Morte e um Cão - Грейс Фиона 6 стр.


Não admira eu nunca ter realmente aprendido a cozinhar, Lacey pensou. Olha só como eles tornam tudo fácil.

Ela foi até o caixa, pagou pelas mercadorias e depois saiu, pegando Chester na saída. Eles passaram por sua loja – ela notou que Tom estava exatamente onde ela o havia deixado – e pegaram o carro na rua lateral onde Lacey havia estacionado.

Foi uma curta viagem até o Chalé do Penhasco, ao longo da orla marítima e depois ao longo do penhasco. Chester ficou em alerta no banco do passageiro ao seu lado e, quando o carro subiu a colina, o chalé apareceu. Uma sensação de prazer surgiu dentro de Lacey. No chalé, ela realmente se sentia em casa. E, depois da reunião de amanhã com Ivan, ela provavelmente estaria um passo mais perto de se tornar sua dona oficial.

Naquele momento, ela notou o brilho de uma fogueira vindo da direção do chalé de Gina e decidiu passar direto pela sua casa e seguir pelo caminho esburacado de uma trilha até sua vizinha.

Enquanto parava o carro, pôde ver a mulher de pé com suas galochas ao lado do fogo, ao qual estava adicionando folhagem. A fogueira estava muito bonita sob a luz daquele crepúsculo primaveril.

Lacey tocou a buzina do carro e baixou o vidro.

Gina se virou e acenou. "Oiê, Lacey. Você precisa queimar alguma coisa?"

Lacey se inclinou pela janela sobre os cotovelos. "Não. Só queria saber se você precisa de alguma ajuda".

"Você não tem um encontro com Tom hoje à noite?" Gina perguntou.

"Eu tinha", Lacey disse a ela, sentindo aquela estranha mistura de decepção e alívio agitando seu estômago novamente. "Mas ele cancelou. Teve uma emergência na confeitaria".

"Ah", disse Gina. Ela jogou outro galho de árvore na fogueira, levantando faíscas vermelhas, alaranjadas e douradas no ar. "Bem, aqui está tudo sob controle, obrigada. A menos que você tenha alguns marshmallows que queira assar?"

"Droga, não, não tenho. Isso seria legal! E eu acabei de fazer compras no mercado!"

Ela decidiu culpar Martha Stewart e sua receita de cheesecake de baunilha extremamente sensata pela falta de marshmallows.

Lacey estava prestes a desejar boa noite a Gina e voltar com o carro pelo caminho que tinha vindo, quando sentiu Chester cutucando-a com o nariz. Ela se virou e olhou para ele. As sacolas que havia colocado no espaço para os pés dos passageiros se abriram e alguns dos itens haviam caído.

"Isso é uma boa ideia…" disse Lacey. Ela olhou pela janela novamente. "Ei, Gina. Que tal jantarmos juntas? Eu tenho vinho e macarrão. E todos os ingredientes para fazer o autêntico cheesecake nova-iorquino de Martha Stewart, se ficarmos entediadas e precisarmos de uma atividade".

Gina ficou animada. "Só o vinho já me convenceu!" ela exclamou.

Lacey riu. Ela se abaixou para pegar as sacolas de compras e ganhou outra cutucada do nariz úmido de Chester.

"O que é agora?" ela perguntou a ele.

Ele inclinou a cabeça para o lado, seus tufos macios de sobrancelha voando para cima.

"Ah. Entendi", disse Lacey. "Você está provando um argumento, não é, dizendo que deu tudo certo no final? Bem, vou te dar esse crédito".

Ele choramingou.

Ela riu e acariciou a cabeça dele. "Garoto esperto".

Lacey saiu do carro, Chester veio saltando atrás, e seguiram até a casa de Gina, desviando das ovelhas e galinhas espalhadas pelo lugar.

Elas entraram.

"Então, o que aconteceu com Tom?" Gina perguntou enquanto caminhavam ao longo do corredor de teto baixo em direção a sua cozinha rústica.

"Na verdade, foi Paul", explicou Lacey. "Ele misturou as farinhas ou algo assim".

Elas entraram na cozinha bem iluminada e Lacey colocou as sacolas no balcão.

"Já é hora dele despedir esse rapaz, Paul", disse Gina, estalando a língua.

"Ele é um estagiário", disse Lacey. "É normal que cometa erros!"

"Certo. Mas ele deveria aprender com eles. Quantas fornadas de massa ele arruinou até agora? E para impactar nos seus planos, realmente é a gota d’água".

Lacey sorriu com a frase divertida de Gina.

"Sinceramente, está tudo bem", disse ela, tirando todos os itens da sacola. "Eu sou uma mulher independente. Não preciso ver Tom todo dia".

Gina pegou duas taças de vinho e serviu uma para cada, depois começaram a fazer o jantar.

"Você não vai acreditar em quem entrou hoje na minha loja pouco antes da hora de fechar", disse Lacey, enquanto dava uma rápida mexida no macarrão, na panela de água fervente. As instruções diziam que não era necessário mexer durante os quatro minutos de cozimento, mas isso parecia preguiça demais, mesmo para Lacey!

"Não foram os americanos, né?" Gina perguntou, em um tom de repugnância, enquanto colocava o molho de tomate no microondas por dois minutos, para aquecer.

"Sim. Os americanos".

Gina estremeceu. "Oh, céus. O que eles queriam? Deixe-me adivinhar, Daisy queria que Buck lhe comprasse uma joia muito cara?"

Lacey despejou o macarrão em um escorredor e depois o dividiu entre duas tigelas. "Essa é a questão. Daisy realmente queria que Buck lhe comprasse algo. O sextante".

"O sextante?" Gina perguntou, enquanto jogava o molho de tomate em cima do macarrão, sem nenhuma elegância. "Aquele instrumento naval? Para que uma mulher como Daisy ia querer um sextante?"

"Não é? Foi exatamente o que eu pensei!" Lacey falou enquanto polvilhava raspas de queijo parmesão sobre o seu macarrão.

"Talvez ela o tenha escolhido aleatoriamente", Gina refletiu, entregando a Lacey um dos dois garfos que havia pego da gaveta de talheres.

"Ela foi muito específica sobre isso", continuou Lacey, levando a comida e o vinho para a mesa. "Ela queria comprá-lo e, é claro, eu disse que teria que ir ao leilão. Eu pensei que ela desistiria dele, mas não. Disse que estaria lá. Então agora eu tenho que aturar os dois novamente amanhã. Se ao menos eu tivesse guardado aquele negócio em vez de deixá-lo à vista pela vitrine durante o almoço!"

Lacey ergueu os olhos quando Gina se sentou do lado oposto, e notou que sua vizinha subitamente ficou muito perturbada. Ela também não parecia ter nada a acrescentar ao que Lacey havia dito, o que era extremamente incomum para a mulher, normalmente muito falante.

"O que foi?" perguntou Lacey. "O que há de errado?"

"Bem, fui eu quem a convenceu de que fechar a loja para o almoço não faria mal", murmurou Gina. "Mas fez. Porque deu a Daisy a chance de ver o sextante! É minha culpa".

Lacey riu. "Não seja boba. Vamos comer antes que esfrie e todo o nosso esforço seja desperdiçado".

"Espere. Precisamos de mais uma coisa". Gina foi até seus vasos de ervas alinhados no parapeito da janela e pegou algumas folhas de um deles. "Manjericão fresco!" Ela colocou um raminho em cada uma das tigelas de macarrão desajeitado e grudento. "Et voilà!"

Apesar de simples e barata, estava realmente uma refeição muito saborosa. Mas a maioria das refeições prontas são cheias de gordura e açúcar, por isso, tinha que estar!

"Eu sou uma substituta decente o bastante para Tom?" Gina perguntou, enquanto comiam e bebiam vinho.

"Tom quem?" Lacey brincou. "Ah, você acabou de me lembrar! Tom meio que me desafiou a cozinhar uma refeição para ele do zero. Algo típico de Nova York. Então, eu vou fazer cheesecake. Minha mãe me enviou uma receita de Martha Stewart. Quer me ajudar a fazer?"

"Martha Stewart", Gina disse, balançando a cabeça. "Tenho uma receita muito melhor".

Ela foi até o armário e começou a procurar alguma coisa. Então, pegou um livro de receitas surrado.

"Este era o orgulho e a alegria de minha mãe", disse ela, colocando-o na mesa, em frente a Lacey. "Ela colecionou receitas por anos. Tenho recortes aqui que datam do período da guerra".

"Incrível", exclamou Lacey. "Mas como é que você nunca aprendeu a cozinhar, se tinha uma especialista em casa?"

"Porque", Gina disse, "eu estava muito ocupada ajudando meu pai a cultivar vegetais na nossa horta. Eu era a perfeita moleca. A queridinha do papai. Uma daquelas garotas que gostavam de sujar as mãos".

"Bem, cozinhar certamente lhe permite isso", disse Lacey. "Você devia ter visto Tom mais cedo. Ele estava coberto de farinha de trigo da cabeça aos pés".

Gina riu. "Eu quis dizer que gostava de ficar suja de lama! De brincar com insetos. Subir em árvores. Pescar. Cozinhar sempre pareceu muito feminino para o meu gosto".

"É melhor não dizer isso a Tom", Lacey riu. Ela olhou para o livro de receitas. "Então você quer me ajudar a fazer o cheesecake ou não há minhocas suficientes para mantê-la interessada?"

"Eu vou ajudar", disse Gina. "Podemos usar ovos frescos. Dafne e Dalila puseram esta manhã".

Elas limparam a mesa e começaram a trabalhar no cheesecake, seguindo a receita da mãe de Gina em vez da de Martha.

"A não ser pelos americanos, você está animada para o leilão de amanhã?" Gina perguntou, enquanto esmagava biscoitos em uma tigela com um espremedor de batatas.

"Animada. Nervosa". Lacey encheu sua taça de vinho. "Principalmente nervosa. Eu me conheço, não vou dormir nada esta noite me preocupando com tudo".

"Eu tenho uma ideia", disse Gina. "Quando terminarmos aqui, vamos dar uma volta com os cachorros à beira-mar. Nós podemos pegar a rota leste. Você ainda não foi lá, não é? Com o ar do oceano, você vai cansar e dormir como um bebê, pode apostar".

"É uma boa ideia", concordou Lacey. Se ela fosse para casa agora, só iria se inquietar.

Enquanto Lacey colocava o bagunçado cheesecake na geladeira para gelar, Gina correu até a despensa para buscar os dois casacos de chuva. Ainda fazia bastante frio à noite, principalmente à beira-mar, onde o vento era mais forte.

O enorme casaco de pescador à prova d'água engoliu Lacey. Mas ela ficou feliz quando saíram de casa. A noite estava fresca e clara.

Elas desceram os degraus do penhasco. A praia estava deserta e bastante escura. Era meio divertido estar aqui embaixo com a orla tão vazia, pensou Lacey. Parecia que elas eram as únicas pessoas no mundo.

Elas foram em direção ao mar, depois viraram para seguir em direção ao leste, área que Lacey ainda não tinha tido a chance de conhecer. Era divertido explorar um lugar novo. Estar em uma cidade pequena como Wilfordshire às vezes parecia um pouco sufocante.

"Ei, o que é isso?" Lacey perguntou, olhando para o mar, para o que parecia ser a silhueta de uma construção em uma ilha.

"Ruínas medievais", disse Gina. "Na maré baixa, há um banco de areia que permite caminhar até elas. Definitivamente vale a pena dar uma olhada, se você não se incomodar em acordar tão cedo".

"A que horas é a maré baixa?" perguntou Lacey.

"Cinco da manhã".

"Ai. Acho que é um pouco cedo para mim".

"Você também pode chegar lá de barco, é claro", explicou Gina. "Se conhecer alguém que tem um. Mas se ficar presa lá, terá que chamar o barco dos salva-vidas voluntários, e aqueles rapazes não gostam de gastar tempo e energia com gente sem noção, grave o que estou dizendo! Eu já fiz isso antes e levei uma bronca. Felizmente, o meu dom para a conversa fiada fez com que todos estivessem rindo quando chegamos à praia, e fizemos as pazes".

Chester começou a se esforçar para sair da coleira, como se tentasse chegar à ilha.

"Eu acho que ele conhece o lugar", Lacey falou.

"Talvez seus antigos donos o levassem até lá?" Gina sugeriu.

Chester latiu, como que confirmando.

Lacey se abaixou e bagunçou o pelo do cão. Fazia um tempo desde que ela realmente pensara nos antigos donos de Chester e em como deve ter sido perturbador para ele perdê-los tão de repente.

"Que tal eu te levar lá um dia?" ela perguntou a ele. "Vou acordar cedo, só por você".

Abanando o rabo animadamente, Chester inclinou a cabeça para trás e latiu para o céu.

*

Assim como havia previsto, Lacey lutou para dormir naquela noite. E olhe que o ar marinho deveria tê-la cansado. Sua mente estava turbulenta demais; desde a reunião com Ivan para a venda do Chalé do Penhasco até o leilão, havia muito em que pensar. E, apesar dela estar animada com o leilão, também estava nervosa. Não só porque era apenas o seu segundo leilão, mas por causa dos participantes indesejados com os quais ela teria que lidar: Buck e Daisy Stringer.

Talvez eles não venham, ela pensou, enquanto olhava para as sombras no teto. Daisy provavelmente deve ter encontrado outra coisa para exigir que Buck compre para ela.

Mas não, a mulher parecia ter a intenção de comprar especificamente o sextante. Era óbvio que tinha algum tipo de significado pessoal para ela. Eles estariam lá, Lacey tinha certeza disso, mesmo que fosse só por teimosia.

Lacey ouviu o som da respiração de Chester e das ondas batendo contra os penhascos, deixando que os ritmos suaves a embalassem, levando-a a um estado de relaxamento. Ela começou a adormecer, quando seu celular de repente começou a vibrar alto no criado-mudo de madeira ao lado de sua cabeça. A estranha luz verde do aparelho encheu a sala com flashes. Ela geralmente tomava o cuidado de colocá-lo no modo noturno, mas obviamente tinha se esquecido naquela noite, pensando em tudo aquilo.

Gemendo de cansaço, Lacey estendeu o braço e agarrou o celular. Ela o aproximou do rosto, apertando os olhos para ver quem havia decidido incomodá-la naquele horário desumano. A palavra mamãe piscou insistentemente na tela.

É claro, pensou Lacey, suspirando. Sua mãe deve ter esquecido a regra de não ligar para ela depois das 18h. Horário de Nova York.

Com um suspiro, Lacey atendeu. "Mamãe? Está tudo bem?"

Do outro lado da linha, houve um momento de silêncio. "Por que você sempre atende minhas ligações assim? Por que tem que haver algo errado para eu ligar para minha filha?"

Lacey revirou os olhos e afundou no travesseiro. "Porque são duas da manhã no Reino Unido agora e você só me liga quando está em pânico com alguma coisa. Então? O que foi?"

O silêncio que se seguiu foi confirmação suficiente para Lacey de que ela havia chegado ao xis da questão.

"Mãe?" ela insistiu.

"Eu acabei de voltar da casa de David…" sua mãe começou.

"O quê?!" Lacey exclamou. "Por quê?"

"Fui conhecer Eda".

O peito de Lacey apertou. Ela estava brincando quando sugeriu que David, Eda e sua mãe poderiam estreitar os laços enquanto faziam as unhas. Mas, pelo andar da carruagem, os três realmente estavam passando tempo juntos! Por que uma mãe gostaria de manter a amizade com o ex-marido de sua filha estava além da capacidade de compreensão de Lacey. Aquilo era um absurdo!"

"E?" Lacey falou entredentes. "Como ela é?"

"Ela me pareceu uma pessoa legal", disse a mãe". Mas não é sobre isso que quero falar. David mencionou a pensão alimentícia…"

Lacey não conseguiu se conter e zombou da situação. "David envolveu você nisso? Ele pediu para você me ligar sobre o dinheiro?" Ela não precisava ouvir a resposta de sua mãe porque era óbvio e, por isso, respondeu sua própria pergunta. "Claro que sim. Porque a única coisa com a qual David se importa é com dinheiro. Ah, e encontrar alguém disposto a incubar seus filhos".

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