Destinada - Морган Райс 4 стр.


Caitlin se vira e observa o quarto, iluminado apenas pela luz da lua e uma pequena vela acesa na arandela da parede. Era feito totalmente de pedra, com apenas uma cama num canto. Ela acha engraçado o fato de sempre acabar em um monastério. Esse lugar não poderia ser mais diferente de Pollepel, mas ao mesmo tempo, o pequeno quarto medieval a fazia recordar seu tempo na ilha.  O quarto era feito para introspecção.

Caitlin examina o chão liso de pedras e vê, perto da janela, duas pequenas marcas separadas por alguns centímetros, no formato de um joelho. Este quarto já devia ter centenas de anos de uso.

Caitlin vai até a pequena cama, e se deita.  É apenas um banco de pedra, coberto por uma fina camada de palha. Ela tenta encontrar uma posição confortável, virando de lado – e então sente alguma coisa. Ela enfia a mão na roupa e ao remover o objeto, fica feliz ao perceber do que se trata: seu diário.

Ela o segura, maravilhada em tê-lo consigo. Seu velho e confiável companheiro parece ser a única coisa de sua antiga vida a sobreviver à viagem.  Segurá-lo, uma coisa real e tangível, faz Caitlin perceber que tudo aquilo não é um sonho. Ela realmente está ali, e tudo aquilo realmente tinha acontecido.

Uma caneta moderna rola do meio das páginas, indo parar em seu colo. Ela pega a caneta e a examina, pensando.

Sim, decide ela; é exatamente isso que ela faria. Escrever, processar as coisas. Tudo tinha acontecido rápido demais, e ela quase não tinha tido tempo de respirar. Ela precisa repassar tudo em sua cabeça, reconsiderar tudo, pensar. Como ela tinha chegado até ali? O que tinha acontecido? Onde estava indo?

Ela não tem certeza das respostas, mas escrevendo, espera se lembrar.

Caitlin vira as páginas frágeis até encontrar uma em branco.  Ela ajusta a postura, encosta na parede dobrando os joelhos, e começa a escrever.

*

Como cheguei até aqui? Em Assis? Na Itália? Em 1790? Por um lado, há não muito tempo eu estava no século XXI, em Nova Iorque, vivendo a vida normal de um adolescente.  Por outro lado, isso tudo parece tão distante… Como tudo isso começou?

Primeiro, me lembro das pontadas de fome, – e de como eu não as compreendia. Jonah, e o Carnegie Hal, minha primeira refeição. Minha inexplicável transformação em vampira – Mestiça, é o que me chamam. Minha vontade de morrer.  A única coisa que eu queria era ser como todos os outros.

E também tem o Caleb. Ele me salvou de um coven terrível, salvou minha vida. Lembro-me de seu coven nos Claustros. Mas eles não me aceitaram, pois relações entre humanos e vampiros são proibidas. Então fiquei sozinha de novo – até que Caleb me salvou novamente.

Minha busca por meu pai, pela espada mística que poderia poupar a raça humana de uma Guerra Vampira, nos tinha levado por toda parte, de um lugar histórico a outro. Quando encontramos a Espada, ela nos foi roubada – como sempre, Kyle estava apenas esperando para estragar tudo.

Mas não antes que eu tivesse percebido o que eu estava me tornando. E não antes que Kyle e eu nos encontrássemos.  Depois que eles roubaram a Espada, depois que tinham me esfaqueado, enquanto eu morria, ele me transformou, e me salvou mais uma vez.

Mas nada tinha saído como eu tinha planejado. Eu vi Sera, a ex-mulher de Caleb, e imaginei o pior. Eu estava errada, mas era tarde demais. Ele fugiu para longe de mim, e direto para o perigo. Na Ilha Pollepel, eu me recuperei e treinei, e também fiz amigos – vampiros – mais próximos do que jamais havia tido – especialmente Polly. E Blake – tão misterioso e belo – quase havia roubado meu coração. Mas eu recuperei os sentidos a tempo. Descobri que estava grávida, e me dei conta de que precisava salvar Caleb da Guerra vampira.

Tentei salvá-lo, mas era tarde demais. Meu próprio irmão, Sam, nos enganou. Ele me traiu, me fazendo pensar que ele era outra pessoa. Por sua causa eu não tinha acreditado que aquele era mesmo Caleb, e o matei, matei meu amor, – com a Espada, e minhas próprias mãos; ainda não consigo me perdoar.

Mas eu levei Caleb até Pollepel e tentei ressuscitá-lo, trazê-lo de volta a qualquer custo. I disse a Aiden que faria qualquer coisa, sacrificaria tudo.  E pedi a ele que nos mandasse de volta no tempo.

Aiden me avisou que aquilo poderia não funcionar. Que se tentássemos, poderíamos não ficar juntos. Mas eu havia insistido.

E agora, aqui estou eu. Sozinha em um lugar e época estranhos. Sem meu filho, e possivelmente sem Caleb também.

Eu errei ao voltar?

Sei que preciso encontrar meu pai, e encontrar o Escudo. Mas sem Caleb ao meu lado, não sei se terei forças para continuar.

Sinto-me confusa, não sei o que fazer agora.

Por favor, Deus, ajude-me…

*

Enquanto o sol se põe como uma bola de fogo no horizonte, Caitlin corre pelas ruas de Nova Iorque. É o apocalipse. Carros estão virados, corpos estão espalhados pelas ruas, há devastação por toda parte. Ela corre sem parar por avenidas que parecem nunca ter fim.

Ao correr, seu mundo parece virar de cabeça para baixo; e enquanto tudo vira, os prédios desaparecem. A paisagem muda, as avenidas se transformam em ruas de terra, os prédios em colinas. Ela se sente voltando no tempo, da era moderna para outro século. Ela sente que se pudesse correr mais rápido, encontraria seu pai, seu verdadeiro, pai, em algum lugar do horizonte.

Ela corre por pequenos vilarejos nas montanhas, e então eles também desaparecem.

Logo tudo o que resta é um campo de flores brancas. Ao correr através delas, ela fica surpresa ao ver que ele está lá, no horizonte, esperando. Seu pai.

Como sempre, ela pode ver sua silueta contra o sol, mas desta vez, ele parece mais perto do que antes. Desta vez, ela pode ver seu rosto, sua expressão.  Ele esta sorrindo, esperando por ela, de braços abertos para um abraço.

El se aproxima dele.  Ela envolve seus braços ao redor dele e ele a abraça, seu corpo musculoso próximo ao dela.

“Caitlin,” ele diz, com a voz cheia de amor. “Você sabe o quão próxima está? Sabe o quanto eu a amo?”

Antes que ela possa responder, ela vê algo mais ao lado, e vê que, do outro lado do campo, está Caleb. Ele estende os braços para ela.

Ela dá alguns passos na direção dele, e então para e olha para seu pai.

Ele também lhe estende a mão.

“Encontre-me em Florença,” seu pai fala.

Ela se vira para Caleb.

“Encontre-me em Veneza,” Caleb diz.

Ela olha para os dois lados, dividida sobre qual caminho seguir.

*

Caitlin acorda sobressaltada, sentando-se na cama.

Ela olha à sua volta, desorientada.

Finalmente, ela percebe que tinha sido um sonho.

O sol está nascendo, e ela vai até a janela, e olha para fora. A cidade de Assis pela manhã é calma, e muito bonita. Todos ainda estão dentro de suas casas, e fumaça sai de uma ou outra chaminé.  Uma fina neblina paira sobre o campo, refletindo a luz.

Caitlin se assusta ao ouvir um rangido, e se prepara ao ver a porta começando a se abrir.  Ela cerra os punhos, preparando-se para qualquer visitante indesejado.

Mas assim que a porta se abre, ela olha para baixo e arregala os olhos de alegria.

É Rose, abrindo a porta com o focinho.

“Rose!” grita Caitlin.

Rose abre a porta até o fim, corre e pula nos braços dela.  Ela lambe todo seu rosto, e Caitlin ri de felicidade.

Caitlin pulled her back and looked her over. She had filled out, grown bigger.

“Como você me encontrou?” pergunta Caitlin.

Rose a lambe, gemendo baixinho.

Caitlin senta na beirada da cama, acariciando o lobo, e se esforça a se concentrar, tentando limpar a mente.  Se Rose tinha sobrevivido, talvez Caleb tivesse, também. Ela se sente encorajada.

Intelectualmente, ela sabe, ela precisa ir até Florença. Para continuar sua busca. Ela sabe que a chave para encontrar seu pai, e o Escudo, está lá.

Mas seu coração sé atraído para Veneza.

Se houvesse a mínima chance de que Caleb estivesse lá, ela teria que descobrir – simplesmente não havia outra escolha.

Ela se decide. Segurando Rose no colo, ela dá uma corridinha e salta pela janela.

Ela sabe que está completamente recuperada agora, que suas asas irão brotar.

E como previsto, elas brotam.

Em poucos instantes Caitlin está sobrevoando as montanhas da Úmbria, em direção ao norte, voando para Veneza.

CAPÍTULO CINCO

Kyle caminha pelas ruas estreitas de um distrito antigo de Roma.  À sua volta, pessoas estão fechando suas lojas, cansados depois de um dia de trabalho.  O por do sol sempre tinha sido sua hora favorita do dia, a hora em que ele se sentia mais forte.  Ele sente seu sangue pulsando mais rápido, sente que se fortalece a cada passo. Ele está feliz em estar de volta às ruas lotadas de Roma, especialmente neste século.  Estes humanos patéticos ainda estavam há anos de qualquer tipo de tecnologia, qualquer tipo de monitoramento. Ele poderia destruir todo este lugar com o coração tranquilo, sem nenhuma preocupação em ser pego.

Kyle vira na Via Del Seminario, e dentro de instantes, ela se abre e ele se encontra em uma grande praça antiga, A Piazza Della Rotonda.

E lá está ele; Kyle fica parado ali, de olhos fechados, e respira profundamente.  É tão bom estar de volta. Diretamente a sua frente está o lugar que ele havia chamado de lar por tantos séculos, uma das sedes vampiras mais importantes do mundo: O Partenon.

O Partenon ainda está de pé, Kyle fica feliz ao constatar, como sempre havia estado – uma construção gigantesca de pedra, cuja parte de trás avançava de forma circular, exibindo imponentes colunas de pedra na frente. De dia, era aberta aos turistas, mesmo durante este século; a presença de inconvenientes grupos de humanos era constante.

Mas à noite, após fecharem as portas para os humanos, os verdadeiros donos, os verdadeiros ocupantes daquele prédio, apareciam em massa: O Grande Conselho Vampiro.

Vampiros de covens de todos os tamanhos, de todas as partes da terra, vinham até ali para assistir a sessões que duravam a noite toda.  O conselho regia tudo, dando permissão – ou tirando. Nada acontecia no mundo vampiro sem que eles soubessem e, em muitos casos, sem que permitissem.

Tudo se encaixa perfeitamente. Este prédio tinha sido originalmente construído como um templo aos deuses pagãos.  Sempre havia sido um local de adoração, de encontros, para forças vampiras ocultas.  Para quem quisesse ver, era óbvio: Havia odes a deuses pagãos, afrescos, pinturas e estátuas por toda parte. Qualquer turista humano que se interessasse em ler sobre a história do lugar perceberia o verdadeiro propósito do lugar.

E se isso não fosse suficiente, havia também vampiros enterrados ali. Era um mausoléu ativo, o lugar perfeito para Kyle e sua raça chamarem de lar.

Ao descer os degraus, Kyle sente-se como se retornasse ao lar. Ele caminha diretamente até as portas duplas de ferro, bate a aldrava quatro vezes – o sinal vampiro – e aguarda.

Momentos depois, as pesadas portas se abrem apenas alguns centímetros, e Kyle vê um rosto estranho. A porta abre mais um pouco, apenas o suficiente para que Kyle entre, e é fechada com um estrondo atrás dele.

O enorme guarda, ainda maior que Kyle, olha para baixo.

“Eles estão te esperando?” ele pergunta ressabiado.

“Não.”.

Kyle, ignorando o guarda, dá vários passos em direção à câmara, quando de repente sente uma mão gelada em seu ombro e para. Kyle espuma de raiva.

O guarda vampiro o encara com igual raiva.

“Ninguém entra sem agendamento,” ele dispara. “Você terá que partir e retornar outra hora.”

“Entro onde eu bem entender.” Kyle dispara de volta. “E se você não tirar essa mão de cima de mim, vai sofrer muito por isso.”

O guarda o encara e eles ficam em um impasse.

“Vejo que algumas coisas nunca mudam,” diz uma voz. “Está tudo bem, você pode soltá-lo.”

Kyle sente ao ser solto e, virando-se, encontra um rosto familiar: É Lore, um dos principais conselheiros do Conselho. Ele fica parado ali, olhando para Kyle e sorrindo, balançando levemente a cabeça.

“Kyle,” ele diz, “pensei que nunca mais o veria.”.

Kyle, ainda nervoso por causa do guarda, arruma sua jaqueta e concorda lentamente. “Eu tenho negócios a tratar com o Conselho,” informa ele. “Negócios que não podem esperar.”

“Sinto muito, caro amigo,” continua Lore, “a agenda de hoje está lotada. Alguns estão esperando há meses. Assuntos vampiros urgentes de todas as partes do mundo, aparentemente. Mas se você retornar na semana que vem, creio que eles sejam capazes de acomodar-”.

Kyle dá um passo à frente. “Você não compreende,” diz ele, tenso, “não vim deste tempo. Venho do futuro – de um mundo completamente diferente. O julgamento final é chegado. Estamos às vésperas da vitória – da vitória completa.  E se eu não os ver imediatamente, haverá consequências graves para todos nós.”

Ao observar Kyle mais de perto, Lore retira o sorriso dos lábios, ao perceber que ele fala sério; finalmente, após todos aqueles momentos de tensão, ele limpa a garganta: “Siga-me.”.

Virando-se, ele começa a caminhar, e Kyle o segue de perto.

Kyle passa por um corredor comprido e largo, e em poucos instantes, entra em uma enorme câmara aberta.  Ela é imensa, arejada, com o teto arredondado e chão de mármore brilhante.  A sala tem o formato de um círculo, rodeada de colunas rebuscadas e estátuas que observam a sala de cima de seus pedestais.

Em torno da sala estão centenas de vampiros, de todas as raças e credos.  Kyle sabe que são na maioria mercenários, todos tão maus quanto ele.  Todos assistem pacientemente enquanto o Grande Conselho permanece sentado em seu banco, no lado oposto da sala, distribuindo sentenças.  Ele sente a eletricidade no ar.

Kyle entra na sala, absorvendo tudo.  Vir até o Conselho tinha sido a coisa certa a fazer. Ele poderia ter tentado ignorá-los, poderia ter apenas caçado Caitlin sozinho, mas o Conselho teria informações, seria capaz de guiá-lo até ela mais rapidamente.  Mais importante ainda, ele precisaria de sua aprovação oficial.  Encontrar Caitlin não é apenas uma missão pessoal, mas uma questão de suma importância para a raça vampira.  Se o Conselho o endossasse, ele teria não apenas seu consentimento, mas também seus recursos.  Ele poderia matá-la mais rápido e voltar para casa mais cedo – pronto para terminar sua Guerra.  .

Sem a aprovação deles, ele seria apenas mais um vampiro mercenário.  Kyle não tem problemas com isso, mas não quer passar o tempo todo preocupado com seu próprio bem-estar: se agisse sem o consentimento deles, eles poderiam enviar vampiros para matá-lo.  Ele está confiante de que pode cuidar de si mesmo, mas não gostaria de ter que perder tempo e energia dessa forma.

Mas se eles negarem suas exigências, ele está completamente preparado para fazer o que for preciso para chegar até ela.

Esta seria apenas mais uma formalidade em um mar de infinitos costumes vampiros.  A etiqueta era a cola que os mantinha juntos – mas também era uma fonte inesgotável de aborrecimentos.

Ao avançar para dentro da câmara, ele olha para o Conselho.  Eles estão exatamente como Kyle se lembrava.  Do lado oposto da câmara, os 12 juízes do Grande Conselho sentam-se sobre um trono elevado.  Eles vestem longas túnicas pretas, com capuzes pretos cobrindo seus rostos.  Apesar disso, Kyle sabe exatamente o quê são aqueles homens. Ele os tinha enfrentado muitas vezes no decorrer dos séculos. Uma vez, e apenas uma, eles tinham removido seus capuzes, e ele tinha realmente visto seus rostos grotescos – envelhecidos, rostos que estavam neste planeta há milhares de anos – criaturas noturnas hediondas.

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