Para Sempre Natal - Софи Лав 5 стр.


Emily pensou nos colapsos anteriores da filha. Ela esperava que Chantelle não se sentisse atacada pelos comentários de Daniel e entendesse que eles estavam vindo de um lugar de preocupação e amor.

“Acho que depende de quem cuidar de mim,” disse Chantelle, pensativa.

“Quem você gostaria?” perguntou Emily.

“Eu fico mais feliz quando tenho uma festa do pijama com meus amigos,” ela explicou, parecendo mais madura do que nunca. “Com Bailey e Toby. E também prefiro que seja curto. Depois de duas noites, começo a ficar preocupada.”

“Certo,” disse Emily, balançando a cabeça, satisfeita com o modo como Chantelle era agora capaz de articular seus sentimentos e necessidades tão bem. “Então, verei se posso arranjar uma festa do pijama com Yvonne ou Suzanna? E só ficar longe no fim de semana?”

“Eu acho que tudo bem,” disse Chantelle com um aceno de cabeça.

Para grande diversão de Emily, Chantelle estendeu a mão para apertar a sua. Emily pegou a mão dela e deu uma leve sacudida.

“Combinado!”

Nesse momento, chegaram à ilha e Emily viu a traineira que Daniel mencionara atracada ao lado do magnífico píer novo. Mesmo que não tenha passado tanto tempo desde que eles estiveram aqui pela última vez, Emily ainda estava muito animada para ver o progresso com as cabanas. As estruturas principais estavam agora completas, e até mesmo parte do trabalho de paisagismo havia começado. Era muito emocionante ver tudo ganhando forma. E um alívio também, já que sua renda no momento dependia da ilha! Stu, Clyde e Evan realmente superaram suas expectativas e a empresa que Daniel empregou para gerenciar o projeto era realmente fantástica.

“É melhor eu verificar como os rapazes estão indo”, disse Daniel, olhando na direção do som de serras e marteladas. “Ver como foi hoje com a nova empresa de materiais de construção. Eu estarei de volta em um minuto.”

Ele foi em direção aos chalés.

Emily e Chantelle se sentaram nas rochas, olhando para o mar. A água estava calma hoje, e a visão da costa do Maine parecia muito bonita. Era um momento tranquilo, um pouco de paz dentro de uma vida agitada.

“Podemos ligar para o Vovô Roy agora?” perguntou Chantelle depois de um momento. “Sabe que já faz três dias que não falamos com ele.”

Então Chantelle havia notado, percebeu Emily. Claro que sim. A criança era extremamente observadora, e o fato de as ligações diárias entre ela e de seu pai terem cessado não passou despercebido.

“Você acha que ele está bem?” perguntou Chantelle. Emily sentiu um peso sobre seus ombros.

“Eu acho que sim,” respondeu ela. “Apenas acho que ele retomou um velho hábito.”

Embora Roy tivesse prometido manter contato, Emily sabia que os velhos hábitos custavam a morrer, e ainda havia momentos em que seus esforços esbarrariam no total silêncio dele. Machucava tanto agora quanto na época em que ela era mais nova, quando seu longo e lento desligamento da família começou após a morte de Charlotte. Ele afastou-se dela pouco a pouco e, então, como uma criança assustada e confusa, ela deixara isso acontecer. Não mais. Ela tinha um direito sobre seu pai, exigir que ele estivesse em sua vida, compartilhar com ele sua vida e esperar ouvir o mesmo dele.

Ela pegou o celular e digitou o número. Ouviu chamar e chamar. Não houve resposta. Tentou novamente, ciente de Chantelle assistindo pensativamente do canto do olho. Cada nova tentativa feita para entrar em contato com ele fazia seu estômago revirar de angústia. Na quinta tentativa, ela colocou o telefone no colo.

“Por que ele não responde?” perguntou Chantelle, com uma voz triste e assustada.

Emily sabia que ela tinha que mostrar um rosto corajoso para a criança, mas era uma verdadeira luta. “Ele está dormindo muito,” disse ela, fracamente.

“Não por três dias seguidos,” respondeu Chantelle. “Ele deveria checar seu telefone quando acordar e ver que perdeu suas ligações.”

“Ele pode não ter pensado em verificar,” disse Emily, tentando um sorriso tranquilizador. “Você sabe como ele é com tecnologia.”

Mas Chantelle era esperta demais para as desculpas de Emily e não se alegrou à sua fraca tentativa de humor. Sua expressão permaneceu séria e sombria.

“Você acha que ele morreu?” perguntou ela.

“Não!” exclamou Emily, sentindo a raiva amenizar sua preocupação. “Por que você diria uma coisa tão horrível?”

Chantelle pareceu surpresa com a explosão de Emily. Seus olhos estavam arregalados de susto.

“Porque ele está muito doente,” ela disse humildemente. “Eu só quis dizer...” Sua voz desapareceu.

Emily respirou fundo para se acalmar. “Eu sinto muito, Chantelle. Eu não quis me exaltar assim. Eu fico muito preocupada quando não tenho notícias do Vovô Roy por um tempo e o que você disse seria o meu pior pesadelo.”

Roy. Sozinho. Morto na cama sem ninguém ao seu lado. Ela se encolheu com o pensamento, seu coração apertando.

Chantelle olhou timidamente para Emily. Ela parecia insegura, como se estivesse pisando em cascas de ovo, preocupada com a possibilidade de Emily explodir novamente.

“Mas não há como sabermos, não é? Se ele ainda está vivo?”

Emily forçou-se a ser a adulta que Chantelle precisava que ela fosse, apesar de cada pergunta doer como uma nova ferida. “Nós sabemos que ele está vivo porque Vladi está cuidando dele. E se Vladi não ligou, não há nada de errado. Esse foi o acordo, lembra?”

Em sua mente, ela evocou o rosto bronzeado e castigado pelo tempo de Vladi, o pescador grego com quem o pai estabelecera amizade. Vladi prometeu mantê-la informada sobre a condição de Roy, mesmo que o próprio Roy quisesse que sua deterioração fosse ocultada dela.

Mas se Vladi manteve sua promessa, era outra coisa. A quem ele seria mais leal, afinal; a ela, uma jovem que ele conhecera por alguns dias; ou ao amigo de toda uma vida, Roy?

“Mamãe,” disse Chantelle suavemente. “Você está chorando.”

Emily tocou seu rosto e descobriu que estava molhado de lágrimas. Ela limpou-as com a manga.

“Estou com medo,” disse ela à Chantelle. “É por isso. Eu sinto muita falta do vovô. Só queria que pudéssemos convencê-lo a estar aqui conosco.”

“Eu também,” disse Chantelle. “Eu quero que ele e a vovó Patty morem na pousada. É triste que eles estejam tão distantes.”

Emily abraçou a filha com força. Ela podia ouvir Chantelle soluçando gentilmente e sentiu-se mal por seu papel na infelicidade da criança. Chorar na frente dela nunca foi o plano. Mas, de certa forma, ela se questionava se ajudaria Chantelle ver as emoções de sua mãe, ver que estava tudo bem em ser fraco às vezes, estar com medo e preocupado. A criança passara tantos anos de sua vida tendo que ser forte e corajosa, talvez ver sua mãe chorar lhe mostrasse que não havia problema em sair do controle de vez em quando.

“Por que as pessoas têm que morrer?” disse então Chantelle, sua voz abafada pela maneira como seu rosto estava pressionado no peito de Emily.

“Porque...” começou Emily, antes de parar e pensar profundamente sobre isso. “Eu acho que é porque o espírito tem outro lugar para estar.”

“Você quer dizer o Céu?” perguntou Chantelle.

“Poderia ser o céu. Pode ser em outro lugar.”

“Papai não acredita nisso,” disse Chantelle. “Ele diz que ninguém sabe se você vai para algum lugar depois de morrer, e que no judaísmo cabe a Deus decidir se você tem uma vida após a morte ou não.”

“É nisso que papai acredita,” explicou Emily. “Mas você pode acreditar no que você quiser. Eu acredito em algo diferente. E está tudo bem também.”

Chantelle piscou através de seus cílios molhados, fixando seus grandes olhos azuis em Emily. “No que você acredita?”

Emily fez uma pausa e demorou muito para formular sua resposta. Finalmente ela falou. “Eu acredito que há algum lugar para onde vamos depois que morremos, não em nossos corpos, eles ficam aqui na terra, mas nossos espíritos se levantam e vão para o próximo lugar. Quando o vovô chegar lá, ele ficará muito, mas muito feliz. Ela sorriu, consolada por suas próprias crenças. “Não haverá mais dor para ele, nunca mais.”

“Não haverá mais dor?” cantou a doce voz de Chantelle. “Mas como será?”

Emily ponderou a questão. “Eu acho que será como aquele momento em que você dá uma mordida em sua comida favorita o tempo todo.”

Chantelle olhou para ela através dos cílios manchados de lágrimas e riu. Emily continuou.

“Como comer bolo de chocolate para sempre, mas nunca ficar doente. Cada mordida é tão boa quanto a última. Ou como aquele sentimento que você tem quando se afasta de algo em que está trabalhando há meses, vê sua conquista e percebe que você conseguiu.”

“Como o meu relógio?” perguntou a menina.

Emily assentiu. “Exatamente. E é o tipo perfeito de calor, como estar na jacuzzi do spa.”

“Tem cheiro de lavanda como o spa?”

“Sim! E há arcos-íris.”

“E animais?” perguntou Chantelle. “Não seria divertido se não houvesse animais para acariciar e brincar.”

“Se você acha que deveria haver animais,” disse Emily, “Então há animais.”

Chantelle assentiu. Mas seu sorriso logo desapareceu e ela voltou à sua expressão pensativa. “Mas isso é só faz de conta. Nós realmente não sabemos.”

Emily abraçou-a com força. “Não. Ninguém sabe. Ninguém pode. Tudo o que temos é o que acreditamos. O que escolhemos acreditar. E eu acredito que é isso que está esperando pelo vovô. E é o que sua tia Charlotte tem, também. E ela olha para nós sempre que quer e nos envia pequenos sinais para que saibamos que ela está pensando em nós. O vovô fará o mesmo quando chegar a hora.”

“Vou sentir falta dele,” disse Chantelle. “Mesmo que ele vá para algum lugar aconchegante e feliz, sentirei sua falta aqui.”

Apesar de todas as suas garantias sobre a vida após a morte, Emily não podia evitar o que ela sentia profundamente no seu interior. Que ainda seria deixada sozinha, para viver sua vida sem ele. Ele se afastaria dela para sempre e, embora, para ele, fosse um passo maravilhoso para o desconhecido, para ela significaria dor, solidão e tristeza.

Ela apertou Chantelle com força.

“Eu vou sentir falta dele também.”

CAPÍTULO QUATRO

A luz vinda do interior da prefeitura se espalhava pelos degraus enquanto Emily subia. Mesmo a partir dali, ela podia ouvir inúmeras vozes vindas de dentro. Parecia que toda a cidade tinha resolvido aparecer para ouvir a decisão do conselho de zoneamento sobre a Pousada da Raven. Não deveria ser surpresa para Emily que todos os moradores viessem. Mesmo com o anúncio tardio e o agendamento de última hora, as pessoas de Sunset Harbor se importavam tanto com a cidade que arranjariam tempo para comparecer a todas as reuniões.

Ela abriu a porta e viu que todos os lugares disponíveis estavam ocupados. Raven Kingsley estava na frente, conversando com o prefeito Hansen e sua assistente, Marcella. Isso não parecia nada bom, pensou Emily consigo mesma. Se Raven conseguisse seu apoio, seria apenas uma questão de tempo antes que o resto da cidade a apoiasse também.

Ela sentiu um puxão no braço e virou-se para ver Amy e Harry.

“Estou tão feliz que você veio,” disse Amy. “Ouvi rumores de que Raven vai conseguir a liberação hoje. O conselho de zoneamento vai permitir que ela derrube a antiga casa em favor de algo mais moderno. Parece que tudo vai depender dos moradores.”

“Temos que lutar contra isso,” disse Harry. “Um hotel poderia significar um desastre para a pousada e meu restaurante. Quem vai querer vir até o nosso lado do porto quando houver algo mais novo e mais barato em um local mais central? Com vista para o mar? Pense em todas as reservas de negócios aleatórias que recebemos no momento. Perderíamos toda essa clientela, tenho certeza.”

Os interesses de Harry fizeram Emily ficar ainda mais preocupada do que antes. Ela não queria ficar no caminho de Raven, especialmente depois que ela confidenciara sobre seu amargo divórcio. Mas não podia ficar parada e ter seu próprio sustento destruído dessa maneira. Raven, depois de tudo que ela ouvira, não era do tipo implacável. Ela tinha essa mentalidade empresarial impetuosa de Nova York – matar ou morrer. Emily não era do tipo lutadora. Ela realmente gostaria de ter Trevor ao seu lado agora!

“Eu não sei o que devo fazer”, disse Emily. “Eu não quero impedi-la de fazer seu trabalho só porque estou com medo.”

“Então faça isso por sua família,” disse Harry. “Por seus amigos e pela cidade. Ninguém quer um prédio feio na nossa orla, e não queremos que nossa amada pousada também vá à falência. Não é bom para ninguém”.

“O que a maioria das pessoas diz?” perguntou Emily.

Amy apontou para o canto, para os Patels. “Contra, é claro.” Em seguida, para os Bradshaws. “Contra.” Ela apontou depois para Birk e Bertha. Birk era dono do posto de gasolina e foi a primeira pessoa que Emily conheceu em Sunset Harbor. “Eu acho que eles são a favor. Mais carros chegando à cidade significa mais clientes, no que diz respeito a eles.”

Emily mordeu o lábio, consternada. A realidade de uma nova pousada rival chegando à cidade estava começando a parecer muito real para ela. A maneira como o prefeito Hansen estava rindo de algo que Raven acabara de dizer a fez sentir-se ainda pior.

Então Harry a cutucou. “Olha, a reunião está prestes a começar.”

Ela se virou para o palco e o pequeno pódio de madeira. A sala ficou em silêncio quando o prefeito Hansen assumiu sua posição. Ele bateu o martelo, desnecessariamente, considerando que todo mundo já estava prestando atenção.

“Bem-vindos”, disse ele. “Estamos aqui para as discussões adiadas sobre a proposta de Raven Kingsley de limpar o terreno dilapidado na orla e ali construir um novo hotel. Talvez vocês já saibam que o conselho de zoneamento se reuniu no início desta semana e votou unanimemente para que os planos tivessem continuidade.”

Emily olhou para Harry e Amy. Ambos faziam careta. Emily sentiu seu próprio rosto espelhando suas expressões. O prefeito Hansen continuou. “É claro que somos uma cidade pequena e as visões de nossos moradores são tão importantes quanto as do conselho. Mais ainda, na verdade, agora que perdemos nosso querido amigo Trevor Mann.”

Ele pressionou a mão em seu coração. Houve uma onda de riso alegre através da plateia enquanto todos recordavam o protecionismo feroz, às vezes ameaçador, de Trevor sobre a cidade.

“Acredito que muitos de vocês tiveram a oportunidade de falar com Raven durante o feriado,” concluiu o prefeito Hansen. “Então, espero ouvir todas as suas opiniões. Sugiro ouvir Emily Morey primeiro, já que uma nova pousada teria o maior impacto para ela. Emily, você gostaria de tomar a palavra?”

Todos os olhares se voltaram para ela. Emily teve aquela sensação familiar de se sentir pressionada. E ela realmente estava em uma situação difícil. Não queria destruir o sonho de Raven só porque isso poderia tornar as coisas um pouco mais complicadas para ela. Não era do seu feitio. Mas, ao mesmo tempo, as expressões tensas de Harry e Amy ao seu lado a lembraram de que havia pessoas contando com ela. Toda sua equipe, sua família. Eles expandiram a pousada massivamente, tendo o luxo de não ter concorrência. No mínimo, o novo empreendimento de Raven significaria alguns cortes para a pousada de Emily, incluindo redução de pessoal.

“Eu...” começou Emily, sentindo sua garganta ficando seca.

Ela olhou para Raven sentada no palco ao lado de Marcella. Pela segunda vez desde que a conhecera, Emily viu um sorriso genuíno em seu rosto. Assim como Emily quando chegou pela primeira vez, Raven encontrou hostilidade e desconfiança dos moradores locais. Emily era provavelmente a única pessoa que ela contava como um conhecido amigável.

“Eu sou a favor,” Emily de repente deixou escapar. “Acho que há um mercado que a pousada de Raven poderia capturar. Ela atende aos negócios e ao lado corporativo do mercado, com conferências e afins. Eu atendo mais para o lado familiar, casamentos e festividades. Há espaço para nós duas.”

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