Ameaça Na Estrada - Блейк Пирс 2 стр.


John e Frankie também estavam ali naquele dia. Os formandos estavam organizados por ordem alfabética, e portanto seus dois amigos estavam distantes. Riley nem sequer conhecia as pessoas que estavam a seu lado.

Lembrou-se de que ela e seu noivo, Ryan Paige, já eram—ou pelo menos quase—uma família. Ela voltaria a morar com ele no apartamento dos dois, em Washington, e ambos tinham planos de se casar em breve. Riley havia perdido um bebê em um aborto espontâneo, mas eles pensavam seriamente em ter filhos em alguns anos.

Riley perguntou-se se Ryan estaria na plateia. Era sábado, o que poderia ser um dia normal de trabalho para um advogado iniciante como Ryan. Além disso, Riley sabia que ele tinha sentimentos confusos sobre a carreira que ela tinha escolhido.

O diretor Cormack finalizou seu discurso, e havia chegado a hora de fazer o juramento para os novos agentes. Um por um, ele chamaria seus nomes. Cada um deles teria que se levantar, fazer o juramento ao FBI, receber seu distintivo, e voltar a seu lugar.

Eles estavam sendo chamados em ordem alfabética, e quando Cormack começou a proclamar os nomes da lista, Riley desejou que seu nome não começasse com a décima nona letra do alfabeto. A espera foi longa. Frankie, é claro, fez o juramento antes, acenando e sorrindo para Riley ao voltar para seu lugar.

Quando o diretor finalmente chamou o nome de Riley, seus joelhos se enfraqueceram no caminho até o corredor. Ao apressar-se em direção ao palco, Riley sentiu que já não estava dentro de seu próprio corpo.

Finalmente no palco, levantou a mão e repetiu as palavras do diretor Cormack:

- Eu, Riley Sweeney, juro solenemente que irei defender a constituição dos Estados Unidos contra todos seus inimigos, estrangeiros e internos.

Precisou segurar uma lágrima ao continuar.

É real, disse a si mesma. Está acontecendo.

Era um juramento curto, mas Riley achou que sua voz fosse faltar antes do fim. Finalmente, disse as últimas palavras:

- ... e que vou cumprir fielmente os deveres do trabalho no qual estou prestes a ingressar. Que Deus me ajude.

Riley estendeu sua mão, esperando que o diretor Cormack lhe entregasse seu distintivo. No entanto, o homem sorriu e colocou o distintivo no pódio.

- Agora espere, senhorita. Temos algo a fazer.

Riley tossiu. Ela não poderia se formar, no final das contas?

O diretor pegou uma pequena caixa preta do bolso de sua jaqueta e disse:

- Riley Sweeney, sinto-me honrado em conferir-lhe o prêmio de Liderança por Excelência.

Riley congelou, chocada.

O diretor abriu a pequena caixa e tirou dela uma fita, com uma medalha. Aplausos tomaram conta do auditório quando Cormack colocou a medalha no pescoço de Riley. Cormack a agradeceu pela iniciativa e liderança durante suas semanas na Academia.

Riley tentou escutar as palavras dele com atenção, mas estava tonta de tanta surpresa.

Não desmaie, ordenou a si mesma. Fique em pé.

Desejou que alguém estivesse gravando as palavras do diretor, porque tudo estava confuso para ela naquele momento.

Cormack a entregou algo.

Meu distintivo do FBI, Riley deu-se conta ao aceitá-lo.

Depois, ele estendeu a mão. Ela o cumprimentou e virou-se para sair.

Quando Riley Sweeney, nova agente do FBI, saiu do palco, viu que nem todos os formandos pareciam felizes por ela. Na verdade, havia um claro ressentimento no rosto deles. Mas ela não os culpava. Quando voltara do caso de assassinato, Riley fora designada líder de equipe várias e várias vezes nas atividades da Academia. Não era segredo para ninguém que alguns alunos achavam que a recente tarefa de campo de Riley havia lhe dado uma vantagem injusta sobre os outros. Ela tinha de certeza que os formandos que já tinham um passado nas forças da lei deveriam ser os mais inconformados.

Riley voltou a seu lugar, emocionada por ter recebido o prêmio e sem conseguir se lembrar de nenhuma situação parecida em sua vida.

Enquanto isso, o restante dos formando subiu ao palco para receber seus distintivos. Quando John levantou-se, Riley sorriu e acenou para ele, recebendo um aceno envergonhado como resposta.

Depois que os últimos alunos fizeram seus juramentos, o diretor Cormack novamente parabenizou os formandos pela conquista e encerrou a cerimônia. Os alunos levantaram-se de seus lugares e procuraram seus amigos.

Riley rapidamente localizou John e Frankie, que pareciam muito orgulhosos, exibindo seus novos distintivos.

- Conseguimos! – John disse, abraçando Riley.

- Somos agentes do FBI de verdade! – Frankie disse, também abraçando Riley.

- Somos mesmo! – Riley disse.

Frankie acrescentou:

- E o melhor de tudo: vamos trabalhar todos juntos na sede de Washington. Vamos continuar juntos!

- Vai ser incrível! – Riley concordou.

Ela respirou fundo. Depois de um verão intenso, tudo estava dando certo. Mais do que ela poderia imaginar.

Riley procurou Ryan e o viu caminhando pela multidão, em sua direção.

Ele estava mesmo presente, e tinha um sorriso estampado no rosto.

- Parabéns, meu amor – ele disse, beijando-a na bochecha.

- Obrigada – Riley disse, retribuindo o beijo.

Segurando a mão de Riley, Ryan disse:

- Agora podemos ir para casa.

Riley sorriu e assentiu. Sim, aquela era outra notícia boa daquela formatura. Durante as semanas na Academia, Riley havia morado no dormitório, enquanto Ryan ficara no apartamento dos dois, em Washington. Eles tinham passado muito pouco tempo juntos desde então, muito menos do que ambos desejaram.

Sua contratação para a sede de Washington significava que ela trabalharia a apenas algumas estações de metrô de seu apartamento. Eles poderiam organizar suas vidas juntos, e talvez começar a planejar o casamento em breve.

Mas antes que Ryan e Riley pudessem sair, John a chamou.

- Riley, espere um minuto. Temos mais uma coisa para fazer.

Os olhos de Riley arregalaram-se quando ela se lembrou...

Sim, temos mais uma coisa para fazer.

Riley e seus amigos saíram no ar gelado do inverno, onde os novos agentes estavam se alinhando e atravessando o pátio em direção ao cofre de armas do FBI. Riley e seus dois amigos apressaram-se para entrar na fila, enquanto Ryan os seguiu.

Riley percebeu que Ryan parecia perplexo.

Ele não percebeu o que está acontecendo aqui, pensou.

Não havia tempo para discutir naquele momento. Riley e seus amigos estavam se aproximando do intendente.

Quando finalmente chegaram, o homem entregou a cada um uma arma de fogo—uma pistola Glock, de calibre 22.

Ryan ficou de boca aberta, surpreso—e também assustado, Riley sabia.

Ele vai ter que se acostumar com isso, pensou.

Riley sorriu para ele e disse:

- Tudo bem, podemos ir embora agora.

Aliviada ao ver que Ryan não fez nenhum comentário sobre a arma de fogo, Riley despediu-se de seus amigos e voltou ao pátio.

Vai ficar tudo bem, pensou.

Foi quando um jovem aproximou-se dela segurando um envelope.

- Você é Riley Sweeney? – o jovem perguntou.

- Sim.

O jovem lhe entregou um envelope e disse:

- Me mandaram te entregar isso. Você precisa assinar aqui, para confirmar que recebeu.

Riley assinou e abriu o envelope imediatamente.

Cambaleou para trás, surpresa, ao ler seu conteúdo.

- O que é isso? – Ryan perguntou.

Ela respirou fundo e respondeu:

- Uma transferência de cargo.

- O que isso significa?

- Não vou trabalhar na sede de Washington. Me colocaram na Unidade de Análise Comportamental, em Quantico.

Ryan gaguejou:

- Mas—mas você disse que... nós íamos morar juntos.

- Nós vamos – Riley apressou-se em garantir. – Não é tão longe, na verdade.

No entanto, ela sabia que a mudança definitivamente complicaria suas vidas. Não seria impossível para os dois ficarem juntos, mas não seria fácil.

Ryan respondeu:

- Você não pode fazer isso. Eles vão ter que mudar isso aí.

- Não posso fazer eles mudarem nada – Riley respondeu. – Sou uma novata aqui, como você no escritório.

Riley ficou em silêncio por um bom tempo, até que resmungou:

- De quem foi essa ideia, afinal?

Riley pensou naquilo. Ela não havia assinalado Quantico sem sequer entre suas três preferências. Quem teria intervindo para colocá-la lá?

Então, ao suspirar, pensou...

Acho que já sei quem foi.

CAPÍTULO DOIS

O agente especial Jake Crivaro olhou descontente para seus ovos mexidos.

Eu deveria ter ido naquela formatura, pensou.

Ele estava sentado em uma sala do prédio da Unidade de Análise Comportamental, em Quantico, pensando em Riley Sweeney, sua jovem protegida. A formatura dela na Academia do FBI fora dois dias antes, e Jake estava se sentindo mal por não ter comparecido.

Claro, ele havia encontrado uma desculpa—muita papelada em sua mesa para lidar. Mas a verdade é que ele odiava esse tipo de cerimônias, e não havia conseguido reunir forças para ir até lá, sentar em meio à multidão e ouvir discursos que já tinha escutado muitas vezes antes.

Se Jake tivesse ido, teria tido a oportunidade de dizer a Riley cara a cara que ele, pessoalmente, havia a transferido da sede de Washington para a Unidade de Análise Comportamental, em Quantico.

Ao invés disso, no entanto, havia deixado um mensageiro fazer seu trabalho.

Mas com certeza ela havia gostado da transferência. Afinal de contas, seus talentos seriam muito mais aproveitados em Quantico do que em Washington.

Então, Jake deu-se conta de que talvez Riley nem soubesse ainda que ele havia a escolhido para ser sua própria parceira.

Ele esperava que ela gostasse da surpresa quando soubesse que eles trabalhariam juntos. Os dois já tinham formado um excelente time em casos muito complicados. A novata errava às vezes, mas sempre lhe surpreendia com a força incomum que tinha dentro de si.

Eu deveria ao menos ter telefonado para ela, Jake reprimiu a si mesmo.

Crivaro olhou para seu relógio e deu-se conta de que Riley deveria estar a caminho naquele momento, prestes a se apresentar para seu primeiro dia de trabalho.

Ao tomar um gole de seu café, seu telefone tocou.

Quando atendeu, uma voz disse:

- Ei, Jake. Harry Carnes aqui. Você pode falar agora?

Jake sorriu ao ouvir a voz de seu velho amigo. Harry era um detetive aposentado de Los Angeles. Muitos anos antes, eles haviam trabalhado juntos no caso de sequestro de uma celebridade. Os dois haviam se dado muito bem e mantido contato desde então.

- Claro, Harry – Jake disse. – Sempre bom falar com você. O que manda?

Jake ouviu Harry suspirar, depois responder:

- Algo tem me incomodado. Esperava que você pudesse me ajudar.

Jake sentiu uma ponta de preocupação.

- Vou ficar feliz em te ajudar, cara – ele disse. – Qual o problema?

- Você se lembra daquele caso de assassinato no Colorado no ano passado? A mulher que foi morta em Dyson Park?

Jake ficou surpreso ao escutar Harry falando sobre aquilo. Quando seu amigo se aposentara da polícia de Los Angeles, ele e sua esposa, Jillian, mudaram-se para Gladwin, uma pequena cidade nas montanhas, ao lado de Dyson Park. O corpo de uma jovem fora encontrado em uma trilha. Apesar de aposentado—e portanto novamente um civil—Harry havia tentado ajudar a polícia a resolver o caso, porém sem sucesso.

- Claro, eu lembro – Jake disse. – Por que?

Houve um momento de silêncio até que Harry continuasse:

- Bom... acho que está acontecendo de novo.

- Como assim? – Jake perguntou.

- Acho que o assassino agiu novamente. Outra mulher foi morta.

Jake sentiu-se surpreso. Ele perguntou:

- Você diz em Dyson Park de novo?

- Não, dessa vez no Arizona. Deixe-me explicar. Você sabe que eu e Jillian gostamos de viajar para o sul no inverno, certo? Então, nós estamos no Arizona agora, num camping perto de Phoenix. Hoje de manhã, no jornal local, disseram que o corpo de uma jovem foi encontrado em uma trilha em algum lugar ao norte daqui. Liguei para a polícia local, e eles me deram alguns detalhes. – Harry limpou a garganta e continuou. – Jake, o pulso da garota estava todo cortado. Ela deve ter sangrado até a morte em algum lugar, mas não onde o corpo foi encontrado. Igual a vítima de Dyson Park. Eu posso apostar que é o mesmo assassino.

Jake relutou em acreditar na conexão.

- Harry, não sei – ele disse. – Muito tempo passou desde a morte no Colorado. Tem uma boa chance de qualquer semelhança entre os casos ser só coincidência.

A voz de Harry mudou para um tom de mais urgência.

- Sim, mas e se não for uma coincidência? E se o cara que cometeu o crime no Colorado for o mesmo dessa vez? E se ele estiver pensando em continuar?

Jake segurou um suspiro. Ele conseguia entender a reação do amigo. Harry havia lhe dito o quão decepcionado ficara ao não conseguir ajudar a polícia de Gladwin e do Colorado a encontrar aquele assassino. Não surpreendia o fato de que um novo assassinato, com detalhes semelhantes, mexesse com Harry.

Mas pessoas fazendo trilhas sozinhas em meio à natureza eram assassinadas de vez em quando. E algumas pessoas insistiam em fazer essas trilhas desertas, mesmo com tantos avisos.

Mas o que eu digo para ele?

Jake não sabia.

Harry continuou:

- Jake, eu estava pensando... você acha que pode pegar esse caso através da Unidade? Digo, agora que aconteceram dois assassinatos em dois estados diferentes.

Jake estava se sentindo cada vez mais desconfortável. Ele disse:

- Harry, geralmente as coisas não são assim. Cabe à polícia do Arizona pedir a ajuda do FBI. E até onde eu sei, eles não fizeram isso ainda. Até que eles nos chamem, não podemos fazer nada. Agora, se você conseguir fazer com que eles liguem para o FBI...

Harry interrompeu.

- Eu já tentei. Não consigo convencer os tiras de que esses casos estão ligados. E você sabe o que os tiras locais pensam sobre o FBI se metendo nos casos deles. Eles não costumam gostar da ideia.

Jake pensou: Não, não gostam mesmo.

Para ele, era fácil imaginar como a polícia do Arizona reagiria a um policial aposentado tentando convencê-los de que eles estavam deixando algo importante passar. Mas Harry, na verdade, estava certo sobre algo. Se o assassino havia cometido crimes em mais de um estado, o FBI não precisava de um convite para entrar no caso. Se Harry estivesse certo sobre o assassino ser o mesmo, o FBI poderia abrir uma investigação.

Se Harry estivesse certo.

Jake respirou profundamente.

- Harry, eu não sei se posso fazer algo por aqui. Seria difícil convencer as pessoas que comandam aqui de que isso é caso para o FBI. Você sabe que o FBI não vai se meter se os tiras locais acham que esse é um simples caso de assassinato. Mas...

- Mas o que?

Jake hesitou, e então continuou.

- Deixe-me pensar nisso tudo. Eu volto a te ligar.

- Obrigado, amigo – Harry disse.

Eles encerraram a ligação.

Jake encolheu-se, imaginando porque diabos tinha prometido ligar para Harry.

Ele sabia perfeitamente que jamais convenceria o Agente Especial Responsável, Erik Lehl, de que aquele era um caso para o FBI. Pelo menos não com uma conexão tão fraca entre os assassinatos.

É, não vou conseguir.

Mas Jake já havia feito a promessa, e Harry estava no Arizona, esperando um retorno de Crivaro a qualquer momento. E a única resposta que Jake poderia dar a ele era exatamente o que deveria ter dito antes de encerrar a primeira ligação—que não havia como envolver o FBI naquilo.

Jake olhou para seu celular por um instante, tentando criar coragem para retornar a ligação. Mas ele não estava preparado para aquilo—ao menos não naquele momento.

Então, decidiu voltar suas atenções para seu café da manhã. Imaginou que, talvez, mais uma xícara de café pudesse ajudá-lo a refletir melhor sobre como lidar com aquela situação.

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