Ela recusou a oferta de Tasuki de levá-la para casa por um motivo... desde que saÃram da biblioteca, algo a observava das sombras. Ela podia sentir seus olhos nela agora, fazendo-a gelar. Ela rosnou para si mesma por deixar Tasuki distraÃ-la assim. Ela se culpou... e não a ele.
Tasuki estava ajudando-a a lutar contra os demônios quase há tanto tempo quanto ela vinha lutando contra eles. Eles até compraram uma arma para ele há algum tempo e parecia-lhe boa. Ela lhe ensinou muitos movimentos que ajudaram durante os combates, mas ainda assim... se ele se machucasse, seria culpa dela.
Ela tinha mentido para Tasuki dizendo que seu avô viria a qualquer momento para buscá-la. A verdade era que seu avô não viria. Mas se ela não tivesse enviado Tasuki para casa, então o demônio os teria encontrado em uma posição comprometedora e matado os dois... e quanto mais seus sentimentos cresciam por Tasuki, menos ela queria arriscar que ele se machucasse.
Ela sabia que ele iria ficar com ela e lutaria. Mas ultimamente ela vinha tendo pesadelos recorrentes sobre Tasuki sendo mordido por um dos monstros, e isso tirava continuamente seu sono. Kyoko não acreditava ser capaz de viver consigo mesma se Tasuki se tornasse um deles... porque então teria que matá-lo... certo?
Inalando suavemente, ela começou a andar na direção de sua casa... sabendo que levaria pelo menos uma hora para chegar lá. O que quer que estivesse perseguindo ela, ela esperava que não demorasse muito para aparecer.
Depois de caminhar algumas quadras sem ser atacada, Kyoko começou a ficar irritada. Ela até virou o cabelo sobre um ombro para expor seu pescoço como um prato de jantar... esperando que o demônio se apressasse e se movesse, pois estava cansada e queria ir para casa.
Tasuki provavelmente já havia ligado para ver se ela estava bem... ou pelo menos ela esperava que ele houvesse. Ela teve um flashback de estar entre o carro e o corpo dele... fazendo-a gemer de frustração. Ela iria acabar com desse demônio por interrompê-la, se ele chegasse a atacar.
A sua caminhada a levou para outra rua do bairro, e ela ouviu um cachorro rosnar profundo e baixo de algum lugar próximo. Seus lábios se estreitaram, sabendo que cães odiavam vampiros. Eles provavelmente os odiavam porque, se um vampiro não conseguisse encontrar um humano para se alimentar, então o cachorro de repente entraria no menu. Seus dentes se fecharam quando um som agudo seguiu o grunhido... o mesmo som que você ouve quando um cão se machuca para valer.
O som a fez parar... e Kyoko gelou sabendo que o pobre cão estava morto.
Ela franziu a testa enquanto se ajoelhava e colocava os livros no chão fingindo amarrar o sapato. "Venha logo," ela acrescentou, como se a afirmação fosse direcionada para o cadarço que ela estava puxando.
O demônio provavelmente viria por trás dela porque a maioria dos vampiros com quem ela havia lutado era covarde por natureza... e não davam a suas vÃtimas uma chance de lutar. à por isso que ela era um bom alvo com sua pequena estatura e seus 49 quilos... se ela fosse uma garota humana normal, ela não teria chance.
Ela revirou os olhos quando nada aconteceu. De pé, Kyoko deu meia volta tentando encontrar seu alvo... e se encolheu quando o viu. Ela olhou para uma sombra na rua, onde um pequeno menino estava olhando para ela. O cão, sem vida, estava a seus pés. A pele e os cabelos da criança eram brancos como a neve, mas mesmo dessa distância ela podia ver que seus olhos eram negros opacos.
Que incomum... a maioria dos vampiros parecia exatamente com os humanos. Isso era o que os tornava os mais perigosos de todos os demônios que secretamente vagavam pela terra. Este garoto realmente não parecia humano. Ao observá-lo, ela estava presa entre a tristeza de ver alguém tão jovem transformado... e o conhecimento de que não importava mais.
Yuuhi trancou os olhos nela... quase desejando que fosse ele quem iria bebê-la. Ele gostava das bonitas. Ele chamou seus filhos hÃbridos, perguntando-se por quanto tempo ela duraria contra eles. Ele inalou, mas não conseguiu encontrar o cheiro de medo que normalmente aquecia seu sangue frio. No entanto, ele sentiu que seu perfume era uma mistura de pureza e perigo... e ficou intrigado. Yuuhi observou os vampiros sob sua servidão surgirem das sombras atrás dela.
Sentindo uma sensação de advertência varrer a parte de trás da sua cabeça, descendo o pescoço e a espinha, Kyoko se virou sabendo que tinha sido uma armadilha para chamar sua atenção e que com certeza... ela estava cercada. Ela estava esperando um vampiro, não três... ou quatro se contasse o menino.
"Bem, acho que consegui o que eu queria," Kyoko brincou consigo mesma enquanto tentava se concentrar em todos eles ao mesmo tempo.
Um vampiro com aparência de almofadinha fez uma careta, o que realmente arruinou sua boa aparência. "Conseguiu o que você queria, hein? Eu tenho o que você quer, querida." Ele mostrou os dentes para ela enquanto tentava capturar seu olhar e colocá-la sob sua servidão.
Kyoko sabia o que ele estava fazendo... e sentiu a satisfação instantânea de que nenhum vampiro jamais conseguira abalar sua vontade durante uma briga. Ela olhou para ele de cima a baixo. "Duvido disso," ela provocou, perguntando-se se o falastrão faria o primeiro movimento. "Os sexualmente frustrados realmente não fazem meu tipo," ela sorriu quando ele rosnou.
Pelo menos esses vampiros pareciam normais. Bem... tão normais quanto três homens jovens que pareciam pertencer à equipe de debate da faculdade, com presas, pudessem parecer. Não era todos os dias que se via um vampiro ostentando Armani. Caramba, estes três provavelmente chorariam com seus olhos mortos-vivos se eles se sujassem. E, claro, ela não podia se esquecer da criança mortal que os observava como um voyeur doente.
Esse pensamento a fez tremer por dentro. Ela tinha ouvido histórias sobre esse tipo de coisa entre os vampiros. Alguns deles pegariam a vÃtima que escolhessem e começariam a beber ou a estuprá-la enquanto outros observavam. Uma coisa que os filmes acertavam era que os vampiros eram mesmo criaturas muito sexuais e muitos deles não tinham preferência... homem ou mulher não importavam... eles encaravam ambos.
"Eu não desistiria do seu trabalho diurno se eu fosse você," ela riu de seu próprio trocadilho... e deu uma joelhada no meio da virilha dele. Outra coisa sobre os vampiros, eles podem ser mais rápidos e fortes, mas os machos ainda tinham as mesmas fraquezas que suas versões humanas.
Ela se abaixou exatamente quando um deles veio até ela e ficou surpresa com a velocidade que tinha... muito maior que o normal. Ela nunca havia lidado com nada assim antes. Ela apertou o punho sentindo o poder do dardo espiritual se formar na palma da mão.
Desviando de um outro demônio, ela torceu a parte superior do corpo quando um deles veio para cima, golpeando-o com o dardo. Uma mão fria e úmida enrolou-se em torno de seu pulso e puxou, fazendo com que seu corpo se torcesse mais... quase dolorosamente. Kyoko usou o impulso e deixou o resto de seu corpo seguir o movimento, agarrando o vampiro pela manga de sua jaqueta e o arremessando no chão.
Eles rolaram uma vez no chão e pararam com Kyoko sentada no estômago do falastrão. Ela tinha que se mover rapidamente, pois sabia que talvez não tivesse outra chance de fazer isso.
"Aqui tem algo para você," ela informou. Levantando o braço, ela o esfaqueou com o dardo espiritual. O terceiro vampiro bateu contra ela na lateral... fazendo-a rolar e escorregar pelo chão. Desta vez, ela se viu por baixo.
Eles rolaram uma vez no chão e pararam com Kyoko sentada no estômago do falastrão. Ela tinha que se mover rapidamente, pois sabia que talvez não tivesse outra chance de fazer isso.
"Aqui tem algo para você," ela informou. Levantando o braço, ela o esfaqueou com o dardo espiritual. O terceiro vampiro bateu contra ela na lateral... fazendo-a rolar e escorregar pelo chão. Desta vez, ela se viu por baixo.
Certo, isso estava começando a irritá-la. Olhando para cima, ela notou que esse cara parecia um estudante nota 10 que havia decidido levar uma arma para a escola. A sugestão sádica de assassinato em seus olhos entregava de bandeja.
"Acho que não amigo." Inclinando o pulso em um ângulo estranho, ela tocou o dardo em sua mão no braço dele, cortando-o com apenas uma pequena ferida. Ela foi recompensada quando a pele do vampiro começou a fumegar... fazendo-o gritar em agonia. Trazendo os joelhos contra o peito, ela usou os pés e as pernas para lançar o demônio. Ele voou por alguns metros de distância, ainda gritando conforme seu braço derretia lentamente do resto do corpo.
Em alguns momentos, ele não seria nada mais do que uma poça borbulhante de poeira em frente à calçada que desapareceria antes do sol anunciar um novo dia. Kyoko nunca pensou muito aonde iam parar; ela estava feliz por não ter que limpar a bagunça.
"Otário," Kyoko jogou o insulto enquanto rapidamente recuperava o equilÃbrio. Ela tinha sido mimada com a luta de um contra um ao longo dos anos... então isto era novo para ela.
Ela arqueou uma sobrancelha enquanto o grito do vampiro desaparecia rapidamente. "Obviamente, não é um descendente direto," pensou consigo mesma. Seu avô os chamava de lixo dos demônios, não vampiros de sangue puro ou demônios... apenas hÃbridos. Mas... eles ainda carregavam o mesmo nome. Quanto melhor o grau do vampiro, mais lentamente eles derretiam... grosseiro, mas verdadeiro.
Ela sabia que os anciãos eram muito mais poderosos do que isso, mas até mesmo o vô Hogo não tinha certeza se os vampiros de sangue puro podiam resistir a seus dardos espirituais. Uma vez, ele havia lhe dito que o dardo espiritual não era nada mais que a luz solar concentrada em uma arma que só poderia ser evocada por uma sacerdotisa ou um guardião.
Kyoko viu um punho chegar em seu rosto e virou a cabeça para o lado sabendo que não tinha tempo para fazer nada para detê-lo. Se ela desse tempo para eles brincarem, então haveria consequências e ela estaria no lado perdedor. Sentindo o impacto das juntas dividirem a pele de sua bochecha, ela de repente cruzou a linha entre chateada e irritada.
A última coisa que precisava era chegar em casa como se tivesse estado em uma luta de gangue. Ela rosnou quando o falastrão aproximou-se o suficiente para cortar a camisa dela quase toda, deixando quatro arranhões profundos em seu peito esquerdo.
"Pervertido," ela sibilou para ele, sabendo que ele tinha feito isso de propósito. O sorriso bobo que ele lhe deu confirmou sua suspeita.
Sua mãe se preocuparia se ela chegasse em casa ferida, mas o vô Hogo simplesmente a ajudaria a se tratar e deixaria ela ir para a cama. Ele sabia que ela se curava dez vezes mais rápido que um humano normal. Ele passara os últimos anos a treinando para ser o que ela se tornou.
Seu avô sabia sobre ela muito antes de ela ter nascido... ou pelo menos ele dizia isso. Os velhos pergaminhos transmitidos pela famÃlia falavam sobre o cristal do coração guardião... e a sacerdotisa que o possuÃa.
No começo, ela não acreditou nele, mas seu pensamento mudou abruptamente quando tinha apenas dez anos de idade. Ela o viu lutando contra um vampiro enquanto ele estava levando ela para casa depois de uma noite de festa de aniversário de Tasuki. Ela tinha se divertindo tanto que ficou lá depois que as outras crianças tinham ido para casa.
Quando foram atacados, foi muito estranho ver um homem com sua idade se mover com a mesma graça letal de um guerreiro habilidoso. O que era ainda mais estranho era que o demônio fora muito real. Ela correu para ajudar seu avô e atingiu o monstro nas costas com o punho... foi quando ela viu o dardo espiritual pela primeira vez. Ainda estava na sua mão quando o vampiro derreteu.
Uma vez terminada a luta, Kyoko se lembrou de perguntar ao avô o que exatamente o atacara. O avô Hogo explicou então que, embora ele fosse forte o suficiente para lutar contra demônios, ele não tinha o mesmo poder que Kyoko nem a habilidade de curar-se tão rapidamente de lesões.
Ele insistia que ela nascera com um dom. Ele parecia orgulhoso de testemunhar que aconteceu durante sua vida. Isso levou a uma longa explicação de que o vampiro estava, na verdade, atrás dela, que os demônios a estavam perseguindo desde seu nascimento... por causa do poder sagrado que ela guardava dentro de sua alma.
Ele não sabia para que as criaturas poderiam usá-lo, mas o desejo delas por ele só foi se tornando mais forte ao longo dos anos. O avô chegara à conclusão de que talvez o poder tivesse sido colocado dentro dela apenas para atrair os demônios até si, para que ela pudesse destruÃ-los.
Kyoko ainda tremia de repulsa com aquela notÃcia. Ãs vezes, ela se perguntava sobre o que mais seu avô estava escondendo. Uma coisa era certa... ela nunca mais olhou para ele da mesma maneira desde então... nem Tasuki, porque Tasuki os seguira para casa naquela noite e foi testemunha da luta. Isso só tinha feito estreitar os laços entre ela e Tasuki.
Ela sacudiu a memória de sua mente enquanto ela se concentrava na luta. Ela rapidamente decidiu que o falastrão tinha de ser o próximo a morrer antes que ele de alguma forma descobrisse uma maneira de despi-la lentamente.
Ela baixou os braços... fingindo dor para que ele fosse até ela mais uma vez. Apesar de sua natureza geralmente sexual, ela se perguntou se todos os vampiros eram pervertidos ou se eram apenas aqueles que ela conheceu. Quando ele se jogou nela e a derrubou, ela observou o medo se registrando em seus olhos excessivamente brilhantes. O dardo espiritual o empalou no último lugar que ele imaginaria.
Yuuhi observou silenciosamente sua luta se perguntando como uma simples fêmea humana poderia tomar tanto castigo e ainda estar lutando. Uma garota normal sequer lutaria. Elas simplesmente cairiam sob a servidão dos vampiros e fariam o que fossem mandadas a fazer. Ele não estava satisfeito com essa direção. Ele havia engendrado esses três vampiros no ano passado... querendo saber como seria ter irmãos.
A única famÃlia que ele tinha era o seu senhor... Tadamichi. Ultimamente, a atenção do mestre havia se deslocado dele... para o irmão gêmeo que havia retornado à cidade.
Com intuito de afastar sua nova famÃlia da agitada vida noturna da cidade e do perigo do conflito que se aproximava entre os gêmeos, Yuuhi havia decidido fazer uma viagem para fora da cidade, onde a atenção deles seria focada exclusivamente nele.
A cidade era um lugar grosseiro para aprender os conceitos básicos de sua espécie, e ele achou que os subúrbios seriam melhores para testar as habilidades deles. A prole de novos vampiros da cidade era desleixada e lembrava-lhe de algo como animais famintos. Durante a sua viagem a esta pequena cidade, eles conseguiram, de fato, conquistar novos recrutas. No entanto, os vampiros novatos continuavam desaparecendo sem deixar rastro.
No começo, Yuuhi acreditava que os novos hÃbridos acabavam indo embora... abandonando-o. Mas agora ele sabia a verdade. Eles estavam sendo assassinados um de cada vez por nada mais que uma fêmea humana. A criança do demônio escondia bem suas emoções enquanto ele observava os irmãos que ele mesmo havia gerado serem mortos. No fundo, ele estava um pouco bravo... mas mais curioso.