Enterrados - Блейк Пирс 2 стр.


Ela e Bill trabalhavam juntos com uma jovem agente promissora chamada Lucy Vargas.

Mas Lucy fora morta em serviço.

Riley sentia falta de Lucy todos os dias.

Mas pelo menos não se sentia culpada pela sua morte.

Bill sentia-se.

Naquela manhã, Bill ligara a Riley e pedira-lhe para se encontrarem na base da Marinha que ocupava grande parte das instalações de Quantico.

Não lhe dissera porquê, o que a preocupava. Esperava não ser nada sério.

Riley levantou-se ansiosamente da sua secretária e saiu do edifício da UAC.

CAPÍTULO DOIS

Bill sentia-se um pouco preocupado ao conduzir Riley até à carreira de tiro da Marinha.

Estarei preparado para isto? Perguntou-se.

Quase parecia uma pergunta estúpida. Afinal de contas, tratava-se apenas de tiro ao alvo.

Mas este não era um treino qualquer.

Tal como ele, Riley usava um uniforme camuflado e pegava numa espingarda M16-A4 carregada com munições reais.

Mas ao contrário de Bill, Riley não fazia ideia do que iriam fazer.

“Gostava que me dissesses o que é que se passa,” Disse Riley.

“Vai ser uma nova experiência para nós os dois,” Disse ele.

Bill nunca experimentara aquele tipo de carreira de tiro. Mas Mike Nevins, o psiquiatra que o acompanhava, recomendara-a para ele.

“Será uma boa terapia,” Dissera Mike.

Bill esperava que Mike tivesse razão. E também esperava descontrair mais estando Riley presente.

Bill e Riley posicionaram-se um ao lado do outro, encarando um campo relvado que se espraiava por área pavimentada. No chão encontravam-se barreiras verticais marcadas com buracos de bala. Há alguns momentos atrás, Bill tinha falado com um tipo numa cabina de controlo e tudo já devia estar pronto.

Agora falava ao mesmo tipo através de um pequeno microfone à frente da sua boca.

“Alvos aleatórios. Vai.”

De repente, figuras de tamanho humano surgiram de trás das barreiras, todas movendo-se na área pavimentada. Usavam uniformes ao estilo de combatentes do ISIS e pareciam estar armados.

“Hostis!” Disse Bill a Riley. “Dispara!”

Riley estava demasiado alarmada para disparar, mas Bill disparou um tiro e falhou. Depois disparou outro tiro e atingiu uma das figuras. A figura curvou-se completamente e parou de se mexer. As outras viraram-se para evitar o tiroteio, algumas movimentando-se mais rapidamente, outras escondendo-se atrás das barreiras.

Riley disse, “Que raio!”

Ela ainda não tinha disparado um único tiro.

Bill riu-se.

“Para,” Disse ele para o microfone.

De repente, todas as figuras pararam.

“Hoje estamos a disparar contra bonecos com rodas?” Perguntou Riley a rir.

Bill explicou, “São robôs autónomos montados em Segways. Aquele tipo com quem falei há pouco na cabina, despoleta programas para eles seguirem. Mas não controla cada movimento que fazem. Na verdade, não os controla minimamente. Eles ‘sabem’ o que fazer. Têm scanners a laser e algoritmos de navegação para que se possam evitar uns aos outros e às barreiras.”

Os olhos de Riley arregalaram-se de espanto.

“Pois,” Disse ela. “E eles sabem o que fazer quando se inicia o tiroteio – correm ou escondem-se ou ambos.”

“Queres experimentar outra vez?” Perguntou Bill.

Riley anuiu, começando a parecer entusiasmada.

Mais uma vez Bill falou para o microfone, “Alvos aleatórios. Vai.”

As figuras começaram a movimentar-se como anteriormente, e Riley e Bill dispararam contra eles. Bill atingiu um dos robôs e Riley também. Ambos esses robôs pararam e curvaram-se. Os outros robôs dispersaram-se, alguns deslizando caprichosamente, outros escondendo-se atrás das barreiras.

Riley e Bill continuaram a disparar, mas o tiroteio endureceu. Os robôs que se movimentavam, faziam-no de forma imprevisível e a velocidades que variavam. Os que se escondiam atrás das barreiras estavam sempre à espreita, desafiando Riley e Bill a disparar. Era impossível saber de que lado da barreira podiam aparecer. Então, ou corriam em círculos ou abrigavam-se novamente.

Apesar de todo aquele caos aparente, apenas levou cerca de meio minuto para que Riley e Bill abatessem os oito robôs. Estavam todos curvados e parados entre as barreiras.

Riley e Bill baixaram as armas.

“Foi estranho,” Disse Riley.

“Queres parar?” Perguntou Bill.

Riley deu uma risada.

“Estás a brincar? Nem pensar. O que vem a seguir?”

Bill engoliu em seco, subitamente sentindo-se nervoso.

“Devemos abater os hostis sem matar civis,” Disse ele.

Riley olhou para ele. Ela compreendia a sua preocupação. Ela sabia perfeitamente bem por que é que aquele novo exercício o fazia sentir-se desconfortável. Lembrava-lhe do jovem inocente contra quem disparara recentemente. O jovem tinha recuperado do ferimento, mas Bill ainda não conseguia lidar bem com aquela culpa.

Bill também se sentia desconfortável porque naquele mesmo incidente, uma jovem e brilhante agente chamada Lucy Vargas fora morta.

Se ao menos tivesse conseguido salvá-la, Pensou mais uma vez.

Bill estava de licença desde então, pensando se alguma vez conseguiria regressar ao trabalho. Fora-se completamente abaixo, refugiando-se no álcool e até colocando a hipótese de suicídio.

Riley ajudara-o a ultrapassar aquela fase – na verdade, talvez lhe tivesse salvo a vida.

E Bill sentia-se melhor.

Mas estaria preparado para aquilo?

Riley não parava de o observar com preocupação.

“Tens a certeza de que é uma boa ideia?” Perguntou ela.

Mais uma vez, Bill lembrou-se do que Mike Nevins dissera.

“Vai ser uma boa terapia.”

Bill assentiu para Riley.

“Penso que sim,” Disse ele.

Retomaram as suas posições e ergueram as armas. Bill falou para o microfone. “Hostis e civil.”

As mesmas ações decorreram – só que desta vez, uma das figuras era uma mulher coberta por um hijab azul. Não era difícil distingui-la dos hostis vestidos de castanho. Mas ela movimentava-se entre eles de forma aparentemente aleatória.

Riley e Bill começaram a agir como anteriormente – algumas das figuras masculinas esquivavam-se das balas, outras escondiam-se atrás das barreiras para em momentos imprevisíveis se mostrarem.

A figura feminina também se movia como se estivesse assustada pelo tiroteio, correndo de um lado para o outro freneticamente, mas nunca se escondendo atrás das barreiras. O seu pânico simulado apenas tornava mais difícil não a atingir acidentalmente.

Bill sentiu suor frio a formar-se na sua testa enquanto disparava um tiro após outro.

Dali a nada, ele e Riley tinham atingido todos os hostis e a mulher de hijab permanecia sozinha incólume.

Bill libertou um suspiro de alívio e baixou a sua arma.

“Como é que estás?” Perguntou Riley com uma nota de preocupação na voz.

“Acho que bem,” Disse Bill.

Mas tinhas as palmas das mãos húmidas e tremia ligeiramente.

“Talvez já chegue por agora,” Disse Riley.

Bill abanou a cabeça.

“Não,” Disse ele. “Temos que tentar o próximo programa.”

“E é o quê?”

Bill engoliu em seco.

“É uma situação de reféns. O civil será morto a não ser que nós abatamos dois hostis em simultâneo.”

Riley disse-lhe, “Bill, não sei…”

“Anda,” Disse Bill. “É apenas um jogo. Vamos experimentar.”

Riley encolheu os ombros e ergueu a sua arma.

Bill falou para o microfone, “Situação de reféns. Vai.”

Os robôs ganharam vida novamente. A figura feminina ficou à vista enquanto os hostis desapareceram atrás das barreiras.

Então dois hostis surgiram de trás das barreiras, movimentando-se de forma ameaçadora em torno da figura feminina que se esquivava para trás e para a frente com aparente ansiedade.

Bill sabia que o truque era ele e Riley dispararem contra os hostis mal tivessem a possibilidade de acertarem certeiramente.

Dependia dele discernir qual o melhor momento.

Quando ele e Riley apontaram as suas armas cuidadosamente, Bill disse…

“Eu fico com o que está à esquerda, tu com o da direita. Dispara quando eu disser ‘Vai’”.

“Tudo bem,” Disse Riley calmamente.

Bill monitorizou cuidadosamente os movimentos e posições dos dois hostis. Apercebeu-se de que iria ser difícil – muito mais difícil do que esperava.

Mal um dos hostis se afastou, o outro colocou-se perigosamente próximo da refém.

Será que vamos conseguir um tiro certeiro? Perguntou-se.

Então, por um momento breve, os dois hostis afastaram-se ligeiramente em direções opostas da refém.

“Vai!” Gritou Bill.

Mas antes que conseguisse premir o gatilho, foi dominado por uma catadupa de imagens…

Dirigia-se ao edifício abandonado quando ouviu um tiro.

Sacou da arma e correu para o interior do edifício onde viu Lucy deitada no chão.

Viu um jovem a mover-se na sua direção.

Instintivamente, Bill disparou e atingiu o jovem.

O homem girou antes de cair – e só nessa altura Bill viu que as suas mãos estavam vazias.

Estava desarmado.

O homem apenas tentava ajudar Lucy.

Mortalmente ferida, Lucy ergueu-se pelo cotovelo e disparou seis tiros na direção do seu atacante…

… o homem que Bill devia ter morto.


Um tiro foi disparado da espingarda de Riley, despertando Bill das suas recordações.

As imagens haviam chegado numa fração de segundos.

Um dos hostis curvou-se, morto pelo tiro de Riley.

Mas Bill permanecia inerte. Não conseguia disparar o gatilho.

O hostil sobrevivente virou-se ameaçadoramente na direção da mulher e um tiro gravado ribombou num altifalante.

A mulher curvou-se e parou de se mexer.

Bill finalmente disparou a sua arma e atingiu o hostil sobrevivente – mas tarde demais para a refém que já se encontrava morta.

Durante um instante, a situação pareceu horrivelmente real.

“Meu Deus,” Disse ele. “Oh, meu Deus, o que é que eu permiti que acontecesse?”

Bill deu um passo em frente, quase como se quisesse socorrer a mulher.

Riley colocou-se à sua frente para o parar.

“Bill, está tudo bem! É apenas um jogo! Não é real!”

Bill parou tremendo e tentando acalmar-se.

“Riley, peço desculpa, é que… tudo regressou durante um segundo e…”

“Eu sei,” Disse Riley. “Eu compreendo.”

Bill deixou-se cair e abanou a cabeça.

“Talvez não esteja pronto para isto,” Disse ele. “Talvez seja melhor pararmos por hoje.”

Riley deu-lhe uma palmadinha no ombro.

“Não,” Disse ela. “Acho melhor repetirmos.”

Bill respirou profundamente algumas vezes. Ele sabia que Riley tinha razão.

Ele e Riley retomaram as suas posições, e Bill mais uma vez disse ao microfone…

“Situação de refém. Vai.”

A mesma ação foi retomada com dois hostis a rondarem perigosamente uma refém.

Bill respirou calmamente, inspirou e expirou, ao olhar pela mira.

É apenas um jogo, Disse a si próprio. É apenas um jogo.

Por fim, chegou o momento por que esperava. Ambos os hostis tinham-se afastado ligeiramente da refém. Ainda era um tiro perigoso, mas Bill e Riley tinham que arriscar.

“Vai!” Disse ele.

Desta vez, ele disparou de imediato e ouviu o som do tiro de Riley uma fração de segundo mais tarde.

Ambos os hostis se curvaram e pararam de se mexer.

Bill baixou a arma.

Riley deu-lhe uma palmadinha nas costas.

“Conseguiste, Bill,” Disse ela a sorrir. “Estou a gostar disto. Que mais conseguimos fazer com estes robôs?”

Bill disse, “Há um programa onde podemos avançar na sua direção ao mesmo tempo que disparamos.”

“Vamos experimentar.”

Bill falou para o microfone.

“Aproximação.”

Os oito robôs começaram a mexer-se e Bill e Riley avançaram na sua direção passo a passo, disparando. Alguns robôs caíram e outros andavam à voltas tornando mais difícil atingi-los.

Enquanto Bill disparava, apercebeu-se de que algo faltava naquela simulação.

Eles não ripostam, Pensou ele.

Também o seu alívio por salvar a refém assumia agora contornos estranhos. No final de contas, ele e Riley apenas tinham salvo a vida de robô.

Não alterou a realidade do que tinha acontecido recentemente.

E mais importante de tudo, não tinha trazido Lucy de volta.

A sua culpa ainda o assombrava. Alguma vez conseguiria libertar-se dela?

E alguma vez conseguiria regressar ao trabalho?

CAPÍTULO TRÊS

Depois do treino, Riley ainda estava preocupada com Bill. É verdade que tinha recuperado rapidamente da inação. E até parecia ter-se divertido quando iniciaram o tiro de aproximação.

Ele até parecia contente quando deixara Quantico para regressar ao seu apartamento. Ainda assim, aquele não era o velho Bill que fora seu parceiro durante tantos anos – e que se tornara no seu melhor amigo.

Ela sabia o que o preocupava mais.

Bill receava não conseguir regressar ao trabalho.

Ela queria poder consolá-lo com palavras simples – qualquer coisa como…

“Estás só a passar por uma fase menos boa. Acontece a todos. Vais ultrapassar isso mais rapidamente do que pensas.

Mas consolos loquazes não eram aquilo de que Bill precisava naquele momento. E a verdade era que Riley nem sabia se aquilo era verdade.

Ela própria sofrera de SPT e sabia quão difícil era a recuperação. Teria apenas que ajudar Bill naquele terrível processo.

Apesar de Riley ter voltado para o seu gabinete, não tinha muito mais a fazer na UAC naquele dia. Não tinha nenhum caso com que se ocupar e aqueles dias mais calmos eram bem-vindos depois da intensidade do último caso no Iowa. Terminou o que tinha a terminar e foi-se embora.

Ao dirigir-se para casa, sentia-se satisfeita ao pensar em jantar com a família. Estava especialmente agradada com o facto de ter convidado Blaine Hildreth e a a filha para jantarem com eles naquela noite.

Riley estava feliz por Blaine fazer parte da sua vida. Ele era um homem bonito e encantador. E tal como ela, tinha-se divorciado há relativamente pouco tempo.

Também constatara que era incrivelmente corajoso.

Fora Blaine quem atingira e ferira Shane Hatcher quando ele ameaçara a família de Riley.

Riley ficar-lhe-ia eternamente grata por isso.

Até àquele momento, passara uma noite com Blaine em sua casa. Tinham sido bastante discretos quanto a isso – a sua filha, Crystal, estava fora a visitar os primos nas férias. Riley sorriu ao lembrar-se daquela noite.

Iria esta noite terminar da mesma forma?

*

A empregada de Riley, Gabriela, tinha cozinhado uma deliciosa refeição de chiles rellenos a partir de uma receita de família que trouxera da Guatemala. Toda a gente estava a adorar os pimentos recheados.

Riley sentia-se satisfeita com o maravilhoso jantar e magnífica companhia.

“Não está demasiado picante?” Perguntou Gabriela.

Não estava demasiado condimentado e picante para as papilas gustativas Americanas e Riley tinha a certeza de que Gabriela o sabia. Gabriela sempre tinha cuidado ao preparar aquelas receitas originais. Era óbvio que procurava elogios, e não demoraram muito a surgir.

“Não, está perfeito,” Disse April, a filha de quinze anos de Riley.

“O melhor de sempre,” Disse Jilly, a menina de treze anos que Riley estava a tentar adotar.

“Simplesmente maravilhoso,” Disse Crystal, a melhor amiga de April.

O pai de Crystal, Blaine Hildreth, não disse nada de imediato. Mas Riley percebeu pela sua expressão que estava encantando com o prato. Ela também sabia que a opinião de Blaine era em parte profissional. Blaine era dono de um restaurante ali em Fredericksburg.

“Como é que o faz Gabriela?” Perguntou Blaine depois de algumas dentadas.

“Es un secreto,” Disse Gabriela com um sorriso malicioso.

“Com que então um segredo?” Disse Blaine. “Que tipo de queijo utiliza? Não consigo perceber. Sei que não é Monterey Jack ou Chihuahua. Talvez Manchego?”

Gabriela abanou a cabeça.

“Nunca o direi,” Disse ela com uma risada.

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