Apenas os Dignos - Морган Райс 6 стр.


"Ei!", gritou. "O que é que estás a fazer no nosso…"

Royce não hesitou. Quando o indignado nobre se lançou para ele, Royce deu-lhe um soco na cara, derrubando-o de costas no chão.

Royce, rapidamente, espreitou pela porta aberta, esperando vislumbrá-la. Mas não estava lá.

Ele continuou a correr.

"GENEVIEVE!", gritava Royce.

De repente, ele ouviu um grito, ao longe, em resposta.

Ele ficou ali quieto e alerta a ouvir, perguntando-se de onde tinha vindo. Ciente de que o seu tempo era limitado, que um exército inteiro estaria em breve atrás dele, ele continuou a correr, com o coração bater com força, chamando por ela repetidas vezes.

Mais uma vez, ouviu um grito abafado. Royce sabia que era ela. Ficou inquieto. Ela estava aqui em cima. E ele estava a aproximar-se.

Royce chegou finalmente ao fim do corredor e, ao fazê-lo, por trás da última porta à esquerda, ele ouviu um grito. Ele não hesitou. Baixou o ombro e embateu contra a porta de carvalho antigo.

A porta partiu-se e Royce entrou de rompante. Ele estava numa opulenta câmara, trinta pés por trinta pés, com tetos altos, janelas esculpidas nas paredes de pedra, uma enorme fogueira e, no centro, uma enorme e luxuosa cama de dossel, diferente de tudo o que já havia visto. Ele sentiu uma onda de alívio quando viu ali, numa pilha de peles, o seu amor, Genevieve.

Ele ficou aliviado ao ver que ela estava completamente vestida, ainda a agitar-se, pontapeando, enquanto Manfor tentava agarrá-la por trás. Royce encolerizou-se. Ali estava ele, agarrando a sua noiva, tentando tirar-lhe as roupas. Royce estava aliviado por ter chegado a tempo.

Genevieve contorcia-se, tentando corajosamente tirá-lo de cima de si, mas Manfor era demasiado forte para ela.

Sem hesitar um momento, Royce explodiu em ação. Ele correu e atirou-se a ele, exatamente quando Manfor se virou para olhar. Os seus olhos arregalaram-se em choque. Royce agarrou-o pela camisa e atirou-o.

Manfor foi atirado do quarto a voar, estatelando-se com força no chão, a gemer.

"Royce!", gritou Genevieve, com uma voz de alívio ao vê-lo quando se virou.

Royce sabia que não podia dar a Manfor a hipótese de se recuperar. Quando ele se tentou levantar, Royce saltou-lhe para cima, prendendo-o para baixo. Cheio de raiva pelo que ele tinha feito à sua esposa, Royce chegou o seu punho atrás e deu-lhe um muro com força no maxilar.

Manfor foi projetado para trás. Porém, sentou-se e alcançou um punhal. Mas Royce arrancou-o da sua mão e bateu-lhe sem parar. Manfor caiu para trás e Royce atirou o punhal para longe, fazendo-o deslizar pelo chão.

Ele imobilizou Manfor que sorria sarcasticamente para ele, sempre desafiante e superior.

"A lei está do meu lado", Manfor fervilhava. "Eu posso ficar com quem eu quiser. Ela é minha."

Royce olhava para ele com má cara.

"Tu não podes ficar com a minha noiva."

"Estás louco", Manfor contrapôs. "Louco. Vais ser morto de qualquer das formas. Não há lugar onde te possas esconder. Não sabes isso? Nós possuímos este país."

Royce abanou a cabeça.

"O que tu não entendes", disse ele, "é que eu não quero saber."

Manfor franziu a testa.

"Não te vais safar desta", disse Manfor. "Eu vou tratar disso."

Royce agarrou os pulsos de Manfor ainda com mais força.

"Não vais fazer nada do género. Genevieve e eu vamo-nos embora daqui hoje. Se vieres atrás dela novamente, eu mato-te."

Para surpresa de Royce, Manfor sorriu maleficamente, com sangue a escorrer-lhe da boca.

"Eu nunca a vou deixar", Manfor respondeu. "Nunca. Vou atormentá-la para o resto da sua vida. E vou perseguir-te como um cão com todos os homens do meu pai. Vou levá-la e ela será minha. E tu serás pendurado na forca. Portanto, foge agora e lembra-te da cara dela – dentro em breve, ela será minha."

Royce sentiu uma quente onda de raiva. O pior daquelas palavras cruéis era que ele sabia que elas eram verdadeiras. Não havia para onde fugir; os nobres eram donos do território. Ele não podia lutar contra um exército. E Manfor, de facto, nunca iria desistir. Por puro desporto – por mais nenhuma razão. Ele tinha tanto e, ainda assim, não conseguia evitar privar as pessoas que não tinham nada.

Royce olhou para os olhos daquele nobre cruel. Ele sabia que Genevieve seria possuída por aquele homem um dia. E ele sabia que não podia deixar que isso acontecesse. Ele queria ir-se embora, ele realmente queria. Mas não podia. Fazer isso significaria a morte de Genevieve.

Royce, de repente, agarrou Manfor e atirou-o ao chão. Ele encarou-o e sacou da sua espada.

"Saca da tua espada!", Royce ordenou-lhe, dando-lhe uma hipótese de lutar com honra.

Manfor olhou para ele, claramente surpreendido por lhe estar a ser dada aquela oportunidade. De seguida, ele sacou da espada.

Manfor atacou, dando balanço com força e Royce ergueu a sua espada e bloqueou-a. Voaram faíscas. Royce, sentindo que era mais forte, ergueu a sua espada, empurrando Manfor para trás. Depois girou com o cotovelo e bateu-lhe no rosto com o punho da espada.

Royce partiu o nariz de Manfor, ouvindo-se um estalido. Manfor cambaleou para trás e olhou, claramente atordoado enquanto agarrava o seu nariz. Royce poderia ter aproveitado o momento para matá-lo, mas, novamente, deu-lhe mais uma hipótese.

"Desiste", Royce propôs, "e eu deixo-te viver."

Manfor, no entanto, soltou um gemido de fúria. Ergueu a sua espada e atacou novamente.

Royce bloqueava-a, enquanto Manfor balançava furiosamente, cada um deles a golpear para a frente e para trás, com as espadas a ressoar quando as faíscas voavam. Os dois andavam de um lado para o outro por todo o quarto. Manfor podia ser um nobre, criado com todos os benefícios da classe real, porém, Royce tinha um talento superior para o combate.

Durante a luta, ouviram-se cornetas ao longe e o som de um exército a aproximar-se do castelo, com os cascos dos cavalos a baterem calçada abaixo. Royce ficou preocupado. Ele sabia que o seu tempo estava a acabar. Algo tinha de ser feito rapidamente.

Finalmente, Royce fez girar acentuadamente a espada de Manfor e desarmou-o, atirando-a pelo ar para o outro lado da sala. Royce encostou a ponta da sua espada à garganta de Manfor.

"Recua, agora", Royce ordenou.

Manfor afastou-se lentamente, de braços para cima. No entanto, quando chegou a uma pequena mesa de madeira, ele, de repente, girou, apanhou algo e atirou-a para os olhos de Royce.

Royce gritou ao ficar, de repente, cego. Os olhos ardiam-lhe e o seu mundo ficou preto. Ele percebeu, tarde demais, ao tatear os seus olhos, que era tinta. Tinha sido uma jogada suja, um movimento impróprio de um nobre ou de qualquer lutador. Mas, mais uma vez, Royce sabia que não deveria ficar surpreendido.

Antes de conseguir recuperar a sua visão, Royce, de repente, sentiu um pontapé forte no estômago. Desequilibrou-se, caindo para o chão, sem fôlego, e, ao olhar para cima, recuperou apenas a visão suficiente para ver Manfor a sorrir enquanto extraia um punhal escondido na sua capa – e ergueu-o na direção das costas de Royce.

"ROYCE!", Genevieve gritou.

No momento em que o punhal desceu na direção das suas costas, Royce conseguiu recompor-se, apoiando-se num joelho, levantando o braço e agarrando o pulso de Manfor. Royce lentamente ficou de pé, com os braços tremendo e, enquanto Manfor baixava o punhal, ele, de repente, esquivou-se para o lado e girou o braço dele ao redor, usando a sua força contra ele. Manfor continuou a mover-se, não disposto a parar, mas, desta vez, quando Royce se desviou, ele mergulhou o punhal no seu próprio estômago.

Manfor arfava. Ele estava ali, a olhar para Royce, com os olhos arregalados, com o sangue a escorrer-lhe da boca. Ele estava a morrer.

Royce sentiu a solenidade do momento. Ele havia matado um homem. Pela primeira vez na sua vida, ele havia matado um homem. E não um homem qualquer mas sim um nobre.

O último gesto de Manfor foi um sorriso cruel, com o sangue a escorrer-lhe da boca.

"Recuperaste a tua noiva", ele ofegou, "à custa da tua vida. Vais juntar-te a mim em breve."

Dito isso, Manfor sucumbiu e caiu no chão com um baque.

Morto.

Royce virou-se e olhou para Genevieve, que estava sentada na cama, atordoada. Ele conseguia ver o alívio e gratidão no seu rosto. Ela saltou da cama, correu pelo quarto, diretamente para os seus braços. Ele abraçou-a com força. Era tão bom. Tudo fazia sentido no mundo outra vez.

"Oh, Royce", disse ela ao seu ouvido. E isso era tudo o que ela precisava de dizer. Ele entendeu.

"Vamos, temos de ir", disse Royce. "O nosso tempo é curto."

Ele pegou-lhe na mão e os dois saíram a correr pela porta do quarto para os corredores.

Royce correu pelo corredor com Genevieve ao seu lado. O coração dele batia com força ao ouvir soar as cornetas reais, uma e outra vez. Ele sabia que era o som do alarme – e sabia que era por causa dele.

Ao ouvir o barulho da armadura abaixo, Royce sabia que o forte estava fechado e que ele estava cercado. Os seus irmãos tinham feito um bom trabalho ao conseguir mantê-los fora, mas a incursão de Royce tinha demorado muito tempo. Enquanto corriam, ele olhou para baixo para o pátio e ficou aterrorizado ao ver dezenas de cavaleiros já a passar pelos portões.

Royce sabia que não havia saída. Não só ele havia invadido a casa deles, como também tinha matado um deles, um nobre, um membro da família real. Ele sabia que eles não o iam deixar viver. Hoje seria o dia em que sua vida mudaria para sempre. Que ironia, pensou; esta manhã, ele tinha acordado tão cheio de alegria, antecipando o dia. Agora, antes do sol se pôr naquele mesmo dia, ele provavelmente estaria, ao invés, enfrentando a forca.

Royce e Genevieve correram sem parar, aproximando-se do fim do corredor e da entrada para a escada em espiral, quando de repente uma meia dúzia de cavaleiros apareceu, emergindo das escadas, bloqueando o seu caminho.

Royce e Genevieve pararam imediatamente, viraram-se e correram para o outro lado, enquanto os cavaleiros os perseguiam. Royce ouvia a armadura deles a ressoar atrás dele e sabia que a sua única vantagem era a sua falta de armadura, o que lhe dava a velocidade suficiente para se manter à frente deles.

Eles corriam sem parar, percorrendo os corredores. Royce esperava desesperadamente encontrar uma escada traseira, outra saída – quando, de repente, ao viraram noutro corredor, deram por eles diante de uma parede de pedra. Royce ficou desesperado ao chegarem ao fim.

Um beco sem saída.

Royce voltou-se e sacou da espada ao mesmo tempo que colocou Genevieve atrás dele, preparado para marcar uma posição contra os cavaleiros, embora ele soubesse que seria a última.

De repente, ele sentiu Genevieve a agarrar-lhe o braço freneticamente, gritando: "Royce"

Ele voltou-se e viu para onde ela estava a olhar: uma grande janela ao lado deles. Ele olhou para baixo e ficou apavorado. Era uma longa queda, demasiado longa para sobreviver.

Porém, ele viu que ela estava a apontar para uma carroça cheia de feno que passava devagar por baixo deles.

"Nós podemos saltar!", gritou ela.

Ela agarrou na mão dele e, juntos, aproximaram-se da janela. Ele virou-se e olhou para trás, viu os cavaleiros a aproximarem-se, e, de repente, antes de ter tempo para pensar o quão louco aquilo era, sentiu a sua mão a ser puxada – e foram transportados pelo ar.

Genevieve era ainda mais valente do que ele. Ela tinha sempre sido, até mesmo em criança, ele lembrou-se.

Eles saltaram, caindo uns bons trinta pés pelo do ar, com Royce apavorado e Genevieve a gritar, visando o vagão. Royce preparava-se para morrer e estava grato por, pelo menos, não ir morrer nas mãos dos nobres – e com o seu amor ao seu lado.

Para grande alívio de Royce eles caíram na pilha de feno, provocando uma enorme nuvem à volta deles. Apesar de estar sem fôlego e magoado com a queda, para sua surpresa, ele não tinha partido nada. Sentou-se imediatamente e olhou para ver se Genevieve estava bem; ali estava ela, atordoada, mas sentou-se, também, e, ao escovar o feno, viu com imenso alívio que não se tinha ferido.

Sem dizer uma palavra, ambos, ao mesmo tempo, lembraram-se da sua difícil situação e saltaram do carro, com Royce a agarrar-lhe a mão. Royce correu para o seu cavalo, que ainda o aguardava no pátio, montou, agarrou Genevieve e ajudou-a a subir para trás dele. Com um pontapé, os dois partiram a galope, com Royce a apontar para o portão aberto para o castelo, enquanto os cavaleiros continuavam a entrar, passando a correr por eles, sem sequer se aperceberem que eram eles.

Eles aproximaram-se do portão aberto. O coração de Royce batia com força; eles estavam tão perto. Tudo o que tinham a fazer era transpô-lo e, com alguns passos largos eles estariam fora, no campo. Lá eles poderiam reunir-se com os irmãos dele, os seus primos e homens, e, juntos, podiam todos fugir daquele lugar, e começar uma nova vida algures. Ou melhor ainda, eles poderiam juntar o seu próprio exército e lutar contra aqueles nobres de uma vez por todas. Por um glorioso momento, o tempo parou e Royce sentia-se à beira de mudança, da vitória, da mudança de paradigma. O dia para a revolta tinha chegado. O dia para as suas vidas nunca mais voltarem a ser as mesmas.

Ao aproximar-se do portão, Royce ficou congelado de medo quando viu a grade de ferro, que estava aberta novamente para deixar os cavaleiros entrar, de repente, a baixar e a fechar-se diante dele. O seu cavalo empinou-se e eles pararam mesmo a tempo.

Royce virou-se, olhando para trás para o pátio. Lá ele viu cinquenta cavaleiros, que agora percebiam quem eles eram, a aproximarem-se. Royce preparava-se para cavalgar para a frente e encontrá-los no campo de batalha, por muito imprudente que isso fosse, quando, de repente, sentiu uma corda a cair sobre ele, vinda de trás, ouvindo Genevieve a gritar.

As cordas apertaram-se ao redor da sua cintura e, com uma sacudidela, Royce sentiu-se a ser atirado para trás do seu cavalo. Ele caiu com força no chão, sem fôlego, atado por trás. Ele olhou e viu Genevieve atada com cordas e puxada para o chão, também.

Royce rebolava e tropeçava, tentando freneticamente libertar-se, com as cordas apertadas à volta dos seus braços e ombros. Ele alcançou a sua cintura, agarrou no punhal e, com um empurrão, conseguiu soltá-las.

Livre, ele desviou-se a rebolar de um taco que vinha na direção da sua cabeça. Agarrou a espada do seu atacante, virando-se e depois, ficou de pé no centro do pátio, cercado por aquilo que era naquele momento quase uma centena de cavaleiros. Eles cercaram-no de todos os lados.

Eles atacaram. Royce levantou a sua espada e lutou também, defendendo-se à medida que eles golpeavam, golpeando também, sentindo-se invencível, mais forte e mais rápido do que todos eles. Ainda assim, eles cercavam-no cada vez mais, com as suas fileiras a crescerem.

Royce ergueu a sua espada e bloqueou um golpe apontado para a sua cabeça; então ele girou e golpeou outra espada apontada para as suas costas, arrancando a espada das mãos do seu atacante. Ele então inclinou-se para trás e pontapeou outro cavaleiro no peito quando ele se aproximou, forçando-o a largar o seu taco.

Royce lutava como um homem possuído, golpeando e defendendo-se, conseguindo manter dezenas deles afastados, à medida que as espadas soavam e as faíscas choviam à sua volta. Ele respirava com dificuldade, mal capaz de ver por causa do suor que lhe fazia arder os olhos. E durante todo aquele tempo, ele pensava apenas numa coisa: Genevieve. Ele morreria aqui por ela.

As fileiras estavam cada vez maiores. Era demasiado até mesmo para ele. Os braços e os ombros de Royce doíam-lhe, a sua respiração estava pesada. A multidão era tanta, tão próxima, que ele mal conseguia mexer-se para dar balanço. Ao erguer a sua espada uma última vez para golpear, de repente, sentiu uma terrível dor na parte de trás da cabeça.

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