Vizinho Silencioso - Блейк Пирс 3 стр.


- Hoje?

- Sim, hoje. O corpo foi encontrado na sexta pela manhã. A polícia já fez o que pode e não achou nada.

- Só um corpo?

- Sim. Mas precisamos de uma agente nessa para ter certeza de que esse crime não está conectado a um caso parecido, naquela região, no ano passado.

- Senhor... você acha que Rhodes pode lidar com isso sozinha? Eu estou lidando com alguns problemas pessoais.

Houve um breve silêncio do outro lado da linha.

- Alguém morreu? Algum parente está morto?

- Não, senhor.

Chloe sabia que Johnson sabia dos detalhes da história de seu pai. Perguntou-se se ele estaria pensando naquilo no outro lado da linha.

- Desculpe, Fine. Você passou três semanas em uma sala, juntando perfis. Eu quero você em campo. Eu quero você e Rhodes em Falls Church em três horas. Vocês duas vão dar conta disso.

Chloe abriu a boca para reclamar, mas parou. Ela não queria entrar a fundo em uma investigação de assassino com tudo o que estava acontecendo em sua vida. Mas ao mesmo tempo, sabia que envolver-se em um caso poderia ser exatamente o que precisava. Ela não apenas se distrairia de seu drama com seu pai, mas poderia recolocar sua mente em ação para descobrir o que fazer para entregá-lo.

- Tudo bem, senhor – ela disse. – Vou ligar para Rhodes já.

E assim, Chloe recebeu seu primeiro caso de verdade em três semanas. O momento não era o melhor, mas ela não podia reclamar. Afinal de contas, ela havia entrado no FBI para ajudar pessoas em necessidade—para fazer justiça em um sistema criminal no qual jamais confiara totalmente.

Pelos últimos acontecimentos envolvendo seu pai—inclusive suas ideias homicidas sobre ele—o timing daquele pensamento, ao entrar no carro e ligar para Rhodes, era quase perfeito.

CAPÍTULO TRÊS

Se Rhodes suspeitava que Chloe estava lidando com problemas pessoais, ela não fez questão de demonstrar isso no caminho até Falls Church. Na verdade, ela não havia dito nada sobre a mudança no comportamento de Chloe durante as três semanas em que elas tinham trabalhado juntas no projeto dos perfis—tentando criar o perfil de um homem que, supostamente, estava liderando uma série de assaltos armados a bancos de Nova York. Rhodes havia mantido qualquer pensamento para si mesma. Mesmo depois da parceria entre as duas ter mudado de patamar – após Chloe salvar a vida de Rhodes – ela não havia demonstrado sinais de que queria conhecer Chloe a nível pessoal.

E Chloe estava totalmente bem com aquilo.

Na verdade, a maior parte do caminho de Washington a Falls Church, em Virginia, aconteceu em silêncio. Johnson não havia dado muitas informações. Elas não sabiam quase nenhum detalhe do crime. Tudo o que ele havia dito era que um oficial local estaria no lugar para recebê-las quando elas chegassem.

O mais perto de uma conversa que as duas tiveram aconteceu quando elas saíram da rodovia para entrar em Falls Church.

- Você sabe bastante sobre essa cidade? – Rhodes perguntou.

- Um pouco. A maioria da população é de classe alta, eu acho. Mas esse bairro para onde estamos indo, pelo que eu me lembro do estudo de caso que fiz na academia, é uma das áreas mais ricas, principalmente por conta do que eles chamam de dinheiro velho.

- Ah, você diz que as pessoas são ricas lá porque mamãe e papai eram ricos e não tinham o que fazer com o dinheiro antes de morrer.

- Basicamente, sim.

Rhodes riu e olhou pela janela.

- Para mim, parece que eu e você nos tornamos as ‘agentes oficiais’ de casos assim. Mas enfim... o que você acha disso?

Chloe não havia pensado naquilo antes. Ela simplesmente encolheu os ombros e respondeu com sinceridade.

- Acho que todo mundo precisa ser especializado em algum nicho.

Rhodes não disse mais nada depois disso. Chloe estava fazendo o possível para demonstrar que não estava afim de conversa fiada naquele momento—tentando ser sempre direta, sem ser rude. Aparentemente, sua estratégia funcionou. Elas chegaram à cena do crime—uma bonita casa de dois andares em um bairro chique—sem dizer mais nenhuma palavra. A maioria dos terrenos tinham árvores ou varandas enormes. O bairro em si ficava um pouco distante dos outros, mais populosos, e cada casa tinha seu próprio espaço bem delimitado e longe das outras.

A simples presença de uma viatura na estrada já parecia algo estranho ali. Era como se aquela casa, agora, fosse um defeito naquele bairro perfeito.

Chloe e Rhodes estacionaram o carro e foram até a entrada da casa. A porta estava fechada, então Chloe bateu, sem querer simplesmente invadir, já que havia um policial esperando por elas. A porta foi atendida imediatamente. O agente que abriu a porta parecia ter trinta e poucos anos. Ele tinha a barba feita, era bonito e aparentemente surpreendeu-se ao encontrar duas mulheres no outro lado da porta.

- Somos as agentes Fine e Rhodes – Chloe disse. – Fomos enviadas para investigar o assassinato de Jessie Fairchild.

O oficial estendeu a mão e apresentou-se.

- Oficial Ed Nolan. Estou liderando o caso. Entrem.

Ele as levou para dentro, onde Chloe percebeu que a casa era maior por dentro do que parecia por fora. O hall tinha quase o tamanho da sala do apartamento de Chloe, e o teto estava a pelo menos três metros e meio de sua cabeça. O local parecia estar sem vida há um bom tempo, o que fez com Chloe sentisse um arrepio.

- Então, o que aconteceu aqui? – Chloe perguntou. – Tudo o que nos disseram é que precisamos lidar com a hipótese de uma conexão com um caso do ano passado.

- Qual caso? – Nolan perguntou.

- Três mortes por estrangulamento a cerca de sete quilômetros daqui – Rhodes disse. – Todas mulheres, todas entre quarenta e sessenta anos.

- Hum, acho que vamos poder eliminar essa conexão bem rápido.

- Por que? – Chloe perguntou.

- Bom, o corpo obviamente já foi removido, mas eu posso mostrar as fotos para vocês. A senhora Fairchild não foi morta por estrangulamento, ainda que ela também tenha sido estrangulada. O que a matou foi um corte na garganta... mas de um jeito estranho que eu nunca vi antes.

Ele as levou até a cozinha e pegou uma pasta de arquivos no balcão. Utilizou-a para apontar para as escadas e disse:

- A diarista encontrou o corpo no quarto principal, no andar de cima. Ela foi até lá enquanto a pia da lavanderia ficou enchendo. Obviamente ela ficou assustada ao encontrar o corpo, tanto que a pia acabou transbordando.

- Vamos olhar o quarto, então – Chloe disse.

Nolan assentiu e as levou. Enquanto caminhavam pela casa, Chloe percebeu que ou a diarista era excelente em seu trabalho, ou os Fairchild sabiam como manter uma casa limpa.

O corredor do andar de cima era tão impressionante quanto o de baixo. Uma estante de livros ficava no fim do hall, embutida na parede. Havia quatro cômodos no andar, sendo dois quartos, um banheiro secundário e um escritório.

Nolan as levou até o quarto principal. O corpo obviamente já fora removido, mas Chloe viu que os lençóis seguiam os mesmos desde o assassinato.

- O quarto está exatamente como estava quando o corpo foi encontrado? – Chloe perguntou.

- Só mexemos no corpo – Nolan confirmou.

- Você pode nos contar os detalhes?

Ele falou enquanto Chloe olhava pelo quarto com Rhodes. Ela escutou cada detalhe, tentando criar uma cena em sua cabeça, imaginando situações que teriam acontecido no quarto onde ela estava naquele momento.

- Rosa Ramirez, a diarista, encontrou o corpo cerca de onze e meia da manhã. A polícia chegou aqui antes do meio-dia. Eu estava na equipe que atendeu a chamada, então pude ver tudo em primeira mão. A garganta de Jessie Fairchild tinha sido cortada, mas de um jeito muito estranho. Nós acreditamos que houve sim estrangulamento, mas o corte foi feito com um anel de diamantes muito grande.

- Vocês têm certeza disso?

- Sim. Os peritos confirmaram isso ontem. O anel estava cheio de sangue, e as linhas do corte bateram com o corte do diamante. Além disso, o marido dela não tem certeza se o anel pertencia à esposa.

- Espere aí – Rhodes disse. – Não é possível que um anel de diamante seja grande o suficiente para fazer um corte dessa profundidade.

- Nós também pensamos isso – Nolan disse. – Mas o ângulo do corte acertou uma artéria vital e também perfurou a traqueia.

- Algum motivo? – Chloe perguntou.

- Primeiro, pensamos que tinha sido uma invasão à casa, um roubo. Tenho certeza que vocês perceberam que aqui tem muita coisa de valor – ele apontou para o closet no lado esquerdo do quarto e acrescentou: - Tem muitas joias ali. Quando falamos com o marido dela, ele mostrou um colar que vale cerca de trinta mil. E não estava nem em um cofre. Estava ali, no velho móvel das joias. Também há dois carros na garagem, sendo que um deles vale cerca de três anos do meu salário. Uma piscina enorme nos fundos, uma banheira dessas de spa. É pouco dizer que os Fairchild são ricos. E por eles serem novos no bairro, nós imaginamos que fosse um roubo. Mas não conseguimos encontrar evidências que comprovem isso.

- Alguma coisa foi levada? – Chloe perguntou.

- Fizemos o marido caminhar pela casa, mas ele não percebeu nada faltando. Claro, ele estava abalado por ter perdido a esposa assassinada, então ninguém sabe se ele olhou com atenção...

- Você disse que acha que houve também um estrangulamento – Rhodes disse. – Você sabe com o que ela foi estrangulada?

- Não temos certeza, mas achamos que com uma estola de raposa—essa coisa para por no ombro. Encontramos uma debaixo da cama. Os peritos dizem que estão certos de que as duas pontas da estola foram amarradas e puxadas com força. O marido também disse que não lembra da última vez que a esposa usou isso.

- O que você pode nos dizer sobre os Fairchild? – Chloe perguntou. Ela deu um passo em direção à cama, analisando o lençol cheio de sangue.

- Eles eram novos no bairro. Mudaram-se há cerca de cinco semanas. Ainda tem algumas caixas na garagem que eles nem abriram. O marido, Mark, é do mercado financeiro... mexe com dinheiro, com ações. Jessie Fairchild mexia com mídias sociais... era influencer, subcelebridade. Instagram, Facebook, essas coisas. Eles vieram de Boston... o marido disse que eles vieram porque estavam cansados do clima de cidade grande.

- Onde ele está agora? – Chloe perguntou.

- Ele foi para uma casa de campo, nas montanhas, com o irmão. Foi hoje cedo, na verdade. Ele... bem, ele está destruído. Digo, as pessoas encaram a morte de maneiras diferentes, eu sei. Mas esse cara... eu vi ele totalmente destruído, sabe? O pior que eu já vi.

- Imagino que não tenha nenhuma digital na cena do crime – Chloe disse.

- Nada. Mas encontramos um fio de cabelo na estola. Era loiro, e Jessie era morena. Está sendo analisado nesse momento... os resultados devem chegar em breve.

Chloe parou por um momento para pensar em tudo. Havendo uma indicação forte de algum tipo de estrangulamento, ela não podia eliminar a conexão com os crimes de um ano antes. Mas o corte com o anel de diamante a dizia que havia algo novo... algo diferente. Ela pegou a pasta e a abriu para começar a analisar tudo novamente.

- Você disse que está no comando do caso?

- Sim.

- Podemos ir com você até a sua delegacia? Eu gostaria de um lugar para trabalhar.

- Então, você acha mesmo que isso está relacionado com os casos de estrangulamento do ano passado? – Nolan perguntou. Claramente, ele não esperava aquilo.

- Não tenho certeza – Chloe disse. – Mas nós sabemos que há uma mulher morta—que foi assassinada em sua própria casa—e nesse momento não temos ninguém preso. Então... vamos trabalhar.

Nolan sorriu, gostando da atitude de Chloe. Ele assentiu e saiu do quarto, com direção ao corredor.

- Vamos começar logo, então.

CAPÍTULO QUATRO

Chloe abriu a pasta do assassinato de Jessie Fairchild assim que chegou à delegacia. Nolan havia lhes dado uma sala que outrora pertencera a um oficial assistente, que fora demitido por conta de corte de gastos. Alguns dos pertences do ex-assistente ainda estavam na sala, o que fez com que Chloe sentisse que não pertencia àquele lugar.

Mesmo assim, ela sentou-se e começou a estudar os arquivos. Ficou impressionada ao ver quão organizados eles estavam. Aparentemente, o oficial Nolan tinha talento para organização e detalhes.

Além do relatório básico da polícia, que incluía tudo o que Nolan já havia lhes contado na casa dos Fairchild, havia muitas fotos do corpo da vítima. Ela estava completamente vestida, na cama. Sua cabeça estava caída para a esquerda, com seus olhos abertos olhando na direção da piscina de sangue que havia se formado ao redor de sua cabeça. A característica mais marcante do corpo, no entanto, era o corte enorme no centro do pescoço.

As fotos deviam ter sido tiradas algumas horas depois do crime, porque a maior parte do sangue ainda não havia secado. Chloe pode ver que o sangue estava começando a endurecer, mas ainda era novo. O corte em si era horrível. Era grande e grotesco, uma linha reta que parecia ter serrado até a carne. Chloe também viu leves indicações de que algo havia sido colocado em volta do pescoço da vítima, ainda que fosse difícil ter certeza pelas fotos.

Sem ver o corpo, ela precisaria acreditar nos peritos. E se o que estava vendo fosse de fato um sinal de que algo havia sido colocado em volta do pescoço da vítima, isso faria total sentido com a estola, vista em outras fotos.

Chloe também viu a foto do anel de diamante que fora usado para fazer o corte. Estava no criado-mudo. O assassino não havia tentado limpá-lo nem escondê-lo. Para Chloe, o assassino estava tentando enviar uma mensagem.

Mas que mensagem?

- O anel está me perturbando – Rhodes disse. – Por que colocar ali no criado-mudo? Ele está provocando? Talvez tentando nos dizer algo?

- Eu estava pensando a mesma coisa. Acho que o anel tem algum significado especial. Por que esse anel? Parece um desses anéis desses combos de noivado e casamento.

- Também parece ser bem caro – Rhodes acrescentou.

- Tem algum simbolismo nisso. Você não deixa um anel cheio de sangue acidentalmente no criado-mudo depois de usá-lo para matar alguém.

- Então você acha que o assassino está tentando dizer algo?

- Pode ser. Pode ser também que—

Chloe foi interrompida pelo toque de seu telefone. Ela o pegou, imaginando que fosse Johnson, querendo confirmar que elas haviam chegado. Mas ao ver a palavra “PAI” na tela, arrepiou-se. Uma onda de raiva subiu por seu corpo, junto com uma pontada de medo.

Chloe ignorou a ligação e colocou o telefone com a tela para baixo na mesa. Ao retornar sua atenção para a pasta a sua frente, foi difícil se concentrar.

- Você está bem? – Rhodes perguntou.

- Sim, por que?

- É que você olhou para o telefone como se alguém tivesse te xingado, ou algo do tipo.

Chloe encolheu os ombros.

- Problemas pessoais.

Rhodes assentiu, claramente sem querer se intrometer.

- Problemas pessoais são uma merda.

Enquanto Chloe ainda tentava retomar sua concentração, alguém bateu na porta. Quando ela se abriu, o oficial Nolan apareceu. Ao abri-la completamente, ele revelou outro homem, atrás de si. Esse homem parecia muito mais velho, com um bigode corpulento e grisalho que fez Chloe lembrar-se de uma morsa.

- Agentes - Nolan disse, – esse é o comandante Clifton.

Clifton entrou na sala e olhou para as duas, assentindo em apreciação. Ele olhou para a pasta, aberta na mesa e mostrando uma das fotos do corte bizarro no pescoço de Jessie Fairchild, e logo desviou o olhar.

Chloe e Rhodes apresentaram-se rapidamente e Nolan entrou na sala atrás de Clifton, fechando a porta.

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