O Treinador De Futebol - Marco Bruno 4 стр.


Vamos analisar quais são as capacidades por desenvolver no jovem atleta

Capacidades neutras

Resistência aeróbica

É possível desenvolvê-la já a partir da idade pré-escolar para ser continuada nas sucessivas etapas evolutivas, até atingir o período de Impulso da puberdade que na base aos actuais conhecimentos parece ser aquele mais favorável.

Capacidades precoces

Coordenativas

Rapidez na reacção e frequência motora

Mobilidade articular

Aprendizagem motora (com exercícios de aprendizagem que não requeiram pressupostos elevados de força máxima ou de força relativa).

Capacidades intermédias

A caminho do fim do período escolar primário e durante toda a primeira fase da puberdade vão consideradas com atenção crescente:

Mobilidade articular

Força rápida

Resistência à força (a carga natural)

Rapidez no movimento, de locomoção e aceleração.

Capacidades tardias

Força máxima,

Resistência anaeróbica,

Força rápida contra oposições,

Resistência à força contra oposições.

Crescimento, desenvolvimento e maturação são termos que servem para descrever as modificações que acontecem no organismo até ao alcance da idade adulta:

O crescimento

Refere-se a um incremento das dimensões globais do organismo ou duma parte qualquer do corpo.

O desenvolvimento

Refere-se à diferenciação das células seguindo linhas de especialização funcional e às competências logradas ao encarar as situações (habilidade, capacidade, personalidade).

A maturação

Refere-se ao processo de alcance da condição biológica da idade adulta e da funcionalidade completa, acontece num período longo e refere-se ainda:

 À idade cronológica

 À idade esquelética

 Ao estado de maturação sexual, a maturação fisiológica nas meninas realiza-se 2-3 anos antes em relação àquela dos meninos.

Sinteticamente os indicadores úteis para determinar o engrandecimento do jovem são:

O crescimento.dimensões corporais

O desenvolvimento.competências adquiridas

A maturação.condições biológicas

Os especialistas no sector do crescimento e do desenvolvimento têm dedicado muito tempo ao estudo das modificações da estatura e do peso que acompanham o crescimento. O crescimento em altura é muito rápido nos primeiros anos de vida, aos 2 anos a criança atinge os 50% da sua estatura que terá quando for adulto. A taxa de crescimento é depois muito mais lenta na infância, mas um pouco antes da puberdade a estatura aumenta de forma evidente.

O pico da taxa de crescimento verifica-se:

 Cerca de 11,4 anos para as meninas;

 Cerca de 13,4 anos para os meninos.

O alcance da altura definitiva verifica-se:

 Cerca de 16-17 anos para as meninas;

 Cerca de18-20 anos para os meninos;

O pico do aumento do peso corporal verifica-se:

 Cerca de 12,5 anos para as meninas;

 Cerca de 14,5 anos para os meninos.

Ossos, articulações, cartilagens e ligamentos formam o suporte da estrutura do corpo; os ossos fornecem pontos de inserção dos músculos, protegem os tecidos delicados e representam depósitos de cálcio e fósforo. Entre os 14 e os 22 anos as membranas e as cartilagens ficam transformadas em osso. Num tempo tanto quanto prolongado, entre os 13 e os 20 anos, efectua-se a ossificação completa dos diversos ossos. A idade pré-puberdade é a mais indicada para fortificar os ossos em resposta ao estímulo da actividade física.

A massa muscular aumenta regularmente a partir do nascimento e até a adolescência seguindo o aumento do peso. As raparigas atingem o máximo do desenvolvimento muscular entre os 16 e 20 anos, os rapazes entre os 18 e 25 anos.

Mas de todos estes argumentos falaremos de forma mais específica quando formos a tratar as várias capacidades motoras.

Reporto a título informativo dois gráficos sobre a frequência dos traumas ao dorso e aos joelhos na idade juvenil causadas por treinamento não adequados. Idade compreendida entre os 10 e os 18 anos.

EFEITOS FISIOLÓGICOS DO TREINAMENTO

A condição física

O organismo humano pode aumentar as suas capacidades funcionais à medida notável mediante o processo fisiológico do treinamento.

Quando o nosso corpo é submetido a um exercício duma certa intensidade, imediatamente verifica-se umas reacções:

 Aumento dos batimentos cardíacos;

 Aumento do ritmo respiratório;

 Aumento da profundidade dos actos respiratórios;

 Aumento da secreção do suor.

Estas reacções manifestam-se independentemente da condição do indivíduo embora esta última pode determinar o comportamento e valor. Trata-se de mutações momentâneas porque mal que cessa o exercício físico também estas mutações regridem e em pouco tempo o organismo retoma o seu estado normal. O intervalo de tempo para o retorno à normalidade é habitualmente mais breve quanto mais elevada é a condição do indivíduo.

O termo condição física está para indicar o estado particular pelo qual o Atleta encontra-se na melhor disposição, do ponto de vista físico, para realizar uma determinada prestação.

Uma das manifestações típicas da condição física é o distanciamento do limiar da fadiga.

O que é a fadiga? O que é o limiar da fadiga?

Por fadiga entendemos a diminuição do poder funcional dum órgão, ou de todo o organismo, devido a um excesso de trabalho.

O limiar da fadiga representa o limite da demarcação entre a eficácia completa e o inicio do decréscimo do poder funcional.

O treinamento através de múltiplas actividades propõe-se para a obtenção dum melhoramento das prestações e de distanciar o momento do aparecimento da fadiga.

Na prática, o treinamento manifesta-se como uma repetição sistemática e racional de determinados movimentos e comportamentos com o objectivo de obter um melhoramento da prestação.

As mutações estruturais e funcionais que se verificam no nosso corpo por causa do treino, têm uma estreita relação com o tipo de prestação motora que as provocou: toda forma do movimento corresponde um tipo de adaptação. Praticamente acontece que nas fases imediatamente sucessivas ao esforço, as estruturas orgânicas e musculares solicitadas para produzi-lo e para suportá-lo, não se limitam em superar a situação da fadiga com um retorno às condições de normalidade, mas têm uma reacção reconstrutiva que as leva para superar a situação precedente a estimulação.

Estes momentos de super compensação têm uma limitada duração e progressivamente volta-se à situação de normalidade. Torna-se necessário provocar outras situações de super compensação antes que estejam completamente esgotadas às precedentes, provocar isto é um somatório da acção treinada

(Matwejew, 1972).



O repetir-se destas situações stressantes vai provocar a gradual adequação das capacidades atléticas, colocando o organismo em condições de superar cargas de trabalho com menores acumulações de fadiga, ou então de exprimir prestações cada vez mais elevadas. A super compensação não deve ser entendida como um ponto de vista fisiológico mas apenas como melhoramento de acumulações de glicogénio.

Mais grandes são os depósitos de glicose (reservas de glicogénio) no músculo do jogador, mais tarde lhe causará cansaço e mais demoradamente vai manter a capacidade de realizar um trabalho com altíssima intensidade. (Cogan Coyle, 1989).

O elemento basilar da prestação futebolística no que diz respeito ao uso e ao consumo de energia, é a acção da corrida.

Os especialistas preocupam-se de relevar como corre o jogador amador durante uma partida; em linhas gerais verificou-se que a tal corrida equivale cerca de 8.000 metros.

Isto não representaria tão-pouco uma prestação atlética de nível médio, se referida exclusivamente ao tempo total do jogo (90ˈ).

Uma análise cuidada da carga de trabalho, mostra que no âmbito desta distância são efectuados:

 Arranques;

 Paragens e travagens;

 Mudanças de direcção;

 Controles da bola;

 Disputa com os adversários.

Em outras palavras, a partida de futebol é um suceder-se de prestações diferentes para tipo de intensidade segundo o desenrolar do jogo e se verificam dentro dum determinado período de tempo. Qualquer combinação da prestação futebolística com aquelas de outras modalidades (ex: atletismo) é verdadeiramente arbitrário e errado. O jogador de futebol do ponto de vista atlético é para considerar-se apenas um jogador e basta. Os 8.000 metros de corrida do jogador estão assim repartidos:

 Caminhada cerca de 20% .....................................(~1.600 metros);

 Corrida lenta cerca de 35% .................................. (~2.800 metros);

 Passada cerca de 25% ......................................... (~2.000 metros);

 Sprint cerca de 15% (~1.200 metros);

 Marcha atrás cerca de 5% (~400 metros).

Os médios normalmente percorrem distâncias superiores em relação aos defensores e atacantes. As qualidades de corrida e o tipo de passo varia muito de papel a papel e no mesmo papel em relação às características físico atléticas e sobretudo naturais do jogador.

As distâncias percorridas na máxima velocidade variam de ¾ metros até 25/30 metros, aquelas mais frequentes resultam ser de 10/15 metros e são repetidas 50/60 vezes.

Considero interessante apresentar também os resultados de um estudo sobre as frequências cardíacas manifestadas pelos jogadores durante uma partia. Os valores registados demonstram que o jogador não é sujeito a tensões muito elevadas.


Durante todo tempo duma partida foram relevadas as seguintes frequências de pulsação:



Tais cifras induzem algumas considerações de carácter geral:

1. Existem diferenças significativas entre as prestações médias dos vários jogadores;

2. Com a excepção do defensor central todos os outros jogadores são submetidos à uma vasta gama de estímulos;

3. Nos defensores e médios é prevalente o período de intensidade mínima, mas também o mais longo de intensidade máxima.

Procuramos agora analisar como o movimento e o treino possam produzir mudanças no nosso corpo. Por cortesia descreverei separadamente os efeitos do movimento produzidos nos músculos, nas articulações, nos ossos, nos órgãos internos, na mente e também nas relações com os outros, mas é necessário ter presente que muitas vezes tais efeitos manifestam-se simultaneamente.


EFEITOS NOS MÚSCULOS

Os músculos são órgãos activos do movimento, são efectivamente constituídos por fibras que na presença de impulsos (comandos nervosos) contraem-se. O movimento produz nos músculos as seguintes transformações:

1. Aumento do volume: o musculo, se deixado trabalhar intensamente para carregar pesos ou para vencer uma resistência, torna-se mais grosso e simultaneamente aumenta a sua força.

2. Aumento da largura: o músculo mantém ou aumenta a sua largura por meio do trabalho contínuo a que é submetido, o alongamento muscular permite explorar em pleno a extensão articular.

3. Aumento dos capilares: o musculo, empenhado num trabalho de moderada intensidade, mas de longa duração, aumenta a sua capilaridade ou melhor o numero de pequenos canais que fazem chegar o oxigénio (trazido pelo sangue) às fibras musculares. Consegue uma melhorada capacidade de fornecer outra vez de oxigénio: condição que permite ao musculo de resistir mais tempo à fadiga.

4. Aumento das substâncias energéticas: o movimento permite o aumento das substâncias energéticas (glicogénio) necessário para a contracção muscular.

5. Melhoramento da transmissão dos estímulos nervosos: o treino fica mais veloz e precisa da transmissão dos estímulos nervosos a partir do cérebro até aos músculos, melhorando desta forma a velocidade e a coordenação dos movimentos.

EFEITOS NAS ARTICULAÇÕES

As articulações constituem o sistema de junção do nosso corpo. Permitem o movimento de vários segmentos corporais. A articulação é constituída pela união de dois ossos cuja extremidade são chamadas cápsulas articulares. O movimento produz nas articulações as seguintes transformações:

1. Manutenção da mobilidade fisiológica: a articulação para manter a sua mobilidade normal deve ser usada no máximo das suas possibilidades de movimentos.

2. Aumento e recuperação da mobilidade: para que seja possível recuperar a mobilidade perdida e aumentar aquela possuída, é necessário utilizar formas particulares do treino e movimento.

3. Fortalecimento das cápsulas articulares: a cápsula articular, formada por ligamentos e músculos, tem a tarefa de manter firmemente ligados as extremidades articulares e de impedir que as articulações fiquem fora do lugar e aconteçam distorções ou deslocações.

EFEITOS NOS OSSOS

Os ossos constituem a armação do nosso corpo, cumprem a tarefa de protecção (o crânio protege o cérebro, a coluna vertebral protege a medula) e contribuem, como órgãos passivos ao movimento, às deslocações do corpo e dos seus membros. O movimento produz nos ossos as seguintes transformações:

1. Melhor nutrição: a aumentada circulação sanguínea, provocada pelo exercício físico, nutre melhor o tecido ósseo reabastecendo-o de cálcio.

2. Desenvolvimento em extensão: o movimento favorece a produção de novas células ósseas, o que determina o crescimento em extensão do nosso osso.

3. Desenvolvimento em largura e espessura: as tracções nos ossos, exercitações pelos músculos durante o movimento, favorecem o desenvolvimento das mesmas em espessura e largura. Consegue um aumento à resistência.

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