Elas amarraram suas mãos para trás, e depois enrolaram outra corda em seu pescoço.
Batendo nela com o galho e segurando a corda firmemente, elas a levaram para a vila de onde vinham, onde ela foi entregue ao líder.
O homem olhou para ela, e aparentemente sentindo repulsa pelas suas características orientais, deu um tapa em seu rosto, fazendo com que ela cambaleasse.
Ela tentou explicar o que havia acontecido, e que ela estava exausta e faminta, mas o homem apenas sinalizou para as mulheres tirarem ela de lá.
Elas a empurraram para um galpão baixo e trancaram a porta.
Perto do anoitecer, trouxeram para ela uma tigela com um caldo fino.
As mulheres não se importaram em desamarrá-la. Apenas cuspiram alguns insultos, a deixaram no escuro, e trancaram a porta novamente.
Com as mãos amarradas para trás, ela foi forçada a se ajoelhar na terra e comer sua refeição miserável igual a um cachorro.
A sopa nojenta estava fria e nada saborosa, mas ela bebeu de uma vez e lambeu a tigela.
Com o primeiro sustento para seu estômago em quarenta e oito horas, ela caiu no chão, rolou para o lado, e caiu no sono.
Quando a porta se abriu, a luz do sol a cegou por um momento.
Ela foi puxada para fora por um par de mãos rudes. Então ela foi inspecionada de perto por um homem gordo e escuro usando um longo cafetã.
Depois de inspecioná-la, ele murmurou algumas palavras para o chefe da vila, deu a ele algumas moedas, e sinalizou para o homem das mãos grosseiras levá-la.
Ele agarrou seu braço e a puxou em direção a uma carroça de quatro rodas, onde ela foi jogada dentro do veículo similar a uma jaula junto com outras três pessoas,uma mulher e dois homens, todos com as mãos e pés presos por correntes.
Da pequena vila pesqueira, o homem gordo no cafetã, a quem chamavam de Kyros, liderou seu comboio de cinquenta carroças em direção ao que ela acreditava ser o ocidente.
Seis das carroças levavam cativos, enquanto as restantes estavam vazias, presumivelmente para levar novos prisioneiros que seriam apanhados pelo caminho.
Ao anoitecer, eles param para Kyros e seus homens fazerem uma refeição e descansarem um pouco.
Um guarda removeu a corda dos pulsos de Jai Li, e deu a ela uma roupa que parecia um poncho, que ela de bom grado enfiou pela cabeça e depois passou os braços pelas duas aberturas nas laterais.
O homem colocou algemas nos pulsos dela, desta vez na frente do seu corpo.
Os prisioneiros receberam água, mas nada de comida.
Eles viajaram por três dias ao longo de uma trilha rochosa que passava por colinas baixas cobertas de zimbro, amieiro verde e rododendro.
Com pouca comida e água, eles estavam fracos e abatidos quando entraram num grande acampamento de soldados.
Jai Li assistia os guerreiros passando pela sua carroça. Com sua capacidade mental fragilizada, ela não prestou muita atenção exceto por notar que estavam armados com armas primitivas. Espadas de ferro, arcos e lanças eram o mais comum. Muitos dos homens carregavam escudos redondos nas costas.
Na verdade, tudo parecia muito antigo: as carroças primitivas com rodas de madeira maciça puxadas por pares de bois; as túnicas sem forma vestidas por homens e mulheres; os pequenos abrigos que pareciam ser nada mais do que uma junção de galhos, folhas e lama.
Durante a noite, começou a chover. Sem cobertura na carroça, Jai Li logo ficou ensopada. Molhada, com frio e fome, ela se sentia mais próxima da morte do que da vida.
Na manhã seguinte, eles receberam água e algumas cascas de pão.
Pela metade da manhã, Jai Li ficou atordoada em ver um esquadrão de soldados soldados do exército, vestindo uniformes camuflados modernos. Mas eles não eram homens e mulheres chineses. Ela sabia, pelas roupas e insígnias militares, que eram americanos.
Ela ficou em pé com dificuldade e tentou chamar a atenção deles. Como não sabia inglês, tentou se comunicar com sinais, mas eles a ignoraram e se viraram para ir embora, exceto por uma das soldados mulheres, que lhe lançou um olhar curioso.
Jai Li deu um tapinha em seu ombro onde ela normalmente teria três faixas. Ela imitou estar puxando um colar com dog tags da sua gola, em seguida apontou para a gola da mulher.
A soldado disse algo para seus colegas, chamando eles de volta para a carroça. Uma pequena discussão se seguiu, e depois a mulher puxou uma parte do seu uniforme camuflado e apontou para Jai Li enquanto erguia os ombros em sinal de pergunta.
Jai Li fez que sim, e então começou a chorar, se sentindo aliviada por finalmente ver a possiblidade de ser salva de sua terrível provação. Porém, depois que os soldados americanos discutiram, aparentemente sobre ela, e viram o comerciante de escravos Kyros vindo em sua direção, eles se viraram para ir embora.
A soldado sorriu e sinalizou que eles iriam voltar, mas por que estavam partindo? Por que não iriam tirá-la daquela prisão?
Caindo de volta no chão da carroça, ela se sentiu mais solitária e perdida do que antes.
Ela recebeu uma tigela de sopa, mas todo o tempo sem comida tinha-a levado para um ponto além da fome. Jai Li não se importava mais se iria viver ou morrer. Ela empurrou a tigela para o homem ao seu lado.
Na manhã seguinte, ela acordou do sono miserável com a voz de uma mulher. Era a soldado do dia anterior!
Ela falava de uma maneira suave e fazia sinais de incentivo.
Quando Kyros veio na direção deles, um dos soldados um sargento de alto escalão, Jai Li percebeu pelas faixas parou o comerciante e apontou para um dos homens na carroça.
Parecia que os soldados queriam comprar o homem.
Uma jovem junto com os soldados aparentemente fazia a tradução.
Depois de um pouco de barganha, o sargento balançou a cabeça em negação e se virou como se fosse embora. Mas então ele se virou de volta, apontou para Jai Li, e fez uma pergunta.
Kyros grunhiu para Jai Li, se aproximou das barras da carroça, e a encarou por um momento. Ele disse algo para o sargento.
O soldado pegou uma moeda de seu bolso e ofereceu para Kyros.
O homem pegou a moeda e a segurou perto de si. Ele piscava e apertava os olhos, mas aparentemente sua visão estava tão ruim, que ele não conseguia enxergar.
Um soldado mais jovem um homem mais ou menos da mesma idade que Jai Li, vinte e dois anos pegou algo no bolso da sua jaqueta e ofereceu para o comerciante.
Kyros pegou o objeto, que Jai Li viu ser uma lupa, mas deu de ombros, sem saber o que fazer com ela.
O jovem soldado, a quem Jai Li ouviu os outros chamarem de Sparks, pegou a lupa e a moeda, e então os estendeu para que Kyros pudesse ver a moeda através da lupa.
Os olhos de Kyros se arregalaram com o que via. A pequena moeda estava aumentada, e o homem com pouca visão conseguia enxergá-la. Ele deu risada, e deu um tapa nas costas do jovem soldado.
O soldado disse algo e esticou sua mão para pegar a lupa de volta.
Kyros parecia relutante em deixá-la ir.
A jovem que traduzia repetiu algo que o soldado disse.
O comerciante entregou a lupa para ele.
O soldado ajoelhou, juntou algumas folhas secas, e depois de olhar para a posição do sol no céu, estendeu a lupa, focando os raios de sol nas folhas. Logo um fio de fumaça apareceu, e as folhas pegaram fogo.
Kyros ficou impressionado. Ele ficou de joelhos com dificuldade e pegou a lupa, aparentemente querendo fazer a mágica ele mesmo.
Foram várias tentativas, mas ele finalmente pegou o jeito.
Foram várias tentativas, mas ele finalmente pegou o jeito.
Depois que o soldado ajudou Kyros a se levantar, o homem apontou para o soldado e fez uma pergunta para o sargento.
Quando ouviu a tradução, o sargento deu risada e balançou a cabeça.
Jai Li quase deu risada ela mesma, percebendo que o comerciante queria comprar o soldado.
Kyros ergueu a lupa e falou com o sargento através da tradutora.
O sargento aparentemente concordou e esticou a mão para cumprimentar Kyros. Kyros então devolveu a moeda e ficou com a lupa.
Kyros disse algo para seu guarda e gesticulou em direção a Jai Li.
Ela não tinha certeza do que estava acontecendo quando o guarda subiu na carroça e forçou-a a ficar de pé.
Vendo como ela estava sendo tratada com brutalidade, a soldado gritou com o guarda.
O guarda pareceu surpreso e olhou para o seu chefe.
Kyros fez que sim para ele, então o guarda removeu as algemas dos pulsos de Jai Li e a puxou para a traseira da carroça.
A soldado gritou com ele novamente.
O guarda olhou pasmo para Kyros, que apontou para as correntes nos tornozelos de Jai Li.
O guarda se ajoelhou para remover as correntes.
Jai Li, esfregando seus pulsos doloridos, percebeu que o sargento havia comprado sua liberdade com uma lupa.
Ela deu um passo para a beirada da carroça mas, fragilizada pela má nutrição e ansiedade de estar livre, desmaiou e caiu nos braços da soldado.
Capítulo Quatro
Claro, você pode pilotar a Dragonfly, Sparks disse. Apenas fique de olho no vento.
Certo. Jai Li observou as correntes por um momento. Vento agora vem do sudoeste, vinte quilômetros por hora. Ela olhou para Sparks, levantando as sobrancelhas. Eu voo perto da água e viro um pouco para esquerda?
Sparks fez que sim, e deu um passo para longe da aeronave. Está chegando, Caubói, ele disse no comunicador.
Ele nos viu, Sarge disse para Karina, que estava com ele na proa do navio. Dois caras não, três caras no convés, apertando os olhos.
Ele observou o barco indo na direção deles.
Os homens estão se apressando para mudar a vela, Sarge disse. Virando para o leste.
Estamos com uma cara bem assutadora, né? Karina disse.
É. Sarge abaixou o binóculos, mas manteve os olhos no barco. Provavelmente é isso.
A frota da Sétima navegava para o norte, subindo o Mar Adriático, mantendo a costa ao leste à vista mas ficando longe das rochas e dos cardumes.
Quando o vento sazonal que soprava forte do sudoeste, Lebic, parou no meio do dia, os remadores foram colocados para trabalhar.
Isso não foi um evento indesejado. Os homens, e algumas mulheres, ficaram felizes com a mudança de ritmo depois de dois dias treinado os braços.
* * * * *
Nós temos companhia, Apache disse em seu microfone.
Ainda não havia amanhecido, mas o horizonte ao leste estava se pintando de rosa e lavanda sobre um calmo mar azul.
Onde? Sarge perguntou.
Sudeste, vinte quilômetros.
Parece que o barquinho de pesca está de volta, Sarge disse.
E ele trouxe todos os colegas pescadores, Caubói disse.
Meu Deus do céu! Sarge exclamou. Estou vendo quinze, dezesseis... não, merda, vinte e cinco!
A linha de navios estava apenas emergindo do obscuro amanhecer.
Navios de guerra gregos
É, Apache disse. E quatro deles são maiores que os nossos Cinco.
Postos de combate, pessoal, Sarge disse. Eu não acho que eles estão planejando fazer um concurso de pescaria.
Espero que eles estejam convidando a gente para um concurso de combate. Kady veio para frente, ficando ao lado de Sarge.
Talvez você ganhe o que deseja, Hotshot. Sarge analisou os convés dos navios. Parece que eles estão se preparando para batalha.
Armas? Kady perguntou.
Espadas e lanças com certeza. Talvez alguns arqueiros, também. Ele abaixou o binóculos. Karina.
Sim, Sarge, Karina respondeu no comunicador.
Alguma coisa sobre armamento nos nossos livros de história?
Fogo grego pode ser de interesse, Karina disse.
O que é isso? Kady perguntou.
É tipo um lança chamas.
Alcance? Sarge perguntou.
Não mais do que vinte metros.
Mas do que é feito? Kady perguntou.
Provavelmente nafta ou óxido de cálcio, pressurizado por calor, depois ativado no bocal com algum material combustível.
Kawalski, Sarge chamou no comunicador. Prepare o Little Boy para ação.
Estamos trabalhando nisso, Caubói respondeu.
Vamos alinhar nossos navios lado a lado, Sarge disse. Quero rifles nas gáveas e arqueiros na proa de cada navio.
Várias pessoas responderam.
Logo a frota da Sétima estava alinhada, da esquerda à direita, com os dois Cinco no centro e os doze Três divididos nos dois lados.
E se a gente simplesmente expulsar eles da água com o trabuco do Caubói? Kady perguntou.
Eles podem ser amigáveis, Sarge disse.
Claro. Eles só querem parar a gente para conversar um pouco sobre o tempo.
Segurem o fogo, todo mundo, Sarge disse. Deixem que eles façam o primeiro movimento.
Todos os quatorze navios da Sétima tinham pelo menos uma pessoa com um capacete, então Sarge tinha linhas de comunicação com todos.
Sarge, Karina disse. Binóculos.
Ele os esticou para ela.
Ela estudou os barcos por um momento. Hoplitas, ela sussurrou.
O quê?
Soldados gregos hoplitas, iguais àqueles usados na Batalha das Termópilas em 480 a.C., contra os Persas. Guerreiros muito formidáveis. Se eles chegarem perto o suficiente para subir nos nossos navios, estamos ferrados. Parece que tem cem ou mais soldados em cada um dos navios grandes.
Você consegue ver arqueiros? Sarge perguntou.
Sim. Eles estão formando uma linha ao longo da borda.
Homens com rifle, Sarge disse. Segurem o fogo até que eles nos ataquem. Então mirem primeiro nos timoneiros. Depois deles, atirem em qualquer um que pareça estar dando ordens.
E nós, as mulheres com rifle? Kady perguntou no comunicador.
É, vocês também.
Eles estão fazendo uma fogueira embaixo de um lança-chamas naquele primeiro navio, Karina disse.
Lá vem! alguém gritou.
Todos se abaixaram conforme a leva de flechas arqueava pela água em direção aos navios da Sétima.
Centenas de flechas atingiram o convés e os mastros.
Abrir fogo! Sarge gritou. Kawalski, mire no navio mais próximo.
Caubói puxou a corda do gatilho no Little Boy, fazendo voar um rochedo de cento e trinta quilos em direção aos gregos.
Como o seu navio balançava e se movia para frente, e os alvos estavam se movendo também, Kawalski não tinha como mirar com o trabuco. Tudo que ele podia fazer era carregar e atirar as enormes rochas o mais rápido possível.