Talvez vocês tenham nos derrotado, mas dê uma olhada em todos os cassinos em terras nativas, e me diga quem está vencendo agora.
O recrutador deu risada. É, aqueles Kickapoos me deixaram liso em McLoud, Oklahoma.
Você teve sorte de eles não terem te escapelado, também.
Uma semana depois, Autumn se apresentava para o campo de treinamento no Fort Lenard Wood, Missouri.
A taxa de abandono durante as dezesseis semanas de treinamento básico é de cerca de quinze porcento entre os homens. Entre as mulheres, a taxa é de quase cinquenta porcento.
Autumn gostava das oportunidades. O desafio de competir com os homens em aptidão física e acadêmica caia muito bem para ela. E era muito melhor do que servir bebidas usando uma camiseta baby-look no Hooters.
Ela achou de alguma forma irônico que uma Apache fosse selecionada para integrar a Sétima Cavalaria, já que sua maior derrota estava nas mãos de nativos americanos.
Soldado Autumn Apache Eaglemoon
Depois de demonstrar suas habilidades no campo de tiro e no combate corpo-acorpo, ela logo recebeu o apelido Apache.
Ela ameaçava chutar a bunda de cada um que a chamava de Apache, mas secretamente gostava do título e o carregava como uma medalha de honra.
Autumn também teve que apontar, em mais de uma ocasião, que o Tenente Coronal Custer do Regimento da Sétima Cavalaria foi aniquilado pelos Sioux, não pelos Apache.
Ela saiu com diversos homens, mas tudo que ela encontrava eram homens vazios com egos enormes e inflados.
Isso mudou depois que ela foi enviada para o Afeganistão, onde participou da missão que levou ela e seu pelotão para o exército de Aníbal enquanto ele liderava suas tropas na direção dos Alpes e de Roma.
Em sua jornada pelo sul da França e pelas encostas ocidentais das montanhas, ela se tornou uma conselheira para Aníbal sobre geografia e táticas militares modernas, e depois se tornou sua companheira e amante.
Ela ficou encantada em descobrir que ele era de fato um homem de caráter e personalidade forte. Era uma pena que ele jamais iria conhecer sua mãe.
* * * * *
Eu acho que o que nós temos que fazer, Karina disse, é formar uma força policial para Roma para que os artesãos e comerciantes se sintam seguros. Se eles conseguirem prosperar, irão atrair mais pequenos negócios para a cidade.
Boa ideia, Karina, Sarge disse. Você ficará encarregada da polícia. Use o seu dinheiro para pagá-los até que a gente consiga estabelecer uma base de impostos.
Estou dentro.
Soyuz Um, chamando a Sétima Cavalaria.
Sarge pegou o microfone. Olá, comandante.
Você acha que consegue nos tirar dessa geleira?
Sim, senhor. Estamos organizando nossos navios para navegar pela ponta da Itália e subir o Mar Adriático. É o caminho mais rápido até vocês. Nós estamos trazendo cavalos nos navios, então depois de ancorar em Dalmácia vamos cavalgar até a Cordilheira Treskavica, em Sarajevo. Provavelmente vai levar um mês para chegar lá.
Maravilha, sargento. Estamos ansiosos para conhecer você e seus soldados.
Certo. Economizem sua bateria. Vamos ligar pelo rádio com novidades mais ou menos uma vez por semana.
Copiado. Soyuz fora.
Capítulo Três
A frota da Sétima saiu da foz do Rio Tibre em Roma, em uma manhã ensolarada de setembro do ano 215 a.C.
Com o vento soprando do oeste, os remadores tiveram tempo para treinar os braços no convés.
Obolus, que ia no convés de um dos Cinco romanos, não estava feliz de estar no mar novamente. Mas com Liada e Tin Tin lhe dando muita atenção e alimentando-o com blocos de comida e galhos de árvores, ele logo se acalmou.
Os dois enormes Cinco e vinte pequenos Três davam uma bela vista enquanto navegavam em direção ao Mar Tirreno.
Logo, eles virariam para o sul em direção ao Estreito de Messina, que separava a Sicília da Itália.
Se o bom tempo permanecesse e piratas ou navios romanos renegados não barrassem o caminho, eles rodeariam o dedo e o calcanhar da Itália, cruzariam o Adriático, e chegariam na costa da Dalmácia, que ficaria conhecida como Croácia num futuro distante. Esta parte da viagem levaria aproximadamente dez dias.
Lá eles deixariam metade dos remadores, mil homens, para vigiarem os navios e os suprimentos. Os homens ficariam felizes em cumprir este dever, considerando que estavam recebendo um 7 de ouro por cada dia de serviço, a ser pago quando retornassem a Roma.
Vinte e sete cavalos foram colocados abaixo do convés nos navios menores, junto com vacas, galinhas, porcos, cabras e jumentos. Os jumentos seriam usados como animais de carga no trecho de Dalmácia para a Cordilheira Treskavica, onde os três astronautas pousaram. Os outros animais seriam abatidos pelos cozinheiros para alimentar os tripulantes e os soldados, exceto as galinhas que seriam poupadas pelos seus ovos.
O trabuco, Little Boy, estava amarrado no convés do segundo Cinco, o Palatino.
Como Obolus estava no outro Cinco, o carregamento e o armamento da máquina teriam que ser feitos pelos humanos, em vez de usar sua tremenda força.
* * * * *
Depois de passarem pelo Estreito de Messina e rodearem o dedão da Itália, a frota da Sétima ancorou onde um dia viria a ser a vila Spropolo, na costa do Mar Jônico. Lá eles passaram dois dias cortando lenha para os fornos. A área era inabitada, exceto por algumas poucas cabras selvagens.
Enquanto os navios estavam ancorados, Liada e Apache escreveram mesagens para Aníbal, descrevendo sua localização atual, como a jornada estava progredindo até o momento, e seus planos em direção ao nordeste e depois para dentro do Mar Adriático.
Enquanto elas revisavam as notas, um forte estrondo veio de um dos outros navios.
As duas mulheres olharam em direção ao Cinco, de onde o som parecia ter vindo.
Isso foi o Obolus, Liada disse.
Ele está bravo de estar no navio? Apache perguntou.
Talvez, mas esse é o jeito dele de falar com outros elefantes.
E o que ele está dizendo?
É apenas Oi. Alguém por perto? Liada disse.
Ah, entendi. Ele não vai receber uma resposta nesse lugar. Há apenas algumas cabras, e elas não estão falando com ninguém.
Dois pombos, um casal, foram removidos de sua gaiola, e cilindros de couro especiais com mensagens dentro foram presos em suas pernas. A segunda mensagem era uma cópia da primeira, caso um dos pássaros não conseguisse chegar em casa.
Quando foram soltos, os pássaros cinza e branco circularam o navio uma vez, depois se viraram para o norte, em direção aos quartéis de Aníbal em Roma. Eles retornariam para o sótão onde haviam nascido meses atrás. Seu instinto natural os levaria para casa em cerca de dois dias.
A porta de sentido único no sótão deixaria eles entrarem, mas não saírem. Os dois meninos que haviam sido alocados para cuidar do bando checavam todas as manhãs procurando por recém-chegados que poderiam ter mensagens em suas pernas. Se algum fosse encontrado, as mensagens deveriam ser levadas imediatamente para Aníbal.
Depois que os dois pássaros saíram em sua missão, trinta e oito pombos ficaram na gaiola, esperando sua vez de participar nesse método primitivo de comunicação.
* * * * *
Então, Hotshot, Apache disse. Se você não conseguir um encontro nessa viagem, é melhor desistir.
Apache, ou Autumn Eaglemoon, estava com Kady no Aventine, o segundo dos grandes Cinco.
Isso mesmo, Kady disse. Dois mil homens sem tomar banho. Alguém me segure.
Você poderia escolher um bem bonito e arrastá-lo para o lado para tomar um banho.
E se ele não souber nadar?
Você entra em cena com uma barra de sabão e salva a vida dele.
Hmm. Talvez.
Ei, chefe, Caubói chamou no comunicador do seu capacete, do outro navio quinquerreme romano, o Palatino.
Sim, Kawalski, Sarge disse.
Olha só aquele barco no horizonte ao nordeste.
Quem está com o binóculos? Sarge perguntou.
Eu trazer agora, Cateri disse no comunicador . Todos os soldados da Sétima, e também seus parceiros, tinham capacetes com sistema de comunicação.
Ela correu descalça pelo convés que balançava saindo do centro do navio, onde estava ajudando Apache a ajustar as velas.
Ela olhou para Sarge com um sorriso quando entregou o binóculos para ele.
Ele piscou para ela, e então pegou os óculos.
Sarge ergueu um pouco seu capacete, e com o binóculos nos olhos, ele ajustou o foco. Karina, ele disse no comunicador. Preciso identificar um navio.
Chego em dois minutos, Karina respondeu.
Ela se apressou para chegar à proa com seu iPad.
Sarge pegou o dispositivo enquanto ela pegava os óculos.
Vista da embarcação desconhecida
Hmm, Karina disse. Vela com listras azuis e brancas, leme à esquerda do barco. Parece ter uns dez metros de comprimento. Aproximadamente vinte e cinco quilômetros de distância.
Ela devolveu os óculos para Sarge para pegar o iPad.
Sarge observou a embarcação navegar em direção a eles enquanto Karina passava imagens de navios mediterrâneos antigos.
Aqui, Sarge, ela disse. É um barco de pesca grego.
Sim, parece que tem duas pessoas abordo.
Ei, Sparks, Caubói disse no comunicador.
Ei, Sparks disse.
O comunicador do capacete da Liada não está funcionando. Você tem baterias carregadas?
Sim, carregamos um lote inteiro ontem com os painéis solares. Mais alguém no seu barco precisa de baterias?
Envie seis, assim vamos ter reservas.
Copiado. Chegando por correio aéreo em dez minutos.
* * * * *
Quando Sparks chegou à popa, Jai Li já estava com a Dragonfly pronta para subir, com a pequena rede de carga segurando seis baterias NiCad.
Ela estendeu o controle para ele.
Ele sorriu e apontou para ela.
Sério, Sparky? Você deixa Jai Li pilotar Dragonfly?
Soldado Yao Jai Li, Sétima Cavalaria
Nascida em uma família rica perto de Zhongguancun, às vezes chamado de Vale do Silício Chinês, em Beijing, Yao Jai Li tinha vinte e dois anos.
Zhongguancun foi construído sobre um antigo cemitério onde governantes da Dinastia Qing enterravam seus eunucos. Diz-se que havia milhares de túmulos não identificados na área antes de ter sido escavada para a construção dos novos campus tecnológicos.
Assim que se formou na Universidade de Pequim, Jai Li se juntou ao Partido Comunista e se alistou no Exército de Libertação Popular. Planejando passar dois anos aprendendo táticas militares, ela então continuaria sua educação, estudando para se tornar uma engenheira de software. E, talvez, um dia, trabalhar no Zhongguancun.
Depois do treinamento inicial, ela foi enviada para a Força Aérea do Exército de Libertação Popular.
Mostrando avidez por treinamento físico rigoroso e aptidão para liderança, ela subiu rapidamente para Kong Jun Zhong Shi, Sargento, em apenas dois anos.
Pouco antes de quando planejava deixar o exército, ela foi enviada em uma missão de treinamento sobre a província de Yunnan. Sua unidade estava se preparando para saltar da aeronave Xian Y-20 quando ela foi atingida pelo mesmo desastre global que destruiu o avião da Sétima Cavalaria.
O deslocamento polar não apenas destruiu cada estrutura contruída pelo homem na Terra e todas as aeronaves que estavam voando abaixo de dois mil metros, mas as poderosas forças também deslocaram o tempo dois mil anos para trás.
Quando a Terra girou instantaneamente quinze graus, o avião de Jai Li foi lançado no Mar Adriático. Ela, junto com outros vinte e três companheiros, conseguiram pular, abrir os paraquedas, e flutuar em direção às águas limpidamente azuis. Por algum tempo, ela pôde ver um pouco do seu pelotão enquanto eles desciam, mas o vento os separou por muitos quilômetros.
Ela atingiu a água, se soltou do paraquedas, e foi arrastada para baixo pelo peso da sua mochila e do seu equipamento. Ela soltou seu rifle e tirou também sua mochila e o cinto de munições, mas ela ainda afundava em direção ao fundo do mar.
Com dificuldade de continuar segurando a respiração, ela desamarrou as botas, as tirou dos seus pés, e se lançou para cima com toda a sua força.
Ela chegou à superfície, ofegante por ar. Sentindo que seu uniforme encharcado a puxava para baixo, ela abriu o zíper e o puxou pelas pernas e depois o tirou pelos pés, ficando apenas com uma camiseta e a roupa de baixo.
Subindo com as ondas de dois metros, ela observava o horizonte mas não via nada. Não via destroços, nem paraquedas, nem nenhum dos seus companheiros e, o mais assustador, não via sinal de terra em nenhuma direção.
Ela ficou na água, tentando pensar no que fazer.
A água não estava congelando, mas estava abaixo de vinte graus. Era frio o suficiente para ela eventualmente sofrer de hipotermia.
Não havia nada que ela pudesse fazer além de conservar sua energia e tentar se manter flutuando.
À deriva durante o dia e a noite, ela ficou surpreendida na manhã seguinte ao ver que a maré a tinha levado para dentro de um promontório rochoso que se precipitava da costa da Itália no Adriático.
Ela não sabia no momento que estava no Mar Adriático ou que estava vendo as belas colinas da Itália. Ela realmente não se importava com nada disso. Tudo que ela sabia é que estava perto da terra.
Indo em direção a praia, ela usou suas últimas energias para nadar na superfície e chegar até a areia. Ela caiu e rastejou até a marca da maré, onde desmaiou de exaustão.
Pareceu que apenas um momento havia se passado quando ela foi acordada por alguém a cutucando com um galho afiado.
Ela se sentou, levando as mãos aos olhos para se proteger do sol da tarde, e então viu duas mulheres a encarando.
Elas usavam túnicas longas feitas de um tecido grosseiro com fios cinzas e pretos. Essas mulheres carregavam baldes de couro cheios de mariscos.
Jai Li ficou muito alegre por ser resgatada, e tentou comunicar sua gratidão às mulheres.
Mas elas, assim que ouviram uma linguagem estrangeira, agarraram seus braços com força, forçando-a a ficar de pé.
Elas amarraram suas mãos para trás, e depois enrolaram outra corda em seu pescoço.