Enterrados - Блейк Пирс 4 стр.


Riley estava desapontada, mas não surpreendida com o facto de um pequeno grupo de jornalistas já se começar a juntar na área de estacionamento atrás da cena do crime. Rodearam Riley e Jenn, fazendo perguntas.

“Ocorreram dois homicídios em dois dias. É obra de um assassino em série?”

“Anunciaram o nome da vítima de ontem. Já identificaram esta nova vítima?”

“Já entraram em contacto com a família da vítima?”

“É verdade que ambas as vítimas foram enterradas vivas?”

Riley ficou irritada com aquela última pergunta. É claro que não estava surpreendida que se tivesse sabido como as vítimas tinham morrido. Os jornalistas podiam ter sabido através da polícia local. Mas não tinha dúvidas de que a comunicação social iria empolar ao máximo aqueles homicídios.

Riley e Jenn passaram pelos jornalistas sem emitir qualquer comentário. Depois foram cumprimentadas por dois polícias locais que as conduziram para lá da fita delimitadora até à praia. Riley sentiu a areia a entrar nos sapatos enquanto caminhava.

Dali a nada, a cena do crime tornou-se visível.

Vários homens rodeavam um buraco escavado na areia onde o corpo ainda permanecia. Dois deles dirigiram-se a Riley e a Jenn quando elas se aproximaram. Um dos homens era robusto, ruivo e vestia uniforme. O outro, era um homem esguio com cabelo negro encaracolado e vestia uma camisa branca.

“Ainda bem que chegaram tão cedo,” Disse o homem ruivo quando Riley e Jenn se apresentaram. “Eu chamo-me Parker Belt e sou o chefe da polícia de Sattler. Este é Zane Terzis, o médico-legista do Tidewater District.”

O chefe Belt conduziu Riley e Jenn até ao buraco e elas observaram o corpo meio coberto.

Riley estava mais do que habituada a ver cadáveres em vários estados de mutilação e decomposição. Ainda assim, este impactou-a co um tipo de horror diferente.

Tratava-se de um homem louro com cerca de trinta anos, usava um fato de corrida adequado para uma corrida de verão matinal fresca pela praia. Os seus braços estavam numa posição de estátua em rigor mortis devido às tentativas desesperadas de se desenterrar. Os seus olhos estavam fechados e a boca aberta estava coberta de areia.

O chefe Belt estava ao lado de Riley e Jenn.

Belt disse, “Tinha uma carteira com a sua identificação – não que precisássemos. Reconheci-o mal o Terzis e a sua equipa lhe descobriram o rosto. Chamava-se Todd Brier e era pastor Luterano em Sattler. Eu não frequentava a sua igreja – sou Metodista. Mas conhecia-o. Éramos bons amigos. De vez em quando íamos pescar juntos.”

A voz de Belt estava embargada pela dor e pelo choque.

“Como é que o corpo foi encontrado?” Perguntou Riley.

“Um homem a passear um cão passou por aqui,” Disse Belt. “O cão parou aqui, cheirando e ladrando, depois começou a escavar e de imediato apareceu uma mão.”

“A pessoa que encontrou o corpo ainda está por aqui?” Perguntou Riley.

Belt abanou a cabeça.

“Mandámo-lo para casa. Estava muito abalado. Mas dissemos-lhe que deveria estar disponível para perguntas. Posso dar-lhe o contacto.”

Riley olhou do corpo para a água que se encontrava a cerca de quinze metros de distância. As águas da Baía de Chesapeake eram de um azul profundo que formavam pequenas ondas de espuma branca que vinham morrer na areia molhada da praia. Riley apercebeu-se que a maré estava a vazar.

Riley perguntou, “Este foi o segundo homicídio?”

“Foi,” Respondeu Belt sombriamente.

“Alguma coisa semelhante aconteceu por aqui antes destas duas ocorrências?”

“Aqui em Belle Terre?” Perguntou Belt. “Não, nada do género. Isto é uma reserva pacífica de pássaros e vida selvagem. Os locais usufruem da praia, sobretudo famílias. De tempos a tempos temos que prender algum potencial caçador furtivo e pouco mais. De vez em quando também temos que afastar algumas pessoas. Mas nunca passa disto.”

Riley rodeou o buraco para observar o cadáver de um ângulo diferente. Ela viu uma mancha de sangue atrás da cabeça da vítima.

“O que lhe parece esta ferida?” Perguntou a Terzis.

“Parece que foi atingido por algum objeto pesado,” Disse o médico-legista. “Vou observá-lo melhor quando levarmos o corpo para a morgue. Mas pelo aspeto, diria que foi suficiente para o atordoar, o suficiente para não resistir enquanto o assassino o enterrava. Duvido que tenha estado completamente inconsciente. É bastante óbvio que resistiu até ao limite.”

Riley estremeceu.

Sim, isso era óbvio.

Disse a Jenn, “Tira algumas fotos e envia-as para mim.”

Jenn pegou de imediato no telemóvel e começou a tirar fotos ao buraco e ao corpo. Entretanto, Riley caminhou lentamente à volta do buraco, observando a praia em todas as direções. O assassino não deixara muitas pistas. A areia em torno do buraco fora obviamente remexida pelo assassino quando escavara, e havia um ligeiro trilho de pegadas por onde a vítima se tinha aproximado.

Ligeiras eram também quaisquer pegadas deixadas pelo assassino. A terra seca não permitia discernir a forma de um sapato. Mas Riley conseguia ver onde é que a erva por onde viera fora pisada por alguém que não fazia parte da equipa de investigação.

Apontou e disse a Belt, “Os seus homens esquadrinharam aquela erva cuidadosamente para ver se encontravam fibras?”

O chefe anuiu.

E então uma sensação começou a insinuar-se em Riley – uma sensação familiar que ela às vezes tinha em cenas de crime.

Não a sentira com frequência nos seus casos mais recentes, mas era uma sensação bem-vinda porque a ajudaria.

Era um sentido estranho do próprio assassino.

Se ela permitisse que aquela sensação se apoderasse dela, era provável obter algumas luzes quanto ao que ali tinha sucedido.

Riley afastou-se alguns passos do grupo reunido na cena. Olhou para Jenn e viu que a sua parceira a observava. Riley sabia que Jenn conhecia a sua reputação de entrar nas mentes dos assassinos. Riley assentiu e viu Jenn entrar em ação, fazendo perguntas, distraindo os outros na cena e dando a Riley alguns instantes para se concentrar nas suas habilidades.

Riley fechou os olhos e tentou imaginar a cena no momento do crime.

Imagens e sons sobrevieram-lhe com extrema facilidade.

Estava escuro lá fora e a praia era um aglomerado de sombras, mas havia traços de luz no céu que se refletiam na água, no ponto em que o sol mais tarde nasceria, e não era demasiado escuro para ver.

A maré estava alta e a água não estaria longe porque o som era forte.

Tão forte que ele mal se conseguia ouvir a escavar, Percebeu Riley.

Naquele momento, Riley não teve qualquer dificuldade em entrar numa mente estranha…

Sim, ele estava a escavar e ela conseguia sentir os seus músculos retesarem-se ao atirar areia para longe, sentir a mistura do suor e da brisa marítima no seu rosto.

Escavar não fora fácil. Na verdade, fora algo frustrante.

Não era fácil escavar um buraco em areia de praia como aquela.

A areia parecia preencher o espaço onde ele tinha escavado.

Ele pensava…

Não será muito fundo. Mas não tem que ser fundo.

Todo aquele tempo não parava de olhar para a praia, à procura da sua presa. E pouco depois apareceu a correr.

E no momento ideal também – o buraco já estava suficientemente fundo.

O assassino atirou a pá para a areia, ergueu as mãos e acenou.

“Venha cá!” Gritou ao homem que corria.

Não que importasse o que tinha gritado – com o som das ondas, o homem não conseguiria perceber as palavras exatas, apenas um grito abafado.

O homem parou de correr e olhou na sua direção.

Então encaminhou-se para o assassino.

O homem sorria ao aproximar-se e o assassino retribuía-lhe o sorriso.

Dali a nada estavam perto um do outro.

“O que é que se passa?” Perguntou o homem.

“Venha até aqui e eu mostro-lhe,” Disse o assassino.

O homem caminhou para o local onde se encontrava o assassino.

“Olhe ali para baixo,” Disse o assassino. “Olhe com muita atenção.”

O homem debruçou-se e com um movimento rápido e hábil, o assassino pegou na pá e atingiu-o na cabeça, empurrando-o para o buraco…


Riley despertou da sua divagação com o som da voz do chefe Belt.

“Agente Paige?”

Riley abriu os olhos e viu que Belt olhava para ela com uma expressão curiosa. Jenn não o conseguira distrair por muito tempo.

Ele disse, “Pareceu ter-nos deixado durante alguns instantes.”

Riley ouviu Jenn a dar uma risada.

“Às vezes ela faz isso,” Disse Jenn ao chefe. “Não se preocupe, é muito séria a trabalhar.”

Riley rapidamente reviu as impressões que acabara de receber – tudo muito hipotético, é claro, e não uma sensação concreta do que tinha realmente acontecido.

Mas teve a certeza de um pormenor – que o homem que corria se tinha aproximado a convite do assassino – e tinha-se abeirado dele sem medo.

Isto dava-lhe uma perspetiva crucial.

Riley disse ao chefe da polícia, “O assassino é encantador, simpático. As pessoas confiam nele.”

Os olhos do chefe arregalaram-se.

“Como sabe isso?” Perguntou.

Riley ouviu um riso vindo de alguém que se aproximava atrás de si.

“Acredite em mim, ela sabe o que está a fazer.”

Riley virou-se ao som da voz.

E ficou muito mais animada com aquilo que viu.

CAPÍTULO SEIS

O chefe Belt encaminhou-se para o homem que se aproximava.

Disse, “Ouça, esta área está fechada. Não viu a barreira?”

“Está tudo bem,” Disse Riley. “Este é o Agente Especial Bill Jeffreys. Ele está connosco.”

Riley foi ter com Bill e falou de forma a não serem ouvidos pelos outros.

“O que é que aconteceu?” Perguntou ela. “Porque é que não respondeste às minhas mensagens?”

Bill sorriu envergonhado.

“Estava só a ser idiota. Eu… “ Não conseguiu prosseguir e desviou o olhar.

Riley esperou pela sua resposta.

Então ele finalmente disse, “Quando recebi as tuas mensagens, não sabia se estava pronto. Liguei ao Meredith para saber mais pormenores, mas mesmo assim fiquei sem saber se estava pronto. Raios, eu nem sabia se estava pronto quando já estava a vir para cá. Só soube que já estava pronto quando vi…”

Apontou para o corpo.

Acrescentou, “Agora sei. Estou pronto para regressar ao trabalho. Contem comigo.”

A sua voz era firme e a sua expressão era assertiva. Riley suspirou de alívio.

Conduziu Bill até ao pessoal reunido à volta do buraco onde se encontrava o corpo. Apresentou-o ao chefe e ao médico-legista.

Jenn já conhecia Bill e parecia contente por vê-lo, o que agradou a Riley. A última coisa de que Riley precisava era que Jenn se sentisse marginalizada ou ressentida.

Riley e os outros disseram a Bill o pouco que sabiam até ao momento. Ele ouviu com um olhar que demonstrava grande interesse.

Por fim, Bill disse ao médico-legista, “Penso que já pode levar o corpo. Isto é, se a Agente Paige não se importar.”

“Por mim, tudo bem,” Concordou Riley. Ela estava feliz por ver o velho Bill em ação novamente.

Enquanto a equipa do médico-legista começou a retirar o corpo do buraco, Bill analisou a área durante uns instantes.

Perguntou a Riley, “Foram ao local do primeiro homicídio?”

“Ainda não,” Respondeu.

“Então temos que lá ir,” Disse ele.

Riley disse ao chefe Belt, “Vamos até à outra cena de crime.”

O chefe concordou. “Não fica muito longe daqui,” Acrescentou.

Todos conseguiram passar pelos jornalistas mais uma vez sem tecer quaisquer comentários. Riley, Bill e Jenn entraram no SUV do FBI, e o chefe Belt e o médico-legista seguiram noutro carro. O chefe guiou-os pela praia ao longo de uma estrada de terra até uma área arborizada. Quando a estrada terminou, estacionaram os carros. Riley e os seus colegas seguiram dois polícias a pé ao longo de um trilho no meio das árvores.

O chefe manteve o grupo num dos lados do trilho, apontando para algumas pegadas nítidas ali em solo mais firme.

“Ténis normais,” Comentou Bill.

Riley anuiu. Conseguiu ver aquelas pegadas em ambas as direções, mas tinha a certeza de que não dariam muitas informações, tirando o tamanho que o assassino calçava.

Contudo, algumas marcas interessantes estavam intercaladas com as pegadas. Duas linhas instáveis estavam marcadas na terra.

“O que te parecem estas linhas?” Perguntou Riley a Bill.

“Marcas de um carrinho de mão, a ir e a vir,” Disse Bill. Olhou por cima do ombro na direção da estrada e acrescentou, “Penso que o assassino estacionou onde nós estacionámos agora e trouxe as sus ferramentas por este caminho.”

“Foi a conclusão a que também chegámos,” Concordou Belt. “E foi-se embora também por este caminho.”

Dali a pouco chegaram a um ponto onde o caminho se intercetava com outro mais estreito. No meio do caminho mais pequeno encontrava-se um buraco longo e fundo. Devia ter a largura do caminho.

O chefe Belt apontou para onde o novo caminho surgia das árvores circundantes. “A outra vítima parece ter vindo a correr daquela direção,” Disse ele. “O buraco estava camuflado e ela caiu dentro dele.”

Terzis acrescentou, “Ficou com o tornozelo partido, provavelmente da queda. E por isso ficou indefesa quando o assassino começou a atirar-lhe terra.”

Riley estremeceu novamente ao pensar naquela forma horrível de se morrer.

Jenn disse, “E tudo isto aconteceu ontem.”

Terzis anuiu e disse, “Tenho quase a certeza que a hora da morte foi a mesma do homicídio na praia – provavelmente por volta das seis da manhã.”

“Antes do nascer do sol,” Acrescentou Belt. “Ainda estaria bastante escuro. Alguém que corria por aqui depois do amanhecer viu a terra remexida e ligou-nos.”

Enquanto Jenn tirava mais fotos, Riley observou a área com atenção. O seu olhar pousou numas ervas pisadas pelo carrinho de mão. Viu que o assassino colocara a terra a cerca de cinco metros de distância do trilho. Havia grande densidade de árvores por ali, por isso alguém que corresse não teria visto nem o assassino, nem a terra ao aproximar-se a correr naquela direção.

Agora o buraco tinha sido novamente escavado pela polícia que empilhara a terra ao lado dele.

Riley lembrou-se que Meredith tinha referido o nome da vítima em Quantico, mas não se conseguia lembrar.

Riley disse ao chefe Belt, “Presumo que conseguiram identificar a vítima.”

“Sim,” Disse Belt. “Tinha identificação, tal como o Todd Brier. Chamava-se Courtney Wallace. Vivia em Sattler, mas eu não a conhecia pessoalmente por isso não lhe consigo adiantar muito sobre ela neste momento, tirando o facto de que era jovem, andaria pelos vinte e poucos anos.”

Riley ajoelhou-se junto ao buraco e olhou lá para dentro. Conseguiu ver de imediato como é que o assassino tinha montado a sua armadilha. No fundo do buraco via-se um cobertor pesado com folhas e destroços agarrados. Fora colocado por cima do buraco, invisível para um corredor desavisado, ainda para mais na escuridão que precedia o amanhecer.

Tentou não se esquecer que teria chamar uma equipa forense da UAC para passar a pente fino ambos os locais. Talvez conseguissem chegar à origem do cobertor.

Entretanto, Riley começava a ter a mesma sensação que a arrebatara na praia, a sensação de entrar na mente do assassino. Mas desta vez não era tão vivida. Conseguia, no entanto, imaginá-lo empoleirado exatamente onde ela se encontrava ajoelhada naquele momento, olhando para baixo para a sua presa indefesa.

Então, o que é que ele fizera naqueles instantes antes de começar a enterra-la viva?

Riley lembrou-se da sua impressão anterior – ele era encantador e simpático.

De início deve ter demonstrado surpresa por encontrar a mulher no buraco. Até lhe pode ter dado a entender que ia ajudá-la a sair dali.

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