Ligação De Sangue (Ligação De Sangue Livro 5) - Amy Blankenship 5 стр.


Uma vez lá dentro, deu por si num enorme espaço circular com uma escadaria sinuosa e aberta no lado oposto da divisão, levando ao piso superior que se dividia em duas alas separadas. Storm dirigiu-se às enormes portas duplas à direita, por isso Ren suspirou e seguiu-o.

Isto já é mais o meu estilo. Ren respirou fundo ao ver sistemas de monitorização de uma parede a outra e uma secretária de vidro com computador integrado.

Achei que ias gostar disto. Storm esticou-se no sofá isolado num canto vazio da divisão enorme. Observou Ren enquanto este deslizou para trás da secretária e começou a investigar os controlos. Ninguém te consegue rastrear aqui, a não ser talvez tu mesmoe felizmente, tu não contas.

Storm viu os olhos do amigo brilhar quando Ren pairou as mãos sobre o teclado. Era um poder estranho de se ter e ele não conhecia mais ninguém que o conseguisse fazer, mas era assim que Ren conseguia invadir as firewalls da PIT, que eram cem anos mais avançadas que as que o governo já tinha. Ele estava literalmente a sugar toda a informação daquele computador e, imaginava ele, ainda lhe estaria a ensinar uma coisa ou outra.

Era engraçado, pois Ren não parecia nada um típico nerd de informática. O seu aspeto era bastante impressionante. Já tinha visto mulheres a tropeçar nos próprios pés só de olhar para ele.

O seu cabelo passava um pouco dos ombros, de um tom negro intenso com reflexos azulados quando o sol incidia da forma certa. Mas, mesmo sem sol, não era possível passar ao lado das suas espessas madeixas prateadas que davam a Ren um aspeto mais rebelde. A juntar a isso, o brinco com cruz pendente e o facto de ele usar sempre roupa preta formavam uma combinação bastante marcante. Para potenciar ainda mais o efeito, as íris de Ren eram como prata polida, com realces azulados, e um aro negro à volta. Ele usava sempre óculos escuros devido à sua excentricidade.

O que mais o deixava perplexo em relação a Ren era o facto de os computadores serem uma das coisas que deixavam Ren feliz no que tocava aos seus poderes. Ren era um súcubo em todos os sentidos. Se ele estivesse perto de um computador, ele alimentava-se da energia do computador quase como se de uma transferência se tratasse. Mas esta forma de súcubo também lhe permitia obter os poderes de alguém e usá-los para seu próprio benefício.

Por exemplo, se estivesse próximo de um ser metamórfico, também ele poderia realizar metamorfose. Se estivesse perto de um demónio, teria todos os poderes que aquele tipo de demónio tivesse, mas a desvantagem é que seria como usar um espelho. Não poderia retirar os poderes do demónio. Ambos os lados teriam os mesmos poderes, por isso nem sempre era uma situação vantajosa. Sobretudo se o adversário tivesse os poderes há mais tempo e soubesse usá-los melhor.

Uma forma de Ren usar isso a seu favor era quando havia mais de um poder paranormal ao seu alcance, podendo assim usá-los todos em seu proveito.

Outra falha era o facto de Ren não se dar bem com os outros, por isso recusava um parceiro, o que era mesmo lamentável. Storm poderia tê-lo apresentado a pessoas poderosas e ele poderia ter espelhado qualquer um deles. Mesmo agora, se Ren se quisesse teletransportar para o outro lado do mundo e cinquenta anos para o passado, poderia fazê-lo. Felizmente, não se interessava por esse tipo de coisa. Ele via a luz nos olhos de Ren esmorecer enquanto voltava do mundo do ciberespaço.

Ren piscou os olhos e afastou as mãos do teclado para se inclinar para trás na sua cadeira giratória. Ninguém sabe que estou aqui?

Só o Zachary Storm admitiu que sabia que iria ter de se debater com Ren em relação a isto. Vou pedir ao Zachary que vigie a maioria daqueles que já cá estão.

Porque é que isso não me soa nada bem? Ren estreitou os olhos, mas teve a sensação de que não valia a pena lutar nessa batalha. Qual é a cena da mansão e deste cenário todo? Porquê o suborno?

Storm levantou uma sobrancelha. É um bocado difícil subornar alguém que pode chegar a um multibanco e pedir-lhe dinheiro.

Estás a evitar a pergunta. atalhou Ren.

Deixei-te esconder das equipas de investigação paranormal durante este tempo todo. Aliás, até me juntei a ti na solidão mais vezes do que devia. Storm levantou a mão quando Ren começou a rebater. Sempre disseste que me ficavas a dever um favor. Estou a cobrá-lo agora.

E o que seria esse favor? a voz de Ren perdera a sua dureza devido à sua honra. Storm tinha razão, tinha uma dívida de vida para com ele e Storm não a cobraria por motivos frívolos.

Storm começou a caminhar de um lado para o outro em frente à secretária. A única resposta verdadeira que te posso dar agora é que estás aqui para me ajudar a lutar. Estou a cobrar muitos favores com isto. Vou trazer os melhores elementos das equipas PIT aqui para a cidade e tu acabaste de ser promovido a segundo comandante.

Que sorte a minha. O facto de isto ter sido dito sem qualquer emoção foi ignorado por ambos.

O Zachary ficará no comando caso nos aconteça alguma coisa Storm fez questão de adicionar. E mais cedo ou mais tarde, vocês os dois vão ter de trocar informações, sobretudo se não for possível contactar-me.

Isso também não me soa bem Ren ficou em silêncio enquanto ponderava porque é que Storm não tinha já as respostas às suas próprias questões. Para alguém que conseguia viajar para o futuro, era estranho não saber quem sairia vitorioso de uma batalha.

Não vou estar por aqui durante algum tempo porque vou ter de ir caçar a maioria das equipas. Embora trabalhem aos pares, têm o irritante hábito de desaparecer do radar e formar as suas próprias missões quando passam por eles. Passou as mãos pelo cabelo. Até para mim vai ser difícil localizá-los.

E quando os largares aqui, vou ter de tomar conta dessa gente? Perguntou Ren à espera de esclarecimento.

Não Storm abanou a cabeça, sorrindo com a ideia. Estas pessoas não são crianças. O trabalho delas é o mesmo que o teu: proteger a cidade. Se comunicam entre vocês ou não já será problema vosso. Mas com os teus poderes, podes fazer uma grelha da cidade e informá-los onde são os pontos de conflito. Esta é só a base de operações por agora. Tu e o Zachary serão os únicos que me poderão contactar se eu não estiver aqui.

A sério? Ren balançou a cadeira para trás e para a frente, começando a ficar intrigado com todo aquele mistério. E eu que pensava que eu é que era o antissocial de nós os dois apontou Ren. Estás a planear desaparecer? Era suposto ser uma piada, mas quando notou a hesitação de Storm, parou de balançar a cadeira.

Storm esfregou o pescoço, tentando ser cuidadoso com as palavras: Sou um viajante no tempo nesta dimensão, mas se houver uma zona em que as paredes dimensionais tenham sido estreitadas ou rompidas, elas rejeitam o meu poder. Isto era um eufemismo.

A leitura de Storm tinha-se tornado uma ciência para ele e Ren percebeu subitamente a razão pela qual Storm não sabia quem venceria a batalha. Estou a seguir-te, para já disse.

Storm dirigiu-se à enorme janela virada para o mar e bateu no vidro. Este vidro é mais do que à prova de bala. Suspirou enquanto se virava e encostava a ele. Mas não é à prova de maldade. Ele acenou a cabeça na direção do sofá de onde tinha acabado de sair e sussurrou palavras há muito esquecidas pela história.

Ren inquietou-se quando o teto e o chão se acenderam num vasto círculo que abrangia todo o lado direito da sala, com o sofá mesmo no centro. Até via as paredes de barreira luminescentes a fazer a ligação entre o círculo do teto e o círculo do chão.

O que é isso? tentou disfarçar o assombro na sua voz, mas falhou miseravelmente.

Em termos leigosé uma armadilha de demónios. Storm respondeu aproveitando o facto de ter oficialmente surpreendido Ren, o que era algo difícil de conseguir. Vai lápassa através da barreira. Não te vai magoar.

Ren esticou o braço, mas parou antes de tocar nela. Devo esperar um visitante demoníaco?

Storm inclinou a cabeça Deixa-me lembrar-te de uma coisa. Se um filho dos caídos se aproximar de ti, és tu que te transformas no demónio. Ele baixou a voz, tornando-a arrepiante ao dizer o demónio. Ele e Ren não estavam bem de acordo sobre esse assunto. Ren ainda tinha preconceitos em relação a tudo o que não compreendesse.

Ren deu um passo atrás enquanto pensava no que Storm acabara de dizer. Até demorou alguns segundos a pensar numa boa resposta para lhe dar. Pelo menos serei eu a saber onde está a chave da jaula. A questão é: como é que os ponho lá dentro? Ponho biscoitos de demónio no sofá?

Storm sorriu e empurrou Ren na direção do círculo.

Ren girou e voltou a vir na direção de Storm, mas foi de encontro a algo que lhe parecera gelo. Recuando, colocou as mãos de encontro à barreira e piscou os olhos ao ver as paredes ondular na zona em que lhes tocava, como se a superfície da barreira fosse feita de água.

Sacudindo-a outra vez, grunhiu para Storm: Não sou um demónio!

Storm levantou uma sobrancelha. Bom, ainda bem que tivemos este momento.

Ren sacudiu a parede deo que quer que fosse.

Relaxa, eu afinei o feitiço o suficiente para que ele prenda tudo o que não seja humano e como tu és um súcubo e eu estou dentro to alcance sorriu outra vez, sabendo que esta era uma lição que Ren precisava de aprender A não ser que me queiras chamar um demónio?

Entendido. Empurrar a coisa para o círculo e não entrar na minha própria armadilha. Agora deixa-me sair.

Storm repetiu o feitiço, praticamente da mesma forma como tinha feito da primeira vez, mas com duas sílabas diferentes.

Ren aprendia rapidamente e já tinha memorizado ambos os feitiços antes de voltar à segurança da sua secretária. O silêncio prolongou-se até Storm ter percebido que o humor do momento anterior se tinha desvanecido e só aí voltou a falar.

Este castelo costumava estar na Escócia. Trouxe-o para aqui, tijolo a tijolo, e reconstruído durante a corrida por terra, mas as atualizações são mais recentes. Há armadilhas de demónios em quase todas as divisões e só tu é que as podes acionar.

É lindíssimo assentiu Ren, perguntando-se onde é que Ren quereria chegar. Por vezes, as histórias dele eram mais longas que as de um velhote, à medida que ele começava a deambular pelas suas memórias intemporais. Era-lhe permitido falar sobre o passado o quanto quisesse, mas era perigoso para ele divulgar algo sobre o futuro.

Uma vez tinha perguntado a Storm porque é que ele não passava o seu tempo a voltar atrás no tempo e corrigir todos os erros da humanidade, como eliminar Hitler. Tinha sido aí que Ren lhe tinha revelado que os seus poderes tinham limites. E alterar a história humana era um deles.

Este castelo foi um presente de casamento para um amigo muito próximo. Storm olhou pela janela que abarcava a vista da terra descampada a cair no mar. Era verdadeiramente arrebatadora. Ele engoliu em seco, afastando aquela memória assombrosa por agora.

Olhando para trás para Ren, Storm perceber que, pelo menos desta vez, alguém para além dele precisava de ter uma ideia do que estava para vir. Já que o poder dele implicava regras irritantes que o impediam de o ver algumas das coisas mais importantes e o proibiam de manipular os assuntos do coração, ele teria de arranjar um motivo muito bom para que Ren quisesse ficar.

Já sentia a dor a perfurar-lhe a mente por causa das regras que estava prestes a quebrar, mas ignorou-a.

Este castelo não vai ficar aqui muito mais tempo, a não ser que eu consiga mudar o futuro. A sua voz assumiu o tom de raiva que sentia enquanto combatia a dor. Antes de ter decidido trazer-te aqui, fui ao futuro várias vezes, apenas daqui a uns anos. Em todas as vezes encontrei um resultado diferente e isso deve-se a um desvio dimensional, ou vários, a acontecer aqui mesmo, em LA.

Storm limpou o sangue que lhe começava a pingar dos olhos e do nariz. Da última vez que vir até aqui a pé, parte do castelo tinha colapsado e as paredes que tinham resistido tinham sangue seco pelo sol, embutido no tijolo.

Cala-te Ren olhara para ele e não gostara da forma como a cor se tinha esvaído do seu rosto quando o sangramento começara. Storm sempre tinha feito piadas sobre não poder contar a ninguém o seu futuro. Dizia que isso o mataria, mas Ren não achava graça nenhuma a esse cenário, já que era verdade. Já percebi a ideia geral, o resto vou descobrir por mim mesmo.

Storm inclinou-se para trás na cadeira que apoiava a sua cabeça Estou a tentar equilibrar as probabilidades, elevando LA tanto quanto possível.

Ren levantou-se e contornou a secretária, agarrando o ombro de Storm e, num instante, eles estavam de volta à ilha. Se alguma vez voltares a tentar contar-me o futuro, vou dar-te uma coça.

Quando Storm se voltou a equilibrar e perceber onde estava, já Ren tinha desaparecido. Sentindo a dor de cabeça lancinante, que provavelmente iria durar dias, sorriu, pois sabia que tinha valido a pena. Ren já estava a postos e, agora que Angelica estava dentro dos limites da cidade, ela poderia extrair outro poder oculto que poderia virar completamente o jogo a favor deles. Precisavam dos deuses do seu lado.

*****

Ren passara a última semana a mapear a cidade caminhando pelas ruas. Sabia, pelos documentos que tinha transferido da PIT, onde estavam alguns dos não humanos, mas enquanto caminhava ou conduzia a sua mota, conseguia pressentir poderes que não pertenciam às coisas daquela lista.

Virou-se para o enorme ecrã que cobria uma das paredes do escritório, abrindo o mapa de grelha sobre ele e inclinando-se para trás na cadeira por trás da secretária. Para qualquer outra pessoa, o mapa poderia fazer lembrar uma decoração natalícia, já que estava repleto de pioneses com luzes coloridas.

Eram as cores que ele estava a estudar agora. Conseguia ver exatamente onde estavam os metamórficos. Até tinha visitado o Moon Dance e o Night Light. O canto do seu lábio estremeceu com a recordação. Tinha cometido o erro de pedir um Heat e tudo tinha corrido bem, até decidir terminar a noite e voltar para casa. Quando vinha a meio do caminho, já estava bem fora do alcance dos metamórficos, mas completamente bêbado.

O território dos metamórficos estava iluminado sobretudo por luzes verdes com alguns pioneses vermelhos e azuis. Os azuis representavam a equipa PIT posicionada nessa zona e tudo o que lá acontecesse, era com eles. O mesmo se aplicava à alcateia.

Para ele, Michael, Damon e Kane eram uns descontrolados, o que lhes valera a cor amarela e a sua prole desalmada, esgueirando-se pelas sombras da cidade, tinha uma adequada cor vermelho-sangue. Pelo menos, esses cobardes tinham a simpatia de se recolher em grupos durante o dia e tendiam a manter-se em grupos à noite, tornando mais fácil detetar o seu território de alimentação.

Com os caídos, a história era bem diferente. No início, tinham sido difíceis de localizar, mas recentemente andavam tão instáveis que ele desistira, embora soubesse quando eles estavam por perto podia senti-los. Pensou na lição de história que tinha recebido de Storm.

A versão resumida era que os caídos quase tinham destruído o seu próprio mundo ao invadir a nossa dimensão e roubar algumas das nossas mulheres, só porque achavam que elas eram lindas. Roubar humanos ainda só tinha sido o seu primeiro erro. Uma vez chegados ao outro lado do buraco de minhoca, os caídos tinham feito turnos a procriar com as mulheres roubadas.

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