Laços Que Unem - Amy Blankenship 3 стр.


- Vemo-nos por aí mais tarde - anunciou por cima do ombro.

Quando Tristian partiu com Ashton, Hunter virou-se e agarrou a chave para o melhor quarto que havia no santuário… uma das suites nupciais no quarto andar. Não era como se alguém fosse a fosse usar durante esta semana e, provavelmente, Angel iria adorar ficar numa.

- Quem vai ficar na suite nupcial?

Hunter voltou-se, vendo Ray logo do outro lado da esquina com a caixa de foguetes segura debaixo do seu braço. Ele e Ray tinham estado numa situação estranha desde que a mãe deles tinha morrido há um mês. Tinham declarado tréguas, mas ambos sabiam que era uma situação muito frágil. Ele amava o seu irmão, mas ultimamente Ray tinha estado a agir de forma estranha o suficiente para que ele estivesse em alerta máximo.

- Então, decidiste lançar os foguetes esta noite? - Hunter mudou, rapidamente, o assunto enquanto colocava a chave no seu bolso.

Os olhos escuros de Ray seguiram o movimento protetor, mas deixou passar por agora. - Sim, queremos que a semana tenha um começo explosivo, não queremos?

- Claro. Vens à festa na piscina mais logo? - perguntou Hunter, não gostando que Ray estivesse de olho nele.

- Sim, eu vou estar… por perto - respondeu Ray com um olhar elevado enquanto tirava alguns fósforos de uma taça na secretária e os atirava para a caixa de foguetes antes de se virar para sair.

Hunter ficou onde estava até Ray estar fora de vista, depois levou, lentamente, a mão ao bolso e retirou a chave. Virando-se, começou a pendurar a chave de volta no sítio dela, mas decidiu colocá-la numa das gavetas da secretária. Virando-se para o chaveiro, abanou os dedos como se estivesse a pensar, depois tirou a chave do quarto ao lado do seu.

Ele sentia-se mais tranquilo se conseguisse manter Angel debaixo de olho… especialmente à noite.

Capítulo 2 “Segredos”

Angel ficou de frente para as portas de vidro olhando para a sua avó. Ela calculou que Isabel Hart fosse estar na enorme marquise a olhar para os jardins nesta altura do dia. Ela sentiu um aperto no peito ao ver a sua avó a tocar nos botões da cadeira de rodas enquanto se aproximava das portas do terraço que levavam para fora do jardim.

A última vez de que tinha visto a sua avó, ela estava de pé e emproada, limpando as lágrimas da face enquanto lhes disse adeus. Colocando a sua mão contra as enormes portas de vidro, Angel respirou fundo e abriu-as.

- Avó! - Angel sorriu e correu toda a sala em direção a ela. O seu sorriso brilhou ainda mais quando os olhos da sua avó se abriram de alegria. Inclinando-se, Angel deu-lhe um abraço sentido. - Oh céus, senti tanto a tua falta!

Isabel fechou os seus olhos desfrutando do abraço sincero. Isso era o que ela tanto gostava em Angel e Tristian… o facto de eles não serem falsos como o resto da família. Quando amavam alguém… amavam com todo o seu coração.

- Aqui está o meu anjo - Isabel acariciou-a fracamente nas costas. Ela sentiu a sua força a voltar só por estar perto de Angel. Aquela rapariga sempre tivera a capacidade de a deixar de melhor humor e de a fazer sentir amada. Mas isso não a ia impedir de fingir a doença, fosse como fosse. - Estou feliz por teres voltado para me ver uma última vez - deixou a sua voz esganiçar como se fosse um pensamento devastador.

- O quê? - Angel respirou fundo depois afastou-se para poder olhar para a sua avó. -Avó? De que estás a falar? - só de a ouvir a dizer algo assim deu-lhe um aperto no coração e trouxe-lhe lágrimas aos olhos.

- Oh, não vamos falar de mim, minha querida. Conta-me tudo, senti tanto a tua falta nestes dois últimos anos e quem é este namorado sobre quem tenho ouvido tantos rumores? - Isabel lançou-lhe uma débil careta. - Não acredito que a minha neta está a tentar crescer num sítio tão longe que eu nem o consigo ver a acontecer.

*****

Tristian saiu do quarto de Ashton, fechando a porta enquanto o seu telemóvel vibrou no seu bolso. Vendo que era Ray, respondeu rapidamente. - Olá Ray, diz-me?

- A limusina acabou de partir e a tua namorada está a subir a montanha neste momento. Parece ser o fim do tráfego permitido. Ainda queres que eu tranque o portão lá em baixo? - perguntou Ray, sabendo que tinham sido instruções de Isabel Hart.

- Sim, a avó tem uma posição muito firme em relação ao aparecimento de convidados indesejados - confirmou Tristian. - Fecha-o bem e volta para aqui para te divertires. Se alguém precisar de sair… vão precisar de um guia para fora da montanha.

- É um bom plano - murmurou Ray.

Ele desligou o telemóvel e fechou a, pesada, vedação de ferro. Selando os três, espessos, cadeados olhou para a alta e espinhosa vedação. Vendo a torre móvel pelo canto do seu olho, partiu na sua direção. Era a única torre móvel num raio de oitenta quilómetros e ele tinha a impressão de que estava prestes a tornar-se inútil.

*****

Angel saiu do terraço, precisando de um momento a sós para absorver o choque de ver a sua avó com um aspeto tão frágil naquela cadeira de rodas. Todas as vezes que ela tinha levantado o assunto da sua saúde, Isabel tinha-se esquivado, fazendo as suas próprias perguntas.

Depois de uma pequena visita, apenas a sua avó tinha dito que estava demasiado cansada e tinha de se deitar durante o resto do dia, mas fez Angel prometer que a visitaria de manhã. Preocupou-a que a sua avó fosse para a cama tão cedo, então perguntou-se, ao certo quão doente ela estava. A sua avó tinha estado de tão boa saúde antes de ela ter deixado o santuário e ter partido para a Califórnia. Até tinha rejuvenescido depois da morte do avô.

Os lábios de Angel cerraram-se com ao relembrar o velho homem que ela sempre considerara um monstro. Ela nunca tinha odiado ninguém em toda a sua vida, mas poucas horas antes ele ter caído das escadas, tinha-a apanhado e a Hunter a voltarem depois de irem nadar sozinhos no lago. O seu avô gritou com ela, dizendo-lhe que ela era demasiado velha para estar a brincar com o refugo índio da reserva. Ele disse a Hunter que desaparecesse da sua montanha, depois bateu com as portas quando entrou. Ver Hunter ir-se embora assim foi devastador. Quando ela se virou para o defender, o seu avô bateu-lhe com tanta força que ela tinha caído para o chão.

Angel gritou de dor, mas não tinha dito mais nada, sabendo que ele, provavelmente, tinha razão. Ele nem tinha sabido que ela e Hunter estavam a fazer coisas que não deviam ter estado a fazer… beijaram-se, tocaram-se, experimentavam… se ele tivesse sabido dessa parte tinha-lhe batido mais de que uma vez.

- Vês, eu disse-te que não era a estátua de um anjo. É mesmo a Angel – alguém se riu atrás dela, assustando-a e tirando-a da sua melancolia. Virando-se sorriu, vendo os gémeos idênticos do tio Robert, Devin e Damien.

- Meu Deus, como vocês cresceram! - ela sorriu enquanto eles tiravam vez para a abraçar e a balançar à roda. Eles tinham a mesma idade de Tristian, mas tinham crescido o suficiente nos últimos anos para lhe passarem em altura, de alguma forma. Com, pelo menos, um metro e noventa, pareiam-se com seguranças. Ambos usavam uma t-shirt justa ao corpo com o logotipo “Santuário” na parte da frente.

Ela colocou uma mão no braço de cada um, vendo o orgulho brilhar nos seus olhos cinzentos. - Acho que isso explica o que têm andado a fazer nos últimos dois anos – riu-se. - Têm estado longe de sarilhos, ou a causá-los?

Ela colocou uma mão no braço de cada um, vendo o orgulho brilhar nos seus olhos cinzentos. - Acho que isso explica o que têm andado a fazer nos últimos dois anos – riu-se. - Têm estado longe de sarilhos, ou a causá-los?

- Quem? Nós? - Devin riu-se enquanto a colocava de novo no chão, deixando a sua mão acariciar a sua perna e anca no caminho.

- Devias conhecer-nos melhor do que isso – Damien revirou os olhos para o seu irmão quando deslizou o seu braço à volta da cintura de Angel e a puxou para longe do alcance de Devin. Era um jogo que os gémeos haviam jogado há anos… tentavam sempre superar-se um ao outro quando havia uma rapariga bonita por perto.

- É uma sorte para vocês que ela conhece mesmo – Hunter olhou fixamente para os gémeos, depois sorriu quando Angel se virou ao ouvir a sua voz.

Os lábios de Angel separaram-se quando ela avistou Hunter pela primeira vez em quase dois anos. Subitamente, todo o tipo de memórias passou pela sua mente, deixando-a de joelhos enfraquecidos e batimento acelerado. Emails e chamadas telefónicas não se comparavam a vê-lo em pessoa.

O seu cabelo estava maior do que ela se lembrava, descendo até meio das suas costas, escuro como tinta preta. Ele parecia um daqueles homens dos romances históricos em que o índio e a rapariga branca eram fotografados num abraço ardente.

Corando com a imagem mental, soltou-se dos seus primos e andou na direção dele. - Estás mais alto – ela respirou fundo ao olhar para ele. Hunter era a única pessoa que a sabia mais sobre ela do que o seu irmão.

- Não, tu ficaste mais pequena – gozou Hunter mesmo antes de lançar os braços à volta dela e de a levantar do chão. - A não ser que eu faça isto – ela sempre fora leve como uma pena para ele. Ele rosnou interiormente quando ela se inclinou, acabando com o jogo infantil com um abraço apertado. Ele inalou o seu aroma, lembrando-se de todas as razões pela qual ele tinha esperado que ela voltasse.

Sabendo que estavam a ser observados, Hunter colocou-a, rapidamente, no chão e olhou por cima do seu ombro para os gémeos. - A festa na piscina está a começar e há lá alguém a perguntar por vocês.

- Stacey! - os gémeos bateram as mãos num cumprimento. - Vemo-nos mais tarde – eles partiram como se fosse uma corrida para ver quem chegava à rapariga primeiro.

- Então aprenderam, finalmente, a partilhar – disse Angel com um ar sério, vendo os gémeos a partir, depois riu-se suavemente da sua própria piada.

- Penso que eles gostam mesmo é da competição – refletiu Hunter. - Esta Stacey aparece a toda a hora só para que eles lutem por ela… até agora, nenhum deles ganhou.

Ela sorriu, suavemente, enquanto se virou de volta para Hunter, reparando na longa mecha de cabelo ébano que tinha caído sobre a sua cara quando ele a levantou. Esticando a mão, ajeitou-a para o lado, carinhosamente, e prendeu-a atrás da orelha dele. - Sinto que posso respirar, finalmente.

- O que te impedia? - a voz de Hunter estava tão suave como a dela. Ele sabia o que ela estava a querer dizer porque sentia o mesmo. Sentia-o com tanta intensidade que os seus olhos estavam a arder.

O seu olhar desceu para o beicinho que havia nos lábios dela e sentiu-se a aproximar… querendo beijá-la como costumava fazer antes de ela se ter ido embora. Ele tinha sido quem lhe ensinara beijar, apesar de saber que ela nunca o tinha levado tão a sério como ele. Para ela, tinha sido apenas uma brincadeira infantil… para ele tinham sido os laços que unem.

- Uma pessoa nunca devia ser separada do seu melhor amigo… magoa – Angel suspirou e abraçou-o de novo.

Hunter congelou ao ouvir as palavras “melhor amigo”. Algo que ela usava como forma de carinho que o fazia sentir como se levasse um soco no estômago. Entrelaçando os braços à volta dela, Hunter inclinou-se para beijar o topo da sua cabeça enquanto tentava controlar a sua voz. - Eu sei.

Ela usava esse termo desde que lhe tinha contado todos os seus segredos… mesmo o segredo entre ela e Tristian. Até lhe tinha contado uma vez que pensava que estava apaixonada pelo irmão mais velho dela. Então Hunter começou a levá-la para as montanhas… só os dois… mostrando-lhe todas as coisas que ele a conseguia fazer sentir que o seu irmão não. Aquele foi o ponto de viragem entre ele e Tristian… porque ele sabia que os sentimentos secretos eram retribuídos. Para seu desespero, acabou por, apenas, convencer Angel que estava apaixonada por ambos.

Afastando-se, colocou o seu braço à volta do ombro dela e começou a andar com ela para fora do jardim. - Aposto que ainda nem tiveste hipótese de relaxar depois do teu voo de risco – Ele sorriu, sabendo que ela odiava tanto o helicóptero como Tristian.

- Sabes… podias ter convencido a avó a não o fazer – disse, indo contra ele. - Costumavas ser capaz de a convencer a fazer ou não fazer qualquer coisa.

- Oh nem te atrevas – Hunter sorriu. - Não me culpes pela viagem. Além disso, tenho deixado a tua avó fazer mais o que quer, ultimamente – atravessou a relva até ao campo. Ele sabia que estavam no campo de visão do quarto de Ashton, então andou um pouco mais devagar, só por maldade. Nunca ninguém o acusara de ser um santo.

És o meu herói… sabias? Angel fez com que ele parasse para poder olhar para ela. - Se não tivesses encontrado a avó quando ela teve o ataque cardíaco… - a sua voz reduziu-se a um mero sussurro. - Salvaste-lhe a vida.

Ashton enrolou a toalha à volta da sua cintura, enquanto saia da casa de banho. Era mesmo o que precisava, um longo e quente duche para começar a semana. Talvez conseguisse causar uma excelente impressão na família de Angel e reclamá-la para si. Nunca tinha trabalhado tanto para impressionar uma rapariga como a Angel.

A sua última namorada acabou por se revelar uma galdéria dissimulada a quem ele tivera de ensinar uma lição, mas Angel não. Ele conseguia perceber que ela era uma doce e jovem virgem criada em casa a quem ele tivera de dar a volta por um simples beijo. Mas isso não o tinha incomodado. Se ele quisesse sexo… havia muitas rameiras dispostas a dar-lho e irem-se embora para que ele pudesse passar tempo com Angel.

Olhando para o espelho do armário, começou a secar o cabelo com a toalha, parou, reparando em algo no reflexo. Virando-se para a janela, fez uma careta vendo Angel e Hunter tão perto um do outro que pareciam estar a contar segredos.

Ele cerrou os dentes, fazendo os músculos do seu maxilar saltar, enquanto via a sua namorada com o rapaz índio que ela chamava de melhor amigo, com tanto carinho. De algum modo, não pensou que Hunter gostasse muito dessa alcunha… nenhum homem no seu juízo perfeito, gostaria.

- Angel, a tua avó sempre foi querida para mim e para o Ray… mesmo quando não tinha razão para ser. Detesto o que lhe aconteceu – Hunter suspirou, sabendo que era mentira. Se Isabel Hart não tivesse tido o ataque cardíaco, Angel não estaria ali naquele momento. Ele encolheu-se sabendo o que tinha feito.

O xamã da sua tribo tinha-lhe ensinado tudo sobre plantas e a forma como elas podiam curar ou danificar o corpo. Ele tinha usado esse conhecimento e criado a mistura certa para causar a ligeira paragem de Isabel. Tinha sido a única coisa de que se tinha lembrado que faria Angel voltar.

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