Enterrados - Блейк Пирс 5 стр.


Ela confiou nele, Pensou Riley. Nem que fosse por um momento.

Depois ele começou a importuná-la.

E pouco depois, começou a despejar o carrinho de mão cheio de terra em cima dela.

Ela deve ter gritado quando se apercebeu do que estava a acontecer.

Então como é que ele reagiu aos seus gritos?

Riley teve a sensação de que o seu sadismo veio completamente ao de cima. Parou a sua tarefa para atirar uma pá repleta de terra para o seu rosto – não tanto para a impedir de gritar, mas para a atormentar.

Riley tremeu.

E sentiu-se aliviada quando aquela sensação de ligações começou a desaparecer.

Agora podia voltar a observar a cena do crime com um olhar mais objetivo.

A forma do buraco parecia-lhe estranha. A ponta onde se encontrava estava escavada numa forma de cunha pontiaguda. A outra ponta refletia a mesma forma só que invertida.

Parecia que o assassino se tinha empenhado naquilo.

Mas porquê? Interrogou-se Riley. O que poderia significar?

Naquele momento, ouviu a voz de Bill algures atrás dela.

“Encontrei alguma coisa. Venham cá todos ver.”

CAPÍTULO SETE

Riley voltou-se ao som da voz de Bill. A sua voz vinha detrás das árvores de um dos lados do caminho.

“O que é?” Perguntou o chefe Belt.

“O que é que encontrou?” Questionou também Terzis.

“Venham até aqui,” Disse Bill novamente.

Riley levantou-se e foi na sua direção. Viu arbustos pisados no local onde ele estivera.

“Vêm?” Perguntou Bill, começando a parecer um pouco impaciente.

Riley percebeu pelo seu tom de voz que era sério.

Seguida por Belt e Terzis, Riley percorreu o matagal até chegarem a uma pequena clareira onde se encontrava Bill que olhava para o chão.

Ele tinha mesmo encontrado alguma coisa.

Outro cobertor estava esticado no chão, preso por pequenas cavilhas nos cantos.

“Meu Deus,” Murmurou Terzis.

“Não outro corpo,” Disse Belt.

Mas Riley sabia que tinha que ser algo diferente. Para começar, o buraco era muito mais pequeno do que o outro e de forma quadrada.

Bill estava a colocar luvas de plástico para evitar deixar impressões digitais no que quer que encontrasse. Depois ajoelhou-se e puxou o cobertor cuidadosamente.

Riley só conseguia ver um pedaço escuro e circular e madeira polida.

Bill pegou com cuidado no círculo de madeira com ambas as mãos e puxou-o para cima.

Todos exceto Bill ficaram surpresos com aquilo que ele retirou lentamente do buraco.

“Uma ampulheta!” Disse o chefe Belt.

“A maior que eu já vi,” Acrescentou Terzis.

E de facto, o objeto tinha mais de sessenta centímetros de altura.

“Tens a certeza de que não se trata de algum tipo de armadilha?” Perguntou Riley.

Bill levantou-se com o objeto, mantendo-o na perpendicular, manuseando-o de forma tão delicada como se tratasse se um dispositivo explosivo. Colocou-o de pé no chão ao lado do buraco.

Riley ajoelhou-se e examinou-o com atenção. A coisa parecia não ter fios ou molas. Mas estaria alguma coisa escondida debaixo daquela areia? Inclinou o objeto e não viu nada de estranho.

“É apenas uma grande ampulheta,” Murmurou. “E escondida tal como a armadilha no trilho.”

“Não é bem uma ampulheta,” Disse Bill. “Tenho a certeza de que mede um período de tempo superior a uma hora. É aquilo que se chama de relógio de areia.”

O objeto era muito belo. Os dois globos de vidro eram requintados e estavam ligados por uma abertura estreita. As peças redondas de madeira do topo e fundo estavam ligadas por três hastes de madeira, esculpidas com padrões decorativos.

Riley já tinha visto relógios de areia antes – versões muito mais pequenas para cozinhar que contavam três ou cinco ou vinte minutos. Este era muito maior.

O globo da base estava parcialmente coberto com areia escura.

No globo de cima não havia areia.

O chefe Belt perguntou a Bill, “Como é que sabia que estava aqui alguma coisa?”

Bill estava agachado ao lado do relógio de areia, examinando-o atentamente. Perguntou, “Mais alguém notou algo de estranho na forma do buraco do trilho?”

“Eu notei,” Disse Riley. “As extremidades do buraco foram escavadas em forma de cunha.”

Bill anuiu.

“Mais ou menos a forma de uma seta. A seta apontava para onde o caminho se afastava e alguns dos arbustos estavam pisados. Limitei-me a ir para onde estava a apontar.”

O chefe Belt ainda olhava para o relógio de areia com espanto.

“Bem, temos sorte em tê-lo descoberto,” Disse ele.

“O assassino queria que o encontrássemos,” Murmurou Riley. “Ele queria que déssemos com ele.”

Riley olhou para Bill, depois para Jenn. Ela sabia que eles estavam a pensar exatamente no que ela estava a pensar.

A areia no relógio tinha-se escoado.

De alguma forma, ainda incompreensível para eles, isso significava que não estavam com sorte nenhuma.

Riley olhou para Belt e perguntou, “Algum dos seus homens encontrou um relógio destes na praia?”

Belt abanou a cabeça e disse, “Não.”

Riley foi arrebatada por uma intuição soturna.

“Então é porque não procuraram suficientemente bem,” Disse ela.

Nem Belt, nem Terzis falaram naquele momento. Parecia que não acreditavam no que estavam a ouvir.

Então Belt disse, “Ouçam, algo como isto ter-se-ia certamente destacado. Tenho a certeza de que não se encontrava nada de semelhante na área próxima.”

Riley não gostou do que ouviu. Esta coisa que tinha sido ali colocada tão cuidadosamente tinha que ser importante. Ela tinha a certeza que os polícias tinham negligenciado outro relógio de areia.

Seguindo essa lógica, também tinham ela, Bill e Jenn quando tinham estado na praia. Onde estaria esse outro relógio?

“Temos que regressar e procurar,” Disse Riley.

Bill carregou o enorme relógio para o SUV. Jenn abriu a mala e ela e Bill colocaram o objeto lá dentro, certificando-se de que estava seguro e fixo contra qualquer movimento repentino. Cobriram-no com um cobertor que se encontrava no SUV.

Riley, Bill e Jenn entraram no SUV e seguiram o carro do chefe da polícia em direção à praia.

O número de jornalistas reunidos na área de estacionamento aumentara e pareciam estar mais agressivos. Quando Riley e os seus colegas passaram por eles e pela fita amarela, ela interrogou-se quanto mais tempo seriam eles capazes de ignorar as suas perguntas.

Quando chegaram à praia, o corpo já não estava no buraco. A equipa do médico-legista já o tinha colocado na sua carrinha. Os polícias locais ainda procuravam pistas na área.

Belt chamou os seus homens que se reuniram à sua volta.

“Alguém viu um relógio de areia por aqui?” Perguntou ele. “Teria o aspeto de uma grande ampulheta, com pelo menos sessenta centímetros de altura.”

Os polícias pareceram espantados com a pergunta. Abanaram as cabeças em sinal negativo.

Riley começava a sentir-se impaciente.

Deve estar algures por aqui, Pensou ela. Riley foi até uma pequena colina relvada e olhou à sua volta. Mas não viu nenhuma ampulheta, nem sequer terra remexida que indicasse que algo ali teria sido enterrado há pouco tempo.

Ou estaria a sua intuição a pregar-lhe partidas? Às vezes acontecia.

Não desta vez, Pensou.

O seu instinto dava-lhe garantias.

Voltou para trás e ficou a olhar para o buraco. Era muito diferente daquele que tinham acabado de observar na zona arborizada. Era mais superficial, sem grande forma. O assassino não teria conseguido moldar a areia seca da praia em forma de seta.

Olhou em seu redor e perscrutou todas as direções.

Tudo o que viu foi areia e mar.

A maré agora estava baixa. É claro que o assassino poderia ter feito uma espécie de escultura com areia húmida em forma se seta, mas teria seria visto de imediato. Se não tivesse sido destruído, ainda estaria visível.

Riley perguntou aos outros, “Viram mais alguém próximo daqui – para além do homem com o cão que descobriu o corpo?”

Os polícias encolheram os ombros e olharam uns para os outros .

Um deles disse, “Ninguém a não ser o Rags Tucker.”

Os olhos de Riley dilataram-se.

“Quem é ele?” Perguntou.

“É só um excêntrico,” Disse o chefe Belt. “Vive numa pequena barraca ali.”

Belt apontou para um ponto na praia onde a linha de água fazia um cotovelo.

Riley agora estava a ficar um pouco zangada.

“Porque é que ninguém o tinha mencionado antes?” Explodiu.

“Não havia grande necessidade,” Disse Belt. “Falámos com ele quando cá chegámos. Ele não viu nada relacionado com o homicídio. Disse que estava a dormir quando os acontecimentos ocorreram.”

Riley soltou um grunhido de irritação.

“Vamos ter com este tipo,” Disse ela.

Seguida por Bill, Jenn e o chefe Belt, começou a caminhar pela areia.

Enquanto caminhavam, Riley disse a Belt, “Pensei que tivessem encerrado a praia.”

“E encerrámos,” Disse Belt.

“Então o que é que alguém estava aqui a fazer?” Perguntou Riley.

“Bem, como eu disse, o Rags praticamente vive aqui,” Disse Belt. “Não parecia lógico expulsá-lo daqui. Para além disso, não tem mais para onde ir.”

Depois de contornarem a curva, Belt conduziu-os até uma colina relvada. O grupo percorreu com alguma dificuldade a areia fofa e erva alta até ao topo da colina. Dali Riley viu uma pequena barraca improvisada a cerca de noventa metros de distância.

“É a casa do velho Rags,” Disse Belt.

Ao aproximarem-se, Riley viu que estava coberta com sacos de plástico e cobertores. Atrás da colina, estava a salvo do mar quando a maré enchesse. A barraca estava rodeada de cobertores cobertos com o que pareciam ser todo o tipo de objetos.

Riley disse a Belt, “Fale-me deste Rags Tucker. Belle Terre não tem leis contra a vagabundagem?”

Belt deu uma risada.

Disse, “Bem, sim, mas o Rags não é exatamente um vagabundo típico. Ele é pitoresco e as pessoas gostam dele, sobretudo os visitantes. E acredite em mim quando lhe digo que não é um suspeito. Ele é o tipo mais inofensivo do mundo.”

Belt apontou para as coisas no cobertor.

“Ele montou uma espécie de negócio com todas as coisas que tem. Apanha lixo da praia e as pessoas vêm até cá comprar coisas ou trocar coisas que já não querem. A maior parte das vezes é apenas uma desculpa para as pessoas virem até cá e falarem com ele. Faz isto todo o verão enquanto o tempo aqui estiver bom. Consegue juntar dinheiro suficiente para alugar um pequeno apartamento barato em Sattler no inverno. Então, quando o tempo fica bom outra vez, ele regressa.”

Ao aproximarem-se, Riley conseguiu ver os objetos com mais clareza. Era realmente uma coleção bizarra que incluía troncos, conchas e outros objetos naturais, mas também velhas torradeiras, televisões arruinadas, velhos candeeiros e outros itens que os visitantes lhe haviam trazido.

Quando chegaram à extremidade dos cobertores esticados, Belt chamou, “Ei, Rags. Será que podemos conversar contigo mais um bocado?”

Uma voz áspera respondeu do interior da barraca.

“Já vos disse, não vi ninguém. Ainda não apanharam o sacana? Não gosto nada da ideia de ter um assassino à solta na minha praia. Se soubesse alguma coisa, já vos tinha dito.”

Riley avançou na direção da barraca e disse, “Rags, preciso de falar consigo.”

“Quem é você?”

“FBI. Será que encontrou um grande relógio de areia? Sabe, algo semelhante a uma ampulheta.”

Durante alguns instantes não se ouviu qualquer resposta. Então, uma mão no interior da barraca afastou um lençol que cobria a entrada.

Lá dentro estava um homem esquelético sentando de pernas cruzadas com os seus olhos grandes a fixá-la.

E mesmo à sua frente estava um enorme relógio de areia.

CAPÍTULO OITO

O homem na barraca olhou para Riley com os seus grandes olhos cinzentos. A atenção de Riley dividia-se entre o vagabundo e o grande relógio de areia à sua frente. Era-lhe difícil decidir qual deles era mais surpreendente.

Rags Tucker tinha cabelo comprido grisalho e uma barba que lhe chegava à cintura. As suas roupas esfarrapadas condiziam com o seu nome.

É claro que ela se interrogou…

É um suspeito?

Parecia-lhe difícil de acreditar. Os seus membros eram magros e não parecia ser suficientemente robusto para ter concretizado qualquer daqueles homicídios. Dele emanava um quê de inofensivo.

Riley também suspeitava que a sua aparência desalinhada era mais uma representação. Ele não cheirava mal, pelo menos de onde ela se encontrava e as suas roupas pareciam limpas apesar de coçadas e rasgadas.

Quanto ao relógio de areia, era muito parecido com aquele que tinha encontrado junto ao caminho. Tinha mais de sessenta centímetros de altura, rebordos ondulados no topo e três hastes esculpidas com habilidade a segurar a estrutura.

Contudo, não era igual ao outro. Por um lado, o da zona arborizada não era tão escuro – era mais de um castanho avermelhado. Apesar dos padrões esculpidos serem semelhantes, não pareciam réplicas exatas dos desenhos que tinham visto no primeiro relógio de areia.

Mas essas pequenas variações não eram as diferenças mais significativas entre os dois.

O maior contraste estava na areia que assinalava a passagem do tempo. NO relógio que Bill encontrara entre as árvores, toda a areia se encontrava no globo inferior. Mas neste relógio, a maior parte da areia ainda se encontrava no globo superior.

Esta areia estava em movimento, caindo lentamente para o globo inferior.

Riley tinha a certeza de uma coisa – que o assassino queria que aquele relógio fosse encontrado, tal como quisera que o outro também fosse descoberto.

Finalmente Tucker falou, “Como sabia que o tinha?” Perguntou a Riley.

Riley mostrou o seu distintivo.

“Eu faço as perguntas, se não se importar,” Disse ela numa voz calma. “Como é que o obteve?”

Tucker encolheu os ombros.

“Foi um presente,” Disse ele.

“De quem?” Perguntou Riley.

“Dos deuses, talvez. Caiu do céu. Quando olhei para o exterior esta manhã, vi-o logo, ali nos cobertores com as minhas outras coisas. Trouxe-o para dentro e voltei a dormir. Depois acordei novamente e sentei-me aqui a observá-lo.”

Olhou com muita atenção para o relógio de areia.

“Nunca tinha observado o tempo a passar,” Disse ele. “É uma experiência única. Parece que passa rápido e lentamente ao mesmo tempo. E passa uma sensação de inevitabilidade. O tempo não pode voltar atrás, como se costuma dizer.”

Riley perguntou a Tucker, “A areia estava a mover-se assim quando o encontrou ou virou-o?”

“Mantive-o como estava,” Disse Tucker. “Acha que me atreveria a alterar o fluxo do tempo? Não interfiro com questões cósmicas como essa. Não sou tão estúpido.”

Não, ele não é mesmo nada estúpido, Pensou Riley.

Sentiu que começava a compreender Rags Tucker melhor à medida que a conversa avançava. Esta figura vestida de trapos era cuidadosamente cultivada para o divertimento dos visitantes. Tinha-se transformado numa atração local ali em Belle Terre. E pelo que o chefe Belt dissera sobre ele, Riley sabia que levava uma vida modesta. Estabelecera-se como um acessório local e adquiriu autorização tácita para viver onde e como queria.

Rags Tucker estava ali para divertir e para o divertirem.

Ocorreu a Riley que se tratava de uma situação delicada.

Ela precisava de afastar aquele relógio de areia dele. Queria fazê-lo rapidamente e sem dar muito nas vistas.

Mas estaria ele disposto a dar-lho?

Apesar de ela conhecer muito bem as leis sobre buscas e apreensões, não sabia muito bem como é que se aplicavam a um vagabundo a viver numa barraca em propriedade pública.

Era muito melhor tratar daquilo sem precisar de um mandado, mas tinha que proceder com cuidado.

Disse a Tucker, “Pensamos que tenha sido aqui deixado por quem cometeu os dois crimes.”

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