Apenas os Dignos - Морган Райс 5 стр.


"Genevieve, não!", exclamou Sheila.

Genevieve correu em direção a eles com a foice erguida, sentindo a adrenalina a percorrer-lhe o corpo. Ela não sabia como tinha convocado a coragem, mas fê-lo. Avançou, levantou a foice e golpeou o primeiro nobre que se aproximou dela.

Mas eles eram demasiado rápidos. Cavalgavam como trovões e, enquanto ela dava balanço, um simplesmente ergueu o seu taco, girou ao redor e arrancou-lhe a foice da mão. Ela sentiu uma vibração terrível através das suas mãos e viu, sem esperança, a sua arma a voar e a cair nas espigas nas proximidades.

Logo a seguir, Manfor passou a galopar, inclinou-se e golpeou-a na cara com as costas da mão com a sua manopla de metal.

Genevieve gritou, girou com a força do movimento e caiu de cara nas espigas com uma dor lancinante.

Os cavalos pararam abruptamente e, enquanto os cavaleiros à sua volta desmontavam, Genevieve sentiu umas mãos ásperas sobre ela. Foi posta de pé com um puxão, arrebatada pelo golpe.

Ela ficou ali a cambalear. Olhou para cima e viu Manfor de pé diante dela. Ele riu com desdenho, levantando o elmo e removendo-o.

"Larga-me!", ela sibilou. "Eu não sou tua propriedade!"

Ela ouviu gritos. Olhou e viu a sua irmã e primas a correrem até ela, tentando salvá-la – e ela viu horrorizada os cavaleiros a darem-lhe com as costas das mãos, atirando-as ao chão.

Genevieve ouviu o riso horrível de Manfor quando ele a agarrou e a atirou para as costas do seu cavalo, amarrando-lhe os punhos um ao outro. Um momento depois, ele montou-se atrás dela, esporeou o cavalo e partiu, com as miúdas a gritarem atrás dela enquanto ela se distanciava cada vez mais. Ela tentava lutar, mas era escusado reagir já que ele a segurava como se ela estivesse presa num torno.

"Como estás errada, jovem", respondeu ele, rindo enquanto cavalgava. "Tu és minha."

CAPÍTULO CINCO

Royce estava no meio dos campos de trigo, a talhar com a sua foice, alegre ao pensar na sua noiva. Ele mal podia acreditar que o dia do seu casamento tinha chegado. Ele amava Genevieve desde sempre. E este dia seria um dia que não rivalizaria com nenhum outro. Amanhã, ele iria acordar com ela ao seu lado, numa nova cabana só deles, com uma nova vida pela frente. Ele conseguia sentir a excitação no seu estômago. Não havia nada que ele desejasse mais.

Enquanto dava balanço à sua foice, Royce pensava nos treinos com os seus irmãos todas as noites, com os quatro a lutar incessantemente com espadas de madeira e às vezes com espadas verdadeiras, com pesos duplos, quase impossíveis de levantar, para torná-los mais fortes, mais rápidos. Embora ele fosse mais jovem do que os seus três irmãos, Royce percebia que já era um melhor lutador do que todos eles, mais ágil com a espada, mais rápido a atacar e a defender. Era como se ele fosse cortado de um pano diferente. Ele era diferente, ele sabia disso. No entanto, não sabia porquê. E isso incomodava-o.

De onde vinha o seu talento para o combate? ele perguntava-se. Porque é que ele era tão diferente? Não fazia muito sentido. Eram todos irmãos, todos do mesmo sangue, da mesma família. No entanto, ao mesmo tempo os quatro eram inseparáveis, fazendo tudo juntos, quer fosse lutar ou trabalhar nos campos. Isso, na verdade, era a sua única apreensão acerca daquele alegre dia: seria a sua saída de casa o início do afastamento deles? Ele prometeu, em silêncio, que não iria permitir que isso acontecesse.

Os pensamentos de Royce foram subitamente interrompidos por um som no limite do campo, um som incomum para aquele momento do dia, um som que ele não queria ouvir num dia perfeito como aquele. Cavalos. Galopando com pressa.

Royce virou-se e olhou, instantaneamente alarmado, e seus irmãos fizeram o mesmo. A sua preocupação aprofundou-se ao vislumbrar as irmãs e primas de Genevieve a cavalgarem até ele. Mesmo dali Royce conseguia ver as suas expressões de pânico, em urgência.

Royce tentava desesperadamente compreender o que estava a ver. Onde estava Genevieve? Porque é que eles estavam todos a cavalgar para ele?

E então, ele ficou verdadeiramente preocupado ao perceber que algo terrível tinha acontecido.

Ele largou a foice, assim como os seus irmãos e a outra dúzia da sua aldeia, correndo ao encontro deles. A primeira a chegar ao pé dele foi Sheila, a irmã de Genevieve, que desmontou do cavalo mesmo antes de ele parar, agarrando-se aos ombros de Royce.

"O que é que passa?", Royce gritou. Ele agarrou-lhe os ombros. Ele conseguia senti-la a tremer.

Ela mal conseguia pronunciar as palavras por entre as suas lágrimas.

"Genevieve!", ela gritou, com uma voz aterrorizada. "Eles levaram-na!"

Royce sentiu o seu mundo a desabar ao ouvir as palavras dela, ocorrendo-lhe os piores cenários.

"Quem?", ele perguntou, enquanto os seus irmãos corriam até ele.

"Manfor!", chorava ela. "Da casa de Nors!"

Royce ficou apavorado e a indignação percorreu-lhe o corpo. A sua noiva. Levada pelos nobres, como se ela fosse propriedade deles. O rosto dele encolerizou-se.

"Quando!?", ele exigiu saber, apertando o braço de Sheila com mais força do que pretendia.

"Mesmo agora!", respondeu ela. "Arranjámos estes cavalos para te vir dizer assim que conseguimos!"

As outras desmontaram atrás dela e, ao fazê-lo, entregaram as rédeas a Royce e aos seus irmãos. Royce não hesitou. Num movimento rápido ele montou o cavalo dela, esporeou e foi a romper pelos campos.

Atrás dele, ele ouvia os seus irmãos a cavalgar, também, sem perderem o ritmo, todos através das espigas e na direção do distante forte.

O seu irmão mais velho, Raymond, cavalgava ao seu lado.

"Sabes que a lei está do lado dele", ele gritou. "Ele é um nobre e ela é solteira – pelo menos por agora."

Royce acenou de volta.

"Se invadirmos o forte e pedirmos para eles a deixarem voltar, eles vão recusar", Raymond acrescentou. "Não temos base legal para exigir que a devolvam."

Royce rangeu os dentes.

"Eu não vou pedir para eles a deixarem voltar", ele respondeu. "Eu vou tirá-la de lá."

Loren abanava a cabeça enquanto cavalgava ao lado deles.

"Nunca vais conseguir passar por aquelas portas", ele gritou. "Um exército profissional espera por ti. Cavaleiros. Armamento. Portões". Ele abanou a cabeça novamente. "E mesmo que conseguisses, de alguma forma, passar por eles, mesmo que conseguisses resgatá-la, eles não a iriam libertar. Eles vão perseguir-te e matar-te."

"Eu sei", respondeu-lhe Royce.

"Meu irmão," disse Garet. "Eu adoro-te. E adoro Genevieve. Mas isto vai significar a tua morte. A morte de todos nós. Deixa-a ir. Não há nada que possas fazer."

Royce conseguia ouvir o quanto os seus irmãos se importavam com ele, o que agradecia – mas ele não podia permitir-se a ouvir aquilo. Aquela era a sua noiva e, independentemente do que estivesse em jogo, ele não tinha escolha. Ele não podia abandoná-la, mesmo que isso significasse a sua morte. Era assim que ele era.

Royce esporeou o seu cavalo com mais força, não querendo ouvir mais, galopando mais rapidamente pelos campos, em direção ao horizonte, em direção à extensa cidade, onde estava o forte de Manfor. Na direção do que certamente iria ser a sua morte.

Genevieve, pensou Royce. Eu vou salvar-te.

*

Royce cavalgou com toda a sua veemência pelos campos, com os seus três irmãos ao seu lado, subindo a última colina e, depois, avançando para a extensa cidade que ficava lá em baixo. No seu centro havia um enorme forte, a casa da Câmara dos Nors, os nobres que governavam a sua terra com um punho de ferro, que haviam tirado tudo à sua família, exigindo dízimo após dízimo de tudo o que eles cultivavam. Eles tinham conseguido manter os camponeses pobres durante gerações. Eles tinham dezenas de cavaleiros à sua disposição, de armadura completa, com armas reais e cavalos reais; eles tinham grossas paredes de pedra, um fosso, uma ponte e eles vigiavam a cidade como uma mulher ciumenta, sob o pretexto de manter a lei e a ordem – mas na verdade apenas para lhes sacarem tudo.

Eles faziam a lei. Eles aplicavam as cruéis leis que lhes eram passadas por todos os nobres de todo o território, leis que só os beneficiavam a eles. Eles funcionavam sob o disfarce de oferecer proteção, mas todos os camponeses sabiam que apenas precisavam de ser protegidos dos próprios nobres. O reino de Sevania, afinal de contas, era um reino seguro, isolado de outros territórios por água dos três lados, no extremo norte do continente Alufen. Um forte oceano, rios e montanhas eram as suas grossas paredes de segurança. O território não era invadido há séculos.

O único perigo e tirania vinha lá de dentro, da aristocracia nobre e do que eles sugavam dos pobres. De pessoas como Royce. Já nem os bens eram suficientes, eles tinham de ter as suas esposas também.

O pensamento trouxe cor às bochechas de Royce. Ele baixou a cabeça e preparou-se ao agarrar com mais força a sua espada.

"A ponte está para baixo!", Raymond gritou. "A grade de ferro do forte está aberta!"

Royce reparou nisso ele próprio e considerou isso um sinal encorajador.

"Claro que está!", Lofen respondeu. "Achas realmente que eles estão à espera de um ataque? Ainda por cima nosso?"

Royce cavalgou mais rápido, grato pela companhia dos seus irmãos, sabendo que todos os seus irmãos tinham um sentimento tão forte por Genevieve quanto ele. Ela era como uma irmã para eles e uma afronta a Royce era uma afronta a todos eles. Ele olhou em frente e sobre a ponte levadiça viu alguns dos cavaleiros do castelo, sem entusiasmo a olharem para os pastos e campos que rodeavam a cidade. Eles não estavam preparados. Eles não eram atacados há séculos e não tinham nenhum motivo para esperar serem naquele momento.

Royce puxou da espada com um toque diferenciado, baixou a cabeça e ergueu a espada. O som das espadas ecoou no ar quando os seus irmãos puxaram das suas, também. Royce saiu primeiro para a frente para assumir a liderança, querendo ser o primeiro na batalha. O seu coração batia com a excitação e medo, não medo por ele mesmo, mas por Genevieve.

"Vou entrar, encontrá-la e sair!", Royce gritou para os seus irmãos, formulando um plano. "Vocês ficam todos fora do perímetro. Esta é a minha luta."

"Não vamos deixar que entres sozinho!", Garet respondeu.

Royce sacudiu a cabeça, inflexível.

"Se algo correr mal, não quero que vocês paguem o preço", ele gritou. "Fiquem aqui e distraiam aqueles guardas. Isso é o que eu mais preciso."

Ele apontou com a sua espada para uma dúzia de cavaleiros que estavam na guarita ao lado do fosso. Royce sabia que, assim que ele cavalgasse por cima da ponte, eles iriam reagir; mas se os seus irmãos os distraíssem, talvez desse para os manter alheios apenas o tempo suficiente para Royce entrar e encontrá-la. Ele calculava que apenas precisava era de uns minutos. Se ele conseguisse encontrá-la depressa, poderia agarrar nela rapidamente, fugir e ver-se livre daquele lugar. Ele não queria matar ninguém se o conseguisse evitar; ele nem sequer queria magoá-los. Ele só queria a sua noiva de volta.

Royce baixou a cabeça, galopando tão rápido quanto conseguia, tão rápido que ele mal conseguia respirar, com o vento a bater-lhe no seu cabelo e rosto. Ele aproximou-se da ponte, a trinta, a vinte, a dez jardas de distância, ouvindo o som do seu cavalo e o seu batimento cardíaco. Sentia-se inquieto ao cavalgar, percebendo o quão louco aquilo era. Ele estava prestes a fazer o que a classe camponesa nunca sonhara fazer: atacar a aristocracia. Era uma guerra que possivelmente não conseguiria ganhar e uma maneira certa de ser morto. Mas, no entanto, a sua noiva estava por detrás daquelas portas e isso era o suficiente para ele.

Royce estava tão perto agora, a apenas a algumas jardas de alcançar a ponte. Olhou para cima e viu os olhos dos cavaleiros arregalarem-se de surpresa e a ficarem atrapalhados com as armas, apanhados de surpresa, claramente não estando à espera de nada daquilo.

A sua reação tardia era exatamente o que Royce precisava. Ele correu para a frente e, quando eles levantaram as suas alabardas, baixou a espada e, apontando para os fustes, cortou-os ao meio. Ele golpeava de um lado para o outro, destruindo as armas dos cavaleiros que estavam em ambos os lados da ponte, com cuidado para não os magoar se tal não fosse necessário. Ele só queria desarmá-los e não propriamente envolver-se num combate.

Royce ganhou velocidade, incitando o seu cavalo. Cavalgava cada vez mais rápido, usando o seu cavalo como uma arma, embatendo nos restantes guardas com força suficiente para atirá-los para o ar, na sua armadura pesada, por cima da ponte estreita e fazendo-os cair no fosso de água abaixo. Seria preciso algum tempo para que eles conseguissem de lá sair, Royce apercebeu-se. E esse era todo o tempo que ele precisava.

Atrás dele, Royce ouvia os seus irmãos ajudando à sua causa; do outro lado da ponte eles cavalgaram para a guarita, golpeando os guardas, desarmando-os antes de eles terem qualquer hipótese de se reagruparem. Eles conseguiram bloquear e barrar a guarita, mantendo os desconcertados cavaleiros desprevenidos e dando a Royce a cobertura de que precisava.

Royce baixou a cabeça e avançou para a grade de ferro, que estava aberta, cavalgando mais rápido e vendo que ela começava a baixar. Ele baixou a cabeça e conseguiu passar rapidamente pelo arco aberto exatamente antes de a grade se fechar de uma vez por todas.

Royce entrou no pátio interno, com o coração aos pulos. Fez um balanço, olhando ao redor. Ele nunca tinha estado lá dentro e estava desorientado, encontrando-se cercado por grossas paredes de pedra por todos os lados, com vários andares de altura. Servos e pessoas comuns movimentavam-se de um lado para o outro, carregando baldes de água e outros produtos. Felizmente, nenhum cavaleiro o aguardava. Claro, eles não tinham nenhum motivo para esperar um ataque.

Royce examinou as paredes, desesperado por qualquer sinal da sua noiva.

No entanto, ele não encontrou nenhum. Ele entrou em pânico. E se eles a tivessem levado para outro lugar?

"GENEVIEVE!", gritou ele.

Royce olhava para todos os lados, freneticamente a girar no seu cavalo que relinchava. Ele não fazia a mínima ideia para onde olhar e não tinha nenhum plano. Ele não tinha sequer pensado que conseguiria chegar tão longe.

Royce atormentava o seu cérebro, precisando pensar novamente. Os nobres provavelmente viviam lá em cima, ele imaginou, longe do mau cheiro, das multidões, onde o vento e a luz do sol eram fortes. Naturalmente, seria para ai que eles levariam Genevieve.

Aquele pensamento enraiveceu-o.

Forçando-se a controlar as suas emoções, Royce esporeou o seu cavalo e galopou pelo pátio, passando por servos em choque que paravam e olhavam, largando o trabalho à sua passagem. Ele viu uma grande escadaria de pedra, em espiral, do outro lado e cavalgou até lá, desmontando do cavalo ainda antes de ele parar, correndo a grande velocidade pelas escadas acima. Ele correu espiral acima sem parar, subindo lance após lance. Ele não tinha ideia para onde estava a ir, mas imaginava ter quando chegasse ao topo.

Royce finalmente saiu da escadaria no patamar mais alto, respirando com dificuldade.

"Genevieve!", ele gritou, esperando, rezando por uma resposta.

Não havia nenhuma. O seu pavor aprofundava-se.

Ele escolheu um corredor e correu por ele fora, rezando para que aquele fosse o caminho certo. Ao passar a correr, um homem, de repente, abriu uma porta e espreitou. Era um nobre, um homem baixo e gordo, com um nariz largo e cabelo fino.

Ele fez má cara para Royce, claramente por ver o seu traje de camponês; ele torceu o nariz como se algo desagradável o tivesse invadido.

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