Magia, Caos & Assassinato - January Bain 2 стр.


Um suave chilrear em saudação me alertou para a companhia. Ling Ling, nossa linda Himalaia branca com orelhas bonitas da cor de damasco entrou na sala, a cauda alta e balançando como uma bandeira da vitória. Estrela se abaixou e acariciou seu pelo macio, para ser recompensada com um ronronar alto.

— Alguém precisa levar a bebê Ling Ling para o V.E.T.2 às três. Está no calendário. — Estrela apontou para o quadro branco que eu prendi na parede para acompanhar tudo e qualquer coisa a ver com o Chá & Tarô e a família.

Ling Ling correu pelo linóleo como se uma horda de pulgas descontroladas estivesse atrás dela, quase colidindo com o vão da porta antes de sua cauda branca macia desaparecer.

— Agora você conseguiu! Você sabe que ela consegue ler, certo?

— Sim, desculpe. Vou achá-la e a levar.

— Boa sorte com isso. Melhor remarcar e ficar quieta sobre isso desta vez. — Balancei a cabeça com o esquecimento da minha irmã. Ela me mostrou o dedo do meio. — Certo, vamos começar. Eu encherei os potes e você coloca as tampas o mais rápido possível. Eu não quero que nem um grão de poeira encontre o caminho para dentro.

— Ah-h certo, mas primeiro, o que você acha disso? — Ela pegou seu caderno. — Vou chamá-la de A Balada de Johnny do Lago Nevado. Aqui vai. — E com aquela adorável voz country dela, ela cantou: — Um homem doce e selvagem veio me chamando — me disse que ele me impediria de cair. Ele disse que meu coração estava seguro em suas mãos. Ele seria meu homem e meu maior fã.

— Estrela! — Nenhuma sorte em interromper — ela fez uma serenata com o próximo verso.

Então Sara Jean virou os doces olhos azuis dele. E embora ele tivesse jurado me amar de verdade. Ele virou as costas e me deixou secar. Por uma nova mulher que me fez chorar.

Quando ela chegou ao refrão, ela começou a cantar com alegria demais: — Johnny do Lago Nevado é um homem doce e selvagem. Ele virou minha cabeça e aqueceu minha cama. Tudo antes de o encontrarmos morto.

— Você sabe, esse refrão pode ser considerado incriminador nos círculos errados, mana.

— O que você sabe? — Raiva instantânea com meu comentário adequado. Oops. Deveria ter começado com um elogio ou três. Mas ninguém saía zangada de uma sala como Estrela. Eu acho que conheço a parte de trás dela melhor do que a frente.

Me concentrei no trabalho. Em pouco tempo, a geleia tinha sido colocada em seus potes extravagantes e devidamente fechados, deixados para passar a noite em toalhas de chá quadriculadas e amarelas vibrantes. Eu aplicaria os rótulos decorativos dos potes assim que eu os imprimir. Dando um último olhar de satisfação nos meus soldados alinhados, eu me juntei a minhas irmãs no café que dobrava de tamanho com a fachada. Meia dúzia de mesas redondas acolhedoras com bancos ocupavam um lado do espaço apertado, incluindo a pequena cabine para leituras, enquanto nossos diversos itens para venda foram colocados em uma série de prateleiras e ocupavam a outra metade. No andar de cima, uma suíte estava alugada e eu vivia na outra. Ser um dia mais velha me deu autoridade sobre Estrela e Tulipa, que ainda viviam com a vovó Toogood em sua casa situada a três quarteirões de distância na Rua dos Alces.

— Sabe, os arbustos de saskatoon estão maduros. Alguém quer ir colher mais tarde? — Perguntei, praticamente sabendo a resposta.

Estrela foi quem gemeu mais alto. — Eu odeio mosquitos. Este ano eles são tão grandes quanto libélulas, eu juro.

— Três palavras. Repelente de insetos.

— Eca. Odeio essas coisas. Vou cheirar como uma fábrica de químicas.

— Melhor do que cheirar como uma pessoa sem teto e sem acesso a sabão, que é o que seremos se não melhorarmos e aumentarmos nossa renda.

— Estamos bem. — Estrela estava com aquele olhar teimoso. — Nós pagamos nossas contas. E eu estava esperando que talvez eu pudesse pegar um pequeno empréstimo e ir para…

— Absolutamente não! Cada centavo que entra neste café é para mantê-lo funcionando adequadamente. Talvez um dia sejamos capazes de criar uma franquia, e ter uma série de cafés em todo o Canadá.

— Esse é o seu sonho, Encanto, não o meu.

Tulipa olhou para cima, desviando o olhar de seu blog. — Eu tenho uma palavra para vocês duas para ganhar muito mais dinheiro — comestíveis. Poderíamos aprender a adicionar maconha aos nossos muffins, brownies, fatias e cookies. E vendê-los por três vezes o valor. Devemos aperfeiçoar o processo agora, antes do prazo de dezessete de outubro quando a lei a torna legal. Nós poderíamos ganhar dos outros lugares. Fazer anúncios online. Se eu mencionar isso no meu blog, trará toneladas a mais de movimento. Em um ano, todas seríamos podres de ricas. Eu tenho pesquisado como fazer mantegonha, dosagens adequadas — tudo. Até mesmo casas de pão de maconha para o Natal. Apenas diga que sim e eu vou começar os experimentos. Eles voariam das prateleiras mais rápido que bolos quentes.

— Você quer dizer voar das prateleiras mais rápido que bolos de maconha! — Estrela brincou.

— Não! Absolutamente não! — Eu estava em partes iguais horrorizada e atordoada.

— Encanto, a Sra. Hurst está no telefone novamente — disse Tulipa, tentando chamar minha atenção.

Eu nem o tinha ouvido tocar no meio do meu choque com a sugestão dela. Ela tinha esquecido da história da nossa família? O que as drogas pesadas haviam feito aos nossos pais? E maconha não era uma porta de entrada para as drogas? Eu não tinha ideia, mas não ia arriscar com a minha família, mesmo que parecesse só uma folha inofensiva. Beladona também parecia inofensiva, mas certamente não era. Bela ajuda ou morte agonizante. Tente entender como ter uma chance com isso. Eu tinha interesse nessas coisas, meu amor por ler os mistérios da Agatha Christie era meu passatempo favorito na preciosa hora antes de dormir.

Com os dedos tremendo, peguei o telefone antiquado que Tulipa me oferecia. Não havia sentido em confiar no serviço de telefonia celular no Lago Nevado. Metade do tempo ele não funcionava, então por que pagar por ele? Uma despesa a menos era uma coisa boa.

Limpei a garganta antes de falar — Encanto falando. O que posso fazer por você, Sra. Hurst?

— Preciso ver você agora mesmo! Minhas pérolas — deixadas para mim pela minha avó Dóris pelo lado da minha mãe — elas desapareceram. E eu vou apostar que a culpada é Suzanna. Nunca confie em uma empregada que sorri. Está sempre tentando esconder alguma coisa.

— Suzanna não faria isso. — Esfreguei a dor repentina no meu pescoço, assistindo meu lanche no meio da manhã sumir. Eu ainda precisava assar meus muffins favoritos — com cobertura de limão. Quem diz que muffins não precisam de cobertura? A dama em questão, no entanto, vivia a apenas um quarteirão do nosso café, o que era parte do problema. Qual era aquele dizer sobre a familiaridade criar desprezo? Isso é o dobro — não, o triplo — no caso da Sra. Hurst. — Certo. Venha imediatamente. Eu não quero você culpando mais ninguém. Tenho certeza que você só não lembra onde as colocou.

— Bem, isso é o que veremos.

Nós certamente vamos. Meu dom — de rastrear as coisas — resolveria isso. Agora, se apenas meu dom incluísse dar a um cliente uma ordem secundária e automática de gentileza, poderíamos estar chegando a algum lugar.

Como esperado, a Sra. Hurst estava batendo na porta da frente menos de dois minutos depois. Mesmo no nosso dia de folga, não podia me dar ao luxo de ignorar o que ela pedia. Ela era uma das nossas melhores clientes.

— Esse cheiro é de geleia de damasco? — ela perguntou, passando pela porta, fazendo os sinos chacoalharem com interesse. Eu mal tive tempo para abrir a tela mosquiteiro da porta. Não tenho ideia de como ela faz isso. Na maioria das vezes as minúsculas estátuas de anjos cantavam para anunciar um cliente, e não gritavam sua desaprovação.

Ela não me deu a chance de responder, se movendo rapidamente. — Porque se for, quero fazer meu pedido agora de uma dúzia de potes. Não, espere um minuto, quero duas dúzias, se eu receber um desconto adequado. — Ela balançou suas sobrancelhas grossas para fazer sua sugestão clara. Eu entendi. Tão generosa quanto simpática. — Eu vou enviar algumas com a minha sobrinha que vem me visitar amanhã. Ela pode dividir com o resto da família.

— Sua sobrinha Geórgia? — Eu perguntei, liderando o caminho para o canto de trás até a cabine pequena que ficava lá, com seu dossel de tecido azul meia-noite. Nós preferimos nos revezar fazendo leituras em particular. Tulipa era a melhor na interpretação dos sonhos, Estrela no tarô e eu em rastrear objetos perdidos. Estrela, nossa residente amante de glitter, adicionou uma estrela de ouro extragrande sobre a entrada, claro.

Nossa cliente estava em boa forma naquela manhã. Seu vestido de cintura alta azul marinho impecável mantinha sua ampla figura justa e sua coroa dura de ondas pretas tingidas estava alinhada em linhas rígidas. Seus olhos cinzentos semelhantes aos de um lobo me assustavam, eu admito. A mulher estava sempre procurando por falhas ou algo para reclamar. Ela se sentou e colocou as palmas das mãos para cima na pequena mesa de madeira. Havia rumores de que ela era a pessoa mais rica do Lago Nevado, embora nunca tivesse tido muitos clientes em sua loja. Deve estar vendendo suas antiguidades online. Móveis usados venderiam melhor no Lago Nevado.

— Estou com pressa. Vamos logo com isso.

— Apenas pense sobre o que você perdeu.

— Eu sei o que fazer.

— Claro — murmurei, ignorando sua impaciência. Respirando fundo, coloquei minhas mãos sobre as dela. Eu respirei fundo novamente, depois soltei o ar, ignorando qualquer coisa que estivesse na minha mente.

Eu fechei meus olhos e esperei. Saindo da escuridão, uma imagem apareceu, desfocada no início, então mais clara, enquanto se tornava em algo reconhecível. Uma corrente espessa de pérolas brancas suaves. Onde você está?

A imagem expandiu para fora e para cima, como a abertura de uma câmera se abrindo, expondo um conjunto de gavetas de cômoda e um pedaço de carpete bege. Calafrios passaram pelos meus antebraços, adicionando uma vibração estranha. Eu tremi e puxei minhas mãos para longe das dela com medo. Outras vibrações estavam chegando pelo canal que tinha sido aberto, sem parar, embora a conexão tivesse sido cortada. A sensação me acertou com tal força que agarrei a borda da mesa para me manter ereta. Isso foi novo. Claro, sempre senti algumas vibrações ruins vindo dela, eu acho que todo mundo sentia, de acordo com a fofoca que eu tentava ignorar — mas nada tão intenso.

— Elas caíram através de uma rachadura na parte de trás da sua cômoda entre o carpete e a parede. — Meus lábios estavam endurecidos de pavor, as palavras saindo estranhas e agudas.

— Você tem certeza? — Ela perguntou, seu tom cético, seus olhos redondos perfurando os meus.

Me esforcei para manter a calma, não querendo que ela visse o estado em que eu estava. Ela era como um gato selvagem perseguindo sua presa. Eu tremi. — Tanta quanto eu posso ter.

— Você não se importa de esperar, então, até eu verificar antes de pagar você? Isso vai lhe dar tempo para considerar um desconto adequado para a geleia.

Eu me contorci com sua condescendência, suor escorrendo pelas laterais do meu corpo. Uma alma velha tão adorável. Mas isso manteve minha mente longe da experiência indesejada.

— Sem problemas. Mesmo acordo de sempre. — Eu fingi indiferença, incerta do que tinha acabado de ocorrer, e rezando para que nunca acontecesse novamente. Algumas vibrações negativas eram uma coisa, mas isso tinha sido algo muito mais poderoso. E assustador.

— E entregue a geleia assim que estiver pronta. Oh, pensando melhor, vou levar um pote agora.

Eu dei um breve aceno com a cabeça. Ela se levantou e eu ouvi vagamente ela ordenando que Estrela levasse a geleia. Eu fiquei na cabine, mastigando a unha do meu polegar. Algo de ruim vai acontecer? Eu nunca tinha tido uma premonição de tal magnitude. Elas eram geralmente algo como alguém ligando e então o telefone tocando um minuto depois, e era esse alguém. Isso, seja o que for, não tinha senso de direção, apenas uma sensação esmagadora de pressentimento. Certo. Deixe para lá. Eu tinha coisas para fazer.

1 Los Angeles.

2 Veterinário.

Capítulo Três

Depois de pegar um monte de baldes brancos reciclados de sorvete com alças úteis de debaixo de um balcão para coletar as bagas, eu saí pela porta da frente do café. Parei bruscamente e cutuquei o fundo da minha cabeça. Como posso ter esquecido? Deve ter sido a conversa sobre aqueles malditos comestíveis. Ignorei a outra parte mais escura, já que um dos meus lemas era, não pense nisso e isso vai sumir. Eventualmente.

— Volto de noite. Tranquem esta porta. Se começarmos a vender no nosso dia de folga, nunca o conseguiremos de volta. E eu espero que esteja tudo perfeito para as boas-vindas da vovó — prestem atenção! E não se esqueçam, ainda precisamos de mais biscoitos de manteiga de amendoim e cupcakes de creme de chocolate para o Festival da Vizinhança de amanhã. Ah, vou trabalhar no tombo molhado1 das uma às duas, então vocês terão que fazer sem mim.

Por que eu concordei com isso? Agora eu seria um rato molhado durante a maior parte da tarde. Por causa do orçamento de Natal da cidade, é por isso. Mas pelo menos eu não tinha que beijar uma mula como a moça do correio fez. Ela já levantou mil e quinhentos dólares, o que era bastante impressionante para a nossa cidade pequena. Encharcar uma McCall não valia tanto.

— Sim, sim, capitã. E tenha cuidado, Montana Jones avistou um enorme urso-negro quando ela estava colhendo ontem. — O sorriso fácil de Tulipa foi rapidamente seguido pelo olhar perfurante de Estrela. Embora as duas fossem idênticas na aparência, elas não eram nada parecidas na personalidade. E eu era a garota estranha, tendo sido gerada de um óvulo separado — ou universo, aparentemente. Nós nem parecemos ser parentes. As gêmeas eram loiras, bronzeadas lindamente e tinham olhos azuis-claros, enquanto eu tinha cabelos de ébano com olhos violetas e lábios naturalmente vermelhos. Vovó Toogood gostava de dizer que eu a lembrava de Elizabeth Taylor e Branca de Neve. Agora, se eu apenas tivesse sete pessoinhas para me ajudar…

Eu não ouvi as palavras murmuradas de Estrela, e provavelmente era melhor assim. Dei uma rápida olhada nas duas direções da Rua Principal, admirando como todos tinham aderido este ano ao novo conselho da cidade para dar um charme de velho mundo às fachadas das lojas. Floreiras, pavimentação de paralelepípedos vermelhos, luzes de rua antigas com plantas suspensas, bancos de ferro forjado com placas prateadas complementando o negócio que os havia doado, e barris vermelhos brilhantes para lixo deram à cidade um visual que eu declarei como perfeito.

Balançando meus baldes, fui para o meu Jeep Cherokee enferrujado — também conhecido como Thor — que troquei com um velho caçador no ano passado. Quando joguei os baldes na parte de trás, liguei o motor e fui para os limites da cidade, a poucos quarteirões, no final da Rua Principal e da Sexta Avenida. O Lago Nevado era uma cidade compacta, ganhara apenas alguns poucos moradores na última década, e tinha perdido quase o mesmo. Eu me virei para a trilha estreita que levava à floresta.

Eu sacudi pelo caminho irregular, acompanhada pelas alças de metal dos baldes tinindo alegremente por causa do balançar da viagem, a suspensão desgastada do jipe gemendo e rangendo com o esforço. A falta de um rádio não me preocupava. Cantei um refrão energético, pensando no meu segundo cantor country favorito depois da minha irmã, o primeiro e único Johnny Cash.

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