Hm? Maros pegou o olhar de Luthan e estufou as bochechas. Não, não para mim. É tarde demais.
O cozinheiro sem barba nenhuma puxou uma banqueta e apoiou-se nela. Seus olhos azuis estudaram o rosto de Maros. Algo está preocupando você. Não era uma pergunta; com Luthan, nunca era.
Estou preocupado sobre Jalis e os rapazes. Estava começando a pensar que eu os enviei para caçar dragões, mas agora reconheço que pode ser pior.
Isso é sempre uma chance para um freeblade, Luthan disse.
Verdade. Maros cerrou o punho e esfregou os nós dos dedos com a outra mão. Mas algo está começando a parecer inesperado sobre isso.
Na parte mais distante da sala comunal, as portas da taverna se abriram. Um homem entrou, parando na porta para alisar seu sobretudo e remover seu boné xadrez. Ele olhou para através da distância enquanto se dirigia propositalmente para o bar.
Luthan pigarreou e desceu da banqueta para voltar rapidamente para a cozinha.
Estamos fechados durante a noite, Maros disse ao recém-chegado. A não ser que seja um quarto que você esteja procurando?
O homem suspirou quando alcançou o bar e colocou seu boné no balcão de carvalho. Não estou aqui como um cliente, bom mestre taverneiro.
Maros o avaliou. O rosto flácido do estranho não tinha barba, seu traje amarrotado, mas bem cortado e com certeza ele não era o tipo que gostava de sujar as mãos. Maros imaginou que ele estivesse na casa dos quarenta e tantos. Não posso dizer que já o vi por estas bandas, amigo. Você está aqui para oferecer um contrato?
Não é bem assim. O homem parecia cansado. Estou aqui sobre um contrato, mas que infelizmente já foi acordado.
Compreendo. Um fiozinho de irritação surgiu aos poucos enquanto Maros desejava que o homem fosse direto ao ponto. Então, por favor, diga o que você quer.
Deixei a aldeia de Balen há cinco horas, o homem disse, enfiando a mão na sua capa e retirando um rolo de pergaminho amarrado que ele colocou em cima do balcão polido ao lado do seu boné. Estou cansado demais para formalidades prolongadas e posso simplesmente aceitar aquela oferta de um quarto. Tem sido um dia longo e decididamente incomum.
Onze moedas de cobre por um quarto, Maros resmungou. Quinze, se você quiser um café da manhã quente na parte da manhã.
O homem pressionou os lábios juntos e sustentou o olhar de Maros. Bom mestre taverneiro, prefiro pensar que depois de ler e digerir completamente o conteúdo deste documento ele tocou o rolo de pergaminho diante dele você pode considerar me oferecer o uso de um quarto como um gesto de boa vontade.
Maros cerrou os dentes, olhou para o pergaminho, depois fixou uma careta no recém-chegado, sua paciência diminuindo. Para dar o devido ao homem, ele não parecia ciente da reputação de Maros nem parecia nem um pouco intimidado pelo seu tamanho meio-jotunn; Maros poderia ter estendido o braço sobre o bar e esmagado o rosto do homem em um punho peludo se quisesse. Mesmo encurvado na baqueta alta, ele ainda se elevava acima do homem por mais de trinta centímetros.
Aceitarei o café da manhã como uma cortesia também, o homem acrescentou.
A careta de Maros aprofundou um pouco mais enquanto ele se levantava da banqueta, plantava as mãos grandes no balcão e ficava em pé ameaçadoramente. E por que, ele resmungou, eu ofereceria a você todas estas generosidades, amigo?
O estranho respirou fundo antes de responder. Parece que, no meu cansaço, negligenciei me apresentar. Meu nome, ele disse, parecendo completamente imperturbável enquanto levantava os olhos para encontrar os de Maros, é Randallen Chiddari.
Ah. Maros olhou para ele. Então estou feliz que você esteja aqui. Alguns anos atrás muitos anos atrás parece que um dos nossos blades foi contratado para se dirigir ao mesmo território que três dos meus estão agora, executando o contrato da sua mãe. Aquele homem nunca retornou e é forte a minha suspeita de que ele foi contratado pela sua mãe ou talvez, um dos seus pais. Preciso falar com ela.
Randallen bufou. Nunca conheci os pais dela. A mãe dela está morta há cinquenta anos, enterrada no terreno da família em Eihazwood. Quanto a minha querida mãe, temo que ela não possa responder a nenhuma das suas perguntas.
Oh? Maros franziu os lábios. E por que seria isso?
Porque, bom mestre taverneiro, nas primeiras horas desta manhã ela perdeu todo o interesse em seu pequeno acordo. Ela está, para ser honesto, morta.
Capítulo Seis
Duas Extremidades da Estrada
Maros deixou seus aposentos acima da sala comunal da taverna e desceu a escada, segurando o robusto corrimão enquanto mancava pelos degraus, um de cada vez.
Por que diabos eu ainda tenho a ala privada no andar de cima? Ele fez uma anotação mental para trocar a ala dos freeblades, que incluía os seus próprios aposentos e aqueles dos seus três amigos ausentes, com uma das alas de hóspedes do andar debaixo.
A meia dúzia de passos do final, ele parou e abafou um bocejo atrás da mão enquanto estudava a área pública. Somente três clientes estavam na sala comunal a esta hora da manhã. Todos eram hóspedes de pernoite, tomando um café da manhã solitário em mesas separadas.
A bota de Maros arranhava a pedra enquanto ele arrastava a perna arruinada pelos degraus restantes. Seus olhos se fixaram em um hóspede em particular, que desviou o olhar do seu café da manhã e acenou com a cabeça em uma saudação sombria. Randallen Chiddari segurava um dos famosos whitesands de Luthan sobre um prato, um fio de molho escorrendo de uma fatia grossa de carne que se projetava entre as fatias crocantes de pão. Maros sussurrou um xingamento cansado enquanto se aproximava.
A porta da cozinha se abriu quando ele passou e foi cumprimentado com um sorriso desdentado da atendente que surgia. Dia, Diela, ele disse, retribuindo o sorriso.
Dia, chefe. Café?
Ele assentiu.
Irei trazê-lo imediatamente.
Maros alcançou a mesa de Randallen e olhou para seu hóspede. Mestre Chiddari, posso sentar?
Randallen abandonou seu whitesand no prato e olhou para cima. Por favor, faça isso, ele disse categoricamente.
Maros podia sentir o mal humor do homem. Deuses, ele pensou, como eu odeio a diplomacia que acompanha ser o Oficial da Guilda. Meus agradecimentos, ele disse. Ele se abaixou em uma baqueta no lado oposto, reprimindo um estremecimento enquanto deslocava o pé para uma posição mais confortável. Deveria colocar um assento do tamanho de Maros em cada mesa para evitar momentos como este. Contorcendo-se no assento baixo, ele pigarreou. Mestre Chiddari...
Randallen revirou os olhos. Não tenho paciência para esta bobagem. Sou um aldeão. Em Balen, todos me chamam de Ral, até mesmo aqueles com quem tenho uma antipatia mútua. Pediria a você para fazer o mesmo.
Então, ele quer falar de maneira simples esta manhã. Posso viver com isso. Muito bem, Ral. Maros apontou para a comida parcialmente consumida no prato do homem. O que você achou do seu café da manhã?
Randallen lançou um olhar inexpressivo para ele. Você teve tempo de considerar nosso problema?
Não fiz mais nada a noite toda, Maros disse. Incluindo dormir.
Com isso eu posso me identificar.
Maros enfiou a mão no bolso do seu colete e produziu um pergaminho, desdobrou-o e colocou-o sobre a mesa. O contrato entre sua mãe e a Guilda dos Freeblades é pela descoberta e recuperação de uma joia funerária que pertence à família Chiddari.
Maros enfiou a mão no bolso do seu colete e produziu um pergaminho, desdobrou-o e colocou-o sobre a mesa. O contrato entre sua mãe e a Guilda dos Freeblades é pela descoberta e recuperação de uma joia funerária que pertence à família Chiddari.
Sim, sim. E há quinhentos dari de prata da minha mãe em seus cofres.
Maros assentiu. Reservados para os freeblades que assumiram o contrato.
O que nos leva ao problema. Randallen reprimiu um suspiro quando Diela chegou à mesa.
Aqui está, chefe. Diela colocou uma caneca fumegante de café na frente de Maros. Ele tomou um gole da bebida quente e suspirou satisfeito, assentindo em agradecimento.
Quando a atendente foi cuidar das suas tarefas, Randallen ergueu uma sobrancelha. O problema?
Como eu expliquei para você ontem à noite, um contrato não expira no caso da morte do cliente. Maros fez uma pausa para tomar outro gole de café. Realmente lamento ouvir sobre sua mãe. Ela parecia uma...
Já estive nesta taverna por tempo demais, Randallen disse bruscamente. Portanto, por favor, me poupe dos clichês e vamos concluir este negócio. Você tem em sua posse uma quantia de dinheiro que, por acaso, é a grande maioria das economias de vida da minha mãe. Você compreende o que isso significa?
Estou começando.
Significa que eu, como o filho e único herdeiro da minha querida Mãe, de repente me encontro sem nenhuma herança. Isso é completamente inaceitável. Tenho uma esposa e duas filhas. Cuidei da minha mãe o quanto pude. Quando eu morrer, minha esposa e minhas filhas receberão qualquer coisa que eu conseguir acumular na minha vida, enquanto que eu, subsequentemente, mereço as economias da minha mãe.
Maros franziu os lábios, considerando o ponto. Seguindo os termos dos contratos e políticas da guilda, ele disse com cuidado, pagamentos só podem ser devolvidos se um contrato não é cumprido. Neste caso, um total de noventa por cento seria devolvido ao beneficiário.
Oh.
De fato. Mas devo avisá-lo e temo que esta parte você pode não gostar Maros pegou o contrato da mesa e levou ao rosto, semicerrando os olhos para a sua própria escrita até que encontrou a seção que queria. Virando o papel, ele o colocou na frente de Randallen e tocou um dedo no parágrafo relevante. Vê aqui? Você notará que sua mãe não nomeou nenhum beneficiário. Tecnicamente, isso significa que não sou obrigado a aceitá-lo como tal. Contudo...
O quê? Você sequer a encorajou a dar um nome?
Maros deu um sorriso insensível. Se um cliente deseja nomear um beneficiário, pode fazê-lo, mas não é uma parte essencial do acordo. Se sua mãe tivesse você em mente, ela teve todas as chances de mencioná-lo.
Ora, a ingrata As bochechas de Randallen brilhavam de raiva enquanto ele encarava o pergaminho.
É um dilema, Maros disse. Com isso eu concordo. Conversamos sobre seu problema, mas você deve perceber que a moeda tem dois lados. Ele inclinou-se para frente e abaixou a voz. Tenho três pessoas boas arriscando suas vidas ao se aventurar em um lugar que ninguém esteve em séculos, um dos poucos em toda Himaera a carregar o símbolo da Caveira. Meus freeblades minha família viajaram para a Cidade Sinistra para encontrar a herança da sua mãe. Os perigos em potencial, tenho certeza que você concordará, são inimagináveis. Ele cutucou um dedo no pergaminho. Este contrato é um seguro contra meus freeblades perdendo suas vidas durante seu empreendimento. Você perdeu sua mãe. Isso é lamentável. Mas se meus freeblades não retornam das Terras Mortas...
Isso não é problema meu! Ninguém os obrigou a aceitar o contrato.
Mestre Chiddari. Maros se levantou e pairou sobre a mesa. Você tem a tendência de me interromper. Se você não tivesse feito isso, já teria me ouvido dizer que estou considerando aceitá-lo como beneficiário em vez da sua mãe. Por favor, note que eu disse considerando. Se você aceita ou não, depende de você. Da maneira que eu vejo isso, você tem uma opção. Se meu pessoal retornar com a herança o que eles farão se ela existir ou morrerão tentando eu o aconselharia a aceitá-la graciosamente deles. Se eles não retornarem...
Isso é inaceitável! O rosto de Randallen tremeu com a raiva reprimida. Exijo que você...
Os nós dos dedos de Maros estalaram quando ele cerrou os punhos e apoiou-os na mesa. A madeira rangendo sob seu peso foi o único som na sala comunal. Você não exige nada da Guilda dos Freeblades, homenzinho. Mais uma faísca de atitude repulsiva de você e não somente esquecerei sobre acrescentá-lo ao contrato, também irei arremessá-lo através das portas da taverna. Não me teste mais.
Maros respirou fundo para se recompor, satisfeito em ver Randallen engolir o nó em sua garganta. A mensagem parecia ter sido levada adiante.
Pense sobre isso, Maros disse, abaixando a voz mais uma vez. A joia será sua. Não posso dizer se vale mais ou menos do que as economias da sua mãe, mas apostaria que provavelmente chega perto. Se você quer tanto o dinheiro, faça um favor a si mesmo e venda a maldita coisa. Tenho certeza que você encontraria um comprador em Baía Brancosi. Eu poderia até mesmo colocá-lo em contato com alguns em potencial, por uma pequena taxa, é claro.
Apesar da raiva diminuída de Randallen, a derrota estava em seus olhos quando ele os abaixou para a mesa. Receio que vender a joia estará fora de questão.
Por quê?
Porque... Randallen respirou fundo Minha mãe foi enfática que a joia estivesse com ela quando ela morresse. Este era seu único objetivo ao querer a maldita coisa em primeiro lugar. Esperava que, com seu falecimento
Então você está tentando recuperar o dinheiro porque acredita que o contrato está anulado, é isso?
Talvez. O rosto de Randallen era uma máscara inflexível.
Bem Maros deu de ombros Lamento dizer que este não é o caso. Sua mãe pode ter perdido este barco em particular, mas o contrato permanece. A joia será sua para fazer o que quiser.
Randallen balançou a cabeça. Não. Ela não queria simplesmente estar de posse da joia antes de morrer.
Você está dizendo que ela queria ser queimada com ela? Maros deu uma risada. Se você está disposto a jogar algo deste valor na pira funerária, então isso é problema seu.
Oh, é pior do que isso. Muito pior. Veja, meu querido, minha mãe quer a maldita joia jogada no chão. Para quê? Para ser desenterrada em uma centena de anos por algum garimpeiro afortunado? Ela não se beneficiará disso e eu certamente não irei! Randallen respirou fundo. É maldito desperdício sem sentido.
Maros deu de ombros. Não é um pedido insensato. As pessoas têm seus bens enterrados com suas cinzas o tempo todo.
Randallen sugou o ar através dos dentes. Eu disse alguma coisa sobre cremação?
Maros franziu o cenho. Bem, eu Oh.
Sim. Randallen sorriu friamente e enfiou a mão no sobretudo. Ele retirou o rolo de pergaminho da noite anterior e brandiu-o para Maros. Está tudo aqui. Os últimos desejos de Mãe. Ela não vai ser cremada, ela vai ser enterrada.
Renfrey balançou na banqueta em sua mesa habitual ao longo da parede lateral da sala comunal do Mascate Solitário. Ainda não era meio-dia e ele já tinha perdido a conta de quantas canecas de Redanchor havia consumido. Em seus dias de folga do moinho, ele bebia cedo para evitar as multidões. No momento em que os clientes noturnos chegassem, ele estaria em casa e dormindo para se recuperar até duas horas antes do amanhecer. Depois sairia para o trabalho, transportando e amarrando sacos de grãos, levantando os sacos nas carroças dos fazendeiros, liberando as engrenagens que giravam o moinho de torrões de farinha e sujeira e limpando a merda da represa e do lago. Pelos deuses, era um trabalho miserável, mas pagava pela cerveja.