinha bebido o suficiente para imaginar outras formas de se entreter com ele.

- Foi uma noite ótima – Moulton disse. – Quero repetir logo se você não achar que isso vai nos atrapalhar no trabalho.

- Eu também. Obrigada por me convidar.

- Obrigado por aceitar.

Mesmo sabendo que não era uma mestre na arte da sedução, Chloe inclinou-se e o beijou. Assim como o beijo no restaurante, esse começou devagar, mas depois esquentou. A mão dele repente estava no rosto dela, correndo por sua nuca e a puxando para perto. O apoio de braço do banco estava entre eles, e ela mexeu-se para fazer com que sua mão encontrasse o peito de Moulton.

Ela não sabia quanto o beijo tinha durado. Foi devagar e romântico. Quando se separaram, Chloe encontrou-se quase sem ar.

- Então, já falamos que eu não tive muitos encontros na vida – ela disse. – Então, se eu fizer algo errado na próxima parte, você vai ter que me desculpar.

- Que parte?

Chloe hesitou por um momento, mas os três drinks ajudaram.

- Quero te chamar pra entrar. Eu poderia dizer que seria para um café ou mais um drink, mas seria mentira.

Moulton pareceu verdadeiramente surpreso. Foi um olhar que a fez imaginar se ele tinha entendido bem.

- Tem certeza? – ele perguntou.

- Não falei direito – ela disse, envergonhada. – O que eu quis dizer é que... eu gostaria de beijar você sem esse apoio de banco atrapalhando. Mas eu não... não vou dormir com você.

Mesmo com pouca luz, ela pode ver o rosto dele ficando vermelho.

- Eu jamais esperaria isso de você.

Ela assentiu, um pouco envergonhada.

- Então... você quer entrar?

- Quero, quero muito.

Então, ele a beijou. Dessa vez, de um jeito mais brincalhão. Durante o beijo, ele bateu no apoio de braço com o cotovelo.

Ela interrompeu o beijo e abriu a porta. Enquanto caminhavam até o prédio, Chloe não conseguiu se lembrar da última vez em que se sentira tão... tão nas nuvens.

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