Vampiros Gêmeos - Amy Blankenship 3 стр.


No começo, Yuuhi acreditava que os novos híbridos acabavam indo embora... abandonando-o. Mas agora ele sabia a verdade. Eles estavam sendo assassinados um de cada vez por nada mais que uma fêmea humana. A criança do demônio escondia bem suas emoções enquanto ele observava os irmãos que ele mesmo havia gerado serem mortos. No fundo, ele estava um pouco bravo... mas mais curioso.

Talvez isso tirasse a atenção de Tadamichi de seu irmão gêmeo. Ele se importaria que alguém estivesse matando sua família?

Kyoko assistiu com satisfação o último vampiro começar a derreter, e sabia que só demoraria cerca de uma hora para que as poças tivessem desaparecido sem deixar rastros. Ela esfregou a parte de trás de sua mão em sua bochecha, deixando uma trilha de sangue em seu caminho enquanto ela procurava o pequeno garoto esquisito.

Yuuhi se deslocou para as sombras, onde ela não podia mais vê-lo. Um sexto sentido lhe disse que não queria se meter com a garota naquele momento, embora ele não tirasse os olhos dela ou do jeito que ela segurava aquela estranha arma brilhante na mão.

Kyoko piscou na escuridão, achando bastante perturbador a criança ter desaparecido.

"Eu o assustei?" Ela se perguntou, se recusando a se mover. Ela olhou para o local onde a criança estava parada. Minutos passaram... horas... ou talvez fossem apenas alguns batimentos cardíacos. Finalmente, liberando seu punho cerrado e deixando o dardo espiritual desaparecer... ela encolheu os ombros.

Os lábios de Yuuhi sugeriram um sorriso maligno quando Kyoko pegou seus livros caídos e começou a andar de novo. Ele percebeu que ela se aproximava dos objetos ao redor dela e sua aparência mudava e se transformava até que ela tivesse passado... como uma aura mágica. Ele olhou para as árvores à frente dela. A parte superior das árvores era como garras pretas que alcançavam o céu... mas quando ela se aproximou delas, elas se tornaram uma coisa linda... até que ela estivesse mais uma vez fora do seu alcance.

Seu olhar negro a encontrou como se fosse um alvo. Movendo-se pelo ar parado, ele a seguiu. Ela seria uma nova adição poderosa à sua família de escuridão... um presente para seu senhor. Ela tinha um alto instinto de sobrevivência, ao contrário dos tolos descuidados que acabara de matar. Agora mesmo, havia uma pequena trilha de sangue na calçada; como se estivesse a persegui-la, mas ela não o percebera. Ela tinha magia dentro dela e ele queria ser uma parte dela... para ver coisas que ele não tinha visto desde sua transformação.

*****

O avô caminhava de um lado para o outro na frente da janela, perguntando-se onde Kyoko estava. Ela não era do tipo de não avisar caso fosse ficar fora até mais tarde. Ele passou a mão por seus cabelos brancos e finos, preocupado. Eles tinham um acordo e ela deveria sempre avisá-lo antes de ir caçar as criaturas do submundo.

Ele se virou quando o telefone tocou e agarrou-o antes que ele pudesse acordar o resto da casa.

Tasuki não conseguiu se livrar da estranha sensação que ele teve desde que deixou Kyoko sozinha no estacionamento. Ele dirigiu por apenas alguns minutos antes de retornar e encontrar o local vazio. Ele amaldiçoou silenciosamente ao golpear o volante com frustração. Fazendo um oito ali mesmo no estacionamento, ele deixou a biblioteca... mas em vez de ir para casa, ele partiu para a casa de Kyoko.

Quanto mais ele permanecia ali... mais desconcertante ficava até que ele não pôde se conter... ele tinha que ligar. Quando ela respondeu ao telefonema rapidamente, ele sorriu. "Graças a Deus você chegou em casa Kyoko."

"Você é doente... você sabe disso?" O avô olhou de novo pela janela segurando o telefone próximo do ouvido. Ele levantou uma sobrancelha ao ver o carro de Tasuki estacionado a apenas algumas casas. "Ligar para uma senhorita a esta hora da noite!? O que você é, um pervertido?"

Tasuki quase deixou cair o telefone enquanto toda cor escapava de seu rosto, para logo então voltar rapidamente de baixo para cima, fazendo suas orelhas arderem. Somente o velho conseguia fazer com que ele se sentisse como um completo idiota tão frequentemente. Fechando o celular, continuou a observar a casa de Kyoko, esperando que ela voltasse para casa. O telefonema confirmou que o avô dela definitivamente não estava indo buscá-la.

Tasuki esfregou as têmporas e suspirou preocupado. Ela mentiu para ele... mas por quê? Olhando com raiva para o único alvo a uma distância razoável, ele estapeou o volante com as duas mãos, e depois mais uma vez para descarregar. Quando Kyoko encararia o fato de que ele podia cuidar de si mesmo? Bem, talvez não tão bem como ela... mas, ainda assim, bem o suficiente para ajudá-la em um apuro.

Ele estava distraído com sua reclamação silenciosa quando ouviu um barulho perto de seu carro e estava prestes a olhar em volta, pensando que era Kyoko. Ele sentiu que algo atingiu a lateral de seu pescoço, logo atrás da orelha, fazendo-o inalar bruscamente enquanto as estrelas explodiam em sua visão.

A cabeça de Tasuki caiu para frente, em cima do volante, fazendo-o desmaiar.

Yuuhi tentou alcançar, pela janela aberta, o jovem, mas afastou a mão quando uma centelha de ametista disparou entre eles. A criança demônio calmamente olhou para seus dedos, depois voltou lentamente para o jovem no banco do motorista. Ser rejeitado só o fazia querer mais e o canto de seu lábio se curvou para cima na sugestão de um sorriso astuto.

Ouvindo passos distantes, afastou-se do carro e olhou para a rua sentindo a proximidade dela. Voltando à escuridão novamente, Yuuhi esperou.

O avô desligou o telefone com um sorriso sábio. Ele tocou o queixo se perguntando quando Tasuki iria tomar coragem o suficiente para tirar a virgindade de Kyoko. Ele havia lido nos antigos pergaminhos que, enquanto a sacerdotisa fosse virgem, ela seria um alvo ainda maior para os demônios. Mas, até agora, ele se recusou a dizer a sua neta para fazer sexo. Ele simplesmente desejava que Tasuki se apressasse e chegasse à puberdade ou algo assim.

Ao ver o movimento no quarteirão de baixo, ele concentrou seus velhos olhos no carro de Tasuki... imaginando quando o menino iria crescer pelos nas bolas e partir pra cima. Havia algo na porta lateral do motorista, mas era muito pequeno para ser Tasuki, e muito rápido para ele saber o que era. Sua atenção foi tomada por outra sombra do outro lado da rua se aproximando.

Suas sobrancelhas se juntaram quando as feridas dela apareceram. No que ela havia se metido? Algo apareceu atrás dela e seu olhar se colou nele.

Quando Kyoko pisou na frente da casa, as luzes do detector de movimento se ativaram e ela olhou para a janela e acenou para seu vô. Quando ele não acenou de volta, ela notou o olhar em seu rosto e a amplitude de seus olhos. Ele estava olhando diretamente para detrás dela.

"Bem... isso é esquisito." Olhando em volta, ela inspirou um suspiro gelado ao ver o estranho garoto a alguns metros dela. Ele estava imóvel como uma estátua no meio da rua. A única vida dentro dele era o seu rebelde cabelo de prata agitando-se na brisa noturna. Ela rangeu os dentes com seu próprio descuido... "Como ela poderia ter sido tão estúpida?"

Yuuhi conseguia cheirar seu pânico e ficou surpreso com a rapidez com que foi substituído por uma raiva terrível. Seu olhar curioso se elevou para o velho abrindo a janela do andar de cima para eles. Ela estava protegendo ele? Ele deixou sua mente vagar por toda a casa e detectou mais duas forças vitais... uma era uma criança. Voltando o olhar para a menina, Yuuhi se perguntou se a criança do sexo masculino era irmão dela. Ela tomara seus irmãos... seria justo se ele tomasse o dela.

"Nem pense nisso," advertiu Kyoko, vendo seu interesse em sua casa. Seus olhos se estreitaram com determinação à medida que o dardo espiritual se formava na palma de sua mão.

Uma luz perversa apareceu dentro de seu punho e algo que Yuuhi não sentiu em mais de quinhentos anos varreu seu corpo sem vida... medo. Seus olhos de ébano se trancaram nos dela; sabendo que se ele tentasse pegar tanto ela quanto seu irmão... ele morreria naquela noite.

A mente de Kyoko entrou em parafuso ao perceber que ela atraíra o pequeno demônio diretamente para sua própria casa. Ela colocara toda sua família em perigo e isso era algo que ela sempre evitou a todo custo. Ela podia sentir a aura de terror do menino chegando até ela enquanto ele permanecia em silêncio e imóvel. Em aparência... ele parecia ter a mesma idade que seu irmãozinho Tama. Porém, ela sentia que ele era muito mais velho do que isso, o demônio mais antigo que ela já teve a infelicidade de encontrar.

"Eu vou dizer a ele que te encontrei," a voz sem emoção da criança sussurrou como um assombro, como se tivessem compartilhado uma conversa pacífica e longa.

Ouvindo a porta da frente abrir violentamente, Kyoko rapidamente olhou por cima do ombro e gritou: "Vovô, volte para dentro!"

Ela ergueu a arma e voltou para o demônio, pronta para lutar, gritando logo em seguida porque a criança não estava mais lá. Ela não sabia qual pensamento a tormentou mais. Vê-lo... ou saber que ele existia e não o ver.

Fechando os olhos, Kyoko deixou sua força vital se espalhar em busca do gelado da aura dele. Não sentindo nada... ela deixou escapar uma respiração trêmula, sabendo que tudo havia mudado... e tudo em um instante. A única coisa que ela prometeu que não faria... era colocar sua família em perigo.

Ela sentiu uma mão pesada pousar em seu ombro e rapidamente se virou... lançando-se nos braços de seu avô. "Desculpa... Eu sinto muito!" Lágrimas brotaram em seus olhos esmeralda. "Ele sabe onde moro... ele vai contar."

O avô envolveu seus braços ao redor dela, sentindo o peso da perda dentro de seu peito. Ele teria que mudar a família de volta para sua outra casa perto do santuário sagrado antes do fim de semana terminar. Estariam mais seguros lá onde o chão foi abençoado. Esse já era o plano se algo assim acontecesse. Seus olhos ficaram cada vez mais tristes, sabendo que Kyoko não viria com eles. Eles a perderiam.

Ele a segurou com força quando lhe fez uma pergunta para a qual já conhecia a resposta. "Vou levá-los para casa, Kyoko, mas o que você vai fazer?"

"Diga adeus," Kyoko soluçou, e então enfiou seu desespero de volta para dentro de si. Ela deixou o incrível torpor tomar conta, sabendo que ela tinha muito a fazer antes do amanhecer.

O avô lentamente a deixou ir e a observou entrar na casa antes de se virar e se dirigir para o carro de Tasuki. Ele suspirou, sabendo que ele teria que se certificar de que o garoto estava bem.

Ao ver que o jovem amante estava inconsciente, ele murmurou: "Você sempre foi mais problema do que qualquer outra coisa." Ele abriu a porta e empurrou o menino para o outro assento, quase sorrindo quando a cabeça de Tasuki bateu na janela do passageiro.

"Parece que sou quem vai ter de levá-lo para casa," murmurou o avô. "Pelo menos antes que Kyoko descubra que você se nocauteou." Desta vez, o velho sorriu. "Não podemos deixar Kyoko saber que você se machucou ou ela não vai te ligar se ela precisar de você." Dando partida no carro, ele arrancou pela rua com pressa de voltar para sua neta.

*****

Na manhã seguinte, Tasuki acordou com um susto, revirando-se na cama de um pesadelo de que ele não queria lembrar. Algo estava errado em vários sentidos... ele só sabia disso. Agarrando o telefone ao lado da cama, ele apertou o speed-dial, pressionando o maxilar quando o avô atendeu.

"Eu preciso falar com Kyoko." Sua voz era quase maníaca enquanto apertava com mais pressão o telefone. Ele não se lembrava de ter voltado para casa ontem à noite... o que tinha acontecido?

Imitando o humor de Tasuki, o aperto do avô em seu telefone também ficou mais forte quando o táxi estacionou na frente da casa. Kyoko o fez prometer não dizer a Tasuki ou a ninguém aonde ela estava indo. Era a única maneira de protegê-los. Era uma pena.

A voz dele nunca estivera tão suave e cansada. "Sinto muito, Tasuki. Kyoko já não mora mais aqui e não há outro endereço." Era realmente uma pena.

Tasuki ouvia quando a linha cortou... escutando seus próprios batimentos cardíacos dominarem o som. Kyoko lhe havia dito uma vez que, se alguma coisa desse errado com os demônios, então ela desapareceria. "Não." A palavra ocorreu a ele conforme seus olhos tomavam o tom mais surpreendente de ametista.

"DROGA!" Ele gritou e jogou o telefone pela sala. Cobrindo os olhos com as mãos, ele recostou-se contra exuberantes almofadas, sentindo que seu coração se fraturava e sangrava dolorosamente.

Ele descobriu os olhos depois de alguns minutos... e a cor ametista neles ainda não tinha desbotado. Tasuki decidiu que esperaria um tempo. Só porque o velho lhe disse que Kyoko não deixara um endereço alternativo... não queria dizer que ele era ignorante sobre aonde ela estava indo.

Sem que ele soubesse, o cajado que Tasuki mantinha trancado em um estojo perto da cama começou a brilhar de forma sinistra.

*****

Kyoko abriu a porta do táxi, mas voltou-se para a casa quando seu irmão mais novo veio correndo pelos degraus e atravessou o quintal. Ela jogou seus braços ao redor dele quando ele pulou nela... mal mantendo o equilíbrio.

"Eu não quero que você vá!" ele chorou, segurando com mão a camisa dela.

Kyoko sorriu... sabendo que estava fazendo o certo. Ela o amava tanto que tomar a decisão de partir doía menos. "Eu vou voltar para vê-lo em breve, e quando as aulas voltarem, eu prometo que você pode vir para a cidade para me visitar. Vamos passar tanto tempo juntos que será como se eu nunca tivesse partido." Ela olhou para ver o olhar de sua mãe travar no dela.

A senhora Hogo tirou Tama de sua filha com um sorriso compreensivo. "Nós deixaremos seu quarto pronto e esperando por você. Não vamos Tama?" Ela tirou as lágrimas da bochecha dele enquanto ele assentia, então olhou de volta para Kyoko. "Viu? Tudo vai ficar bem."

Olhando para a casa uma última vez, Kyoko podia ver seu avô na janela do andar de cima. Ela acenou e deu-lhe um sorriso que quase fez suas bochechas doerem... então entrou no táxi. Se ela estava saindo de casa por causa dos demônios, então ela iria invadir a casa deles e eliminá-los um de cada vez.

"Para a cidade, por favor," Kyoko disse ao motorista e se recusou a olhar para trás.

*****

No coração da cidade, Hyakuhei estava em estado de semi-dormência quando ouviu a voz do irmão gêmeo chamando-o. Ele sabia que abrir os olhos não adiantaria nada. Seu irmão não estaria lá... então ele apenas inalou bruscamente e ouviu a escuridão.

"Então, meu irmão mais novo ainda se recusa a se juntar a mim?" A voz acusava uma pitada de vontade misturada com raiva.

Hyakuhei abriu os olhos e passou a mão por seus longos cabelos de ébano. Sem dizer uma palavra em voz alta, ele respondeu à voz intrusiva. "Irmão mais novo? Nós somos gêmeos Tadamichi, você não é melhor do que eu."

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