O Encontro Entre Dois Mundos - Aldivan Teixeira Torres 6 стр.


Marcela, poderia lhes falar da sua experiência do Entendimento e auxiliá-los em sua busca? (Solicitou Angel)

Claro. No entendimento, cada experiência é única e faz brotar no nosso íntimo uma verdadeira contrição, uma vontade de se abrir completamente a luz. Ele nos faz ter uma visão ampla de nossa vida pessoal, do próximo e a melhor maneira de agir. Quando conquistamos o entendimento, temos um poder amplo para direcionar nossas vidas da forma mais adequada. O conselho que eu dou é que não tenham medo de arriscar ou das consequências pois é melhor se arrepender do que fez do que nunca tentar. Boa sorte para os dois. (Respondeu a mesma)

Obrigado. A admiramos por fazer parte do grupo dos justiceiros, seres lendários do nordeste e meditaremos nas suas orientações. Muito obrigado por tudo. (Eu, o vidente)

Faço das minhas palavras as suas. (Renato)

Tudo bem. Podem ir. Continuem andando na direção sudoeste. O desafio se apresentará para vocês. Eu vou ficar um pouco mais conversando com minha amiga Marcela. Encontramo-nos em casa, mais tarde. (Angel)

Obedecemos ao mestre, nos despedimos da nossa nova amiga e saímos da sua casa. Já fora, pegamos a mesma trilha novamente. O que aconteceria? Continue acompanhando, leitor.

Entendimento

O retorno à trilha fez aflorar novamente em mim a ansiedade, a inquietação e as preocupações de sempre, referente a minha vida pessoal e profissional. Além disso, a todo instante me pergunto sobre o futuro. Em certa ocasião, a pressão é demais e peço para Renato que paremos um pouco. Ele concorda, nos hidratamos, comemos um lanche e traçamos os nossos planos. Quando nos recuperamos, retomamos a caminhada. Nossos passos nos levam a paisagens desconhecidas e maravilhosas e aproveitamos para tirar algumas fotos. O ambiente era tranquilo e aconchegante e nada nos levava a crer que há cerca de oitenta anos atrás aquele mundo era um mundo de violência e autoritarismo, mas era o que a história registrara. Cabia a nós como aventureiros que éramos descobrir pouco a pouco os detalhes.

Continuamos caminhando, relaxamos um pouco e concentramos apenas no objetivo atual. Acerto os últimos detalhes com Renato, apertamos o passo avançando cada vez mais. No caminho, passamos por um jardim frutífero e aproveitamos para sentir um pouco o gosto da liberdade alcançada até o momento. Subimos nas árvores como crianças, nos balançamos, derrubamos frutas deliciosas, descemos e nos alimentamos. Enfim, nos sentimos felizes. Um tempo depois, observamos o horário e resolvemos voltar a caminhar na mesma direção de sempre.

Depois de uma longa caminhada de duas horas, finalmente chegamos ao centro do sudoeste do sítio. Sentamos no chão e esperamos um sinal. Porém, passam mais de quinze minutos e nada acontece. O que estava acontecendo? Que peça o destino estava nos pregando? Não seria possível que tínhamos tido tanto trabalho para nada.

Sem resposta, conversamos um pouco e Renato me propõe uma oração que aprendera com a guardiã, direcionado a um santo anônimo, desatador dos nós. Aceito por me parecer a única alternativa viável. A oração é a seguinte: Queridíssimo santo desatador dos nós, eu vos peço que nos sirva de intercessor junto ao senhor dos exércitos para que ele nos mostre um caminho seguro a fim de nos mostrar o nosso destino. Prometo que serei teu ardoroso fiel hoje e sempre. Com atenção, um aventureiro. Amém.

Depois de proferir a oração com fé, ficamos na expectativa. Cinco minutos depois, escuto uma voz interior a dizer-me: Dobres a direita e encontrarás o que precisa. Mesmo sem querer acreditar, peço para Renato esperar enquanto vou fazer xixi. Dobro a direita. Imediatamente, o mundo escurece, trevas e luz se aproximam, e meus estigmas são despertados. Sofro bastante, choro, grito, perco totalmente o controle. Enquanto isso, ocorre uma batalha rápida diante de mim entre um anjo e um demônio. Caio em terra e a única opção que tenho é torcer para que tudo terminasse bem.

Depois de um período de espera, o bem finalmente vence e o anjo se aproxima de mim. Ao chegar bem perto, fico ofuscado com sua luz e tenho que fechar os olhos. Ele encosta em mim e diz: Toque-me. Obedeço e o contato me faz ter uma visão bem rápida: Vejo um homem idealista e corajoso chamado Romão, habitante da Ásia menor, proprietário de terras num momento crucial de sua vida. O mesmo tinha oitenta anos,viúvo,fora casado com uma mulher maravilhosa chamada Cris durante cinquenta anos em plena comunhão e amor. Do relacionamento, tiveram cinco filhos que por ironia do destino também já eram falecidos. Há dez anos vivia sozinho, apenas acompanhados por empregados e por colonos que trabalhavam em suas terras. Mesmo com todas as perdas de sua vida, vivia feliz em sua propriedade, e não negava ajuda a ninguém. Em certo dia, realizando exames de rotina, ocorreu que descobriu que era portador de uma doença grave. Mesmo com a má notícia, não se revoltou. Começou a preparar-se para a despedida. Reuniu seus amigos mais próximos e empregados, deu uma grande festa e no final entregou a cópia de seu testamento juntamente com seu advogado. No texto, repassava todos os seus bens a cada um deles, em partes iguais. Emocionados, todos o abraçaram e ficaram muito contentes pois eram pobres e tristes pela iminente perda do amigo pois o que era dinheiro diante de anos de compreensão, apoio e cumplicidade? Aproveitaram o momento e declaram o seu amor por ele. Quando acabou a festa, todos se despediram. No outro dia, Romão foi encontrado morto, foi enterrado e hoje vive em paz, com espíritos evoluídos do céu. Fica a lição: É necessário entendimento e discernimento para agir de forma generosa em todos os momentos da vida. Tudo é passageiro e o que realmente fica são as boas obras, pensamentos e os valores. O homem é isso.

A visão termina. Ao abrir os olhos, observo que estou sozinho e então decido voltar .Dobro a direita, dou alguns passos e reencontro Renato. Ele me dá um grande abraço e me pergunta: Por que a demora, estava ficando preocupado. Só foi fazer o número um mesmo? Confirmo que sim e me justifico dizendo que me distrai. O convido a voltar para casa, ele aceita e continuamos a caminhar. No caminho de volta, tento assimilar da melhor maneira o segundo dom do espírito santo e sinto uma energia boa correndo em todo o meu corpo. O que aconteceria daqui por diante? Eu estava a ponto de descobrir. Apertamos o passo, avançamos na trilha e exatamente depois do mesmo tempo chegamos ao destino, a casinha de sapê, de propriedade de nosso mestre. Sem esperar muito, adentramos nela e procuramos o mesmo. Particularmente, estava ansioso para revê-lo e contar as novidades. Continue acompanhando, leitor.

Reencontro

Já dentro da casa, avistamos Angel na parte referente ao quarto e sem cerimônias e sem demoras nos aproximamos dele. Ao chegarmos bem perto, ele nos cumprimenta, nos abraça e inicia o diálogo.

E aí? Obtiveram sucesso novamente?

Sim. Desenvolvemos um pouco mais o nosso potencial ao desvendar o segundo dom do espírito santo mas queremos mais. Qual o próximo passo? (Respondo)

Queremos todos os detalhes e a forma mais adequada de agir. (Complementa Renato)

Calma. Vocês são muito ansiosos. O próximo passo ainda está distante. Falemos do atual. O que aprenderam com a nova experiência? (O mestre)

Eu descobri através da visão da história que é necessário muito entendimento, paciência, e coragem para se fazer as escolhas certas e que o primeiro é alcançado de diversas formas, dependo do grau de evolução do indivíduo. Como diz o ditado, a vida ensina, de uma forma de outra e o sucesso depende muito mais da experiência, da persistência e dedicação de cada um do que qualquer outra coisa. (Eu)

Não participei diretamente da experiência do vidente, mas convivo com a guardiã da montanha há muito tempo e ele sempre me mostrou que a reflexão e a análise são sempre importantes ferramentas a serem usadas em quaisquer momentos da vida. Há duas possibilidades: Ou erramos ou acertamos. Com os erros, aprendemos e os acertos nos mostram que estamos próximos do objetivo a alcançar ou do sucesso propriamente dito. (Renato)

Muito bem. Brilhantes conclusões. Não esperava menos de vocês que se apresentam como uma dupla dinâmica. Só não esqueçam deste velho aqui quando estiverem no sucesso. (Angel)

Lágrimas insistentes correram do rosto de Angel e a emoção também toma conta de nós. Aproximamo-nos, nos abraçamos mais uma vez e criamos um círculo de amizade, de energia ao nosso redor. Passamos um bom tempo nesta posição até nos recuperarmos. Separamo-nos e Angel se comunica novamente:

Bem,aproveitem o restante da tarde para refletir e descansar. Eu vou cuidar do jantar. Pensem no próximo desafio, o terceiro dom que é o conselho.

Dito isto, Angel saiu do quarto e foi a cozinha. Eu e Renato combinamos alguns detalhes da próxima etapa e, por fim, deitamos e tiramos uma soneca. Neste momento de descanso, nada podia nos atrapalhar nem mesmo os problemas pessoais e profissionais. Até o próximo capítulo, leitores.

O jantar e a noite no Sítio Fundão

Ao acordar, verificamos o horário e já estava próximo das sete da noite. Imediatamente nos levantamos e nos dirigimos à cozinha. São apenas alguns passos a dar e ao chegar no destino encontramos Angel sentado na mesa. Ele nos cumprimenta, respira aliviado e começa a nos servir. O cardápio é sopa de galinha e aproveitamos a iguaria comendo bastante. Durante o jantar, conversamos sobre tudo e trocamos experiências.

Quando terminamos, Angel nos convida a sair, nós aceitamos e o acompanhamos. Cinco minutos depois, já fora, contemplamos o universo representado através das estrelas. Angel nos ensina sobre elas, fala sobre o nome e a sua importância. Depois, acende uma fogueira para nos esquentar no frio típico daquela região na época de inverno. Ficamos ao redor dela e aproveitamos para nos conhecer melhor.

Sabe,Angel,eu nunca iria imaginar que estivesse aqui algum dia pois a vida sempre se mostrara ingrata para mim. Desde pequeno, enfrentei tantos obstáculos que quase pensei em desistir. Dentre eles, os mais difíceis foram a falta de preparação e o lado financeiro. Demorei muito a me desenvolver e só a partir de 2010 é que minha esperança renasceu em todos os sentidos na minha vida. (Eu)

Entendo. Eu na minha época também enfrentei muitos desafios. Alguns gigantes. Mas não desisti e tive pelo menos momentos felizes. Mas a época hoje é melhor. Você é talentoso, carismático e deve pensar apenas no presente. Construa seu futuro agora junto com seu companheiro de aventuras Renato. (Aconselhou o ancião)

É o que digo sempre a ele, mestre. Tudo a seu tempo. O importante é que já estamos no terceiro passo duma se Deus quiser longa carreira literária. (Renato)

Vocês estão certos. Mas independentemente de qualquer resultado não esquecerei minhas origens e dificuldades iniciais. Negar isso não seria ético da minha parte. (Eu)

Filho de Deus, como está sendo para você experimentar o poder dos dons, é diferente das suas experiências anteriores? (Angel)

Muito diferente. Já enfrentei a gruta, driblei armadilhas, transformei-me no vidente, viajei no tempo, solucionei conflitos e injustiças, reuni as forças opostas, voltei a montanha, investiguei os pecados capitais, viajei a uma ilha, encontrei com piratas, experimentei a parte mais densa da noite escura, entrei no Eldorado, tive contato com um preso perigoso, dentre outras coisas.Porém,nada parecido com o desenvolvimento dos dons que me leva a cada passo que eu dou a um destino inexplicável.(Confessei)

Concordo com ele. Antes sabíamos o que procurávamos e até onde poderíamos chegar. No entanto, agora, não paramos de encontrar surpresas a todo o momento e desconhecemos quando a visão chegará ou o seu teor.(Renato)

Muito bem. O importante é não desanimar. Estarei com vocês e ajudarei no que for preciso relativo aos seis primeiros dons. A partir do sétimo, será uma nova etapa. (Revelou Angel)

Tudo bem.Agradecemos de todo coração. Cada pessoa que passa por nossas vidas e que acrescenta alguma coisa de bom, eu chamo de mestre. Você é um deles, te admiro muito, espero aprender cada vez mais e seguir minha carreira. (Eu)

Obrigado. É uma troca mútua de conhecimentos. Não é porque sou velho que não posso aprender. A sabedoria não se mede pelos anos e sim pela abertura mental ás forças celestes. Vamos juntos. (Angel)

É assim que se fala. Somos uma equipe. (Bradou Renato)

Nós três juntamos as mãos, Angel proferiu uma oração rápida e do nosso encontro brotou uma luz pequenina mas forte e incandescente. Ela alçou voo e alcançou o espaço em poucos segundos. Ao sumir completamente, ficamos assustados mas Angel nos tranqüiliza. Ele nos disse que a luz representava a força da nossa amizade e que enquanto ela permanecesse junto a Deus, duraria para sempre. Dependia apenas de nós.

Depois da aparição, continuamos a conversar por um bom período. O tempo passa e quando já é bem tarde, Angel sugere que deitemos para levantarmos cedo e com muita garra. Aceitamos o convite, entramos de novo na casa, cada um vai dormir no seu lugar e o outro dia certamente traria mais emoções em nossas vidas de aventureiros.

O terceiro dom

Amanhece. A brisa da manhã preenche todo o ambiente e acabamos por despertar auxiliados pela claridade provocada pelos raios de sol que acariciam nossos rostos.Inicialmente,cheio de cansaço, não consigo mover-me da cama de capim em que estou. Mas esforço-me e depois de três tentativas consigo levantar-me. Em pé, aproximo-me de Renato e o estimulo a fazer o mesmo.Com a minha ajuda, ele também se levanta.Com relação a Angel, ele ainda está dormindo e resolvemos não incomodar. No instante seguinte, tomamos um pouco de água e combinamos de irmos nos lavar atrás da casa, cada um por sua vez. Ele vai primeiro e eu fico esperando. Neste ínterim, penso um pouco sobre mim mesmo. O que me levava a arriscar tanto em aventuras cada vez mais inusitadas? Certamente o principal motivo era o prazer da profissão que escolhera, numa tentativa de derrubar padrões, estereótipos e preconceitos, ou seja, transmitir uma mensagem de conhecimento, esperança e fé para um mundo atrasado e conturbado. Além disso,eu tinha um compromisso comigo mesmo e com o vidente, aquele que surgiu a partir da entrada na gruta do desespero. Por isto, eu estava decidido a continuar sem se importar com os riscos.

Continuo refletindo sobre isso e outros assuntos, o tempo passa um pouco e finalmente Renato retorna do banho.Cumprimentamo-nos,ele pede licença para trocar de roupa e aproveito a oportunidade para ir também lavar-me. Pego minha saboneteira e xampu, atravesso a casa em poucos passos e ao chegar na cozinha, pego um balde, saio da casa, fico na parte de trás e verifico se há ou não a presença de estranhos por perto. Por sorte, é muito cedo e por enquanto não há movimento. Encaminho-me para a cisterna, encho o balde e retorno rapidamente à parte de trás da casa. Mesmo um pouco com medo, tiro a roupa. Jogo um pouco de água no corpo, ensaboou-me,enxáguo-me e começo a me esfregar. Esforço-me para retirar as impurezas do meu corpo e o exercício me traz um relaxamento incrível apesar de algumas preocupações pessoais. Penso um pouco sobre isso. O que estava acontecendo na minha casa, com a minha família, amigos e conhecidos? Bem, seja o que fosse, acredito na torcida dos mesmos para eu evoluir e conseguir descortinar um pouco o véu do destino. Eu me esforçaria a fim de não os decepcionar.

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