Morte e um Cão - Грейс Фиона 5 стр.


"Você quer dizer o sextante?" ela perguntou, franzindo a testa, confusa, sem saber o que uma loira tola como Daisy iria querer com um sextante antigo.

"É isso aí!" Daisy exclamou. "Um sextante".

Buck gargalhou. Obviamente, ele achava o nome divertido.

"Você não tem sextante suficiente em casa?" ele brincou.

Daisy riu, mas pareceu um riso forçado para Lacey, como se ela não estivesse realmente achando engraçado e mais como se estivesse apenas sendo condescendente.

Já Lacey não estava achando aquilo nada divertido. Ela cruzou os braços e ergueu as sobrancelhas.

"Receio que o sextante não esteja à venda", explicou, mantendo o foco em Daisy e não em Buck, que estava tornando muito difícil para ela permanecer educada. "Todos os meus itens náuticos serão leiloados amanhã, por isso, não estão à venda dessa forma".

Daisy esticou o lábio inferior. "Mas eu quero. Buck pagará o dobro do valor. Não é, Bucky?" Ela puxou o braço dele.

Antes que Buck tivesse a chance de responder, Lacey interveio. "Não, desculpe, isso não é possível. Não sei quanto vou obter com a venda. Esse é o objetivo do leilão. É uma peça rara, e virão especialistas de todo o país apenas para dar seus lances. O preço pode chegar a qualquer valor. Se eu o vender para você agora, posso perder dinheiro e, como o lucro vai para a caridade, quero garantir o melhor negócio".

Um sulco profundo apareceu na testa de Buck. Naquele momento, Lacey se sentiu ainda mais consciente do tamanho e largura do homem. Ele tinha mais de um metro e oitenta e era mais largo do que duas dela juntas, parecendo um grande carvalho. Ele era intimidante, tanto em termos de tamanho quanto de atitude.

"Você não acabou de ouvir o que minha esposa disse?" ele rosnou. "Ela quer comprar sua bugiganga, então por favor, diga seu preço".

"Eu a ouvi", respondeu Lacey, mantendo-se firme. "Sou eu quem não está sendo ouvida. O sextante não está à venda".

Ela parecia muito mais confiante do que se sentia. Um pequeno som de alarme no fundo de sua mente começou a tocar, dizendo-lhe que ela estava mergulhando de cabeça em uma situação perigosa.

Buck deu um passo à frente, estendendo sua sombra sobre ela. Chester deu um pulo e rosnou em resposta, mas Buck não ficou nem um pouco perturbado e apenas o ignorou.

"Você está se recusando a fazer uma venda?" ele perguntou. "Isso não é ilegal? Nosso dinheiro não é bom o suficiente para você?" Ele puxou uma pilha de cédulas do bolso e a agitou sob o nariz de Lacey de uma maneira ameaçadora. "As notas têm o rosto da rainha e tudo. Não é o suficiente para você?"

Chester começou a latir furiosamente. Lacey fez um sinal com a mão para ele parar e ele obedeceu, mas ainda manteve sua posição, como se estivesse pronto para atacar no segundo em que ela lhe desse permissão.

Lacey cruzou os braços e encarou Buck, ciente de cada centímetro da sombra dele que pairava sobre ela, mas determinada a se manter firme. Ela não seria obrigada a vender o sextante. Não deixaria que aquele homem imponente a intimidasse e estragasse o leilão pelo qual ela havia trabalhado tanto e pelo qual estava ansiosa.

"Se você quiser comprar o sextante, precisará ir ao leilão e fazer uma oferta", disse ela.

"Ah, eu vou", disse Buck, estreitando os olhos. Ele apontou o dedo bem no rosto de Lacey. "Pode apostar que eu vou. Marque minhas palavras. Buckland Stringer vai ganhar".

Com isso, o casal saiu, desaparecendo da loja tão rápido que praticamente deixou uma turbulência em seu rastro. Chester correu para a vitrine, apoiou as patas dianteiras contra o vidro e rosnou para eles pelas costas. Lacey também ficou observando-os se afastar, até ficarem fora de vista. Foi só então que ela percebeu o quanto seu coração estava acelerado e o quanto suas pernas tremiam. Ela agarrou a bancada para se firmar.

Tom estava certo. Ela havia desafiado o azar ao dizer que o casal não tinha motivos para ir à sua loja. Mas poderia ser perdoada por imaginar que não havia nada de interesse para eles lá. Ninguém seria capaz de dizer, olhando para ela, que Daisy tinha algum desejo de possuir um antigo sextante da marinha!

"Ai, Chester", disse Lacey, apoiando a testa no punho. "Por que eu contei a eles sobre o leilão?"

O cachorro choramingou, percebendo a nota de pesar no seu tom.

"Agora eu vou ter que aturá-los amanhã também!" ela exclamou. "E qual é a probabilidade de eles saberem alguma coisa sobre etiqueta em um leilão? Vai ser um desastre".

E, num instante, seu entusiasmo pelo leilão de amanhã foi apagado como uma chama entre as pontas dos dedos. Em seu lugar, Lacey sentiu apenas pavor.

CAPÍTULO QUATRO

Após o encontro com Buck e Daisy, Lacey não via a hora de fechar a loja e ir para casa. Tom iria cozinhar naquela noite, e ela estava ansiosa para se aconchegar nele no sofá com uma taça de vinho, enquanto assistiam a um filme. Mas ela ainda tinha que fazer o balanço da máquina registradora, arrumar alguns itens do estoque, varrer o chão e limpar a cafeteira… Não que Lacey estivesse reclamando. Ela adorava sua loja e tudo o que envolvia cuidar dela.

Quando finalmente terminou, ela se dirigiu para a saída com Chester a reboque, notando que os ponteiros do relógio de ferro haviam chegado às 19h e lá fora estava escuro. Era primavera e, apesar dos dias estarem mais longos, Lacey ainda não havia desfrutado de nenhum deles. Mas ela podia sentir a mudança no ar; a cidade parecia mais vibrante e muitos dos cafés e pubs permaneciam abertos por mais tempo, com as pessoas sentadas nas mesas do lado de fora, bebendo café e cerveja. Dava ao local uma atmosfera festiva.

Lacey trancou sua loja. Ela se tornou extra cuidadosa desde o arrombamento, mas mesmo que aquilo nunca tivesse acontecido, ela agiria assim, porque a loja parecia sua filha agora. Era uma coisa que precisava ser nutrida, protegida e bem cuidada. Em tão pouco espaço de tempo, ela se apaixonou completamente pelo lugar.

"Quem diria que você poderia se apaixonar por uma loja?" ela pensou em voz alta, suspirando profundamente, satisfeita pelo rumo que sua vida havia tomado.

Ao lado dela, Chester choramingou.

Lacey deu uma batidinha na cabeça dele. "Sim, eu também amo você, não se preocupe!"

À menção da palavra amor, ela se lembrou dos planos que tinha com Tom para aquela noite e olhou para a confeitaria.

Para sua surpresa, ela viu que todas as luzes estavam acesas. Era muito estranho. Tom tinha que abrir sua loja num horário desumano: às cinco da manhã, para garantir que tudo estivesse pronto para o grande número de clientes que vinham tomar café da manhã às sete, o que significava que ele geralmente fechava às cinco da tarde em ponto. Mas eram 19h, e ele claramente ainda estava lá dentro. A placa-sanduíche ainda estava na rua. O aviso na porta ainda estava virado para aberto.

"Vamos lá, Chester", disse Lacey ao seu companheiro peludo. "Vamos ver o que está acontecendo".

Atravessaram a rua juntos e entraram na confeitaria.

Imediatamente, ela ouviu uma espécie de comoção vindo da cozinha. Pareciam os sons habituais de panelas e frigideiras, mas em ritmo muito acelerado.

"Tom?" ela chamou, um pouco nervosa.

"Ei!" apenas a voz dele veio da cozinha, nos fundos. Ele usou seu tom normal, bem-humorado.

Agora que Lacey sabia que ele não estava sendo assaltado por um ladrão de macarons, ela relaxou e sentou no banquinho de sempre, enquanto o barulho continuava.

"Está tudo bem aí atrás?" ela perguntou.

"Tudo!" Tom gritou em resposta.

Um momento depois, ele finalmente apareceu pelo arco na entrada da cozinha. Estava usando o avental, que, assim como suas roupas por baixo e seus cabelos, estava coberto de farinha de trigo. "Houve um pequeno desastre".

"Pequeno?" Lacey zombou. Agora que sabia que Tom não estava lutando contra um intruso na cozinha, ela podia apreciar o humor da situação.

"Foi Paul, na verdade", começou Tom.

"O que ele fez agora?" perguntou Lacey, lembrando-se da vez em que o estagiário de Tom havia usado acidentalmente bicarbonato de sódio em vez de farinha de trigo em um lote de massa, inutilizando-a totalmente.

Tom levantou dois pacotes brancos quase idênticos. À esquerda, a etiqueta impressa desbotada dizia: açúcar. À direita: sal.

"Ah", disse Lacey.

Tom assentiu. "Sim. É a fornada de doces para o café de amanhã. Vou ter que refazer tudo ou enfrentar a ira dos clientes quando eles chegarem para o desjejum e descobrirem que não tenho nada para vender".

"Isso significa que nossos planos para esta noite estão cancelados?" perguntou Lacey. O humor que ela sentira momentos antes foi subitamente frustrado, substituído por uma pesada decepção.

Tom lançou-lhe um olhar de desculpas. "Eu sinto muito. Vamos reagendar. Pode ficar para amanhã? Eu vou até sua casa cozinhar para você".

"Amanhã eu não posso", respondeu Lacey. "Vou ter uma reunião com Ivan".

"A reunião sobre a venda do Chalé do Penhasco", disse Tom, estalando os dedos. "Claro. Eu lembro. Que tal quarta à noite?"

"Você não vai para aquele curso de focaccia na quarta-feira?"

Tom pareceu perturbado. Ele checou o calendário na parede e suspirou. "Ok, esse é na quarta-feira que vem". Ele riu. "Você me deu um susto. Ah, mas estou ocupado quarta-feira à noite, de toda forma. E quinta-feira…"

"…é o treino de badminton", Lacey terminou para ele.

"O que significa que estou livre na próxima sexta-feira. Pode ser sexta?"

Seu tom estava tão animado como sempre, observou Lacey, mas a atitude blasé dele ao cancelar seus planos juntos a magoou. Ele não parecia se importar com o fato de que talvez não tivessem um encontro romântico até o final de semana.

Embora Lacey soubesse muito bem que ela não tinha planos na sexta-feira, ainda se ouviu dizendo: "Vou ter que checar minha agenda e te aviso".

E, assim que as palavras saíram de seus lábios, uma nova emoção surgiu em seu estômago, misturando-se à decepção. Para surpresa de Lacey, a emoção era de alívio.

Alívio por ela não poder ter um encontro romântico com Tom por uma semana? Ela não conseguia entender de onde vinha o alívio, e isso a fez se sentir subitamente culpada.

"Claro", disse Tom, aparentemente sem notar. "Podemos deixar em aberto por enquanto e fazer algo especial da próxima vez, quando estivermos menos ocupados". Ele fez uma pausa aguardando a resposta dela e, como não veio, acrescentou: "Lacey?"

Ela voltou ao momento. "Sim, certo. Parece bom".

Tom se aproximou e apoiou os cotovelos no balcão, para que seus rostos ficassem nivelados. "Agora. Pergunta séria. Você tem algo para comer hoje à noite? Porque obviamente você estava esperando uma refeição saborosa e nutritiva. Tenho algumas tortas de carne que não vendi hoje, quer levar uma para casa?"

Lacey riu e bateu no braço dele. "Não preciso de suas doações, muito obrigada! Vou te mostrar que eu sei cozinhar de verdade!"

"Sério?" Tom provocou.

"Sou conhecida por fazer um ou dois pratos muito bem", disse Lacey. "Risoto de cogumelos. Paella de frutos do mar". Ela vasculhou a memória para achar mais uma coisa a acrescentar, porque todo mundo sabe que é preciso pelo menos três itens para fazer uma lista! "Hum… hum…"

Tom levantou as sobrancelhas. "E…?"

"Macarrão com queijo!" Lacey exclamou.

Tom riu com gosto. "É um repertório impressionante. No entanto, nunca vi nenhuma evidência para apoiar suas declarações".

Ele tinha razão. Até agora, Tom havia feito todas as refeições para os dois. Isso fazia sentido. Ele adorava cozinhar e tinha as habilidades necessárias para fazê-lo. As habilidades culinárias de Lacey não iam muito além de perfurar o filme plástico de uma refeição para o micro-ondas.

Ela cruzou os braços. "Na verdade, eu ainda não tive a chance", respondeu, usando o mesmo tom brincalhão e argumentativo de Tom, na esperança de esconder a irritação genuína que o comentário dele despertou nela. "O Excelentíssimo Chef de Confeitaria Estrela Michelin não confia em mim perto de um fogão".

"Devo aceitar isso como uma oferta?" Tom perguntou, mexendo as sobrancelhas.

Maldito orgulho, pensou Lacey. Ela havia caído como um patinho. Ótima forma de se enrolar.

"Pode apostar", disse ela, fingindo confiança. Em seguida, estendeu a mão para ele apertar. "Desafio aceito".

Tom olhou para a mão dela sem se mexer, torcendo os lábios para o lado. "Mas com uma condição".

"Ah? E qual é?"

"Tem que ser algo tradicional. Típico de Nova York".

"Nesse caso, você acabou de tornar meu trabalho dez vezes mais fácil", exclamou Lacey. "Porque isso significa que eu vou fazer pizza e cheesecake".

"Nada pode ser comprado pronto", acrescentou Tom. "Tudo tem que ser feito do zero. E sem receber nenhuma ajuda. Nada de pedir a massa a Paul".

"Ah, por favor", disse Lacey, apontando para o saco de sal descartado no balcão. "Paul é a última pessoa que eu chamaria para me ajudar a trapacear".

Tom riu. Lacey esticou sua mão estendida para mais perto dele. Ele assentiu, indicando que estava satisfeito por ela atender às condições, e então pegou a mão dela. Mas, em vez de apertá-la, ele lhe deu um pequeno puxão, aproximando-a e beijando-a sobre o balcão.

"Vejo você amanhã", murmurou Lacey, com o beijo dele ainda ecoando em seus lábios. "Pela vitrine, quer dizer. A menos que você tenha tempo para ir ao leilão".

"É claro que vou ao leilão", disse Tom. "Eu perdi o último. Preciso estar lá para apoiar você".

Ela sorriu. "Ótimo".

Lacey se virou e foi para a saída, deixando Tom com a bagunça em sua cozinha.

Assim que a porta da confeitaria se fechou atrás dela, Lacey olhou para Chester.

"Me meti em apuros", disse ela a seu cachorro perspicaz. "Realmente, você deveria ter me impedido. Puxado minha manga. Me cutucado com seu nariz. Qualquer coisa. Mas agora eu tenho que fazer pizza do zero. E um cheesecake! Droga". Ela arrastou os sapatos na calçada, fingindo frustração. "Vamos lá, teremos que fazer compras antes de ir para casa".

Lacey virou na direção oposta de sua casa e caminhou apressadamente pela rua principal em direção ao mercado (ou loja da esquina, como Gina insistia em chamá-lo). Enquanto seguia, ela escreveu uma mensagem no grupo Garotas da Família Doyle.

Alguém sabe como fazer cheesecake?

Certamente era o tipo de coisa que a mãe dela saberia fazer, certo?

Não demorou muito e ela ouviu o celular emitir um som com a resposta, verificando quem havia respondido. Infelizmente, foi sua sarcástica irmã caçula, Naomi.

Ninguém sabe, a irmã dela brincou. É por isso que todo mundo já compra pronto e evita o trabalho.

Lacey respondeu rapidamente . Isso não ajuda, mana.

A resposta de Naomi veio em velocidade extremamente rápida. Se você fizer perguntas estúpidas, espere respostas estúpidas.

Lacey revirou os olhos e se apressou.

Felizmente, quando ela chegou ao mercado, sua mãe respondeu com uma receita.

É da Martha Stewart, ela escreveu. Você pode confiar nela.

Confiar nela? Naomi rebateu. Ela não foi presa?

Sim, a mãe delas respondeu. Mas isso não teve nada a ver com a receita de cheesecake.

Touché, respondeu Naomi.

Lacey riu. Mamãe realmente superou Naomi!

Ela guardou o celular, amarrou a coleira de Chester ao redor do poste e seguiu para o interior do mercado, muito bem iluminado. Percorreu as prateleiras o mais rápido que pôde, enchendo sua cesta com tudo o que Martha Stewart disse que precisava, e então pegou um pacote de linguine pré-cozido, um pote de molho pronto (convenientemente localizado na geladeira ao lado), e um pouco de queijo parmesão ralado (localizado ao lado do molho), antes de finalmente pegar a garrafa de vinho sob a qual estava escrito: Vai muito bem com linguine!

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