Para Sempre e Um Dia - Софи Лав 3 стр.


Emily percebeu então que essa era a razão para aqueles meses a mais de angústia pelos quais passou depois que soube que o pai ainda estava vivo e entrou em contato com ele. Seu pai não estava ignorando-a ou evitando-a, ele simplesmente não tinha visto o e-mail.

“Verdade?” ela perguntou com voz tensa, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. “Você realmente veio aqui assim que viu que eu tinha entrado em contato?”

“Sim”, respondeu Roy, quase num sussurro. Suas próprias lágrimas começaram a cair novamente. “Eu tenho esperado e desejado e sonhado que você entrasse em contato. Imaginei que um dia você voltaria a este lugar, quando estivesse pronta. Mas eu também sabia que você estaria com raiva de mim. Eu queria que o primeiro passo fosse seu. Queria que você fizesse contato comigo porque eu não queria me intrometer em sua vida. Se você tivesse seguido em frente sem mim, eu achava que seria melhor deixar como estava”.

“Ah, pai”, Emily falou, com a voz embargada.

Algo finalmente foi liberado dentro de Emily. Esta última confissão de seu pai era o que ela precisava saber o tempo todo. Que ele estava esperando por ela para entrar em contato. Ele não estava evitando-a, se escondendo, ele tinha deixado pistas, migalhas, confiando que assim que ela reunisse todas as peças daquele quebra-cabeça, tomaria sua própria decisão sobre perdoá-lo ou não e permitir que ele voltasse para a sua vida.

Ela se levantou para abraçá-lo. Soluçou contra o ombro do pai, soluços profundos que sacudiam seu corpo. Roy a abraçou forte, tremendo também, com imensa tristeza.

“Me desculpe”, ele falou, com a voz abafada pelo cabelo dela. “Eu sinto muito, mesmo”.

Ficaram assim por muito tempo, abraçados, derramando cada lágrima que precisavam, espremendo até a última gota de dor. Por fim, o choro cessou. Veio o silêncio. “Você quer me perguntar mais alguma coisa?” Roy finalmente falou baixinho. “Eu não vou mais guardar segredos. Não esconderei nada”.

Emily se sentiu exausta de tanta emoção. Sentia o peito de seu pai subir e descer a cada respiração profunda que ele tomava. Ela estava tão cansada que podia adormecer ali mesmo em seus braços. Mas, ao mesmo tempo, ainda tinha um milhão de perguntas importunando sua mente, mas uma mais que todas as outras. “Sobre a noite em que Charlotte morreu ...” ela começou. “Mamãe me contou algumas coisas, mas ela só me deu um lado da história. O que aconteceu?”

Os braços de Roy se apertaram ao redor dela. Emily sabia que era difícil para ele se lembrar daquela noite, mas ela queria desesperadamente saber a verdade, ou pelo menos a versão dele. Talvez fosse capaz de juntar as três partes – a de Patrícia, a de Roy, a sua – e criar algo que fizesse sentido.

“Eu havia trazido vocês para passar o Dia de Ação de Graças e o Natal aqui. As coisas não estavam indo bem com sua mãe, então ela ficou em casa. Mas aí vocês duas pegaram uma gripe.

“Acho que me lembro”, disse Emily. Ela se lembrou de quando teve febre. “O cachorro de Toni, Perséfone, estava lá. Eu desmaiei no corredor”.

Roy assentiu, mas parecia envergonhado. Emily sabia o porquê; esse tinha sido um ponto decisivo em seu caso com Toni, o ponto em que ele tinha sido descarado a ponto de fazer com que a vida de sua amante e de suas filhas se cruzassem.

“Você se lembra de sua mãe aparecer sem avisar?”, Disse Roy.

Emily sacudiu a cabeça.

“Ela veio cuidar de você, já que você estava muito doente”.

“A mamãe nunca foi disso”, disse Emily.

Roy riu. “Não, é verdade. Talvez fosse uma desculpa. Ela suspeitava que eu estava tendo um caso e foi a maneira que encontrou de vir sem avisar e me pegar no flagra”.

Emily assentiu levemente. Esse era mais o estilo da sua mãe.

“Sua memória deve ter bloqueado a discussão, porque eu tenho certeza que nós gritamos tão alto que podíamos ser ouvidos até no porto”. Ele deu de ombros. “Eu não sei se foi isso que acordou Charlotte. Ela estava tomando um remédio que a deixava tonta. Vocês duas estavam. Mas ela acordou e eu suponho que tenha ficado confusa nos procurando, ou estava apenas se sentindo mal e sob efeito da medicação. Acabou indo para o prédio anexo, onde estava a piscina. Suponho que você já saiba do resto”.

Emily sabia. Mas não tinha percebido como seu papel havia sido pequeno naquilo tudo. Ela não tinha culpa por não ter acordado quando Charlotte despertou, e não tinha culpa por não ter impedido a irmã de vagar sem rumo. Também não era culpada por falar sobre a nova piscina com tanto entusiasmo e por plantar na mente de sua irmã a curiosidade de vê-la. Ela estava doente, confusa, possivelmente até aterrorizada com a briga de seus pais. Nada disso tinha sido sua culpa. Nem um pouco.

Emily sentiu uma repentina sensação de alívio. Peso que ela nem tinha percebido que carregava sobre os ombros. Havia se apegado à culpa pela morte de Charlotte, mesmo depois de sua mãe ter esclarecido que ela não era culpada. Agora sentia como se seu pai tivesse lhe dado permissão para abandonar esse pesar.

Ela se aconchegou nele, sentindo uma nova sensação de paz.

Nesse momento, a quietude foi interrompida pelo som de leves batidas na porta. Daniel apareceu, tímido.

“Daniel, entre” disse Emily, chamando-o. Ela o queria perto, agora que ela e seu pai tinham colocado tudo para fora. Precisava do seu apoio.

Ele veio e se sentou na beira do sofá em frente a eles. Emily enxugou as lágrimas, mas continuou agarrada ao pai, encolhida como uma criança ao lado dele no sofá.

“Alguém precisa de alguma coisa?” Daniel perguntou suavemente. “Um lenço? Uma bebida forte?” Era exatamente o que o momento precisava para cortar a atmosfera pesada. Emily soltou uma risada. Ela sentiu a barriga de Roy reverberar com uma risada também.

“Eu aceito uma bebida”, disse ela. “Eu também aceito”, respondeu Roy. “O bar está abastecido?”

Daniel assumiu a liderança. "Está. Vamos. Lá é fantástico. Eu vou fazer alguns drinques pra gente.

Emily hesitou. “Pai, acha que é uma boa ideia?”

“Por que não seria?” Roy replicou, confuso.

Emily baixou a voz. “Por causa de seu problema com a bebida”.

Roy pareceu surpreso. “Que problema?” Então, seu rosto ficou pálido. “Patricia te falou que eu era um alcoólatra?”

“Você era um alcoólatra”, Emily respondeu. “Eu me lembro de você bebendo. O tempo todo.”

“Eu bebia muito”, admitiu Roy. “Nós dois bebíamos, sua mãe e eu. Essa era uma das razões pelas quais nosso relacionamento era tão volátil. Mas eu não era alcoólatra.”

“E quanto às gemadas que você tomava no café da manhã, no Natal?”, ela perguntou, lembrando-se de como seu pai tinha ficado irritado quando ela derrubou sua bebida.

“Isso era só no Natal!” exclamou Roy.

Outra parte do passado de Emily se refez. Ela foi enganada pela versão amarga e distorcida dos eventos dada por Patrícia, que obscureceu suas próprias lembranças do pai. Sentiu uma onda de fúria por sua mãe ter transformado Roy no vilão da experiência mais traumática de sua vida.

Entraram no bar secreto e se sentaram. Daniel começou a trabalhar nos coquetéis.

“Temos nosso próprio barman, que trabalha à noite”, explicou ele a Roy. “Alec. Ele é fantástico. Pelo menos, melhor que eu”.

Ele serviu uma margarita para cada. Roy tomou um gole.

“Está incrível”, disse ele. Então, um pouco tímido, acrescentou: “Você se tornou um jovem bom e educado”.

Emily sentiu o coração disparar. Ela sorriu, exultante finalmente, sentindo que tudo estava perfeito.

“Agradeço a você por isso”, respondeu Daniel, timidamente, sem olhar nos olhos de Roy. “Por me ensinar coisas que eu gostava. Pescaria. Vela”.

“Você ainda navega?”, perguntou Roy.

“Eu tenho um barco no porto. Restaurado graças a Emily. Gostamos de passear juntos de barco. Chantelle adora. Ela pesca muito bem”.

“Eu ainda navego muito também”, disse Roy. “Quando não estou trabalhando em um relógio, passo meu tempo no barco. Ou no jardim”.

“Você se lembra daquele dia em que me ensinou a cultivar uma horta?”, Perguntou Daniel.

“É claro”, respondeu Roy. Ele sorriu, relembrando. “Eu nunca vi um jovem tão rebelde e desleixado trabalhar tanto com uma pá”.

Daniel riu. “Eu estava ansioso por aprender”, disse ele. “Aproveitar a oportunidade. Mesmo que por fora parecesse que eu odiava o mundo”.

Emily achou estranho vê-los brincando e rindo. Havia muito menos mágoa entre os dois. Pareciam amigos. Daniel era eternamente grato pelo homem que lhe deu uma chance quando ele mais precisava, ainda que o mesmo homem tivesse desaparecido para ele também. Talvez tenha sido uma surpresa para Emily perceber o quão próximos eles já foram, sabendo, também, que o verão que passaram juntos fora um verão em que ela e o pai tinham passado separados.

O telefone dela tocou e ela viu uma mensagem de Amy, sobre a hora em que chegariam naquela tarde. Ela e Jayne tinham alguns negócios urgentes para resolver antes de ir, então chegariam mais tarde do que o planejado. Emily se sentiu culpada por ter esquecido completamente que as amigas estavam a caminho. Ficou tão envolvida com o pai que tudo o mais sumiu de sua mente.

Ela mandou uma mensagem de volta e depois voltou sua atenção para seu pai e Daniel. Eles estavam rindo mais uma vez, despreocupados.

“Estou tão feliz que o barco conseguiu suportar”, Daniel estava falando. “Quem diria que o tempo ficaria assim? Uma tempestade no meio do verão.”

“Foi falta de sorte” respondeu Roy. “Considerando que era o seu primeiro passeio de barco.”

“Bem, eu tive o melhor professor, então não estava com tanto medo.” Ele sorriu, seus olhos mergulhados na lembrança. “Obrigado por me ensinar sobre os barcos, a água e a vela. Eu não posso imaginar minha vida sem eles agora.”

Emily assistia enquanto Roy sorria junto com Daniel. Agora que havia liberado sua raiva, sentia uma enorme sensação de paz, de clareza. Deveria ter sido sempre assim. Seu pai conversando com seu noivo, desfrutando da companhia um do outro, ansioso para logo se tornar parte da mesma família.

Pode ter demorado um pouco, mas ela faria todo o possível para aproveitar essa nova fase.


*

Enquanto a noite avançava, Daniel fez outra rodada de coquetéis. Ele colocou um copo na frente de Emily, no momento em que seu telefone tocou.

“É Amy. Melhor eu atender”, disse ela.

“Amy? Do colégio?” perguntou Roy, levantando uma sobrancelha.

Emily assentiu. “Ainda somos amigas”, informou a ele. “Ela é minha dama de honra. Está ajudando muito com preparativos para o casamento”.

Emily saiu do bar para atender a ligação.

“Amiga, desculpe”, Amy começou. “A ligação demorou séculos e agora estamos exaustas demais para dirigir. Vamos ter que passar a noite aqui. Não nos odeie”.

“Tudo bem”, Emily disse, secretamente aliviada por suas amigas não interromperem o reencontro com seu pai.

“Vamos sair logo de manhã”, Amy acrescentou.

“Sinceramente, Amy, tudo bem”, “De todo modo, surgiram algumas novidades por aqui”.

“Que novidades? Sobre o casamento? Daniel? Sheila?” ela parecia preocupada.

“Não é nada disso”, explicou Emily. Então ela respirou fundo. “Amy, meu pai voltou”.

Houve um silêncio prolongado. “O quê? Como? Você está bem?”

Emily não sabia como responder, e realmente não queria entrar entrar em detalhes agora. Ainda não tinha absorvido tudo completamente. Precisava de tempo para “desembaraçar” suas emoções e compreender tudo.

“Estou bem. Falamos sobre isso quando vocês chegarem aqui.”

Amy não parecia convencida. “Ok. Mas se precisar de alguém para conversar, me ligue imediatamente. Te vejo amanhã.”

Emily terminou a ligação e voltou para o bar, para o riso alegre de Roy e Daniel. Velhos amigos do peito juntos novamente.

“Bem”, disse Roy, bebendo o resto do drinque. “Acho que é hora de eu dar o fora. Parece que você tem hóspedes para atender”.

Emily sentiu pânico ao pensar em Roy indo embora. “Eu tenho funcionários, eles estão cuidando de tudo. É bom para nós passarmos tempo juntos. Você não precisa ir.”

Roy notou que ela parecia apavorada. “Eu só quis dizer que talvez seja hora de me deitar. Dormir.”

“Quer dizer que vai ficar?” Emily disse, surpresa. “Aqui?”

“Se você tiver espaço.” Roy disse humildemente. “Eu não quero incomodar”.

“Claro que tem!” Emily exclamou. “Quanto tempo você planeja ficar?”

“Até o casamento, se não for um problema. Eu poderia ajudar um pouco com os preparativos, se necessário”.

Emily ficou surpresa. Não só seu pai estava aqui, como até estava planejando ficar por mais de uma semana! Realmente foi um sonho tornado realidade.

“Isso seria maravilhoso”, disse ela.

Subiram e instalaram Roy no quarto ao lado do escritório. Emily sabia que ele iria querer entrar lá em algum momento, provavelmente sozinho.

“Este quarto está bom?” ela perguntou. “Ah, sim. É muito bonito”, respondeu Roy.” Ao lado da minha escada secreta.”

Emily franziu a testa. “Sua o quê?”

“Não me diga que você não a encontrou”, disse Roy. Havia um brilho travesso em seus olhos, revelando seu flerte com a loucura, a espiral descendente que havia transformado sua natureza brincalhona, que gostava de mapas do tesouro, em um sigilo sombrio e cofres fechados com combinações ocultas.

“Você quer dizer a escada até a plataforma do telhado?” Emily perguntou. “Encontrei essa. Mas fica no terceiro andar”.

Então, Roy bateu palmas, subitamente entusiasmado. “Você nunca achou! A escada dos criados”.

Emily balançou a cabeça. “Mas eu vi as plantas da casa inteira. Seu bar secreto era o último cômodo escondido daqui”.

“Se algo está na planta, não está escondido!” exclamou Roy.

“Mostre-nos”, disse Daniel. Ele parecia animado, como quando o bar foi descoberto.

Roy levou-os ao seu escritório. “Você nunca se perguntou por que havia uma chaminé nessa parede?” Ele bateu, revelando um som oco. “Todas as outras chaminés ficam nas paredes externas. Esta é interna.”

“Nunca passou pela minha cabeça”, disse Emily.

“Bem, está aqui atrás”, disse Roy. “Se você não se importa, poderia me ajudar aqui, Daniel?”

Daniel prontamente obedeceu. Eles removeram o que Emily agora via ser uma parede falsa, forrada com papel de parede para se misturar ao resto da sala. E lá estava. Uma escada. Simples, não particularmente bonita de se ver, mas capaz de entusiasmá-los apenas por existir.

“Eu não posso acreditar”, disse Emily, entrando. “Foi por isso que você escolheu este cômodo como seu escritório?”

“É claro”, respondeu Roy. “As escadas eram um atalho para os criados chegarem aos dormitórios sem serem vistos pelas pessoas da casa. Só vai daqui para o porão, onde os empregados dormiam antigamente.”

“E esta é a única maneira de entrar”, Emily afirmou, percebendo agora por que ela não tinha encontrado. O porão ainda continha cômodos inexplorados por ela, e o escritório de seu pai era o lugar no qual menos mexeu.

Roy assentiu. “Surpresa.”

Emily riu e sacudiu a cabeça. “Tantos segredos”.

Eles saíram do escritório e Roy entrou em seu quarto. Emily foi fechar a porta atrás dele, mas ele pegou sua mão e deu-lhe um beijo de boa noite.

Emily parou, atordoada. Seu pai não a beijava há anos, mesmo antes de ter saído de sua vida.

“Boa noite, pai”, ela disse apressadamente.

Fechou a porta e correu para seu quarto. Uma vez em segurança, Daniel imediatamente a envolveu em um abraço muito necessário.

“Como você está aguentando?” ele perguntou suavemente, gentilmente balançando-a em seus braços.

“Eu não posso acreditar que ele está aqui”, gaguejou. “Continuo pensando que isso é um sonho.”

“Sobre o que vocês conversaram?”

“Sobre tudo. Quer dizer, eu sei que ainda estou processando as coisas, mas foi catártico. Sinto que podemos esquecer toda a dor do passado e começar de novo.”

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