Interseção Com Nibiru - Danilo Clementoni 3 стр.


Caramba! Parecem reais.

E isso não é tudo, meu velho e mostrou ao outro uma folha de papel timbrado, assinada pelo Coronel Jack Hudson. Essa é a solicitação oficial de transferência de prisioneiros para um "local seguro".

Onde raios conseguiu isso?

Imprimi mais cedo, enquanto você estava no banho. Pensou que era o único mago dos computadores?

Estou impressionado. É até melhor que o original.

Vamos entrar na base militar e deixar que entreguem o General. Se eles se oporem, podemos dizer a eles para contatar diretamente o Coronel Hudson. Não acho que celulares funcionam no espaço e ambos deram muitas gargalhadas.

Por volta de uma hora depois, quando o sol se escondia por trás de uma duna alta de areia, um jipe militar, levando um Coronel e um General em uniformes de gala, parou na entrada da base aérea de Imam Ali ou Camp Adder, como os americanos a rebatizaram durante a guerra do Iraque. Dois militares, armados até os dentes, saíram da guarita blindada, e se moveram rapidamente em direção ao veículo. Dois outros, à distância, mantinham a visão nos passageiros.

Boa noite, Coronel disse o soldado mais próximo, dando uma elegante saudação militar. Posso ver seus documentos e do General, por favor?

O Coronel magro e alto que estava sentado ao volante não disse nada. Ele tirou um envelope amarelo do bolso interno da jaqueta e entregou ao soldado. Este levou algum tempo lendo e apontou a lanterna nos rostos dos dois algumas vezes. O General visivelmente sentiu uma gota de suor que, a partir do galo em sua testa, começava a escorrer lentamente pelo nariz, e então cair no terceiro botão da sua jaqueta, que estava absurdamente tesa pela força do enorme estômago por debaixo.

Coronel Morris e General White disse o militar, novamente apontando a lanterna no rosto do Coronel.

Wright, General Wright! respondeu o Coronel magrelo num tom irritado. Qual é o problema, Sargento, não consegue ler?

O Sargento, que pronunciara o sobrenome do General incorretamente de propósito, sorriu ligeiramente e disse: Arranjarei para que alguém os acompanhe. Sigam esses homens e com um aceno, ordenou aos dois militares para os levarem à prisão.

O Coronel ligou devagar o motor do jipe. Ainda não havia andado uns doze metros, quando ouviu um grito: Pare, senhor!

O sangue gelou nas veias dos dois ocupantes do veículo. Permaneceram imóveis por longos momentos, até a voz continuar, dizendo: Esqueceram seus documentos.

O corpulento General deu um suspiro de alívio tão grande que todos os botões do seu uniforme quase estouraram.

Obrigado, Sargento disse o homem magro, estendendo a mão ao soldado. Estou envelhecendo mais cedo que pensei.

Eles partiram de novo no jipe e seguiram os dois soldados, que prosseguindo em ritmo acelerado, rapidamente os levaram à entrada de um edifício baixo e definitivamente desgastado. O soldado mais jovem bateu na enorme porta e entrou sem esperar resposta. Em seguida, um grande homem negro, completamente careca, com listras de sargento e rosto de valentão, apareceu na porta e ficou em posição de sentido. Fez uma saudação e disse: General, Coronel. Entrem, por favor.

Os dois oficiais saudaram em resposta, e tentando ignorar as várias dores que começavam a reaparecer, entraram na grande sala.

Sargento disse o sujeito magro com determinação. Temos aqui uma ordem escrita do Coronel Hudson nos autorizando a levar o General Campbell e entregou ao outro o envelope amarelo.

O enorme sargento abriu e ficou lendo o conteúdo. Então, olhando fixamente com olhos penetrantes e escuros os do Coronel, proferiu: Terei de verificar.

Prossiga respondeu o oficial tranquilamente.

O enorme homem negro tirou outra folha de papel de uma gaveta na mesa e comparou-a cuidadosamente com a que estava em sua mão. Olhou de novo para o Coronel e sem mostrar emoção, acrescentou: A assinatura é a mesma. Importa-se se eu ligar para ele?

É seu dever. Mas vamos ser rápidos, por favor. Já perdemos muito tempo respondeu o Coronel magrelo, fingindo estar prestes a perder a paciência.

De nenhum modo assustado, o sargento lentamente levou a mão ao bolso do uniforme e tirou seu celular. Digitou um número e esperou.

Os dois oficiais prenderam a respiração até o militar, depois de apertar um botão no celular, comentar laconicamente: Fora de alcance.

Então, sargento, vamos andando? exclamou o oficial num tom mais autoritário que antes. Não podemos ficar aqui a noite toda.

Vá e traga o General o enorme sargento ordenou a um dos soldados que acompanhara os dois oficiais.

Após alguns minutos, um homem completamente calvo, com um enorme bigode e sobrancelhas cinzentas, e dois pequenos olhos brilhantes, apareceu na porta atrás do sargento. Usava uniforme de General, mas faltava uma das estrelas de ordenança no ombro direito. Estava algemado e atrás dele, o soldado de há pouco, o mantinha na mira.

O General deu um salto ao ver os dois oficiais, e então, adivinhando o plano, permaneceu quieto e tentou parecer tão triste quanto podia.

Obrigado, soldado disse o Coronel magricelo, retirando sua Beretta M9 do coldre. Agora levaremos esse patife.

Astronave Theos - Plano de ação

Não é emocionante pensar que nós dois vamos salvar a Terra, amor? disse Elisa, olhando para o Coronel como um gato mimado, ao procurar a mão dele.

Amor? Não é cedo demais para isso? Jack a repreendeu, franzindo a testa.

Elisa recuou, e então quando o Coronel sorriu afetuosamente e tocou sua bochecha, ela percebeu que ele estava brincando. Peste! Não brinque comigo de novo, senão vai ver e começou a socar o peito dele com as duas mãos.

Ok, ok sussurrou Jack, abraçando-a ternamente. Foi só um joguinho tolo. Não farei de novo.

O abraço súbito teve um efeito calmante e relaxante em Elisa. Ela sentiu toda a tensão que acumulara até então derreter de repente, como neve ao sol. Depois de tudo o que acontecera nas últimas horas, era do que precisava. Mergulhou nos braços dele, e lentamente fechando os olhos, encostou a cabeça no peito firme e se deixou levar completamente.

Enquanto isso, Azakis entrou na cabine terrivelmente estreita do H^COM e esperou resposta para a solicitação de comunicação na tela holográfica à sua frente.

Uma série de ondas multicoloridas, partindo do centro da tela, começou a criar um efeito semelhante ao de uma pedra jogada nas águas calmas de um lago. Do nada, as ondas gradualmente começaram a esvanecer e o rosto macilento e marcado pelo tempo do seu Ancião superior apareceu.

Azakis disse o homem sorrindo ligeiramente, enquanto erguia devagar a mão esquelética em saudação. Como este pobre velho pode ajudá-lo?

Revelamos a verdade para os dois terráqueos.

Ousado comentou o Ancião, segurando o queixo entre o polegar e o indicador. E como reagiram?

Digamos que depois do genuíno assombro inicial, acho que muito bem Azakis pausou brevemente e depois disse, em tom sério: Sugerimos o uso do superfluido do toroide para eles.

O toroide? exclamou o outro, levantando-se com uma agilidade de dar inveja a qualquer jovem. Mas ainda não foi testado. Lembra-se do que aconteceu na última vez? Poderíamos criar uma flutuação de gravidade descontrolada com essa coisa e também existe o risco de criar um mini buraco negro.

Eu sei, sei muito bem respondeu Azakis em voz baixa. Mas não acho que haja alternativa. Desta vez, se não adotarmos medidas drásticas, a passagem de Kodon pode ser fatal para os terráqueos.

Qual é o seu plano?

As estimativas são de que as órbitas dos dois planetas entrarão em interseção em menos de sete dias. Se pudesse fazer com que preparem o toroide e o tragam aqui a mim, pelo menos um dia antes.

Isso não é tempo suficiente, você sabe.

Terá de me conceder uma pequena margem para o posicionamento, configuração e procedimento de ativação.

Tenho um mau pressentimento disse o Ancião, passando a mão no cabelo grisalho.

Petri está comigo. Tudo vai correr bem.

Vocês dois são homens inteligentes, não duvido disso, mas muito cuidado. Essa coisa pode se tornar uma arma letal.

Apenas nos deixe usá-la a tempo, deixe o resto conosco. Não se preocupe.

Ok. Retornarei o contato assim que tudo estiver pronto. Boa sorte.

O rosto do seu superior desapareceu do monitor, que voltou a mostrar as mesmas ondas multicoloridas de antes.

Azakis lentamente levantou-se da cadeira desconfortável e ficou de pé com as mãos apoiadas no topo da mesa estreita por um instante. Milhares de pensamentos inundavam a sua mente, e enquanto um tremor ligeiro percorria suas costas, teve a nítida sensação de que estavam prestes a entrar num mar de desgraças.

Zak exclamou seu colega de aventuras animadamente, quando o viu emergir da cabine do H^COM. O que o velho disse?

Azakis se espreguiçou e então respondeu calmamente: Ele nos deu sua autorização. Se tudo correr como planejado, teremos o toroide, ou melhor, Newark, um dia antes das órbitas dos planetas entrarem em interseção.

Tomara que a gente consiga. Não será fácil configurar essa coisa em tão pouco tempo.

Está preocupado com o quê, meu amigo? replicou Azakis com um leve sorriso. Na pior das hipóteses, apenas abriremos uma distorção no espaço-tempo. Ela engolirá a Terra, Kodon, Nibiru e todos os outros satélites, de uma vez.

Os dois terráqueos, que estavam a pouca distância e que não haviam perdido uma única palavra dessa conversa, estavam petrificados.

O que está falando? Elisa conseguiu dizer precipitadamente, enquanto o olhava horrorizada. Uma distorção no espaço-tempo? Engolir? Está dizendo que se esse plano não funcionar, geraremos a destruição do nosso e do seu povo?

Bem, há uma pequena chance comentou Azakis discretamente.

Uma "pequena chance"? E diz isso com esse olhar calmo e sereno? Deve ser maluco! E nós, mais que vocês.

Acalme-se, querida interveio Jack, segurando-a pelos ombros e olhando diretamente em seus olhos. Eles são mais inteligentes e mais preparados do que nós. Se decidiram seguir esse caminho, não podemos fazer nada a não ser apoiá-los e dar toda a ajuda que pudermos.

A doutora deu um longo suspiro e então disse: Preciso sentar. Tivemos muitas emoções hoje. Se continuarem assim, vão me matar.

Jack tomou-a pelo braço e a levou para a poltrona mais próxima. Elisa caiu nela como um peso morto, com um gemido fraco.

Talvez tenhamos reduzido demais a porcentagem de oxigênio na atmosfera Azakis murmurou para seu colega.

Tentei fazer com que fosse compatível para todos nós e para evitar de usar aqueles terríveis respiradores.

Sei disso, amigo, mas receio que eles estejam sendo afetados excessivamente por isso.

Ok, mudarei a mistura. Podemos nos adaptar mais facilmente.

O Coronel, porém, não parecia afetado de maneira alguma e estava de bom humor, mais do que nunca. Ação e riscos eram seu ganha-pão e sentia-se perfeitamente à vontade em situações como esta. Bem exclamou, enquanto se posicionava logo abaixo da imagem tridimensional do Newark, que ainda estava erguida majestosamente no meio da sala. Essa coisa pode salvar a todos nós ou levar-nos à absoluta destruição.

Uma análise sucinta mas válida comentou Azakis.

Neste momento disse o Coronel num tom sério e com uma voz grave creio que chegou a hora de avisar o resto do planeta sobre a catástrofe iminente.

E como pensa em fazer isso? perguntou Elisa, da poltrona. Vamos pegar o telefone, chamar o presidente dos Estados Unidos e dizer: Olá, Senhor Presidente. Sabia que estamos na companhia de dois alienígenas que nos disseram que, em alguns dias, um planeta vai se aproximar e nos varrer da face da terra?

No mínimo ele pedirá um rastreamento da ligação, chamará alguém para nos apanhar e nos levar para um manicômio respondeu Jack, sorrindo.

Mas você não tem um sistema de comunicação global como o nosso GCS? Petri perguntou ao Coronel, intrigado.

GCS"? O que quer dizer?

É um sistema de comunicação geral, capaz de memorizar e disseminar informações em uma escala planetária. Nós todos podemos acessá-lo, em níveis variados, por meio de um N^COM, um sistema neural implantado diretamente nos nossos cérebros, quando nascemos.

Legal! exclamou Elisa, surpresa. Então continuou, dizendo: Na verdade, temos um sistema desse tipo. Chama-se internet, mas não estamos nem perto do seu nível.

E não seria possível usar a sua "internet" para mandar uma mensagem para o planeta inteiro? perguntou Petri, curioso.

Bem, não é tão simples assim respondeu Elisa. Poderíamos inserir informações no sistema, mandar mensagens para grupos de pessoas, talvez até um vídeo curto e tentar disseminá-lo o máximo possível, mas ninguém acreditaria em nós, e certamente não chegaria a todos Ela pensou alguns segundos e então acrescentou: Acho que o único jeito seria com a boa e velha televisão.

Televisão? questionou Azakis. Então, virando-se para Petri, ele disse: Por acaso esse não seria o sistema que usamos para receber imagens e filmes quando estávamos na rota até aqui?

Acho que sim, Zak e dizendo isso, começou a mexer numa série de comandos no console central. Depois de alguns segundos, trouxe algumas das sequências que haviam gravado anteriormente para a tela gigante. É disso que estava falando?

Uma infinidade de filmes de todo tipo começou a aparecer em rápida sucessão: comerciais, noticiários, partidas de futebol e até filmes em preto e branco com Humphrey Bogart.

Mas é Casablanca exclamou Elisa, admirada. Onde conseguiu tudo isso?

Suas transmissões também irradiam para o espaço respondeu Petri tranquilamente. Tivemos que trabalhar um pouco no nosso sistema de recepção, mas no fim, conseguimos recebê-las.

Foi graças a elas acrescentou Azakis, que conseguimos aprender a sua linguagem.

E mais algumas bem mais complicadas comentou tristemente Petri. Quase fiquei doido com todos aqueles desenhinhos.

Porém, interveio o Coronel abruptamente estávamos falando exatamente sobre isso, mas não acho que seja a melhor solução.

Perdoe-me, Jack interveio Elisa. Não acha que seria melhor, antes de tudo, avisar seus superiores no ELSAD? Afinal, a não ser que eu não tenha entendido, ninguém mais além do próprio presidente dos Estados Unidos está no topo dessa organização, correto?

E como sabe de tudo isso? contestou o Coronel, atônito.

Bem, até mesmo eu tenho as minhas fontes disse Elisa, maliciosamente afastando uma mecha de cabelo que caíra em sua bochecha direita.

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