O xamã da sua tribo tinha-lhe ensinado tudo sobre plantas e a forma como elas podiam curar ou danificar o corpo. Ele tinha usado esse conhecimento e criado a mistura certa para causar a ligeira paragem de Isabel. Tinha sido a única coisa de que se tinha lembrado que faria Angel voltar.
- Eu não mereço nenhum louvor por a encontrar â admitiu Hunter, de consciência pesada.
Angel sorriu suavemente, sabendo que Hunter não tinha um único vestÃgio de prepotência no seu corpo. Querendo que ele soubesse o quanto ela estava agradecida pelo que ele fizera, colocou-se nos bicos dos pés e deu-lhe um, suave e fugaz, beijo nos lábios.
Quando ela se afastou, os seus olhares cruzaram-se por um tempo. Angel inspirou, bruscamente, sentindo os pequenos relâmpagos atingirem-na estômago abaixo e pelas pernas acima. Esta não foi a primeira vez que ele tinha causado esta reação dentro dela, mas era a primeira vez que não era suposto sentir isto por ele. Agora ela tinha um namorado⦠estar apaixonada por Hunter era um tabu.
Angel engoliu em seco, enquanto deu um passo atrás. â Obrigado por salvares a minha avó. Não sei o que iria fazer se a tivesse perdido.
Hunter semicerrou os olhos, sabendo que ela estava a negar o que ambos tinham acabado de sentir. Talvez não a negar, mas a ignorar definitivamente. Ele não fazia intenção de a deixar escapar⦠aliás, ele pretendia lembra-la de que ele não era esquecido assim tão facilmente.
Esticando-se, agarrou a mão dela e avançou para as portas da frente. â Vamos, temos de te instalar.
Ashton apertou o parapeito da janela com tanta força que ouviu a madeira estalar. Angel nunca lhe tinha dado razões para se sentir com ciúmes antes, mas não gostou nada da forma como olhou para Hunter⦠a forma como ela o beijara. Não gostou nem um pouco. Ele não a tinha deixado vir para casa só para a ver atirar-se a outros rapazes.
Angel entrou no elevador afastando o resto da eletricidade que beijar Hunter lhe tinha causado. â Então, onde é que eu vou dormir? â ela sorriu, sabendo que era um jogo que eles costumavam jogar.
Os quatro, Tristian, Ray, Hunter e ela costumavam tirar os registos da secretária e trocar os quartos para causar confusão em massa. Eles costumavam ter em tantos sarilhos por causa daquilo que era engraçado o facto de Hunter estar encarregue da mesma coisa que costumava fazer com que gritassem com eles.
Hunter encolheu os ombros. â Calculei que fosses querer ficar ao lado do teu irmão â ele esticou-se e carregou no botão para o quarto andar. â Por isso, pus-te no teu velho quarto.
- Fico contente saber que ainda tenho um quarto grande â ela sorriu, sabendo que os quartos do último andar eram enormes, comparados aos lá de baixo. Além disso, ia ser bom sentir-se completamente em casa de novo. â Obrigado.
- Eu sempre achei que vocês os dois eram um bocado mimados â brincou Hunter â foi por isso que decidi mudar-me também â ele tirou a chave do seu bolso. Tinha-se mudado para o quarto mesmo ao lado do dela quando se mudou para lá o mês passado. Tinha feito com que ele se sentisse mais próximo dela, mesmo estando ela longe.
- Quando é que te mudaste para o santuário? â perguntou Angel. Ele e Ray conduziam de trás para a frente todos os dias para que pudessem passar a noite com a mãe deles⦠mesmo antes de Ray ter a sua carta. Ele e Ray sempre amaram imenso a sua mãe e asseguravam-se que ela estava sempre bem tratada.
Quando as portas se abriram, Hunter colocou a sua mão na ponta da porta do elevador para a manter aberta. â Desculpa Angel⦠eu disse ao Tristian para não te dizer. Não queria que te preocupasses connosco â os seus olhos escureceram, sabendo que ela tinha todo o direito de ficar chateada se quisesse.
- Então diz-me agora â Angel tinha um mau pressentimento. Hunter nunca lhe tinha escondido nada e ela perguntou-se se estar fora todo aquele tempo tinha causado isto. â O que é que eu não sei?
- A nossa mãe morreu o mês passado quando a nossa casa pegou fogo, acidentalmente â ele engoliu em seco, continuando a não querer tocar assunto. â Os bombeiros disseram que pareceu que ela estava a cozinhar e deve ter adormecido.
Os lábios de Angel abriram quando os olhos dele começaram a brilhar com lágrimas, por cair. â Meu Deus, Hunter⦠lamento imenso. Quem me dera que me tivesses dito⦠tinha voltado mais cedo.
- Não queria que o fizesses⦠ver-me assim â confessou ele, enquanto ela colocou os seus braços à sua volta, pela terceira vez na última meia hora.
Largando a porta, ele deixou-a fechar enquanto se esticava para carregar no botão de paragem. Colocando as palmas das mãos nas costas dela, Hunter não conseguiu evitar puxá-la contra si, deixando o cheiro do seu cabelo acalmar a dor que tinha dentro de si. Esta dor não tinha nada a ver com a sua mãe.
Angel não pensara em fazer nada mais que confortá-lo, mas assim que os seus corpos se tocaram, viu-se encostada contra a parede do elevador e com uma das pernas dele entre as suas coxas, fazendo com que uma chama ardesse em ambos de novo.
- Meu Deus, Angel â murmurou Hunter contra a suave pele do seu pescoço, enquanto ele sentia o seu calor do seu centro subir até ao tecido que tapava a perna dele. Pressionando a sua coxa contra ela, levantou a cabeça e apanhou-lhe os lábios, num beijo frustrado. As suas mãos viajaram pelos braços dela e capturaram as suas mãos. Deslizando os seus dedos pelos dela, empurrou-os contra a parede conhecendo-a bem o suficiente para saber que ser dominada era algo que a excitava. Se quase contasse como sexo, eles tinham sido amantes há muito tempo.
No inÃcio, Angel beijou-o de volta perdendo-se nas sensações que ele lhe estava a causar, mas depois a imagem de Ashton apareceu na sua mente, quando ela virou a cabeça, rompendo o beijo. Ela gemeu, suavemente, quando sentiu a respiração ardente no seu pescoço. Tirando as suas mãos das dele, colocou-as no seu peito e empurrou-o.
- Hunter? â Angel manteve os olhos no chão com um medo, súbito, do que veria quando olhasse para ele â Desculpa, euâ¦
- Shhh⦠- ele colocou os dedos debaixo do queixo dela e levantou-o para que ela olhasse para si. Ele já sabia porque é que ela estava a parar. Ashton Fox já tinha perdido⦠apesar de ela ainda não o saber. Os seus olhos escureceram, atraentemente, enquanto ouvia a sua respiração ofegante por causa de um simples beijo.
- Não peças desculpa⦠nunca devias pedir desculpa por e amar. Pelo menos sei que me perdoas por não te ter contado sobre a minha mãe â Hunter largou-a forçando-se a dar um passo atrás e a carregar no botão para que as portas se abrissem para ela.
Sabendo que ele iria falar da sua mãe quando estivesse pronto Angel virou-se e fugiu do elevador, deixando de confiar em si mesma para estar sozinha com ele. Assim que teve a certeza de que ele tinha desaparecido, abrandou o seu passo.
Pobre Hunter⦠e Ray. Eles sempre foram carinhosos com a mãe deles e ela sempre os amou imenso de volta. Angel lembrou-se de ter desejado que ela e a sua mãe tivessem aquele tipo de relação. Mas a sua mãe era-lhe uma estranha⦠sempre fora.
Quando as portas do elevador se fecharam depois de ela sair, Hunter colocou as suas mãos contra a mesma parede onde a tinha encostado⦠empurrando-a com frustração. Se contar até dez resultasse. Fechando os olhos, fê-lo na mesma, forçando a sua respiração a voltar a algo que se assemelhasse a normal. Quando se endireitou e abriu os seus olhos, estava completamente calmo, de novo.
Quando as portas do elevador se fecharam depois de ela sair, Hunter colocou as suas mãos contra a mesma parede onde a tinha encostado⦠empurrando-a com frustração. Se contar até dez resultasse. Fechando os olhos, fê-lo na mesma, forçando a sua respiração a voltar a algo que se assemelhasse a normal. Quando se endireitou e abriu os seus olhos, estava completamente calmo, de novo.
Abrindo o seu telemóvel, escreveu o número de Tristian para lhe dizer que a sua irmã estava instalada. Hunter fez uma careta ao ver que não havia rede no telemóvel.
Angel entrou no seu quarto e sorriu, vendo que tinham deixado tudo como tinha estado antes de ela se ter mudado. Atirou-se de costas para o colchão com um suspiro feliz enquanto fechava os olhos. Assim que o fez, o que ela e Hunter tinham feito no elevador voltara para a assombrar e fazer o seu corpo arder.
Ela tinha estado fora tanto tempo que achou que ele já não a quisesse daquela maneira. Tristian tinha começado a namorar com alguém⦠porque é que o Hunter não?
Quando tinha começado a namorar com Ashton⦠tinha tentado bloquear as memórias de Hunter e de Tristian. Mas agora que estava de volta, parecia que o seu coração estava a ser separado de novo. Ela tinha estado apaixonada por ambos há tanto tempo que acabou por ser a razão para ela começar a namorar com Ashton⦠para esquecer. Mas quando Hunter a tocara no elevador, confirmaram-se os seus piores medos⦠ela não estava apaixonada por Ashton Fox e ele nunca a faria sentir como Hunter acabara de a fazer.
Ela encostou a palma da mão contra o seu ventre e deslizou-a para entre das suas pernas, arqueando o seu corpo enquanto o fazia. Ela fechou os seus olhos quando lhe a imagem de Hunter se dissipou e foi substituÃda pela memória do toque ardente de Tristian.
CapÃtulo 3 âCiúmeâ
Já era quase de noite quando Tristian trocou a música calma por um rock alternativo, depois agarrou na garrafa de vinho que tinha acabado de esconder no fundo do bar. Quando pegou em três copos, o vestÃgio de um sorriso iluminou os seus lábios. Tinha acabado de descobrir a adega secreta do seu avô, que corria por baixo e através do enorme edifÃcio.
Impedindo o resto dos membros da famÃlia soubesse da existência dos corredores apertados era a única coisa que Tristian gostava que o seu avô tivesse feito. Agora tinha o seu pequeno segredo e, até agora, só uma outra pessoa é que sabia da sua existência, Angel, e ela não era o tipo de pessoa para explorar as catacumbas com teias de aranha.
Vendo Ashton a passer pela entrada, chamou-o e fez sinal para que se aproximasse. â está na altura de começar a conhecer a famÃlia â Tristian conduziu-os para uma das mesas de picnic penduradas onde os gémeos estavam a entreter Stacey.
- Ok, ainda nem comecei a beber e já estou a ver a dobrar â brincou Ashton, esperando que fosse ser bom para quebrar o gelo.
Ao ouvi-los, Damien e Devin olharam para cima vendo a garrafa de vinho e deixando lá o olhar, enquanto Tristian a pousava na mesa.
Ao ouvi-los, Damien e Devin olharam para cima e viram a garrafa de vinho, deixaram o seu olhar segue-la, enquanto Tristian a pousou na mesa.
- Ei, esta é uma das garrafas da reserva secreta do avô. Eu vi-o e ao pai a beber uma há muito tempo â Devin agarrou-a e começou a furar a rolha. â Onde raios descobriste esta?
Antes de Tristian conseguir responder, Damien acenou na direção de Ashton. â Tristian? Para que é que o trouxeste? Precisamos tanto de outro homem como de um buraco na cabeça â colocou um braço à volta de Stacey enquanto o seu gémeo estava distraÃdo.
- Ah, ah. â Tristian pousou os óculos. â Apresento-vos Ashton Fox⦠o namorado de Angel â ele levantou o seu dedo e apontou mesmo, enquanto os apresentou a Ashton. â E este é Devin⦠e Damien, nossos primos⦠esta é Stacey que só vem aqui para os torturar quando arranja tempo â piscou um olho a Stacey, sabendo que ela não ia negar.
Ashton esticou a sua mão, tentando não reagir, enquanto os gémeos fizeram turnos, quase partindo os seus dedos com o aperto. Refletindo a mão para que o sangue voltasse a fluir, sorriu e disse â Angel falou muito de vocês. à bom conhecer os gémeos, finalmente.
- Então, a nossa pequena Angel falou-te dos primos com os seus beijos preferidos? â perguntou Damien com uma expressão séria.
- Sim, também me contou do nariz a sangrar que ganhaste pelo esforço â disse Ashton com a mesma seriedade, se não algum aborrecimento. Se estava destinado ativar a testosterona⦠assim seja.
Tristian riu-se alto e deu uma palmada nas costas de Ashton. â Assim é que é, dá-lhe.
- Estás a falar a sério? â perguntou Stacey, rindo-se com Tristian enquanto se chegava a um dos copos de vinho que Devin acabara de servir.
- Completamente⦠pelo que sei â Damien agarrou o seu copo e pousou-o. Era triste ver que Angel tinha conseguido arranjar outro guarda costas. A brigada Ãndia não era suficiente?
Ignorando os gémeos, Tristian deu uma pancadinha no ombro de Ashton para que ele parasse de o encarar. â Ali esta o tio Robert e a sua mulher, Dianne â apontou para o casal que estava a entrar para o jacuzzi. â Eles deixaram de ter filhos depois dos gémeos, por algum motivo â tentou não se rir quando aquilo arrancou um sorriso de Ashton.
- Quem é o teu amigo? â Tiffany apareceu, colocando o seu joelho ao lado de Devin e inclinando-se como se estivesse aborrecida, mas curiosa. Ela usava um bikini azul bebé que tinha vários números abaixo do que devia, com uma mera tira à volta da sua cintura.
Ela beliscou Devin na orelha quando ele virou a cabeça para olhar para os seus seios.
- Pára com isso, seu pervertido.
- Esquece isso, Tiff, ele está comprometido â disse Devin, com um tom de pena, depois piscou-lhe o olho â Parece que estás presa a mim, afinal â Ele rosnou quando reparou em Damien a tentar beijar Stacey. â Raios, Damien, não te consigo virar as costas por um minuto, pois não?
Quando os gémeos tentaram inclinar-se para discutir um com o outro, Stacey ainda estava entre eles. Ela colocou uma mão delicada em cada um dos seus ombros e empurrou. â Parem com isso ou eu juro que volto para casa de novo â avisou ela.
- Tiffany, apresento-te Ashton⦠o convidado de Angel para a semana â Tristian passou o Ashton de namorado a convidado de propósito. Se Tiffany quisesse tentar a sua sorte com Ashton quem era ele para a impedir? â A Tiffany é a prima mais nova e tem dois irmãos algures por aqui.
- Eles estão na piscina com os amigos deles â Tiffany fez um beicinho sentindo-se tão amuada como Devin. Revirando os olhos, agarrou a mão de Devin e tirou-a da cadeira. â Anda⦠vamos molhar-nos.
- Claro â Devin deu uma palmada no rabo de Stacey quando enquanto a seguia em direção à piscina.
Ashton levantou a sobrancelha, mas mordeu a lÃngua, recusando dizer alguma coisa em voz alta. Além disso, era provável que a famÃlia se juntasse toda contra ele se ele dissesse o que estava a passar pela sua mente.
Tristian apontou na direção da rapariga de cabelo negro a trepar a escada da prancha. â Aquela é a Paris, a irmã mais velha de Tiffany. E o homem estranho que está a subir a escada com ela deve ser o seu novo brinquedo para durante a semana porque nunca o vi â ele virou-se na cadeira a olhar para a outra ponta da piscina. â E uma das duas pessoas aos beijos na secção infantil é Jason, o irmão dela.