Assassinato na Mansão - Грейс Фиона 6 стр.


Lacey saiu do provador. "É perfeito. Eu vou levar. E mais quatro em cores diferentes".

As sobrancelhas da vendedora catapultaram para cima. "Como?"

O celular de Lacey começou a tocar. Ela olhou para a tela e viu o número de Stephen piscando.

Seu coração deu um pulo. Era isso! A ligação que ela estava esperando! A ligação que determinaria seu futuro!

"Eu vou levar", Lacey repetiu para a vendedora, de repente, sem fôlego por causa da expectativa. "E mais quatro em qualquer cor que você achar que fique bem em mim".

A mulher parecia confusa quando se dirigiu para os fundos — para aqueles feios galpões cinzentos de armazenamento, pensou Lacey — para encontrar seus ternos.

Lacey atendeu o celular. "Stephen?"

"Oi, Lacey. Estou aqui com Martha. Gostaria de voltar à loja para conversar?"

Seu tom parecia promissor, e Lacey não pôde deixar de sorrir.

"Com certeza. Eu estarei lá em cinco minutos".

A vendedora voltou com os braços carregados com mais ternos. Lacey notou a paleta de cores impecável: nude, preto, azul-marinho e rosa-pó.

"Você quer experimentá-los?" perguntou ela.

Lacey balançou a cabeça. Ela estava com pressa agora e mal podia esperar para terminar sua compra e correr para a loja lado. Tanto que ficava olhando por cima do ombro para a saída.

"Não. Se eles são iguais a este, confio em você que servirão em mim. Pode concluir a compra, por favor?" Ela falou com pressa. Era literalmente audível que sua paciência estava desaparecendo. "Ah, e eu vou levar este também".

A vendedora parecia não dar a mínima para a forma como Lacey estava tentando apressá-la. Como se quisesse ofendê-la, ela demorou a registrar cada item e dobrá-lo cuidadosamente em papel de seda.

"Espere!" Lacey exclamou, enquanto a mulher pegava uma sacola de papel para colocar as roupas. "Não posso carregar uma sacola de loja. Vou precisar de uma bolsa. Uma boa". Os olhos dela dispararam para a fila de bolsas em uma prateleira atrás da cabeça da mulher. "Você pode escolher uma que combine bem com os ternos?"

Pela expressão da vendedora, você seria perdoado por pensar que ela estava lidando com uma louca. Ainda assim, ela se virou, considerou cada uma das bolsas à venda e pegou uma de couro preta grande, com uma fivela dourada.

"Perfeita", disse Lacey, saltando na ponta dos pés como um corredor esperando o disparo de largada. "Pode registrar".

A mulher fez o que lhe foi ordenado e começou a encher cuidadosamente a bolsa com os ternos.

"Então, isso vai dar..."

"SAPATOS!" Lacey gritou de repente, interrompendo-a. Que cabeça de vento. Foram seus mocassins baratos que a trouxeram para esta loja, em primeiro lugar. "Eu preciso de sapatos!"

A vendedora parecia ainda menos impressionada. Talvez ela tenha pensado que Lacey estava brincando, e que iria fugir no final daquilo tudo.

"Nossos sapatos ficam ali", disse ela friamente, fazendo um gesto com o braço.

Lacey olhou para a pequena seleção de belos saltos-altos que ela usaria na cidade de Nova York, onde considerava os tornozelos doloridos um risco ocupacional. Mas as coisas eram diferentes agora, ela lembrou a si mesma. Não precisava usar calçados que causavam dor.

Seu olhar caiu sobre um par de brogues pretos. Os sapatos complementariam perfeitamente a qualidade andrógina de suas roupas novas. Ela foi diretamente até eles.

"Estes", disse ela, colocando-os no balcão em frente à vendedora.

A mulher nem se deu ao trabalho de perguntar a Lacey se ela queria experimentá-los, então, passou-os pela caixa registradora, tossindo sobre o punho ao ver o preço de quatro dígitos que piscou na tela.

Lacey pegou o cartão, pagou, calçou os sapatos novos, agradeceu à vendedora e foi rapidamente para a loja vazia ao lado. A esperança cresceu em seu peito por estar a poucos minutos de pegar as chaves de Stephen e se tornar vizinha da vendedora blasé da qual acabara de comprar uma identidade totalmente nova.

Quando ela entrou, Stephen pareceu não reconhecê-la.

"Achei que você tinha dito que ela parecia meio desarrumada?" disse, pelo canto da boca, a mulher a seu lado, que devia ser sua esposa Martha. Se ela estava tentando ser discreta, falhou miseravelmente. Lacey pôde ouvir cada palavra.

Lacey apontou para sua roupa. "Tchan-ran! Eu falei que sabia o que estava fazendo", brincou.

Martha olhou para Stephen. "Com o que você estava se preocupando, seu velho tolo? Ela é a resposta para nossas orações! Dê a ela o contrato imediatamente!"

Lacey não podia acreditar. Que sorte. O destino definitivamente interveio.

Stephen apressadamente tirou alguns documentos de sua bolsa e os colocou no balcão em frente a ela. Ao contrário dos papéis do divórcio que ela encarara com descrença, em um momento de tristeza desencarnada, estes papéis pareciam brilhar com promessas, com oportunidades. Ela pegou sua caneta, a mesma que havia assinado a papelada do divórcio, e se comprometeu, assinando o papel.

Lacey Doyle. Dona de loja.

Sua nova vida foi selada.

CAPÍTULO SEIS

Com uma vassoura nas mãos, Lacey varria o assoalho da loja que agora orgulhosamente alugava, com o coração quase explodindo de emoção.

Ela nunca havia se sentido assim antes. Como se estivesse no controle de toda a sua vida, de todo o seu destino e de que o futuro estava em suas mãos. Sua mente corria a mil quilômetros por hora, já formulando alguns planos bem audaciosos. Ela queria transformar a grande sala dos fundos em um espaço para leilões, em homenagem ao sonho que seu pai nunca havia realizado. Ela havia participado de um zilhão de leilões quando trabalhava para Saskia — como compradora, e não como vendedora, ela admitia —, mas estava confiante de que conseguiria aprender o necessário para fazer um leilão. Lacey nunca tinha tido uma loja antes, também, mas aqui estava ela. Além disso, qualquer coisa que vale a pena requer esforço.

Nesse momento, ela viu uma figura que estava passando pela loja parar abruptamente e encará-la pela vitrine. Ela ergueu os olhos da varredura, esperando que fosse Tom, mas percebeu que a figura parada na frente dela era uma mulher. E não apenas uma qualquer, mas uma mulher que Lacey reconheu. Magérrima, vestindo um tubinho preto e com o mesmo cabelo escuro, longo e ondulado de Lacey. Era sua gêmea malvada: a vendedora da porta ao lado.

A mulher entrou abruptamente na loja pela porta da frente destrancada.

"O que você está fazendo aqui?" exigiu.

Lacey apoiou a vassoura no balcão e estendeu a mão para a mulher com confiança. "Eu sou Lacey Doyle. Sua nova vizinha".

A mulher olhou para a mão dela com nojo, como se estivesse coberta de germes. "O quê?"

"Eu sou sua nova vizinha", repetiu Lacey, com o mesmo tom confiante. "Acabei de assinar um contrato de locação deste local."

A mulher parecia ter acabado de levar um tapa na cara. "Mas..." ela murmurou.

"Você é dona da boutique ou só trabalha lá?" perguntou Lacey, tentando fazer a mulher atordoada voltar a si.

Ela assentiu, como se estivesse hipnotizada. "Sou a dona. Meu nome é Taryn. Taryn Maguire". Então, de repente, balançou a cabeça, como se estivesse superando a surpresa, e forçou um sorriso amigável. "Que bom ter uma nova vizinha. É um ótimo espaço, não é? Tenho certeza de que o fato de ser escura também funcionará a seu favor, esconde a falta de cuidado".

Lacey se conteve para não levantar a sobrancelha. Anos lidando com o comportamento passivo-agressivo da mãe a haviam treinado para não se importar.

Taryn riu alto, como se tentasse abafar a crítica velada. "Então, me diga, como conseguiu alugar este lugar? Ouvi dizer que Stephen ia vender".

Lacey apenas deu de ombros. "Ele ia. Mas houve uma mudança de planos".

Taryn parecia ter chupado um limão. Seus olhos dispararam por toda a loja, com o nariz arrebitado que já havia sido apontado para Lacey hoje, parecendo chegar ainda mais longe em direção ao céu enquanto a aversão de Taryn se tornava cada vez mais aparente.

"E você venderá antiguidades?" acrescentou.

"Isso. Meu pai trabalhava no ramo quando eu era criança, por isso estou seguindo os passos dele em sua homenagem".

"Antiguidades", repetiu Taryn. Evidentemente, a ideia de uma loja de antiguidades ao lado de sua boutique estilosa a desagradou. Seus olhos se fixaram nos de Lacey como os de um falcão. "E você tem permissão para fazer isso, não é? Cruzar o oceano e montar uma loja?"

"Com o visto certo", explicou Lacey, friamente.

"Isso é... interessante", respondeu Taryn, claramente escolhendo suas palavras com cuidado. "Quero dizer, quando um estrangeiro quer um emprego neste país, a empresa precisa fornecer evidências de que não há nenhum britânico apto a preencher a vaga. Estou surpresa que as mesmas regras não se apliquem à administração de uma empresa...". O desdém em seu tom estava se tornando cada vez mais evidente. "E Stephen acabou de alugar para você, uma estranha, assim do nada? Depois que a loja ficou vazia há o quê... dois dias?" A polidez que ela se forçara a expressar antes parecia estar desaparecendo rapidamente.

Lacey decidiu não morder a isca.

"Realmente, foi um golpe de sorte. Stephen estava na loja quando eu vim aqui dar uma olhada. Ele estava arrasado porque o antigo locatário abandonou tudo e deixou um monte de dívidas para ele pagar, e acho que as estrelas simplesmente se alinharam. Eu o estou ajudando, ele está me ajudando. Deve ser o destino".

Lacey percebeu que o rosto de Taryn ficou vermelho.

"DESTINO?" ela gritou, a agressividade-passiva se transformando simplesmente em agressividade-direta. "DESTINO? Eu tenho um contrato com Stephen há meses, dizendo que, se a loja estivesse disponível, ele a venderia para mim! Eu pretendia expandir minha boutique adquirindo a dele!"

Lacey deu de ombros. "Bem, eu não comprei. Estou alugando. Tenho certeza de que ele ainda tem esse plano em mente, para vender para você quando chegar a hora. Só que a hora não é agora".

"Eu não posso acreditar!" Taryn lamentou. "Você aparece do nada aqui e o convence a alugar novamente? E ele assina dentro de alguns dias? Você o ameaçou? Fez algum tipo de vodu contra ele?"

Lacey se manteve firme. "Você terá que perguntar-lhe por que ele decidiu alugar para mim em vez de vender para você", disse ela, mas, em sua mente, pensou: Talvez porque eu seja uma pessoa legal?

"Você roubou minha loja", Taryn concluiu.

Então ela se afastou, batendo a porta, enquanto seus longos cabelos escuros balançavam atrás dela enquanto caminhava.

Lacey percebeu que sua nova vida não seria tão idílica quanto esperava. E que a brincadeira sobre Taryn ser sua gêmea do mal se tornou realidade. Mas havia uma coisa que ela poderia fazer sobre isso.

Lacey trancou a frente da loja e caminhou com propósito pela rua em direção ao salão de beleza, onde entrou pisando forte. A cabeleireira ruiva estava sentada, folheando uma revista, numa evidente pausa entre clientes.

"Posso ajudar?" ela perguntou, levantando os olhos para Lacey.

"Está na hora", disse Lacey com determinação. "Hora de ter cabelos curtos".

Era outro sonho que ela nunca teve coragem de realizar. David adorava seus cabelos longos. Mas não havia como ela se parecer com sua irmã gêmea do mal por mais um segundo. Chegara a hora. Hora de passar a tesoura. Hora de largar a velha Lacey que ela fora. Esta era sua nova vida, e ela seguiria suas próprias regras.

"Você tem certeza de que quer cortar?" a mulher perguntou. "Quero dizer, você parece determinada, mas eu tenho que perguntar. Não quero que se arrependa depois".

"Ah, tenho certeza", disse Lacey. "Depois de fazer isso, terei realizado três dos meus sonhos em poucos dias".

A mulher sorriu e pegou a tesoura. "Tudo bem então. Vamos marcar esses três pontos seguidos!"

CAPÍTULO SETE

"Pronto", disse Ivan, saindo do armário debaixo da pia da cozinha. "Este cano danificado não deve lhe dar mais problemas".

Ele se levantou, puxando um pouco envergonhado sua camiseta cinza amassada, que havia subido sobre sua barriga protuberante, branca como um lírio. Lacey fingiu educadamente não ter notado.

"Obrigada por consertar tão rápido", disse Lacey, agradecida por ele ser um proprietário atencioso que resolvia todos os problemas que surgiam na casa — e já haviam surgido muitos — e tão rapidamente. Mas ela também estava começando a se sentir culpada pelo número de vezes que o arrastava para o chalé do penhasco; aquele caminho pela falésia não era fácil e ele não era exatamente um rapaz.

"Gostaria de uma bebida?" Lacey perguntou. "Chá? Cerveja?"

Ela já sabia que a resposta seria não. Ivan era tímido e deu a impressão de achar que estava incomodando. Ela sempre perguntava, de toda forma.

Ele riu. "Não, não, tudo bem, Lacey. Eu tenho trabalho administrativo para fazer hoje à noite. Não há descanso para os ímpios, como se diz".

"Nem me fale", ela respondeu. "Eu estava na loja às cinco horas da manhã e só cheguei em casa às oito".

Ivan franziu o cenho. "Na loja?"

"Ah", disse Lacey, surpresa. "Pensei ter mencionado na ocasião em que você veio desentupir as calhas. Vou abrir uma loja de antiguidades na cidade. Aluguei a loja vazia de Stephen e Martha, que antes era uma loja de jardinagem".

Ivan parecia perplexo. "Eu pensei que você estava aqui apenas de férias!"

"Eu estava. Mas então decidi ficar. Não neste chalé especificamente, é claro. Encontrarei outro lugar assim que você precisar do imóvel novamente".

"Não, estou muito contente", disse Ivan, parecendo totalmente encantado. "Se você estiver feliz aqui, fico feliz também. Não é muito chato eu vir aqui consertar o lugar tantas vezes, é?"

"Eu gosto", respondeu Lacey com um sorriso. "De outro modo, me sentiria meio sozinha".

Essa foi a parte mais difícil de deixar Nova York; não o lugar, o apartamento ou as ruas familiares, mas as pessoas que ela deixara para trás.

"Acho que eu deveria ter um cachorro", acrescentou, com uma risada.

"Você ainda não conheceu sua vizinha, imagino?" perguntou Ivan. "Uma senhora adorável. Excêntrica. Ela tem um cachorro, um Collie para pastorear as ovelhas".

"Eu conheci as ovelhas", disse Lacey. "Elas vivem entrando no meu jardim".

"Ah", disse Ivan. "Deve haver um buraco na cerca. Vou cuidar disso. Mas, de qualquer maneira, a moça do lado está sempre pronta para tomar um chá. Ou uma cerveja". Ele piscou de uma maneira paterna que a lembrou do pai.

"Sério? Ela não se importará se uma americana desconhecida aparecer na sua porta?"

"Gina? De modo nenhum. Ela vai adorar! Dê uma passadinha na casa dela. Eu prometo que você não vai se arrepender".

Ivan foi embora e Lacey fez exatamente como ele havia sugerido: foi para a casa da vizinha. Embora "vizinha" fosse uma descrição bastante vaga. A casa fica a pelo menos cinco minutos de caminhada pelo topo das falésias.

Ela chegou ao chalé, uma versão do seu, mas com apenas um andar, e bateu na porta. Do outro lado, ouviu uma confusão instantânea, um cachorro correndo e uma voz feminina dizendo para ele se acalmar. Então a porta se abriu vários centímetros. Uma mulher com longos cabelos grisalhos encaracolados e feições excepcionalmente infantis para alguém de sessenta e poucos anos de idade espiou. Ela usava um cardigã de lã salmão sobre uma saia floral que ia até o chão. O focinho de um Border Collie preto e branco podia ser visto urgentemente tentando passar por ela.

"Boudicca", a mulher disse para o cachorro. "Tire seu farejador do caminho".

"Boudicca?" Lacey perguntou. "Esse é um nome interessante para um cachorro".

"Dei-lhe o nome da vingativa rainha guerreira pagã que se rebelou contra os romanos e queimou Londres até o chão. Mas como posso ajudá-la, querida?"

Lacey imediatamente gostou dela. "Eu sou Lacey. Estou morando ao lado e achei que deveria me apresentar, agora que minha estadia é meio que permanente".

Назад Дальше