Ligação De Sangue (Ligação De Sangue Livro 5) - Amy Blankenship 2 стр.


Misery moveu-se sobre a ruela acima dele antes de se deixar cair precisamente à frente do outro demónio, assumindo a forma de menina loira à medida que caía. Aterrou de cócoras à frente dele antes de se levantar e sacudir o seu vestidinho de folhos.

Olá Misery, disse o rapaz fazendo Misery sorrir à sua vozinha.

Olá Cyrus, cumprimentou Misery imitando-o.

Foste tu que fizeste com que aqueles humanos se matassem uns aos outros no autocarro na outra noite, sussurrou o rapaz.

Misery sorriu orgulhosa, Sim, fui eu, e preciso daquilo que tu sabes fazer.

Cyrus inclinou a cabeça para o lado. O que é que eu sei fazer que tu não saibas?

Misery riu-se e retirou o colar de aranha que tinha o resto do sangue de Kane e colocou-o no pescoço dele.

Ficarias surpreendido, pequenito, sussurrou ela.

Vou poder brincar?, perguntou o rapaz, fazendo com que Misery se apercebesse de como este demónio era realmente jovem.

Oh, sim, vais poder brincar tudo o que quiseres, respondeu Misery.

A obscuridade dos olhos do rapaz expandiu-se, bloqueando toda a cor até os seus olhos parecerem dois poços infinitos de vazio.

Eu gosto de brincar, disse o rapaz com um sorriso malicioso, enquanto os seus dedos brincavam com a aranha pendurada na ponta da corrente.

*****

Kriss deitara-se na cama do apartamento na cobertura de um dos mais prestigiados edifícios na baixa de Los Angeles. Refugiara-se ali para evitar Tabatha e os seus sentimentos crescentes por ela.

A sua mente reconstituiu a última vez que a tinha visto. Ele mantinha firmemente a distância em relação a ela há alguns dias para evitar que a separação se tornasse demasiado dolorosa para ele. O seu peito começara a doer por não poder estar perto dela e quando entrou no apartamento e a viu adormecida com lágrimas secas a manchar-lhe o rosto, a sua única vontade era abraçá-la e fazer com que estivesse tudo bem.

Enfiara-se na cama com ela, sem perceber que ela estava nua até a ter envolvido num abraço protetor. Aí ele ficou paralisado, tenso, agarrado a ela e ao mesmo tempo tentando afastar-se. Ela virou-se para ele a dormir, lançando o braço à sua volta para se aconchegar, como fazia geralmente com as suas almofadas. Quando os seios dela se comprimiram contra o peito dele, o autocontrolo de que ele tanto se orgulhava rebentou.

Durante meses os seus pensamentos tinham-se resumido às coisas que lhe queria fazerque queria fazer com elacoisas que não podiam ser feitas, por muito que a amasse e a desejasse. Mas nesse instante, ele queria estar dentro dela, o suficiente para arriscar matar a mulher que amava. Ele sentia a sua dureza vibrar e pressionar a sua carne macia.

Quando uma sombra irada se abateu sobre a cama, Kriss congelou e depois, lentamente, virou a cabeça e encontrou o olhar prateado e acusador de Dean. Ele sabia que tinha pisado a linha, passando da amizade para uma zona de perigo, ao ver aquela expressão no seu rosto.

Ele saíra com Dean nessa noite, determinado a não cometer os mesmos pecados do pai. Sentia-se vibrar novamente com essa memória. Até conseguir controlar as suas emoções, ele sabia que Dean tinha razão. Ele tinha de se manter longe de Tabatha.

Como precaução adicional, já tinha deixado o seu emprego na Silk Stalkings, só para o caso de ela ir lá à sua procura. Tinha feito tudo o que podia para garantir que Tabatha se mantinha o mais longe possível dele, mas a separação magoava-o de uma forma que ele nunca imaginara possível. Quando um caído amava alguémera um nível acima daquilo a que um humano chamava amor e a loucura que a emoção muitas vezes gerava nos humanos quando não podiam estar com a pessoa amada era dez vezes maior, quando comparada à reação gerada num caído.

Kriss agitou uma vez mais as amarras que lhe prendiam um pulso. Odiava Dean por amarrá-lo. Contudo, Kriss compreendia aquilo que quase tinha acontecido. Se ele tivesse cedido à sua luxúriaa dor de perder Dean e matar Tabatha ao mesmo tempo teriam destruído a sua mente.

Ele fechou os olhos quando uma brisa fresca deslizou pelas portas abertas do terraço e sobre o seu corpo nu. Embora as amarras lhe permitissem algum movimento no enorme apartamento, ele já estava deitado há horas, mas não conseguia dormir e a confusão de cobertores caídos no chão era prova disso. Kriss estava agora deitado de barriga para baixo com um joelho dobrado contra o colchão e a outra perna coberta com a ponta do lençol.

Outra brisa percorreu o quarto, trazendo com ela um aroma familiar. Kriss abriu os olhos, observando as sombras das cortinas translúcidas na parede à sua frente. Quando surgiu junto destas uma sombra alada, Kriss manteve-se silencioso e na expetativa.

Dean andava no telhado, oferecendo presas aos seus demónios e descanso a um esquivo híbrido caído. Ao descer do telhado do edifício para o terraço da cobertura, ficou de pé junto à janela a olhar para Kriss. O lençol branco tinha sido atirado para o lado, expondo o seu corpo nu ao brilho do luar que entrava no quarto. Dean sentia a solidão que Kriss tinha no seu coração e sabia que ficar o tempo suficiente longe de Tabatha seria a única cura para tal dor.

O seu olhar fixou-se nas amarras sobrenaturais que impediam Kriss de sair do apartamento durante a sua ausência. Não queria magoar Kriss daquela maneira, mas sentia o amor de Kriss por Tabatha a crescer a cada dia. Ele lembrara Kriss que dormir com uma mulher deste mundo seria o mesmo que matá-la e não era mentira. A semente de um caído criaria raízes até numa mulher infértil. Curaria a infertilidade para poder criar vida se fosse preciso. Mas essa vida mataria a mulher que lha concedeu.

Dean tinha contado a Kriss a verdade sobre os seus próprios pecados. Era a única forma segura de impedir Kriss de estar com Tabatha. Quando ele fora inicialmente enviado para este mundo, ficara encantado com uma jovem rapariga da mesma idade de Tabatha. Passara muito tempo com ela e uma coisa levara a outra. Acabara apaixonado por uma fêmea humana.

Pensando que a maldição não iria segui-lopensando, por amá-la tanto, que iriam ter um filho caído, cedera à sua luxúria. Ela encorajara-o, pois desejava-o com igual intensidade. Fazer amor com ela fora divinal, mas apenas demorara algumas horas para que o demónio se formasse totalmente dentro dela. Quando ela o acordara a meio da noite com os seus gritos, tivera que matar o seu próprio filho quando ele começara a comê-la por dentro,

Kriss tinha-se enganado a ele próprio, pensando que poderia dormir com Tabatha noite após noite, sem fazer amor com ela, mas Dean sabia que isso era mentirae uma mentira perigosa. Kriss nunca poderia viver consigo mesmo se assinasse a sentença de morte de Tabatha com a semente do seu próprio amor.

Os caídos ansiavam por amor, mas foram enviados para um mundo onde não poderiam tocar nas mulheres. Apenas se tinham uns aos outros. A beleza de Kriss sempre tocara Dean, encantara-o mesmo, e ele sabia porquê. Kriss era realeza entre a sua espécie. Nunca deveria ter sido enviado para aquele sítio para combater demónios. Ponderava silenciosamente quanto tempo teria demorado para que um dos reis percebesse que o seu príncipe tinha desaparecido. Kriss fora feito para ser mimado, amado e acarinhado.

Entrando no quarto, Dean moveu-se lentamente certificando-se de que a sua sombra permanecia na parede para que Kriss pudesse ver claramente o que ele estava a fazer e tivesse tempo de o parar, se assim entendesse.

Os demónios estão inquietos na cidade esta noite. Consegues senti-los? Dean manteve uma voz calma, não esperando uma resposta. Os seus lábios separaram-se quando a voz melancólica de Kriss emitiu um eco suave pelo quarto.

Os demónios estão inquietos na cidade esta noite. Consegues senti-los? Dean manteve uma voz calma, não esperando uma resposta. Os seus lábios separaram-se quando a voz melancólica de Kriss emitiu um eco suave pelo quarto.

Deixa-os vir.

Dean puxou o casaco dos ombros e atirou-o contra a parede para cair numa cadeira. Em seguida a camisa, desapertou-a e deixou-a cair no chão num monte suave de algodão. Desapertou as calças e desceu lentamente o fecho, quase sorrindo quando captou a atenção de Kriss. Tirando os sapatos e as meias, Dean puxou as calças até ao chão e deu um passo em frente, retirando-as.

Avançando para a cama, Dean agarrou num dos postes do dossel por um momento para apreciar Kriss antes de se juntar a ele na cama. Colocando Kriss de lado, Dean aninhou-se em concha atrás dele puxando-o para perto de si, cedendo ao ciúme que se agitava no seu coração.

Ele sabia que a tristeza de Kriss resultava do seu amor por Tabatha. Ele sentira uma premonição do perigo a aproximar-se na noite em que Tabatha e Kriss se conheceram. Por isso é que tinha atacado Tabatha no parque de estacionamento da Silk Stalkings. A sua intenção era avisá-la da ameaça, mas Kriss impedira-o, usando o seu próprio corpo como escudo dela, usando a obsessão de Dean contra ele.

Kriss rolou, ficando de costas, e virou a cabeça para olhar para Dean. Olharam fixamente um para o outro durante o que pareceu uma eternidade, até que Dean encurtou agilmente a distância entre eles e roçou sensualmente os seus lábios em Kriss.

Quando Kriss inspirou profundamente, Dean aproveitou e aprofundou o seu beijo, tornando-o mais exigente. Estava farto de estar deitado ao lado de Kriss, noite após noite, a lamentar-se por uma mulher que nunca poderia ter. Se pudesse, simplesmente inalaria a dor de Kriss e substitui-la-ia pelo amor frenético dos caídos.

Kriss sentiu o fogo a alastrar-se pelas suas veias, mas a sua própria culpa fê-lo virar a cara, quebrando o beijo. Recolheu-se nos braços de Dean, envolvendo os seus próprios braços à volta do corpo de Dean antes de entrelaçarem as suas pernas.

Dean olhou silenciosamente para o topo da cabeça de Kriss e suspirou mentalmente. O facto de Kriss se agarrar tão firmemente a ele era a única coisa que o acalmava. Sentia a tristeza diminuir um pouco e depois voltar em ondas. Já tinha decidido libertar Kriss das suas amarras de madrugada, mas, face à rejeição de Kriss, os olhos de Dean cintilaram e as amarras desapareceram.

Num instante, Kriss virou-se e agarrou nos pulsos de Dean, pregando-os ao colchão e mantendo-os lá.

Dean olhou calmamente para cima, para os seus perturbados olhos prateados, perguntando-se o que Kriss iria fazer, agora que estava livre para voltar para Tabatha. Como Kriss se limitava a mantê-lo ali, Dean levantou a cabeça do colchão e roçou suavemente os seus lábios na clavícula de Kriss, até ao arco do pescoço. Foi recompensado com um silvo agudo de Kriss e com a sua libertação.

Várias horas depois, estavam deitados, entrelaçados, à medida que o dia nascia. Dean sabia, tal como Kriss sabia, que estaria ali quando Kriss acordasse de manhã. Ele estaria sempre ali.

*****

Kane vagueava pelas ruas da cidade tentando arejar as ideias em relação a tudo o que acontecera nas últimas semanas. Sentira mesmo vislumbres da sua antiga personalidade a vir à superfície por várias vezes Sobretudo perto de Michael. Tinha de admitir que adorava o tipo.

A rédea curta que mantinha nas suas emoções ao longo dos últimos dez anos estava a deslizar e ele já sentia a falta da segurança que aquelas barreiras imaginárias lhe proporcionavam. Tinha a certeza de que um desses psiquiatras trapaceiros que havia por aí diria que isso era algo bom, mas também tinha a certeza de que poderia fazê-los mudar de ideias em tempo recorde.

Ele usava o torpor que tinha trazido consigo do túmulo como um escudo, mantendo-o a ele meio morto e protegendo as pessoas à sua volta. Tal como estava, esgotava todo o controlo de que era capaz para manter os seus sentimentos por Tabatha reprimidos e protegê-la de Misery ao mesmo tempo.

Ainda se arrepiava ao pensar que Michael tinha finalmente percebido que tinha sido Tabatha a libertá-lo do seu túmulo. Se tivesse pensado com clareza, teria arranjado maneira de manter Scrappy afastado de Tabatha por mais algum tempo, enquanto tentava perceber como lhe contar. Se é que lhe ia contar.

Na sua opinião, alguns segredos não deveriam ser revelados. A verdade é que ele nunca planeara contar a Tabatha.

Kane rosnou, irritado com a interrupção dos seus pensamentos. Conseguia sentir olhos demoníacos sobre ele enquanto caminhava, a observar cada passo seu. Perguntou-se se teriam sido enviados por Misery. Não a sentia entre eles, o que aliás fazia todo o sentido. Porque é que aquela cabra o havia de seguir quando podia ter os seus lacaios a fazer isso por ela? A cidade estava agora repleta desses seres rastejantes, entidades negras que ele ajudara a criar.

Ele acelerou o passo de tal modo que os faróis dos carros que vinham na sua direção seguiam agora subitamente na direção oposta atrás de si. O brilho vermelho das suas luzes traseiras iluminava a rua durante alguns breves segundos antes de desaparecerem por completo. Nunca tinha sido tão rápido antes, mas com a disposição que tinha ultimamente, andava a ignorar a escalada dos seus poderes.

Naquele momento, só queria estar sozinho na sua própria bolha, em vez de estar perto de Michael e quem quer que o seu melhor amigo/irmão tivesse com ele. Não tinha a certeza se seria capaz de usar aquela máscara Agora estou sãonão esta noite. A sua verdadeira personalidade estava próxima da superfície e isso era algo que Michael não precisava de ver.

Enviando as mãos nos bolsos, Kane continuou o seu caminho numa tentativa de ignorar os espiões que o seguiam. Já tinha chegado a uma zona mais luxuosa da cidade e dirigia-se para a secção onde se situavam a maioria das discotecas. Precisava de uma boa bebida e talvez uma boa luta, mesmo que tivesse de ser ele a começá-la. As discotecas proporcionavam o líquido mentalmente entorpecedor e para o segundo fim, devia ser fácil localizar um ninho de vampiros.

Ao virar da esquina para uma rua movimentada, Kane captou um aroma adocicado no vento e parou, focando-se novamente nas vistas e sons da cidade. Conseguia senti-la muito perto e olhou à sua volta para tentar determinar a sua localização. Inspirou profundamente, querendo mais dela, depois questionou-se se seria masoquista por se torturar a si mesmo.

Ele sabia que devia manter-se longe dela, já que parecia atrair constantemente demónios, mas o seu lado negativo instantaneamente argumentou que a alma gémea tinha um talento especial para arranjar sarilhos sozinha. Se ela fosse suficientemente doida para andar numa zona infestada de demónios, talvez devesse refrescar-lhe a memória para a lembrar de como isso era má ideia.

O seu olhar penetrante fixou-se numa discoteca chamada Silk Stalkings e franziu o sobrolho ao lembrar-se que era ali que o caído, Kriss, trabalhava como bailarino. Era uma opção de carreira interessante para um caído, mas Kane não se sentia em posição de julgar. Suspirando resignado, Kane atravessou a rua e entrou na discoteca para poder levar Tabatha a casa antes que ela se metesse em mais sarilhos.

Capítulo 2

Tabatha atravessou a entrada do Silk Stalkings e olhou em volta. Viera à procura de Krisse rezava para encontrá-lo. Ele tinha desaparecido há alguns dias e nem tinha ligado. E já andava a evitá-la ainda antes disso. Ela sentia falta dele e já estava a ficar preocupada. No passado, quando ele desaparecia durante algum tempo, pelo menos ligava-lhe e dizia-lhe que estava tudo bem.

Назад Дальше